Consumir vegetais é saudável ao coração. Mas de quem?

É comum que se associe o consumo de alimentos como frutas e vegetais à manutenção de uma vida saudável. De fato, pesquisas diversas apontam como este hábito associa-se à redução do risco de diversas doenças, como câncer, diabete e doenças cardiovasculares. Entretanto, se estas constatações podem ser ditas com segurança em relação à população adulta, o mesmo vale para adolescentes?

Esta é a questão geral que guiou os autores do artigo O papel das frutas e vegetais na saúde cardiovascular de adolescentes: uma revisão sistemática, que ganhou destaque na edição de maio deste ano da Nutrition Reviews, uma das publicações mais importantes do mundo no campo da nutrição. Embora o estudo tenha notado que o consumo de frutas, legumes e verduras por adolescentes está muito abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de cinco porções ao dia, não é possível afirmar que este baixo consumo esteja relacionado a riscos cardiovasculares em pessoas nesta faixa etária. E a própria medição deste consumo é também um problema. Os adolescentes são um grupo etário pouco estudado, por conta da sua alta complexidade e constantes alterações biológicas, psíquicas e sociais.”

Vegetais?

De modo geral, pesquisas na área “costumam associar a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcar com o desenvolvimento de indicadores de risco cardiovascular em adolescentes”, afirma Tatiana Collese, primeira autora do artigo e doutoranda em medicina preventiva pela Faculdade de Medicina (FM) da USP. Entretanto, “os adolescentes são um grupo etário pouco estudado, por conta da sua alta complexidade e constantes alterações biológicas, psíquicas e sociais”, adiciona a pesquisadora, o que leva a uma falta de definição clara sobre o que de fato seja risco cardiovascular nestas pessoas. Além disso, como o consumo de frutas e vegetais neste grupo é muito baixo, não é possível afirmar quais efeitos este hábito pode ter em sua saúde.

Ausência de critérios

O resultado inconclusivo deriva da falta de critérios comuns dentre a própria comunidade científica neste tipo de pesquisa.

Poucos estudos sobre adolescentes levam em conta a recomendação da OMS quanto ao consumo adequado de frutas e vegetais – Cesta de Frutas, de Giuseppe Arcimboldo via  Wikimedia Commons

Mais de 5.600 artigos a respeito da relação de riscos de doenças cardiovasculares em adolescentes e consumo de frutas e vegetais foram considerados no estudo. Como conta Tatiana, em muitos destes a classificação do que é ser adolescente diferia daquela adotada pela OMS: pessoas maiores de 10 e menores de 19 anos.

Notou-se também uma grande variedade de métodos para classificar o consumo de frutas e vegetais neste grupo. “Não há consenso quanto ao melhor método para se avaliar o consumo alimentar em adolescentes”, diz Tatiana. Além disso, constatou-se inclusive a falta de padronização nos critérios sobre o que é risco cardiovascular em adolescentes.

“Antigamente, as doenças cardiovasculares surgiam apenas nos nossos avós. Não se cogitava medir indicadores, como a glicemia ou a pressão arterial, nos adolescentes, já que era muito improvável desenvolver tais riscos em idades precoces sem ser congênito. Portanto, estudar risco cardiovascular em adolescentes é assunto inconclusivo”, destaca a pesquisadora.

De todo modo, revisões como esta permitem justamente identificar caminhos que futuras pesquisas podem percorrer, a fim de mostrar se aquilo que se observa em adultos pode ser dito de adolescentes. Como diz Tatiana, o trabalho do grupo ressalta “a necessidade de padronização destes critérios, a fim de se obter uma classificação unificada, capaz de estimar a prevalência global de risco cardiovascular em adolescentes e possibilitar comparações válidas entre as nações”.

Por Raphael Concli

FONTE: Jornal da USP

Cirurgia bariátrica, exercício físico reverte perda de massa muscular em mulheres

Cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade, mas tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família devem ter plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica, como a possibilidade de ganhar peso novamente.

O exercício físico atenua e reverte a perda de massa muscular, melhorando a força e o funcionamento dos músculos de mulheres obesas submetidas a cirurgia gastrointestinal para perda de peso (cirurgia bariátrica). O resultado foi obtido em pesquisa realizada pelo Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP com 80 mulheres que foram operadas em São Paulo. Por meio de análises moleculares, o estudo revela que o treino físico beneficiou os mecanismos do corpo que regulam a massa muscular, diminuindo a atividade de genes específicos relacionados à degradação de proteínas.

As conclusões do trabalho foram apresentadas em artigo publicado no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle no último mês de outubro.

O professor Hamilton Roschel, da EEFE, coordenador do grupo de pesquisa, explica que as técnicas de cirurgia bariátrica podem ser classificadas como restritiva, malabsortiva ou combinada. “A técnica restritiva reduz o tamanho do estômago e, consequentemente, a quantidade de alimento ingerido pela pessoa”, relata. “Na malabsortiva, o trajeto do alimento é alterado induzindo a um menor tráfego do alimento no intestino e, assim, a uma menor absorção dos nutrientes, e a técnica combinada associa os dois métodos.” De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos de cirurgia bariátrica no Brasil, número 7% superior às 63.969 cirurgias feitas em 2018.

Hamilton Roschel – Foto: Arquivo pessoal

Segundo o professor, a cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade. “Por exemplo, quando comparada ao tratamento médico padrão para manejo da obesidade, ou seja, aconselhamento nutricional e atividade física, monitoramento dos níveis de glicose e uso de medicamentos para controle do peso, a intervenção cirúrgica promove uma maior redução dos valores de Índice de Massa Corpórea (IMC), açúcar no sangue, resistência à ação da insulina e o uso de medicamentos em indivíduos com obesidade diabéticos e não diabéticos.” O IMC é  um índice que avalia o estado nutricional do paciente, calculando se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação à altura.

No Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 2010, os critérios para o uso da cirurgia gastrointestinal como tratamento da obesidade mórbida são IMC igual ou superior a 40 kg/m2, ou maior que 35 kg/m2, quando associado a complicações como apneia do sono severa, diabete descontrolada e cardiomiopatia grave. “Em 2017, o CFM também reconheceu a cirurgia como opção terapêutica para pacientes diabéticos tipo 2 com IMC entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2”, diz Roschel, “desde que tenham idade entre 30 e 70 anos, resistência ao tratamento com antidiabéticos orais ou injetáveis, mudanças no estilo de vida e comprovem que compareceram ao endocrinologista por, no mínimo, dois anos”.

“Cabe ressaltar que o CFM considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal, e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”

Melhora muscular
Para a pesquisa, foram recrutados 80 pacientes no Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP). “Eram todas mulheres, com idade ao redor de 40 anos e IMC médio de 48 kg/m2. Um grupo realizou um programa de treinamento físico supervisionado três vezes por semana por seis meses, iniciado três meses após a cirurgia bariátrica, e outro recebeu apenas o atendimento pós-cirúrgico padrão, com atendimento médico e acompanhamento nutricional, mas que não engloba exercícios”, descreve Roschel. “As sessões de treinamento compreendiam exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, supervisionados por pesquisadores do grupo e conduzidos no nosso Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (Lacre) do HC.” “Cabe ressaltar que o CFM [Conselho Federal de Medicina] considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”

Nos dois grupos, os pesquisadores avaliaram a força muscular dos membros superiores e inferiores, funcionalidade, composição corporal, área das fibras musculares, parâmetros mionucleares e de capilarização do músculo. “Foi realizado, ainda, sequenciamento do RNA mensageiro (que transmite informações do DNA para as células realizarem a síntese de proteínas) e expressão de genes relacionados à síntese e degradação de proteínas”, acrescenta o professor. “Observamos uma redução importante da força muscular dos membros superiores e inferiores três meses após a cirurgia em ambos os grupos. Em contrapartida, o grupo treinado mostrou um aumento da força muscular ao final da intervenção, enquanto o grupo não treinado não apresentou nenhuma melhora.”

O grupo treinado apresentou melhora da funcionalidade em comparação ao não treinado após a intervenção. “A cirurgia comprometeu a massa magra e a área de secção das fibras musculares de ambos os grupos, porém, o exercício atenuou de maneira importante a perda de massa magra e reverteu a perda ao nível da fibra muscular no grupo exercitado”, destaca Roschel. “O exercício melhorou parâmetros mionucleares e de capilarização em relação ao grupo não exercitado e o sequenciamento de RNA revelou supressão de genes relacionados à degradação proteica.”

“Nossos resultados mostram que mulheres obesas submetidas à intervenção cirúrgica e a um programa de treinamento físico adquirem um perfil de expressão gênica e características musculares, isto é, área de secção transversa da fibra muscular, capilarização, força e funcionalidade, comparáveis a um grupo controle de mulheres com condições físicas normais”, enfatiza o professor. “Esses resultados, analisados em conjunto, nos permitem recomendar a inserção de programas de treinamento físico sistemático no tratamento pós-operatório de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica a fim de contrapor os efeitos adversos da perda de massa muscular.”

A pesquisa foi realizada no Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da EEFE e FMUSP. O trabalho foi coordenado pelo professor Hamilton Roschel e teve a participação de Saulo Gil, Carlos Merege-Filho, Sheyla Fellau e Bruno Gualano, pesquisadores do grupo e membros do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Igor Murai e Rosa Pereira, do Laboratório de Metabolismo Ósseo do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Fabiana Benatti, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp; Ana Lúcia de Sá-Pinto e Fernanda Lima, do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Samuel Kinjo e Walcy Teodoro, do Departamento de Reumatologia da FMUSP; e Roberto de Cleva e Marco Aurélio Santo, do Departamento de Cirurgia do Aparelho Digestivo da FMUSP. Também integraram o grupo de pesquisa John Kirwan, Wagner Dantas e Sujoy Gosh, do Pennington Biomedical Research Center.

Mais informações: e-mail hars@usp.br, com o professor Hamilton Roschel

Por Júlio Bernardes

FONTE: Jornal USP

Alimentos enriquecidos com vitamina B9 produzida por bactérias podem ser alternativa natural ao ácido fólico

As vitaminas são micronutrientes essenciais para a saúde: ajudam a fortalecer o sistema imune e garantem o funcionamento correto do metabolismo. No caso das gestantes, a vitamina B9 (ou folato) tem um papel muito importante, pois auxilia nos processos de replicação celular – fundamentais para o desenvolvimento embrionário – e para a formação de células e proteínas do sangue. Por esse motivo, é indicada a suplementação com ácido fólico, forma sintética da vitamina produzida em laboratório. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a recomendação de consumo diário para as grávidas é de 355 microgramas (µg).

Com o objetivo de ampliar as opções de alimentos suplementados com folato, duas pesquisadoras do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), conseguiram desenvolver produtos que contêm até 20% da necessidade diária desse nutriente, utilizando a sua forma natural em vez da sintética. Isso porque o consumo excessivo de ácido fólico está associado a alguns efeitos indesejados, como mascarar a deficiência de vitamina B12. A descoberta tardia dessa deficiência pode levar a pessoa a ter problemas neurológicos e anemia.

“O que está descrito na literatura é que, pelas formas naturais da vitamina, não existe esse problema. Mas a forma sintética demora mais para ser processada, pois precisa ser metabolizada no fígado para chegar a sua forma bioativa no organismo”, afirma Marcela Albuquerque, pós-doutoranda do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

Fermentação natural

Para produzir a vitamina B9, as pesquisadoras utilizam cepas de bactérias lácticas que são seguras para o consumo humano e que já são empregadas pela indústria de alimentos. “Após serem submetidas a determinadas condições, dependendo dos nutrientes disponíveis no meio, do pH e da temperatura, as bactérias que possuem os genes relacionados à biossíntese de folatos, podem produzir a vitamina. Depois, selecionamos as cepas com maior produtividade e aplicamos para o desenvolvimento de um produto fermentado, como leite ou iogurte”, explica Ana Clara Cucick, doutoranda da FCF.

