Parkinson, pesquisa identifica substância para evitar agravamento

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP traz uma perspectiva promissora para o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos para o tratamento da doença de Parkinson, caracterizada pela morte precoce ou degeneração das células na região da substância negra do cérebro, responsável pela produção de dopamina (um neurotransmissor.) A ausência ou diminuição da dopamina afeta o sistema motor, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. Há também sintomas não-motores, como alterações gastrointestinais, respiratórias e psiquiátricas, por exemplo. Não há cura, apenas controle dos sintomas.

Publicada na revista Molecular Neurobiology, a pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Neurobiologia Celular, sob a coordenação do professor Luiz Roberto G. Britto, em conjunto com pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da USP e da Universidade de Toronto, no Canadá. “Em camundongos, conseguimos diminuir cerca de 60% da morte celular inibindo o TRPM2 – um dos canais de entrada de cálcio nas células do cérebro. Isso foi feito com uma substância à base da molécula tirfostina, chamada de AG-490”, afirma Britto. “Os camundongos que não receberam a substância apresentaram um resultado 70% pior nos testes comportamentais”, acrescenta.

A estratégia, segundo ele, interferiu com uma das quatro vertentes conhecidas pela ciência pelas quais o Parkinson promove a morte dos neurônios. “Entre as causas estão algumas disfunções metabólicas e acúmulo anormal de proteínas, a neuroinflamação do cérebro, o estresse oxidativo provocado pelo acúmulo de espécies reativas de oxigênio e o aumento na atividade dos canais de entrada de cálcio — que nós conseguimos impedir ao menos em parte”, explica Britto. “Em todas as células do organismo, quando esses canais estão muito ativos, a tendência é que ocorra uma sobrecarga de cálcio. Isso ativa uma série de enzimas que degradam as estruturas das células, levando à sua morte”, complementa.

“Com o estudo, chegamos à conclusão de que quando bloqueamos o canal, a degeneração de neurônios, especificamente naquelas regiões onde os neurônios são mortos pela doença, diminuiu bastante. O mesmo aconteceu nos locais onde aqueles neurônios se projetam e têm contatos sinápticos, o que ajudou a preservar a dopamina, um neurotransmissor fundamental para os movimentos, entre outras funções”, explica.

Os testes foram realizados em camundongos que receberam injeção da toxina 6-hidroxidopamina, que simula os efeitos da doença de Parkinson. Os animais foram então divididos em dois grupos. Em um deles foi aplicada a substância AG-490; no outro, não. Após seis dias, passaram a ser realizados testes para avaliar a capacidade de equilíbrio e outros comportamentos motores dos animais. Depois de sacrificados, foi feita a contagem de neurônios que produzem dopamina na substância negra, que classicamente está envolvida com a doença. A região onde elas se conectam, o estriado, também foi estudada em termos da presença de sinapses dopaminérgicas. Em ambas as regiões, houve menor prejuízo com a administração do AG-490, tanto em termos comportamentais como em termos do número de células e terminais degenerados.

Próximos passos

Segundo Britto, antes de avançar para testes clínicos serão necessários muito mais estudos. “Para que tenhamos um fármaco à base de AG-490, precisamos ter certeza de que essa substância funciona depois da aplicação da toxina, já que, por enquanto, ela foi administrada ao mesmo tempo da injeção da toxina que produz o modelo de Parkinson. Vamos também testar animais geneticamente modificados para o TRPM2, esperando que eles sejam mais resistentes em termos da morte neuronal neste modelo. Além disso, é preciso estudar as possíveis consequências colaterais da injeção da substância.”

O estudo é fruto de uma linha de pesquisa de Britto, que investiga o assunto há mais de dez anos. Esta etapa da pesquisa foi desenvolvida

durante a tese de doutorado da bióloga Ana Flávia Fernandes Ferreira. Em um estudo anterior, feito pelo mesmo grupo, foi obtido um resultado similar com outra substância, o carvacrol, para bloquear outro canal celular, o TRPM7, que faz parte da mesma família de canais para o íon cálcio que o TRPM2.

Avanços nos estudos que buscam a cura da doença de Parkinson são urgentes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição atinge 1% das pessoas com mais de 65 anos e chega a 4% entre a população com mais de 80 anos. Um estudo publicado na revista Lancet mostra que entre 1990 e 2015 os casos de Parkinson dobraram em virtude do envelhecimento da população mundial, saltando de cerca de 26 mil para cerca de 62 mil a cada um milhão de habitantes.

