Menopausa precoce? Sintomas, causas e tratamento

Enquanto a média mundial da menopausa das mulheres fica em torno dos 50 anos, algumas vivenciam esse período antes dos 40. A condição é rara, afetando somente 1% das mulheres, mas é importante entender os sintomas e saber como reagir. O professor José Maria Soares Júnior, chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, comenta o assunto. Ele afirma que a menopausa precoce pode “trazer sérias consequências para a saúde da mulher”, mas que há soluções.

A primeira medida é saber identificar os sintomas. Nas mulheres que não usam a pílula, “o primeiro sinal é a alteração da sua menstruação: ela fica sem menstruar”, explica o professor. Ele complementa que outros sinais podem aparecer: “Quedas de cabelo, aumento de peso, distúrbio de sono e alteração da libido”.

Um efeito comum em quem passa pela menopausa, mesmo que no período comum, é a sensação de calor. Segundo Soares, “40% têm ondas de calor acentuadas que alteram até o seu sono e a sua qualidade de vida”. Nas que passam pela menopausa prematura, no entanto, “a tendência é ser muito maior [a porcentagem], porque ela estava convivendo com uma quantidade de estrogênio maior e, de repente, essa quantidade de estrogênio caiu. Não tem um período de adaptação”.

Causas

O médico comenta que as razões que podem levar à menopausa precoce podem ser diversas. Há a predisposição biológica, por exemplo, que está associada à genética. Esta, de acordo com ele, pode inclusive se apresentar antes dos 30, e mesmo na adolescência, ocasionalmente. Nesses casos, a mulher tem até dificuldade para desenvolver características femininas.

Mas as razões também podem decorrer de eventos durante a vida. Como o especialista ressalta, “têm hábitos de vida [que podem causar a precocidade], um deles é o tabagismo, que devemos chamar a atenção porque diminui a função do ovário”. Além desses, ele aponta o alcoolismo, causas imunológicas e cirurgias feitas no ovário ou útero como outras possíveis razões.

Tratamento

O profissional afirma que há formas de tratar e que são importantes, pois a menopausa precoce pode estar associada a doenças sérias: “Ela pode aumentar o risco de doença cardiovascular, osteoporose e até de demência no futuro”. Por isso, é recomendado que a mulher inicie uma terapia hormonal o quanto antes. Soares afirma que “até hoje não tem medicamento melhor que o estrogênio”, que é combinado com uma ação da progesterona. Ambos são hormônios femininos que diminuem após a menopausa.

O progestagênio (suplemento que possibilita a ação da progesterona), no entanto, pode levar a efeitos colaterais. Algumas mulheres não respondem muito bem a certos tipos de tratamentos específicos, por isso, como diz o médico, “nós temos vários tipos e esses tipos são individualizados, dependendo de cada mulher, das suas características”. Alguns ajudam na libido, outros na ação diurética e outros ainda não têm efeito nenhum; o indicado é aquele ao qual a mulher melhor se adapte.

O profissional afirma que a “osteoporose e doenças cardiovasculares podem reduzir a chance de sobrevida no futuro em 28% naquelas mulheres que não receberam terapia hormonal [nos casos de menopausa precoce]”, ressaltando a importância dos cuidados. Por fim, ele relembra: “Teve algum sinal, procure um médico”.

FONTE: Jornal da USP


Olheiras: conheça as causas das manchas embaixo dos olhos

Cerca de 78% dos casos de olheiras (cujo nome científico é hiperpigmentação periorbital) são observados em mulheres. A informação faz parte de um estudo publicado na revista Surgical & Cosmetic Dermatology da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Os fatores causadores do problema podem ser os mais diversos: tabagismo, exposição solar, insônia, uma noite mal dormida, entre muitos outros que podem causar o aumento da pigmentação ao redor dos olhos.

Maria Cecília Rivitti Machado, médica dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que “o mais comum é que a olheira se deva a um aumento da produção de melanina no local, mas outras causas também ocorrem, um afinamento da pele em que a vascularização se torne mais visível, um aumento da vascularização, também pode ocorrer, e esses processos podem ser de natureza fisiológica”.