Segundo ela, muitos países aderiram a programas de fortificação obrigatória de alimentos para combater a deficiência de folato, como o Brasil, por exemplo, onde as farinhas de trigo e milho são fortificadas com ferro e ácido fólico para prevenir a anemia e a má-formação dos fetos. Tal estratégia trouxe benefícios, como a redução de aproximadamente 30% na ocorrência de doenças do tubo neural em bebês, segundo relatório divulgado em janeiro de 2021 pela Anvisa, porém tem sido alvo de preocupação devido aos possíveis efeitos colaterais advindos da ingestão em excesso do ácido fólico.

Produtos desenvolvidos

Em seu estudo, Ana Clara conseguiu um leite fermentado que fornecia 20% da recomendação diária de ingestão de vitamina B9 em uma porção de 250 mililitros (ml). O produto também foi testado em animais para avaliar a biodisponibilidade do nutriente, ou seja, o quanto da vitamina contida no leite fermentado poderia ser aproveitado pelo organismo. Os animais que consumiram o alimento tiveram um aumento de hemácias (glóbulos vermelhos) e hemoglobinas (proteínas que transportam o oxigênio), mostrando que ele pode ser uma alternativa promissora para aumentar a ingestão de folato.

Já a pesquisadora Marcela Albuquerque desenvolveu um produto de soja fermentado que alcançou 14% da indicação diária de consumo da vitamina, além de conter microrganismos probióticos. Os dados, já publicados em um artigo científico, mostram que a combinação do subproduto do maracujá (descartado pela indústria) e de frutooligossacarídeos (ativos prebióticos) foi capaz de estimular a cultura de micro-organismos probióticos a produzirem folato. O produto também foi submetido a estresse gastrointestinal in vitro e mostrou uma maior bioacessibilidade de folato em relação aos controles.

Embora ainda faltem parcerias para possibilitar a transferência de tecnologia e a disponibilidade no mercado, os resultados são promissores e abrem caminho para novos produtos bioenriquecidos com a forma natural da vitamina B9.

Da Assessoria de Comunicação do FoRC

FONTE: Jornal da USP

Desinformação é maior entrave para controle do câncer do colo do útero

A desinformação, envolvendo muitos mitos e fake news (notícias falsas), é a principal barreira para o controle do câncer do colo do útero no Brasil segundo estudo divulgado hoje (3) pela Fundação do Câncer, dentro da campanha da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) alusiva ao Dia Mundial do Câncer, que se comemora amanhã (4). A pesquisa inédita Conhecimento e Práticas da População sobre Prevenção do Câncer do Colo do Útero tomou por base estudos publicados entre 2003 e 2020 na literatura científica nacional e internacional.

O objetivo foi identificar as barreiras e as lacunas existentes sobre a vacinação contra o vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus humano) e o rastreamento para o câncer do colo do útero, responsável pela morte de mais de 6 mil mulheres por ano no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer atingir, até 2030, metas que visem erradicar o câncer de colo do útero, causa de morte de mais de 331 mil mulheres por ano, em todo o mundo.

O médico epidemiologista Alfredo Scaff, consultor da Fundação do Câncer, disse que o câncer do colo do útero é evitável porque as pessoas já dispõem de uma vacina contra o vírus HPV, que causa a doença. O levantamento vem contribuir, segundo ele, para diminuir os buracos existentes entre os cuidados disponíveis para o controle desse câncer no mundo e no Brasil, devido à constatação de um distanciamento muito grande entre o acesso e a oportunidade do tratamento da doença entre pessoas, dependendo da região onde moram, se têm ou não plano de saúde ou acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Esse câncer é uma das maiores iniquidades que nós temos na oncologia hoje. É no mundo inteiro mas, no Brasil, isso é muito evidente. O câncer do colo do útero é o primeiro câncer que tem uma vacina”, disse Scaff, que acrescentou que 99% dos cânceres do colo do útero são causados pelo vírus chamado HPV, que tem uma vacina. “Tem que vacinar”.

Scaff estima que, em uma geração, pode-se controlar esse tipo de câncer. Ele reconheceu, entretanto, que existem problemas para se alcançar uma imunização completa da população-alvo, que são meninas entre 9 e 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos.

Conhecimento sobre o câncer de útero

A médica Flávia Miranda Corrêa, doutora em saúde coletiva, pesquisadora da Fundação do Câncer e responsável pela pesquisa, esclareceu que a primeira parte do levantamento, divulgado hoje, se refere ao conhecimento e práticas da população sobre a prevenção do câncer do colo do útero, tendo como público-alvo 7.712 crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos; 3.335 pais e responsáveis entre 18 e 82 anos; e 54.617 mulheres na faixa etária de 14 a 83 anos.

A segunda parte, envolvendo o conhecimento e práticas dos profissionais de saúde sobre prevenção e rastreamento, deverá ser liberada no final do próximo mês. Serviram de base à pesquisa 68 estudos, sendo 16 sobre vacinação e 52 sobre rastreamento da doença.

Resultados

Os primeiros resultados em relação às barreiras sobre a vacinação contra o HPV entre crianças e adolescentes mostram que entre 26% e 37% dos consultados não sabiam que a vacina previne contra o câncer do colo do útero; entre 53% e 76% ignoravam que a vacina diminui a incidência de verrugas nos órgãos genitais. Flavia afirmou que isso demonstra que a maioria das crianças e dos jovens ignora para que serve a vacina.

Entre os entrevistados, 82% acharam que a vacina protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Esse é um problema muito importante, porque a gente sabe que não é verdade. A vacina é específica para o HPV e pode dar uma sensação de falsa proteção. Esse desconhecimento tem que ser desconstruído”, apontou a médica.

Além disso, entre 36% e 57% das crianças e adolescentes ouvidos acham que a vacina pode ser prejudicial à saúde. Flávia contra-argumentou que a vacina é segura, está no mercado desde 2006 e há um monitoramento constante. A médica considerou que essa ideia apurada é errônea e pode ser um impeditivo muito grande para a vacinação.

Entre 35% e 47% acreditam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce. “Não é verdade. Inclusive no contexto do Brasil, nós sabemos que não induz a uma atividade sexual mais precoce”. Entre 32% e 50% não sabiam o número correto de doses. A vacina contra HPV é tomada em duas doses, no intervalo de seis meses, informou a pesquisadora da Fundação do Câncer.