“Neste sentido, as perspectivas para o futuro não são boas, porque imagina-se que até 2050 parte considerável dos idosos esteja vivendo até os 120 anos. As soluções então precisam ser imediatas para a segunda doença neurodegenerativa mais comum, atrás apenas da doença de Alzheimer. Hoje a Medicina trata apenas dos sintomas da doença para tentar melhorar a qualidade de vida do paciente, mas não impede que, com o tempo, eles progridam e que a degeneração das células do cérebro continue e agrave a doença.”

Da assessoria de comunicação do ICB

FONTE: Jornal da USP

Movimento Velhice Cidadã luta por qualidade de vida e contra o preconceito

Um movimento criado no Brasil busca combater o idadismo, a discriminação baseada na idade, e promover mais respeito aos idosos. Com o avanço da ciência e o aumento da longevidade, o O idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento luta por um envelhecimento mais saudável e respeitoso.

A professora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenadora do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe) no Município de São Paulo, conta ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que esse é um movimento crescente e ativo há alguns anos.

Sua atuação ganhou mais visibilidade em meio às discussões sobre a inclusão da velhice como uma doença na CID 11 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nós começamos um movimento para tirar, da CID 11, o código velhice”, afirma a professora. A mobilização surtiu efeito e a OMS desistiu de classificar a velhice como doença.

Fase da vida

Yeda explica que essa classificação significaria que qualquer pessoa com mais de 60 anos no Brasil tem um problema de saúde simplesmente pela idade. “Isso não é verdade”, diz, “a velhice é uma fase da vida”. O tema também ganhou destaque após a Organização das Nações Unidas (ONU) declarar a Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030).

O movimento Velhice Cidadã também busca uma atuação efetiva especialmente neste ano eleitoral. “Ele é um movimento apartidário. É trabalhar com todos os partidos e candidatos para que, no seu plano de governo, esteja incluído tudo o que pode estar relacionado às melhores condições à velhice no País.”A professora lembra que o idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento. “Isso não se aplica mais hoje em dia, as pessoas estão envelhecendo melhor, ativas e trabalhando.”

No Brasil, o voto de pessoas com mais de 70 anos é facultativo, mas Yeda incentiva a participação desses eleitores. “As pessoas precisam ter consciência da sua importância nesse movimento”, conclui.

FONTE: Jornal da USP

Radiofármacos, congresso aprova fim de monopólio estatal

O Presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, promulgou dia 26/04 a Emenda Constitucional 118, que trata da quebra de monopólio na produção de todos os tipos de radiofármacos ou radioisótopos de uso médico. Até então, o monopólio pertencia à União. A emenda teve a última etapa de aprovação no dia 5 de abril, na Câmara.

“A emenda à Constituição que promulgamos é de vital importância para garantir a universalização da oferta de procedimentos de medicina nuclear a todo território nacional, por meio da autorização de entes privados para, sob regime de permissão, produzir, comercializar e utilizar para pesquisa e uso médicos radioisótopos de meia-vida superior à duas horas”, disse Pacheco durante solenidade de promulgação, ocorrida no plenário do Senado.

Atualmente, a produção e a comercialização desses fármacos são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. A quebra do monopólio se dá apenas aos materiais radioativos de uso médico. O monopólio estatal continua para a produção de radioisótopos necessários à agricultura e indústria.

Radiofármacos ou Radioisótopos

Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação e são usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.

“O radiofármaco é uma substância radioativa. Quando ela é injetada no paciente para fazer o exame, ela permite uma qualidade do exame muito mais precisa. Possibilita que diagnósticos e tratamento do câncer, diagnósticos cardíacos, diagnósticos da tireoide e outros possam ser analisados e verificados com uma atividade muito mais precoce”, afirmou o deputado General Peternelli (União Brasil-SP), relator da matéria na Câmara.

Na agricultura, os isótopos radioativos são aplicados aos adubos e fertilizantes a fim de se estudar a capacidade de absorção desses compostos pelas plantas. Na indústria, esses elementos são utilizados na conservação de alimentos, no estudo da depreciação de materiais, na esterilização de objetos cirúrgicos e na detecção de vazamentos em oleodutos.

Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil

Você sabe o que é Transtorno Disfórico Pré-Menstrual?

