Princípios simples para estar com aqueles que têm comprometimento cognitivo
Aqui estão alguns princípios de comunicação, ação e compreensão que aprendi com meus pacientes.
Espero que sejam úteis para você e seus entes queridos.
1. A verdade é relativa e devemos considerá-la a partir da perspectiva do indivíduo
Pense em um homem idoso modesto com doença de Alzheimer de moderada a grave.
De acordo com a ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer:
“A demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por mudanças no comportamento ou na personalidade. Entre as várias causas conhecidas, a Doença de Alzheimer é a mais frequente”.
Sua família contratou um auxiliar de saúde em casa para ajudar nos cuidados pessoais.
Ele fica agitado toda vez que ela tenta dar-lhe um banho.
Considere sua perspectiva.
Por causa de sua perda de memória , ele não se lembra de que ela esteve lá toda semana no último ano.
Ele só acha que há uma mulher estranha que ele nunca conheceu que está pedindo para ele tirar a roupa.
2. Devemos estar calmos, relaxados e reconfortantes
Aqueles com demência, muitas vezes, absorvem o nosso humor, percebendo inconscientemente a nossa linguagem corporal e tom de voz.
Assim, podemos inadvertidamente criar agitação se ficarmos irritados quando uma pergunta for feita pela 34ª vez ou ficarmos chateados quando o açucareiro cair acidentalmente no chão.
3. A distração pode ser uma ferramenta útil
A maioria de nós aprendeu que não ajuda a tentar raciocinar ou argumentar quando um indivíduo com demência diz às oito horas da noite que eles precisam sair de casa para “ir para casa”.
O que normalmente funciona, é os distrair com uma atividade que eles gostam como:
Olhar para álbuns de fotos, ouvir música, assistir a um filme favorito, fazer um lanche ou simplesmente dar um passeio.
4. É importante estar ocupado
Ninguém realmente deseja ficar ocioso.
O que pode ser difícil é encontrar uma atividade que o indivíduo possa fazer e gostar.
Aqui simplesmente encorajamos você a pensar fora da caixa.
Por exemplo, um colecionador de moedas pode não ser mais capaz de detectar as variedades raras e moedas especiais que ele já fez, mas ele pode passar duas horas felizmente arrumando um pote de moedas em centavos, centavos e moedas.
O que você pode fazer no dia seguinte?
Misture-os de volta e deixe-o fazer de novo.
Da mesma forma, se sua mãe gosta de dobrar a roupa, deixe-a dobrá-la. Ela já terminou? Agite e deixe-a dobrar novamente.
5. Envolva familiares e amigos
A demência acaba se tornando um esporte de equipe.
Muitos cônjuges sentem que devem ser capazes de cuidar de sua esposa ou marido sozinhos, mas cuidar de pessoas com demência é mais do que qualquer pessoa pode fazer sozinha.
6. Viva no momento
Aqueles com perda significativa de memória podem não ser capazes de discutir ou apreciar políticas, eventos atuais, esportes ou até mesmo o clima.
Mas muitos ainda podem desfrutar de coisas que estão diretamente na frente deles.
Tente passear por uma galeria em um museu, uma exposição em um zoológico ou um caminho em um jardim.
7. Aceite que algumas coisas não podem ser consertadas
Há muitas mudanças e perdas na demência que devem ser aceitas.
Além de perder a capacidade de trabalhar, dirigir ou dedicar-se a hobbies, há também a perda do relacionamento – pelo menos como costumava ser – entre marido e mulher, pai e filho.
A demência está sempre mudando e, portanto, a aceitação deve se tornar uma atividade recorrente.
8. Busque alegria
Procure atividades apropriadas que tragam alegria para as pessoas que você ama.
Dê um passeio em um parque.
Visite com a família e amigos.
Jogar um jogo.
Ou, talvez, apenas dê as mãos.
Pois sem alegria, a vida – com ou sem demência – dificilmente valeria a pena.
Esse post foi escrito originalmente por Andrew E. Budson, MD, 2018, todos os direitos reservados.
Andrew é professor de neurologia na Universidade de Boston e na Harvard Medical School. Você pode saber mais sobre o seu trabalho no seu último livro, Seven Steps to Managing Your Memory: What’s normal, what’s not, and what to do about it (em inglês), e no livro Perda da Memória, Doença de Alzheimer e Demência (em português).
O texto foi postado no site Psychology Today, em novembro de 2018.
O conteúdo foi traduzido e adaptado pelo Blog 50+ SAÚDE com objetivo de clareza.