Pais e responsáveis

O desconhecimento continua entre os pais e responsáveis: 17% não sabiam que a vacina previne câncer do colo do útero; 33% não tinham ideia sobre a prevenção de verrugas anais e genitais; 74% imaginavam que a vacinação previne outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); 20% achavam que o imunizante pode ser prejudicial à saúde; entre 34% e 61% não conheciam a população-alvo que deve ser imunizada contra o HPV; e 22% acreditavam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce dos filhos.

Flávia Corrêa disse que a vacina é cada vez mais eficaz quando usada em quem não tem atividade sexual ainda. Ela esclareceu que a vacina tem a função específica de evitar os danos do HPV, como verrugas, lesões precursoras e o próprio câncer de colo do útero. Advertiu que doenças como sífilis, contágio por HIV (Aids) e demais DSTs não são contempladas nessa imunização.

Rastreamento do câncer de útero

Os estudos para identificar se as mulheres conheciam os exames preventivos de rastreamento do câncer do colo do útero (Papanicolau) constataram conhecimentos e práticas inadequadas entre 40% e 71% do público consultado, respectivamente. Os motivos apontados pelas mulheres que nunca realizaram o exame preventivo foram: “não achavam necessário” (45%), “não foram orientadas” (15%), “tinham vergonha” (13%) e “nunca tiveram atividade sexual” (8,8%).

A conclusão da pesquisa da Fundação do Câncer é que o conhecimento deficiente e práticas equivocadas sobre a vacinação contra HPV e o rastreamento do câncer do colo do útero estão associados à baixa renda, menor escolaridade, cor da pele parda ou negra, residência em áreas urbanas pobres e rurais, o que reforça a importância da luta contra a iniquidade.

É preciso ainda esclarecer a população quanto a problemas relacionados a falsas informações e fake news divulgadas pela internet sobretudo, que facilitam práticas equivocadas. A Fundação do Câncer pretende atuar para passar informações corretas e de qualidade para toda a população.

Vacinação gratuita

Alfredo Scaff destacou que o Brasil é um dos poucos países do mundo em que a vacinação contra o HPV é universal, pública e gratuita pelo SUS, integrando o Programa Nacional de Imunização (PNI). O problema, reiterou, é a falta de informação para a vacinação. A imunização contra o HPV é menor entre meninos do que entre as meninas. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi 36,4%.

Além de a vacina para meninos ter sido iniciada dois anos depois que a das meninas, a médica Flávia Corrêa explicou que há desconhecimento de que a vacina é importante para os garotos não só para que eles não transmitam o HPV para as meninas mas, também, para protegê-los de doenças relacionadas ao vírus HPV, como câncer de pênis, câncer anal e de orofaringe (parte da garganta localizada atrás da boca).

No dia 4 de março, no Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV, a Fundação do Câncer mobilizará a população sobre o tema, com postagens em suas redes sociais. Em 26 de março, Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, a entidade abrirá inscrições para um curso voltado aos profissionais de saúde, com foco na atenção primária, cujo início está previsto para abril.

FONTE: Agência Brasil

Qualidade da gordura da dieta materna pode interferir no peso de bebês ao nascer

Estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sugere que a gordura ingerida pela mãe está associada ao peso do recém-nascido

A dieta materna está diretamente associada à saúde do bebê durante a gestação e cientistas já avançam no entendimento dos fatores que contribuem para essa relação. Estudo realizado por pesquisadoras da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra que a qualidade da gordura ingerida pela mãe está associada com o peso do recém-nascido de acordo com a idade gestacional.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima, primeira autora do artigo publicado pela Nutrition em novembro e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da FMRP.

O estudo contou com 734 pares de mães com boa saúde e bebês que realizaram pré-natal em Unidades Básicas de Saúde em Ribeirão Preto, entre os anos de 2011 e 2012. “Nós empregamos dois formulários com o objetivo de registrar tudo o que foi consumido pelas entrevistadas nas últimas 24 horas. Depois, avaliamos o peso ao nascer, sexo e duração da gestação com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Por fim, avaliamos a qualidade da gordura na dieta materna”, explica.

Para entender a qualidade da ingestão de gordura das mães, as pesquisadoras trabalharam na análise de três tipos de gordura, que também podem ser chamadas de ácidos graxos: saturadas, monoinsaturadas e poli-insaturadas. As saturadas podem ser encontradas em alimentos de origem animal: carnes vermelhas e brancas, pele de aves, leite, queijo, manteiga e creme de leite. Além de origem vegetal como coco, dendê e o babaçu.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima.

Já os monoinsaturados são encontrados em alimentos como abacate, castanhas, azeite de oliva e óleo de canola. O consumo desse tipo de gordura pode diminuir o LDL, que é chamado de colesterol ruim, e estimular o HDL, que é conhecido como colesterol bom. O último tipo de gordura avaliada foram as poli-insaturadas, que podem ser encontradas em ovos, óleos de soja e girassol, sardinha, salmão e azeite de oliva.

Entretanto, engana-se quem pensa que as gorduras têm apenas impacto negativo. “Os ácidos graxos tem um impacto positivo desde que consumidos em quantidade, qualidade e proporção adequadas. Dessa forma, as diretrizes internacionais preconizam a retirada da gordura trans, redução do consumo da gordura saturada e inclusão em quantidade adequada das gorduras insaturadas, que são as monoinsaturadas e poli-insaturadas”, afirma Maria Carolina.

Dessa forma, o estudo observou que a ingestão de alguns ácidos graxos apresenta um fator protetor se consumidos de forma equilibrada. “Gestantes tiveram 48% menos chance de ter filho grande para a idade gestacional com o consumo de gorduras poli-insaturadas na quantidade adequada. Os dados reforçam a importância de avaliar a qualidade da gordura ingerida e do acompanhamento do nutricionista durante a gestação”, completa.