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) acomete mulheres alguns dias antes da menstruação e é uma forma mais grave da tensão pré-menstrual. Esse problema traz prejuízos na capacidade de trabalhar, de se relacionar com as pessoas e de cuidado próprio das mulheres, por gerar sintomas como vontade de se isolar, alta irritabilidade e tristeza.

Cristina Marta Del Ben, professora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, explica que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”. Além disso, pode ocorrer os sintomas somáticos, como “ter edema de membros inferiores — as pernas ficam mais inchadas —, pode haver dor de cabeça, aumento do volume da mama, maior sensibilidade ao toque”.

Cristina Marta Del Ben destaca que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”

Por ter sintomas parecidos, o TDPM pode ser confundido com uma crise de ansiedade ou de depressão. Mas a professora ressalta que são duas condições médicas diferentes. “Num transtorno depressivo, os sintomas se mantêm por várias semanas sem interrupção.” Já o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual tem uma característica cíclica, surgindo nos dias que antecedem a menstruação. “Em geral, de cinco a sete dias antes da menstruação e tende a desaparecer dois ou três dias após o início do sangramento”, pondera.

Causas

As causas estariam associadas à queda abrupta, um pouco antes do período pré-menstrual, do hormônio progesterona e do estrógeno, que acaba atingindo um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar a ansiedade.

De acordo com Cristina, uma das hipóteses seria que o metabólito da progesterona, alopregnanolona, em menor quantidade, interage menos com o sistema gabaérgico — principal agente inibidor do sistema nervoso central. “Então, essa queda abrupta, ou seja, a falta repentina desse metabólito, o qual estaria ativando um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar sintomas de ansiedade, por exemplo, seria responsável por essas alterações clínicas”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

Cristina destaca que é importante registrar a ocorrência dos sintomas em diferentes ciclos. Isso facilita o entendimento da situação e ajuda o médico a escolher o melhor tratamento. Sabendo do quadro da paciente, o ginecologista ou, dependendo do caso, o psiquiatra, pode indicar o melhor tratamento para aquela situação. Para a especialista, o ideal “seria que a mulher, a princípio, discutisse com seu ginecologista, descrevesse seus sintomas e que buscasse a melhor alternativa”.

Há as medidas não farmacológicas como mudanças de hábitos de vida, dieta saudável, prática regular de atividade física e algumas intervenções psicoterápicas — as mais estudadas seriam terapia cognitiva ou comportamental. “Com relação ao tratamento farmacológico, uma das opções principais são os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, medicações que também são utilizadas para o tratamento de depressão e ansiedade, e o uso de contraceptivos”, completa Cristina.

É importante que as mulheres registrem o que sentem, principalmente no período pré-menstrual, para ajudá-las a entender sua situação e achar a melhor saída, diminuindo, assim, o sofrimento nesse período.

FONTE: Jornal da USP

Campanha alerta sobre a relação entre a ansiedade e a tontura

Com o slogan Tontura é Coisa Séria, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) discute, neste Dia Nacional da Tontura, celebrado hoje (22), a relação entre a ansiedade e a tontura.

Problema que acomete cerca de 30% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e afeta principalmente as mulheres, por causa dos seus ciclos hormonais, a tontura pode ser um indicador de problemas mais graves, como um acidente vascular cerebral (AVC).

“A tontura ou a falta de equilíbrio e de orientação espacial pode ser uma coisa séria. Então é sempre importante averiguar o que está acontecendo porque existem muitos fatores responsáveis pela tontura. Por exemplo, uma tontura aguda, com uma vertigem, onde tudo roda, com náuseas, vômitos e em que não se consegue parar em pé pode ser um sintoma de AVC”, disse Jeanne Oiticica, do Departamento de Otoneurologia da associação, em entrevista à Agência Brasil. “A tontura precisa ser investigada sempre para a gente entender [o que a está provocando] já que ela é um aviso que o corpo está dando de que as coisas não estão equilibradas”.

Ansiedade

A tontura também pode estar relacionada à ansiedade, problema que se agravou durante a pandemia do novo coronavírus. “Os problemas podem ser o mais diversos possíveis. Pode, por exemplo, ser um problema hormonal, metabólico, soltura dos cristais dentro do ouvido ou ansiedade, estresse, depressão”, disse Jeanne.