As olheiras muitas vezes podem indicar doenças. Quem sofre de rinite, por exemplo, tende a ter manchas nos olhos. A principal doença que pode ser identificada através do aumento da cor na pálpebra superior é uma chamada dermatomiosite, doença autoimune em que há inflamação da pele e dos músculos, com fraqueza, sensibilidade à luz solar e aumento da pigmentação ao redor dos olhos. Ela pode apresentar uma forma mais avermelhada ou arroxeada, ou acastanhada, dependendo do tom de pele do paciente.

A genética também pode ser uma causa com uma propensão étnico-racial e também individual, causando um pigmento mais acentuado na região. A dermatologista explica que “existem até mesmo situações em que a olheira corresponde a uma névoa, como se fosse uma pinta nas camadas mais inferiores da pele.” O tratamento depende essencialmente do tipo de pigmento e das condições da pele. Mesmo sendo vista como um problema cosmético ou estético, deve ser adequadamente tratado e diagnosticado.

Não ao autodiagnóstico

O profissional mais habilitado a fazer o diagnóstico diferencial entre os diferentes tipos de olheira é o médico dermatologista, que tem o treinamento adequado para fazer o diagnóstico e indicar o tratamento apropriado. O autodiagnóstico pode ser um risco, explica a dermatologista. “A tendência atual ao autodiagnóstico, baseado em inteligência artificial e sem confirmação posterior pelo médico, e a indução por parte da indústria cosmética também ao autodiagnóstico estético e à autoprescrição de tratamentos é crítico em qualquer parte do corpo e se torna especialmente arriscado na área ao redor dos olhos.”

As olheiras podem ser amenizadas com tratamentos como peeling, cremes lasers, mas a especialista recomenda que o diagnóstico seja feito por um médico. “Antes da instituição dessas medidas, é necessário um diagnóstico apropriado. Nem sempre a olheira vai ser um problema cosmético. O ideal é  procurar o médico dermatologista. Pensar também que, se toda a pele é muito nobre, a pele da pálpebra, próxima aos olhos, é uma região muito crítica quando se vai fazer uso de qualquer tipo de produto. Cuidado com a autoprescrição, não só de medicamentos, mas também de substâncias cosméticas.”

A dermatologista alerta que as olheiras são comuns em pacientes com doenças crônicas, não só com rinite, mas também portadores de dermatite atópica.

FONTE: Jornal da USP

Treinamento de equilíbrio pode minimizar sintoma do Parkinson e risco de quedas

Pesquisa testou dois métodos de treinamento com pacientes de Parkinson e constatou melhora no congelamento de marcha, que é a perda repentina na capacidade de locomoção

Um dos sintomas ocasionados pela Doença de Parkinson é o chamado congelamento de marcha, que faz com que os indivíduos percam, de maneira repentina e temporária, a capacidade de mover as pernas para se locomover, tornando-os mais suscetíveis a quedas. Uma das principais maneiras de minimizar o sintoma é por meio de  medicamentos, mas estudos realizados pelo Laboratório de Sistemas Motores Humanos da Escola de Educação e Esporte (EEFE) da USP mostraram que o treinamento por meio de perturbações do equilíbrio corporal pode ser um grande aliado do tratamento.

Uma pesquisa conduzida por Caroline Ribeiro de Souza, com orientação do professor Luis Augusto Teixeira, testou dois métodos de treinamento em portadores da doença de Parkinson acometidos pelo congelamento de marcha. Ao final do estudo, os participantes notaram uma redução na ocorrência do sintoma e maior controle do equilíbrio, o que ajudou a diminuir o risco de quedas.

Treinamento de equilíbrio X resistência muscular

A pesquisa teve participação de 19 voluntários, pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A seleção foi feita seguindo alguns critérios, como não possuir distúrbios além daqueles oriundos da doença de Parkinson e nem ter alteração na dosagem do medicamento utilizado para tratar a doença durante a realização do estudo.