Além de Maria Carolina, o estudo A better quality of maternal dietary fat reduces the chance of large-for-gestational-age infants: A prospective cohort study conta com autoria de Izabela da Silva Santos e de Lívia Castro Crivellenti sob orientação da professora Daniela Saes Sartorelli, todas da FMRP.

Mais informações: e-mail mariacarolina017@usp.br

Por Giovanna Grepi

FONTE: Jornal da USP

Asma no verão: saiba como evitar crises

O ano já começou, o solzão está aí e as tão esperadas viagens de férias com a família e amigos em um lugar incrível também. Você também já está animado com tudo isso? Sabemos que essa época do ano é amada e esperada por muitas pessoas, mas não podemos esquecer de todos os cuidados que precisamos manter e carregar na mala para onde for. No calor as crises de asma podem se tornar frequentes por conta do uso de ventiladores e ar-condicionado.1 Precisando tomar ainda mais cuidado, afinal, ninguém quer que a viagem seja atrapalhada por conta disso.

Se você está nessa turma que não quer ter as férias interrompidas por conta da asma, hoje vamos ajudar você a entender melhor como evitar crises de asma no verão.

Por que eu posso ter crise de asma no verão? 

A asma é uma doença pulmonar crônica com milhões de portadores no mundo, e o Brasil não está fora dessa. Pode aparecer em crianças, ao longo da vida e até em idosos. Ou seja, ela não escolhe idade. 2

É possível controlar a asma e os seus sintomas com o tratamento e orientações do seu médico. Comparecer em suas consultas de rotina é muito importante para que você possa estar sempre administrando cada vez melhor a sua respiração.

Mas a pergunta que não quer calar é: por que a asma pode piorar no verão? A resposta é mais simples do que você pensa e vamos explicar.

No calor, algumas pessoas costumam reclamar de crises mais frequentes de asma. Isso acontece porque usamos, com mais frequência, aparelhos como ventiladores e ar-condicionado para refrescar o ambiente. 1

Além disso, as variações de temperatura nessa época, a diminuição da umidade do ar e a maior quantidade de poeira e outros componentes que poluem o ar, podem causar crises de asma por aumentarem os riscos de inflamação nos brônquios. 1

Como se cuidar e evitar as crises no verão?

Para aproveitar o verão sem que a asma atrapalhe os seus planos, vamos dar algumas dicas de como você pode se cuidar ainda mais nessa época do ano.

A melhor opção para manter sua asma controlada é continuar usando corretamente a sua medicação e se hidratar MUITO bem. A hidratação já é muito importante diariamente e, durante o verão, nem se fala, mas se você tem asma, capriche ainda mais nesse aspecto. 3

Se você usa ar-condicionado é essencial que o filtro esteja com a manutenção em dia porque pode acumular bactérias e fungos. Caso contrário, é melhor suspender o seu uso. Os ventiladores são bem-vindos, mas o ambiente precisa estar limpo e sem poeira, evitando que a mesma entre pelas vias aéreas. 3

Caso você vá praticar esportes, escolha um horário e um ambiente com menos exposição ao sol, roupas finas e confortáveis. A prática de esportes e atividades físicas aumenta a frequência respiratória, podendo gerar falta de ar e uma nova crise. 4

Claro que além de todos esses cuidados específicos, é importante que você siga as orientações médicas, mantenha uma boa alimentação e uso correto da medicação. Se precisar de ajuda médica, não hesite em buscá-la onde estiver.

Respire sem crise

Depois de todas essas dicas, ainda temos mais uma para ajudar você com a asma não só no verão, mas ao longo da vida também!

Além dos conteúdos que disponibilizamos em nosso blog, o FazBem tem um podcast exclusivo para falar sobre asma, inclusive com a participação do embaixador da Campanha Respire Sem Crise, Diego Hypólito, ginasta olímpico e portador de asma.

O intuito do podcast é ajudar você a lidar cada vez melhor com a asma e a receber dicas para controlar melhor. Além disso, os episódios contam com a participação de especialistas para trazem informações confiáveis e enfatizar a importância de sempre seguir o seu tratamento.

Ouça aqui!

Conseguiu entender o porquê é importante tomar ainda mais cuidado com a asma no verão? Se proteger contra as crises é a melhor forma de tomar cuidado nessa época do ano. Além disso, é, também, a melhor maneira de aproveitar as festas, as férias e o sol sem imprevistos.

Aproveite suas férias e se cuide!

Referências:
BR-15977. Material destinado a todos os públicos. Dez/2021

Saúde após os 60: a importância do acompanhamento médico no envelhecimento

Você já pensou sobre o envelhecimento?

Para muitas pessoas o envelhecimento é um tabu. Temos a ideia de que, chegados os 60 anos, a vida acaba ficando mais monótona. Entretanto, cada vez mais, os 60 são considerados os novos 40 e se você chegou ou está chegando a essa idade, definitivamente, não é velho.

Certamente, você está experimentando aquela sensação de que é cedo demais para ser rotulado como idoso e aderir ao time da terceira idade. Isso porque a terceira idade ainda possui muitos estigmas e rótulos que já não cabem para a população do século XXI.

Basta lembrar que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou em 31,1 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma pessoa nascida no Brasil em 2019 tem uma expectativa de vida de em média, até 76,6 anos. 1

Vale ressaltar, também, que segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) publicado no portal de notícias Agência Brasil, dos 210 milhões brasileiros 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. Dessa população 15% ainda trabalham e 75% contribuem para a renda da casa. 2

Os dados mostram que a população acima de 60 anos está saudável é independente e continua contribuindo para o bem-estar da família e da comunidade. O envelhecimento saudável é um processo contínuo que requer mudanças de hábitos para melhorar a saúde física, mental e social. 3

Quer saber como cuidar da sua saúde após os 60 anos? Então, você está no lugar certo. Confira algumas informações sobre a importância dos hábitos saudáveis e acompanhamento médico na terceira idade.