Dados da OMS sinalizam que, no primeiro ano da pandemia, a ansiedade e a depressão cresceram 25% em todo o mundo. “A campanha de 2022 [da associação] aborda a relação e a influência da ansiedade com a tontura. Diante do período de isolamento social e o convívio diário com a pandemia, as dificuldades emocionais se agravaram e percebemos que quadros de pacientes com ansiedade e tontura se tornaram mais frequentes em consultório nos últimos dois anos”, disse em nota Guilherme Paiva Gabriel, otorrinolaringologista da ABORL-CCF e coordenador da Campanha da Tontura.

Jeanne alerta que a própria covid-19 pode provocar tonturas. “A própria contaminação pela covid-19 também favorece o aparecimento da tontura porque ela é uma doença trombótica, inflamatória e que pode acometer diversos sistemas. Da mesma forma que teve paciente que perdeu o olfato, teve paciente que ficou tonto ou que adquiriu o zumbido depois da covid-19”, disse ela.

Limitações

Presente em 42% da população adulta de São Paulo, segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, a tontura, por muitas vezes, não costuma ser um motivo para pacientes buscarem auxílio médico. Mas, em alguns casos, ela pode trazer limitações e impactar na qualidade de vida. Por isso, quando os episódios forem frequentes, a pessoa deve sempre procurar um otorrinolaringologista.

“Toda vez que o paciente tem tontura, isso indica assimetria do sistema. O sistema de equilíbrio é como os dois pratos de uma balança. Eles devem estar alinhados, na mesma altura. Se um prato está mais para baixo e, o outro, mais pra cima, isso gera tontura. Então é importante avaliar”, disse Jeanne. “Às vezes você se levanta rapidamente e deu uma tonturinha, coisa de segundos. Isso passou e nunca mais aconteceu. Mas se é uma coisa que se repete, esse é um sinal que o corpo está dando de que a pessoa precisa procurar ajuda”.

FONTE: Agência Brasil

Cerca de 1 milhão de brasileiros sofre de vitiligo, que tem tratamento e cura possível

Manchas com ausência total de coloração da pele. Essa é uma das principais características do vitiligo, doença que atinge mais de 1 milhão de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Uma estimativa da Fundação Internacional de Pesquisa em Vitiligo mostra que o número de pessoas no mundo com a doença fica entre 65 milhões a 95 milhões, atingindo em média de 0,5% a 2% da população. Quem tem a doença pode ter uma vida normal, diz a médica dermatologista Maria Cecília Rivitti Machado, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Qualquer pessoa pode ter a lesão, que costuma surgir durante a infância ou juventude. “Ele ocorre em pessoas que têm uma predisposição genética, além de diversos fatores que podem contribuir para o aparecimento do problema. O vitiligo ocorre quando há um ataque imunológico aos melanócitos, que são as células produtoras da cor. Seu portador também pode apresentar outras doenças autoimunes, como o hipotireoidismo.”

Segmentar ou vulgar

A moléstia tem tratamento e a cura é possível. Para isso, é necessário um diagnóstico e o tratamento precoce. Manchas brancas, com perda da cor, são um sinal de alerta. A melhor forma de confirmar as suspeitas se você é ou não portador da doença é consultando um dermatologista. O uso de maquiagem para tornar o tom da pele mais uniforme é uma alternativa para quem se sente incomodado com as manchas. O tratamento para conter ou reverter esse quadro é feito com medicamentos e banhos de luz ou fototerapia, que não é câmara de bronzeamento, destaca a dermatologista. É uma aparelhagem específica para uso médico. As palmas das mãos, planta dos pés e lábios não permitem a repigmentação por não possuírem folículos pilosos.O vitiligo pode se apresentar de duas formas: segmentar ou vulgar, diz a dermatologista. No primeiro caso, há o comprometimento de um lado do corpo, já o vulgar atinge as extremidades em locais onde há maior atrito da pele com os objetos, como os tornozelos, cotovelos e a face.  Maria Cecília lembra que, por ser assintomática, “é necessário mais cuidados, evitando traumatismo e lesões, porque podem ocorrer novos machucados. Também se deve prestar atenção à exposição ao sol, já que a pele é desprovida de pigmentação”.