Os participantes foram divididos em dois grupos. No primeiro, com nove pessoas, foi realizado treinamento de equilíbrio baseado em perturbações. Este treinamento foi realizado por meio de uma plataforma móvel que se deslocava da esquerda para direita (movimento de translação) e inclinava-se (movimento de rotação). Os participantes realizaram os exercícios em posições que direcionaram a perturbação para o eixo anteroposterior (região anterior e posterior do corpo) e mediolateral (do centro do corpo para esquerda ou direita, na horizontal).

As perturbações eram realizadas em oito blocos com 16 movimentos diferentes cada, tendo a dificuldade aumentado progressivamente a cada sessão. Os participantes experimentaram 128 movimentos na plataforma por sessão, totalizando 1.024 ao final do estudo.

Infográfico desenhado com base no estudo – Foto: EEFE-USP

Para o segundo grupo, foi aplicado um protocolo de treinamento de resistência muscular. O treinamento de resistência foi feito com exercícios realizados em máquinas de força, como supino torácico, remador, peck deck, extensão de pernas, leg press e flexão plantar na máquina leg press, com o objetivo de trabalhar os músculos dos membros superiores e inferiores.

A prática dos exercícios tanto de equilíbrio quanto de resistência foi oferecida duas vezes por semana, durante um mês, e cada sessão durava 55 minutos, envolvendo cinco minutos de caminhada, quarenta do treinamento específico – equilíbrio ou resistência – e dez minutos de relaxamento.

O treinamento de resistência foi feito com exercícios realizados em máquinas de força – Foto: Guilherme Viana

Menores chances de queda

Em momentos de instabilidade, o corpo realiza movimentos compensatórios para manter o equilíbrio e evitar uma possível queda. Um dos principais objetivos do estudo era analisar como esse mecanismo seria utilizado pelos voluntários dos dois grupos em resposta às perturbações.

Para isso, os pesquisadores examinaram os movimentos feitos pelos participantes durante testes feitos com a plataforma, aplicados aos dois grupos. Eles foram realizados antes do treinamento, 24 horas após o fim e, também, 30 dias depois. Os movimentos foram classificados de acordo com categorias pré-estabelecidas, ilustradas abaixo.

Infográfico desenhado com base no estudo – Imagem: EEFE-USP

Os resultados constataram que tanto o treinamento de equilíbrio baseado em perturbação quanto o treinamento de resistência parecem ter reduzido a ocorrência do congelamento de marcha. Contudo, os voluntários que fizeram o treinamento de equilíbrio mostraram o uso de movimentos mais estáveis como resposta às perturbações e uma redução expressiva de situações com quase-queda quando comparado ao de resistência, tendo mantido esse desempenho mesmo após um mês sem fazer os exercícios.

A pesquisa mostra a importância de pensar a prática motora, principalmente o treinamento baseado em perturbações do equilíbrio corporal, como uma forma de terapia que pode melhorar a condição de indivíduos com a doença de Parkinson.

“A persistência dos ganhos do treinamento por perturbações mostra que essa pode ser uma opção eficiente como recurso terapêutico para a prevenção de quedas no cotidiano. Outro ponto que vale destacar é o uso da análise dos movimentos compensatórios para realizar a avaliação da estabilidade postural, pois trata-se de um método fácil de ser aplicado, inclusive na prática clínica”, explicou a pesquisadora Carolina Ribeiro de Souza.

O estudo contou com a participação de Júlia Ávila de Oliveira, Patricia Sayuri Takazono, Lucas da Silva Rezende, Carla Silva-Batista e Daniel Boari Coelho. Intitulado Perturbation-based balance training leads to improved reactive postural responses in individuals with Parkinson’s disease and freezing of gait, a pesquisa foi publicada no periódico European Journal of Neuroscience e pode ser acessada por meio do link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ejn.16039

*Da Assessoria da EEFE, adaptado para o Jornal da USP
**Estagiário sob supervisão de Simone Gomes

Consumo excessivo de proteínas pode causar doenças cardiovasculares

Pesquisa feita pela Universidade de Pittsburgh e publicada na revista especializada Nature Metabolism mostra que o excesso de proteínas pode prejudicar a saúde e indica que dietas com mais de 22% de proteína aumentam significativamente o risco de aterosclerose, podendo levar a doenças cardiovasculares. Dan Linetzky Waitzberg, professor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) e do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica do Aparelho Digestivo do Hospital das Clínicas (HC), explica quais os impactos desse consumo excessivo no organismo e a importância de acompanhamento profissional nas dietas.