Envelhecimento: Saúde após os 60 anos

Preservar a saúde é uma das principais preocupação das pessoas, principalmente quando chegam na terceira idade. Isso porque ela é fundamental para mantermos uma vida saudável, com qualidade de vida e bem-estar. 4

O processo de envelhecimento, naturalmente, provoca mudanças no corpo e na mente. Por mais que a gente não queira, com o passar dos anos, nosso corpo já não responde aos estímulos da mesma forma que nos nossos 20 anos. 4

Segundo Caderno de Atenção Básica Sobre o Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, parte das dificuldades encontradas nessa fase da vida estão relacionadas a uma cultura que desvaloriza e limita pessoas na terceira idade. Isso sem falar das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que também podem afetar a funcionalidade dos idosos. 4

Mas isso não quer dizer que não há como ter saúde após os 60 anos. Uma vida saudável não tem a ver com idade, mas, sim, com os hábitos que adotamos no dia a dia. Manter-se ativo fisicamente e mentalmente é um desafio grande para muitos idosos, mas completamente possível. 4

O mais importante é saber que é possível lidar com essas limitações, ter um envelhecimento saudável e quebrar alguns tabus que a sociedade possui em relação à terceira idade.

Confira alguns dos tabus que precisamos começar a quebrar!

Envelhecimento: Pessoas idosas são todas iguais

Certamente, ao longo da vida você deve ter ouvido que somos todos iguais. Em parte, isso é verdade, possuímos os mesmo direitos e deveres na sociedade, mas isso não quer dizer que como seres humanos individuais somos iguais.5

Cada pessoa tem sua personalidade, individualidade, ou seja, características que fazem dela única, como forma de agir, pensar, sentir, valores morais, traços emocionais entre outros aspectos. Agora, se vivemos com essas características únicas a vida toda, por que temos a ideia de que ao chegar aos 60 anos perdemos essa individualidade? 5

Pensar que pessoas idosas são todas iguais é um equívoco muito comum. O erro está em ter uma visão homogênea sobre a velhice, quando, na verdade, ocorre justamente ao contrário. Essa é uma das fases da vida mais diversa que existe, já que a velhice envolve múltiplos aspectos e variáveis que resultam em indivíduos com características, necessidades e objetivos de vida diferentes.5

Ao rotularmos as pessoas idosas, contribuímos para a criação e fortalecimento de estereótipos que tornam a rotina desses indivíduos mais difícil. 5

Pessoas com mais de 60 anos não fazem sexo

Sexo é um tema que causa reações diversas nas pessoas. Alguns encaram com naturalidade, já outros ficam envergonhados ou agem com repulsa só de ouvir falar sobre. 5,6

Se apenas o tema sozinho causa diversas reações, imagina se inserimos ao tema faixa etárias, como sexo na terceira idade. Algumas pessoas certamente se perguntam: existe isso?

O fato é que sexo na terceira idade existe e falamos pouco sobre esse tema. Enxergar a pessoa idosa como um ser humano que não possui mais desejos sexuais também é um estereótipo amplamente difundido na sociedade, mas é importante ter em mente que amor e desejo não têm idade. 5,6

O desejo existe enquanto há vida e pode ser (re)descoberto ao longo das fases da vida. Viver a sexualidade independentemente da idade melhora a autoestima, o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde. 6

Por isso, quebrar esse estereótipo de que idosos não fazem sexo é importante para que o tema seja discutido e fique cada vez mais naturalizado para toda a sociedade. 5,6

A importância do acompanhamento médico

Outro tabu muito difundido para a população da terceira idade é de que velhice é sinônimo de doença. Esse é um grande equívoco.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o envelhecimento está associado a mudanças nos processos biológicos, fisiológicos, ambientais, psicológicos, comportamentais e sociais do ser humano. 7

Mas é importante ressaltar que o envelhecimento não é sinônimo de doença, muito menos, um processo igual para todos. Para algumas pessoas, as mudanças relacionadas a idade são positivas, já outras resultam em declínio em função dos sentidos e atividades da vida cotidiana. 7

O avanço da idade é um fator de risco para o surgimento de doenças crônicas e degenerativas, mas isso não quer dizer que todos teremos doenças ou até mesmo que não haverá qualidade de vida caso desenvolva uma doença crônica como pressão alta, por exemplo. 7

Com mudanças de hábitos, é possível ter um envelhecimento saudável. Uma boa saúde proporciona mais qualidade de vida aos anos. Esses anos adicionais com boa saúde contribuem para que a pessoa continue participando e sendo parte integrante de suas famílias e comunidades.8,9

Por isso, o acompanhamento médico é tão importante para essa fase da vida. Após os 60 anos, o corpo passa por mudanças e fazer o acompanhamento médico especializado é uma forma de ajudar seu corpo e mente a passar por esse processo e garantir saúde e qualidade de vida. 8,9

Não deixe para amanhã o que você pode começar hoje. Faça acompanhamento médico regular e garanta mais saúde e bem-estar para sua vida. 8,9

Que tal, daqui para frente, começarmos a quebrar alguns desses estereótipos? Você pode ajudar outras pessoas a se conscientizarem sobre a importância da quebra dos tabus e cuidados com a saúde compartilhando esse conteúdo. 8,9

Aqui, no blog, temos diversos conteúdos sobre alimentação e exercícios para diversas patologias, além de dicas e informações importantes para o seu tratamento. Fique por aqui e confira outros conteúdos incríveis.

Referências:
  1. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29502-em-2019-expectativa-de-vida-era-de-76-6-anos7
  2. https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-10/dia-nacional-do-idoso-conheca-politicas-publicas-para-essa-populacao
  3. https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa
  4. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_saude_pessoa_idosa.pdf
  5. https://institutodelongevidademag.org/longevidade-e-saude/autonomia/master-mitos-e-verdades-60-anos
  6. https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2019/09/26/interna_bem_viver,1087673/desejo-na-terceira-idade-existe-e-precisa-ser-encarado-de-forma-natura.shtml
  7. https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2020/10/D%C3%A9cada-do-Envelhecimento-Saud%C3%A1vel-2020-2030.pdf
  8. https://sbgg.org.br/envelhecimento-e-longevidade/
  9. https://sbgg.org.br/confira-3-mitos-sobre-o-envelhecimento/
BR-16049. Material destinado a pacientes. Dez/2021

Como dormir bem com refluxo gastresofágico

Se você tem refluxo, sabe como encontrar uma posição na hora de dormir pode ser difícil. Sono e refluxo nunca foi uma relação muito simples, mas isso não quer dizer que quem convive com essa doença não possa ter noites tranquilas.