FONTE: Jornal da USP

Sol que incide na Antártida causa altos níveis de lesões em DNA

Pesquisadores da USP e da Universidade de Havana, em Cuba,  realizaram medições do sol que incide sobre o continente antártico, em regiões onde se forma o buraco na camada de ozônio, e detectaram elevados níveis de lesões em amostras de DNA causadas pelos raios ultravioleta (UV). O estudo pioneiro envolvendo pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Química (IQ) mostrou que, quanto mais fina a camada de ozônio, mais lesões foram observadas. O índice de lesões foi tão alto quanto o observado em regiões tropicais, como São Paulo e HavanaOs resultados foram publicados em artigo na revista Photochemistry and Photobiology.

Os testes foram realizados em novembro e dezembro de 2017, na Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisa. Segundo o pesquisador Carlos Frederico Martins Menck, do ICB, que coordenou o estudo, as amostras de plasmídeos (fragmentos de DNA bacteriano) foram expostas ao sol durante quatro horas e a equipe mediu tanto as lesões no DNA quanto a incidência de radiação UV, comparando os resultados com a espessura da camada de ozônio em cada dia, medida em Unidades Dobsons (UD) pela Agência Aeroespacial Norte-Americana (Nasa) e pela base argentina vizinha. “A espessura varia ao longo do ano. Durante a pesquisa, variou de 360 a 270 UD [correspondente a 3,6 a 2,7 mm]. Nossos dados comprovaram que, quanto menor a espessura da camada, mais lesões são induzidas no DNA”, afirma.

Os cientistas compararam os dados obtidos na primavera da Antártida com medições feitas no verão de São Paulo e de Havana, regiões com clima tropical. Normalmente, o esperado é que locais com sol mais incidente apresentem um nível muito mais alto de lesões. No entanto, os danos no DNA ocorridos na Antártida foram quase tão altos quanto nas cidades tropicais (cerca de uma lesão a cada mil pares de bases). A diferença na temperatura – dois graus Celsius (2ºC) na Antártida e 30ºC em São Paulo e Havana – também não interferiu na quantidade de lesões. “Para ser considerado ‘buraco’, a camada deve estar abaixo de 200 UD. Mas mesmo a medida de 270 UD já foi suficiente para aumentar as lesões – e esse valor nós também observamos no Brasil. Isso é gravíssimo para a pele e evidencia a importância do uso do protetor solar.”

A medição foi feita através de um dispositivo desenvolvido e patenteado pela equipe de Menck: um dosímetro de lesões no DNA que permite fazer o experimento no meio ambiente em vez de no laboratório, como normalmente é feito em outros estudos da área. “Trata-se de um gel onde inserimos o plasmídeo para ser feita a análise. A substância permite a passagem de luz ultravioleta e preserva a estrutura molecular do DNA, diferente de quando ele é irradiado a seco, em uma lâmina”, explica o professor. A equipe do ICB e da Universidade de Havana pretende retornar à Antártida em outubro de 2021 para fazer novas medições. Nesse mês, a espessura da camada de ozônio costuma chegar a 100 UD (quando de fato ocorre o buraco) e deve resultar em uma quantidade muito elevada de danos no DNA. Além disso, os pesquisadores devem analisar as lesões em organismos vivos, como algas e musgos.

Nascer do sol na Antártica – Foto: ESA / IPEV / PNRA – S. Thoolen

Desafios da Antártida

Durante a viagem de um mês na estação brasileira da Antártida, os pesquisadores viram poucos dias de sol e conseguiram realizar oito medições, feitas em um local próximo à base. Para Carlos Menck, o trabalho representou uma grande conquista – acompanhada de muitos desafios. “O clima é uma das maiores dificuldades. Você sai da base, está tudo bem e de repente começa uma ventania de 80 quilômetros por hora. Nós fomos de avião de Punta Arenas, Chile, e, de lá, até a base chilena (Presidente Eduardo Frei), depois pegamos um navio até a base brasileira. Na volta, tivemos que ir de navio direto até Punta Arenas, cruzando o Estreito de Drake (entre o Continente Antártico e o sul do Chile). Não é uma viagem fácil.”

Para fazer as medições, a equipe também precisou lidar com algumas adversidades: o equipamento, batizado de “rodo-dosímetro”, teve que ser preso a um rodo na neve, para não ser “roubado” pelas skuas, aves da região. Esse suporte também permitiu corrigir a posição do dosímetro em relação ao ângulo do sol. Após sofrer um acidente e quebrar o pé, o professor teve que finalizar os testes na varanda da base brasileira.