Aminoácido leucina

De acordo com o especialista, as proteínas animais estão associadas ao aumento da lipoproteína de baixa densidade, também conhecida como colesterol LDL, e também da inflamação crônica e estresse oxidativo, o que pode ser fator de risco para doenças cardiovasculares. Ele conta que, em parte, isso pode ser explicado pelas altas taxas de gordura saturada e colesterol que estão presentes nas fontes da proteína animal.Waitzberg conta que a pesquisa feita nas universidades de Pittsburgh e Missouri com camundongos mostrou que não apenas o acúmulo de gordura é responsável pela aterosclerose, mas também o aminoácido leucina, que não é sintetizado pelo corpo humano e precisa ser ingerido nas carnes. “A novidade é que não é o acúmulo de gordura apenas como responsável, pois há uma sinalização desse aminoácido leucina contribuindo para que macrófagos sejam ativados e eles sinalizam para a formação da placa aterosclerótica. Então, é um mecanismo novo, eles encontraram e responsabilizaram um determinado aminoácido como sinalizador molecular”, explica.

Dietas

Conforme o docente, a indicação de dietas proteicas precisa levar em conta as subjetividades de cada indivíduo, como peso, idade, gênero e rotina de atividades físicas. Ele conta que as dietas são divididas em normoproteica, hiperproteica ou hipoproteica, dependendo do quanto de proteína precisa ser consumida no dia pela pessoa.

“Uma pessoa saudável, que pratica atividade física regularmente e não tem nenhuma doença metabólica, precisa de cerca de 18% a 20% de proteína nas suas refeições diárias. O que acontece é que, nos Estados Unidos, local da pesquisa, eles consomem níveis alarmantes de proteína e gordura saturada, principalmente pela questão cultural de comer alimentos como bacon e hambúrguer a todo instante”, explica.

Acompanhamento profissional

Para Dan Linetzky Waitzberg, a dieta brasileira, composta geralmente por arroz, feijão, salada e um pedaço de carne, é altamente equilibrada do ponto de vista nutricional. Ele alerta, contudo, que o problema no País é o inverso do que ocorre nos EUA, já que, por motivos socioeconômicos, muitos indivíduos não têm acesso à proteína.

“Então, se alguém quer fazer um regime ou perder peso, é fundamental que procure um nutricionista para que seja feito um perfil metabólico e genético da pessoa. A partir dessa análise de qualidade de sono, nível de estresse e condições familiares e socioeconômicas, é possível traçar a melhor dieta para cada indivíduo”, finaliza.

FONTE: Jornal da USP

Aumento no volume de treino de força reverte perda muscular em idosos

Pesquisa com idosos saudáveis de ambos os sexos mostrou que aumentar séries de exercícios de resistência pode ser uma estratégia simples para elevar a massa muscular e a força entre os que não respondem ao treino de baixo volume

Treinos de força, como a musculação, são considerados altamente eficazes para promover ganhos de massa muscular (hipertrofia) em idosos e recuperar sua capacidade funcional, porém, nem todos respondem bem a essa atividade. Enquanto alguns apresentam aumentos expressivos de massa magra (considerados como “responsivos”) outros relatam ganhos insignificantes (“não-responsivos”).

Pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP demonstraram que o aumento no volume de treinamento pode mitigar a falta de resposta entre idosos. Do total de voluntários não responsivos, 80% deles responderam melhor aos treinos após a intervenção, e entre os responsivos, 47% aumentaram ainda mais a massa muscular em função dos exercícios realizados.

Os resultados desse trabalho foram publicados no artigo Resistance training volume and non responsiveness in older individual no Journal of Applied Pysiology, em fevereiro de 2024, e também fez parte de uma tese defendida na EEFE pelo educador físico Manoel Lixandrão, sob a orientação do professor Hamilton Roschel, da EEFE.

Segundo o estudo, após os 30 anos, o declínio de massa muscular acontece em torno de 3 a 8% e, depois dos 60 anos, o aumento é ainda mais drástico. “Essa condição torna as pessoas mais vulneráveis e propensas a quedas, fraturas e a outros traumas”.