Se você tem refluxo e está passando por dificuldades na hora de dormir, preparamos esse conteúdo para ajudá-lo. Leia até o final para descobrir como dormir bem com o refluxo.

O refluxo

O refluxo é uma doença crônica que afeta muitas pessoas. Ele pode acontecer a partir do momento que o conteúdo ingerido, que já está no estômago, retorna ao esôfago e gera sintomas desagradáveis. 1

Suas causas podem ser diversas, desde o relaxamento do músculo esfíncter, que separa o esôfago do estômago, até hernia de hiato. 1, 2

Os fatores de risco também podem aumentar as chances de desenvolvê-lo, como a obesidade, cigarro, álcool, refeições volumosas, aumento da pressão intra-abdominal e outros. 2, 3

Para saber mais sobre a doença do refluxo, leia Doença do refluxo gastroesofágico: a importância do controle para evitar crises

O refluxo tem tratamento e pode ser evitado com algumas atitudes simples, como:4

  • Comer em menores quantidades a cada 2 ou 3 horas;
  • Aumentar o consumo de frutas e legumes;
  • Evitar beber líquidos durante as refeições;
  • Fazer as refeições devagar e mastigar bem os alimentos;
  • Beber chá de camomila, pois ele acalma o intestino e o estômago;
  • Perder peso ou impedir ganho adicional;
  • Evitar roupas apertadas.

Sono e refluxo

É comum algumas pessoas se queixarem de que o refluxo piora e atrapalha o sono quando vão se deitar. Existem várias explicações para isso, por exemplo, quando você se deita, a gravidade já não está mais ajudando a manter o líquido estomacal para baixo, o que pode aumentar as crises de refluxo.3

Outro exemplo é a saliva, que ajuda a neutralizar o ácido no estômago, mas nos estágios mais profundos de sono, a produção de saliva diminui.3

O aumento de sintomas do refluxo após se deitar, pode acabar gerando, além da perda de sono, azia, dores no peito e tosse.3

O refluxo também pode estar relacionado com a apneia do sono, causada por um bloqueio nas vias aéreas que pausa a respiração durante o sono. É provável que o refluxo também acabe afetando as vias aéreas e piore a apneia do sono.3

Algumas atitudes simples podem ajudar a melhorar a sua noite de sono, mas para isso é importante que você adote mudanças no seu estilo de vida também.3

Para reduzir os gatilhos do refluxo, antes de tudo, é importante que você procure um médico e converse com ele sobre suas noites de sono ruins. Converse com ele sobre as dicas para dormir melhor que vamos dar agora e veja se ele concorda e pode acrescentar outros pontos importantes também.3

Algumas dicas para dormir melhor são:3

  • evitar comer muito tarde: não durante as 3h antes de ir dormir, dessa forma, o estômago consegue fazer a digestão melhor até a hora que você for se deitar.3
  • estudos mostram que dormir do lado esquerdo é a melhor posição para pessoas com refluxo, isso porque, dormir desse lado reduz a exposição do esôfago ao ácido gástrico, diminuindo as chances de refluxo.3
  • Dormir de costas pode causar mais crises de refluxo que o normal.3
  • Levante a cabeceira da cama: manter a cabeceira da cama mais elevada, ajuda a evitar o refluxo. Mas estamos falando da cama mesmo, ok? Não apenas do seu travesseiro. Elevar a cabeceira da cama em pelo menos 15 centímetros ajuda a reduzir o refluxo durante a noite. Uma dica é, se você tiver condições, compre uma cama com cabeceira ajustável.3

Lembre-se: é importante que você sempre trabalhe com o seu médico para tomar decisões que façam a diferença no seu tratamento. Ele é a pessoa mais apropriada para ajudar você nesse aspecto. Nós damos dicas que você pode levar para discutir com ele e entender se vão ser mais benéficas para o seu tratamento ou não.

Aqui, no FazBem, tentamos da melhor forma, informar você sobre a sua patologia e ajudá-lo a manter um estilo de vida saudável para melhorar os resultados do seu tratamento.

Faça seu cadastro no programa e saiba mais!

Referências:
 BR-13440. Material destinado a paciente. Dez/2021

Não telefone para a sua mãe: faça uma ligação por vídeo


Conversas de vídeo com a família podem ajudar a reduzir o risco de depressão em adultos mais velhos

Claro, você envia textos para seus pais, responde aos e-mails deles e talvez até mesmo seja “amigo” deles no Facebook ou Instagram para que eles possam ver a sua vida em fotos.

Mas com freqüência você comunica com eles por Skype, WhatApp ou Facetime?

Enquanto todos os tipos de interação social podem ajudar pessoas mais velhas a permanecerem conectadas a familiares e amigos, um novo estudo de pesquisadores da
Oregon Health & Science University e da University of California Davis descobriu que participar de bate-papos de vídeo reduz a probabilidade pela metade de desenvolver síntomas depressivos, comparado com outras formas de comunicação.

Os investigadores compararam os dados por meio de questionários realizados em 2012 com dados de acompanhamento de 2 anos.

Em 2014, com mais de 1400 participantes do
Health and Retirement Study (HRS), a pesquisa de acompanhamento incluiu dados sobre sintomas depressivos.

Eles descobriram que, mais que outras tecnologias de comunicação, como e-mail, redes sociais e mensagens instantâneas, os chats de vídeo têm o potencial de prevenir ou retardar os sintomas da depressão.

Na verdade, a pesquisa descobriu que as outras tecnologias como e-mail e mensagens de textos não têm qualquer influência no risco de depressão.

As mulheres e homens que utilizam esses meios (texto) tiveram o mesmo índice de depressão do que as pessoas que não usam nenhuma das tecnologias de comunicação.

As publicações mostram que mais e mais idosos usam a internet.

E até casas de repouso e outras residências para o dia-a-dia estão começando a oferecer acesso à internet para os residentes.