“Isso é um desafio que eu busco há pelo menos 20 anos. Eu quero medir as lesões no DNA no nível mais baixo da camada de ozônio, ou seja, na época que chega a 100 UD. Ainda voltaremos lá para isso, mas estamos muito satisfeitos com esse resultado.”

Estação brasileira

Localizada na Ilha do Rei George, próxima ao sul do Chile, a Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada em 1984 e hoje possui 4.500 metros quadrados, com 17 laboratórios de pesquisa e capacidade para abrigar 65 pessoas. O local recebe pesquisadores das áreas de oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar).A base estava fechada desde 2012, após um incêndio que destruiu cerca de 70% das instalações. Na época do estudo, Menck e sua equipe ficaram em uma base provisória. A estação foi reinaugurada em janeiro de 2020 com um investimento de aproximadamente R$ 400 milhões.

Aline Tavares/Acadêmica Agência de Comunicação

Mais informações: e-mail cfmmenck@usp.br com o professor Carlos Frederico Martins Menck ou e-mail aline@academica.jor.br,com Aline Tavares

FONTE: Jornal da USP

Alopecia areata pode ser desencadeada por fatores emocionais

A alopecia areata é uma doença autoimune que causa queda de cabelos, mas qualquer pessoa pode ter após uma crise emocional, por exemplo. A forma mais comum da doença é a localizada, com pequenas falhas, e mais raramente a que se espalha pela cabeça, por isso é importante procurar um especialista assim que as falhas aparecem, segundo o médico dermatologista Marcelo Arnone, da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. https://50maissaude.com.br/wp-content/uploads/2022/04/ALOPECIA-AREATA-SANDRA-CAPOMACCIO-1.mp3?_=1

 

A boa notícia é que existe tratamento para a alopecia areata, seja ela crônica ou transitória. Outro ponto positivo é que a doença pode ser tratada no serviço público e não apenas nos consultórios particulares. Marcelo Arnone ressalta que, por ser uma doença de pele, que mexe com a aparência de seus pacientes, muitas vezes afeta a pessoa de forma negativa, trazendo problemas psicológicos.  A alopecia não é contagiosa, é uma doença inflamatória, e fatores emocionais podem desencadear esse distúrbio. A queda acentuada de fios de cabelo pode estar relacionada a vários fatores, como emocionais, condições  inflamatórias e doenças autoimunes. A alopecia, em geral, pode afetar  ambos os sexos, mas é mais  frequente nos homens. O risco de desenvolver a doença é de 2%. A doença pode se manifestar em qualquer faixa de idade. O diagnóstico é feito pelo dermatologista de forma clínica, ou seja, sem necessidade de exames ou biópsias.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Avanço da medicina e hábito saudável permitem vida mais longa a idosos

Em pouco mais de dez anos, o número de idosos no Brasil aumentou em 11 milhões de pessoas. Em 2010, o país tinha 19 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade. Em 2021, esse número chegou a 30,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expectativa para as próximas décadas é que esse número continue aumentando. Projeções estimam que, em 2060, três em cada dez brasileiros serão idosos.

Para o gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Minamiguchi, o aumento do número de idosos vem acompanhado de uma mudança de perfil dessa parcela da população ao longo dos anos.

“Aqueles idosos que hoje em dia chegam a idades mais avançadas, certamente, vão ter um tempo de vida maior e mais saudável em comparação com o passado. Ser idoso agora é bem diferente do que há algumas décadas.”

Atualmente, a expectativa de vida no Brasil é de quase 77 anos – em 2010, era de 73 anos.

Confira na TV Brasil:

Segundo a geriatra Roberta França, o aumento da longevidade está relacionado com uma série de fatores como: a prática de exercícios, a alimentação saudável e o avanço da ciência que permitiu a descoberta de novos tratamentos.

“Nós começamos a compreender melhor o processo do envelhecimento e, com os diagnósticos mais precisos, criamos mecanismos para melhorar a qualidade de vida”.

O aumento da expectativa de vida provocou uma mudança no perfil dos pacientes que procuram o consultório da geriatra.

“Há 30 anos, ter um paciente centenário era muito pouco comum. Atualmente, eu atendo dezenas de pessoas com mais de 100 anos de idade, e quem chegou aos 60 anos continua tendo uma vida ativa com trabalho, viagens e namoro.”

O avanço da medicina é um dos fatores que permite a Antonio Aiex uma vida saudável, aos 86 anos, depois de ter superado um tumor no cérebro, um câncer de pele e um tumor na coluna.