Embora se saiba que a aplicação de estímulos de exercícios padronizados não resulta em respostas de ganhos de força e de massa muscular uniformes entre sujeitos distintos, os reais motivos destas diferenças ainda não são totalmente compreendidos, diz Roschel. Segundo o pesquisador, há fatores extrínsecos (a alimentação, o sono e níveis de estresse), mas existem também fatores intrínsecos (a genética e o perfil hormonal, por exemplo) que desempenham papel igualmente importante na performance do ganho de massa muscular.

Perfil dos participantes

Para a pesquisa, Lixandrão selecionou 85 voluntários maiores de 60 anos, de ambos os sexos e clinicamente saudáveis, sem histórico de diabetes tipo I ou doenças isquêmicas do miocárdio, com a pressão arterial controlada, sem lesões ou doenças músculos esqueléticas, e com índice médio de massa corporal de 26,4 (cálculo feito dividindo o peso em kg pela altura ao quadrado). Destes, 60% (51, sendo 27 homens e 24 mulheres), com média de idade de 69 anos, não respondiam adequadamente ao ganho de massa muscular, e 40% (34, sendo 14 homens e 20 mulheres), com idade média de 68 anos, respondiam melhor ao ganho de massa muscular.

Os treinos propostos foram realizados em cadeiras extensoras unilaterais, por um período de dez semanas, com duas sessões semanais. Cada uma das pernas foi aleatoriamente alocada para um dos dois modelos de treinos: um composto de uma única série com 8 a 15 repetições máximas e, o outro, por quatro séries de 8 a 15 repetições máximas. Ao longo dos treinos, os pesquisadores foram ajustando a carga executada pelos voluntários.

Antes e após as intervenções, os participantes foram submetidos a um exame de ressonância magnética do músculo quadríceps femoral (músculo da parte anterior da coxa) para quantificar as mudanças no tamanho, bem como um teste de força máximo, para avaliar os ganhos de força muscular dos membros inferiores.

Resultados

Os resultados demonstram que, embora houvesse alta variabilidade de resposta de ganho de massa muscular em idosos submetidos a treinamentos de força, essa resposta foi alterada pela manipulação do volume de treino. Após as dez semanas de exercícios, a perna que foi submetida ao segundo treino (quatro séries de 8 a 15 repetições) teve melhor resposta hipertrófica (houve maior ganho de músculos) do que a perna que executou o primeiro treino (uma série de 8 a 15 repetições).

Entre todos os indivíduos classificados como não-responsivos, aumentos no volume de treinamento promoveram ganhos adicionais tanto de massa magra (1% para quem fez o primeiro treino e 5% para quem fez o segundo) quanto de força muscular (6% para o primeiro treino e 13% para o segundo).

Segundo Lixandrão, apesar da falta de diferenças estatisticamente significantes, uma resposta semelhante foi observada também entre aqueles responsivos à intervenção. Eles tiveram ganhos adicionais de massa (5% para quem fez menos repetições e 7% para quem fez mais repetições) e de força muscular (8% para quem fez menos repetições e 12% para quem fez mais).

Quando os pesquisadores avaliaram as respostas de maneira individualizada, dos 51 idosos classificados como não-responsivos (os que apresentaram dificuldade em obter ganho de massa muscular), 80% passaram a responder melhor aos exercícios quando o volume de treinamento foi aumentado. “Esse efeito também foi observado entre os idosos que já eram responsivos. Cerca de 47% aumentaram a massa muscular em função de maior volume de treinamento.

Como recomendação, Lixandrão diz que apesar de terem identificado que volumes maiores de exercícios minimizam a baixa responsividade em idosos, o aumento da quantidade de exercício não deve ser realizado de maneira indiscriminada, pois também pode implicar em prejuízos para as pessoas. “Todo treino deve ser individualizado e acompanhado por um profissional de educação física”, avalia.

Mais informações: e-mail lixandrao@usp.br, com Manoel E. Lixandrão; e-mail hars@usp.br, com Hamilton Roschel.

*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado

FONTE: Jornal da USP