Os estudos mais recentes sobre os chats de vídeo com com a família duram mais do que conversas por telefone.

E, embora não sejam cientificamente comprovados, sugerem que conversas cara a cara (mesmo que por vídeo) podem ajudar a reduzir os sintomas de agitação e explosões verbais em paciêntes com demência.

O que é melhor do que um bate-papo por vídeo?

Interação face a face regular e real, é claro.

Mas em um mundo onde isso não é possível para tantas pessoas, o vídeo de bate-papo parece ajudar a superar melhor a tristeza do idoso do que qualquer outra tecnologia disponível.

Referências

Teo AR, Markwardt S, Hinton L. Using Skype to Beat the Blues: Longitudinal Data from a National Representative Sample. The American Journal of Geriatric Psychiatry. Published online 29 Oct 2018.

Van der Ploeg ES, Epingstall B, O’Connor DW. Internet Video Chat (Skype) Family Conversations as a treatment of Agitation in Nursing Home Residents with Dementia. International Psychogeriatrics. April 2016; 28(4):697-698.

Esse post foi escrito originalmente por Susan McQuillan MS., 2018, todos os direitos reservados.

O texto foi postado no site Psychology Today, em dezembro de 2018.

O conteúdo foi traduzido e adaptado pelo Blog 50+ SAÚDE com objetivo de clareza.

8 dicas para se comunicar com pessoas com demência

Princípios simples para estar com aqueles que têm comprometimento cognitivo

Aqui estão alguns princípios de comunicação, ação e compreensão que aprendi com meus pacientes.

Espero que sejam úteis para você e seus entes queridos.

1. A verdade é relativa e devemos considerá-la a partir da perspectiva do indivíduo

Pense em um homem idoso modesto com doença de Alzheimer de moderada a grave.

De acordo com a ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer:

“A demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por mudanças no comportamento ou na personalidade. Entre as várias causas conhecidas, a Doença de Alzheimer é a mais frequente”.

Sua família contratou um auxiliar de saúde em casa para ajudar nos cuidados pessoais.

Ele fica agitado toda vez que ela tenta dar-lhe um banho.

Considere sua perspectiva.

Por causa de sua perda de memória , ele não se lembra de que ela esteve lá toda semana no último ano.

Ele só acha que há uma mulher estranha que ele nunca conheceu que está pedindo para ele tirar a roupa.

2. Devemos estar calmos, relaxados e reconfortantes

Aqueles com demência, muitas vezes, absorvem o nosso humor, percebendo inconscientemente a nossa linguagem corporal e tom de voz.

Assim, podemos inadvertidamente criar agitação se ficarmos irritados quando uma pergunta for feita pela 34ª vez ou ficarmos chateados quando o açucareiro cair acidentalmente no chão.

3. A distração pode ser uma ferramenta útil

Álbum de fotos pode ser uma boa maneira de distrair
Crédito: Klimkin – Pixabay

A maioria de nós aprendeu que não ajuda a tentar raciocinar ou argumentar quando um indivíduo com demência diz às oito horas da noite que eles precisam sair de casa para “ir para casa”.

O que normalmente funciona, é os distrair com uma atividade que eles gostam como:

Olhar para álbuns de fotos, ouvir música, assistir a um filme favorito, fazer um lanche ou simplesmente dar um passeio.

4. É importante estar ocupado

Ninguém realmente deseja ficar ocioso.

O que pode ser difícil é encontrar uma atividade que o indivíduo possa fazer e gostar.

Aqui simplesmente encorajamos você a pensar fora da caixa.

Por exemplo, um colecionador de moedas pode não ser mais capaz de detectar as variedades raras e moedas especiais que ele já fez, mas ele pode passar duas horas felizmente arrumando um pote de moedas em centavos, centavos e moedas.

O que você pode fazer no dia seguinte?

Misture-os de volta e deixe-o fazer de novo.

Da mesma forma, se sua mãe gosta de dobrar a roupa, deixe-a dobrá-la. Ela já terminou? Agite e deixe-a dobrar novamente.

5. Envolva familiares e amigos

Mohamed Hassan – Pixabay

A demência acaba se tornando um esporte de equipe.

Muitos cônjuges sentem que devem ser capazes de cuidar de sua esposa ou marido sozinhos, mas cuidar de pessoas com demência é mais do que qualquer pessoa pode fazer sozinha.

6. Viva no momento

Aqueles com perda significativa de memória podem não ser capazes de discutir ou apreciar políticas, eventos atuais, esportes ou até mesmo o clima.

Mas muitos ainda podem desfrutar de coisas que estão diretamente na frente deles.

Tente passear por uma galeria em um museu, uma exposição em um zoológico ou um caminho em um jardim.

7. Aceite que algumas coisas não podem ser consertadas

Há muitas mudanças e perdas na demência que devem ser aceitas.

Além de perder a capacidade de trabalhar, dirigir ou dedicar-se a hobbies, há também a perda do relacionamento – pelo menos como costumava ser – entre marido e mulher, pai e filho.

A demência está sempre mudando e, portanto, a aceitação deve se tornar uma atividade recorrente.

8. Busque alegria

Procure atividades que tragam alegria
Crédito: Alterio Felines – Pixabay

Procure atividades apropriadas que tragam alegria para as pessoas que você ama.

Dê um passeio em um parque.

Visite com a família e amigos.

Jogar um jogo.

Ou, talvez, apenas dê as mãos.

Pois sem alegria, a vida – com ou sem demência – dificilmente valeria a pena.

Esse post foi escrito originalmente por Andrew E. Budson, MD, 2018, todos os direitos reservados.

Andrew é professor de neurologia na Universidade de Boston e na Harvard Medical School. Você pode saber mais sobre o seu trabalho no seu último livro, Seven Steps to Managing Your Memory: What’s normal, what’s not, and what to do about it (em inglês), e no livro Perda da Memória, Doença de Alzheimer e Demência (em português).

O texto foi postado no site Psychology Today, em novembro de 2018.

O conteúdo foi traduzido e adaptado pelo Blog 50+ SAÚDE com objetivo de clareza.