O primeiro câncer foi diagnosticado quando ele tinha 60 anos. Já o último tumor, detectado há 11 anos, está estabilizado devido ao tratamento.

Antonio acredita que a herança genética e os hábitos saudáveis são os segredos da longevidade. “Eu sempre tive uma vida sem grandes excessos, com uma alimentação regrada e praticando exercícios. Além disso, o tratamento eficiente fez toda a diferença.”

Médico do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Gélcio Mendes diz que em diversos tipos de câncer as chances de cura são consideradas altas, mesmo em pacientes idosos, e superam os 90% nos tumores na pele, mama, testículo, próstata e útero.

“Hoje em dia, entendemos melhor os tumores e temos tecnologias mais apropriadas para avaliar a extensão de cada tumor, mas o sucesso dos tratamentos está sempre relacionado com o diagnóstico precoce que é fundamental para aumentar as chances de cura.”

A medicina também avançou nos tratamentos das doenças cardiovasculares, embora elas ainda sejam a principal causa de morte em todo o mundo. No Brasil, anualmente, cerca de 230 mil pessoas morrem devido a problemas relacionados ao coração.

O coordenador do setor de medicina nuclear do Hospital Pró-Cardíaco, Cláudio Tinoco, diz que as pessoas devem procurar sempre controlar a glicose, a pressão arterial e o colesterol para evitar o agravamento das doenças.

“Este controle deve ser preventivo. Os pacientes devem procurar os médicos pelo menos uma vez por ano para realizar um check up completo. Isso é ainda mais importante depois dos 60 anos de idade.”

O aposentado José Alves, 73 anos, segue esses conselhos à risca e vai ao médico periodicamente para checar a saúde. Os resultados dos últimos exames foram ótimos, e José leva uma vida com muita disposição. Recentemente, ele começou a fazer aula de dança e faz planos para um futuro bem longo. “Eu me sinto bem e quero chegar aos 120 anos de idade”.

Edição: Lílian Beraldo

Por Maurício de Almeida – Repórter da TV Brasil – Rio de Janeiro

FONTE: Agência Brasil

Artrose, doença que tende a aumentar com o envelhecimento da população

A população brasileira irá apresentar um envelhecimento constante e acelerado nos próximos anos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Consequentemente, o corpo, muitas vezes, sente o “peso da idade”, podendo apresentar problemas. A artrose é um deles. Por causar muitas dores nas articulações, dificulta as atividades do dia a dia. Devemos lembrar que nossas pernas e pés, e mais especificamente os joelhos, suportam todo peso do nosso corpo, processo que pode provocar desgaste nas articulações. Mas não é somente nesses casos que a artrose pode surgir.

 Marcos Demange, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que “a dor surge porque  a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro. Isso pode ocorrer por uma lesão, torção, fratura, sobrecarga pela vida toda com muita atividade física intensa, sobrepeso ou situações que sobrecarregam demais as articulações ou um fator genético associado”. O especialista lembra que o joelho é uma articulação de carga que funciona como uma região de absorção de impacto entre os pés e o tronco. Ele destaca que, ao avaliar a população na terceira idade como um todo, após os 70 anos, foi verificado que “mais de um terço ou até metade das pessoas têm algum grau de artrose do joelho relevante”.      

Dor                                                                             

A dor surge porque a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro

 

Os portadores da doença sofrem com muita dor, o que dificulta os movimentos, e pode ocorrer uma modificação do eixo do membro, é como se o joelho entortasse. Mas um tratamento amplo e múltiplo pode resolver ou minimizar esse mal-estar. Reduzir o peso, impactos excessivos, aumentar a força muscular do joelho, o uso de medicamentos para reduzir a dor, infiltrações articulares e técnicas de tratamento em fases iniciais são alguns métodos utilizados para lidar com o problema. Em casos mais graves, a solução é a cirurgia, chamada artroplastia. No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) realiza a cirurgia, assim como o sistema privado e a medicina de saúde suplementar. A artroplastia consiste na colocação de um revestimento novo do joelho, uma prótese que tira a dor, devolvendo a mobilidade e a estabilidade. Os riscos são os mesmos de qualquer outra cirurgia, além da rejeição do implante, que, após o tratamento, pode ser trocado para a colocação de um novo.

FONTE: Jornal da USP