Medicamento mostra desaceleração do declínio cognitivo de pacientes com Alzheimer

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora reguladora ligada ao Departamento de Saúde do governo dos Estados Unidos, aprovou o uso do Leqembi, medicamento contra Alzheimer que desacelera o declínio cognitivo em pacientes que estão nos estágios iniciais da doença. O estudo no qual se baseou a aprovação do medicamento envolveu 1.795 pacientes com comprometimento cognitivo leve ou estágio de demência leve e presença confirmada de patologia beta-amiloide.

Além do Leqembi, o Donanemab é outro medicamento que foi aprovado recentemente e que apresenta como objetivo retardar o avanço da doença. Tânia Ferraz Alves, psiquiatra, diretora das unidades de internação e vice-diretora do corpo clínico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), explica que o medicamento é utilizado em um tratamento denominado como anticorpo monoclonal, uma vez que, por mais 20 anos, todos os remédios eram anticolinesterásicos — utilizados em pessoas que já apresentavam a doença de Alzheimer com o objetivo de desacelerar um pouco a sua progressão, mas que tinham algumas limitações de uso.

Medicamento e resultados 

“Os anticorpos monoclonais são de um grupo de medicamentos diferentes. Eles agem já na patologia, fazendo uma retirada da placa amiloide”, explica Tânia. Assim, o medicamento atua na retirada do beta-amiloide e os estudos demonstram que os pacientes que tomaram essa medicação com relação a placebos tiveram quase 30% de redução da progressão da doença na parte cognitiva. Esse dado aponta a importância do tratamento, pois a retirada da placa não é suficiente sendo necessária a observação clínica da percepção da melhora.

A especialista reforça ainda que quanto mais cedo for identificada a doença, mais fácil torna-se o tratamento. Hoje, a identificação do Alzheimer ainda depende do declínio cognitivo do paciente, contudo, uma série de técnicas vêm sendo desenvolvidas para detecção da doença por meio dos biomarcadores. “Assim, as pessoas que apresentam um declínio leve, mas que apresentam esses biomarcadores antes de perder sua funcionalidade, já sabem que existe um quadro de comprometimento cognitivo devido ao Alzheimer”, explica.

Apesar de serem benéficos para esses casos, é importante entender que o uso desses medicamentos não está livre de problemas colaterais, uma vez que os estudos demonstraram que uma série de pessoas tiveram um risco maior de sangramento cerebral. Dessa forma, o uso dessa medicação segue um protocolo de realização de acompanhamentos para identificação de sangramentos ou de alterações de riscos.

“A doença vem silenciosa por muito tempo, por isso os biomarcadores são tão importantes. Quanto mais precoce eu identifico, mais os resultados se mostram benéficos e mais os medicamentos que estão sendo desenvolvidos vão mostrar uma resposta positiva”, considera Tânia.

Brasil 

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não aprovou o uso desse medicamento, mas é possível realizar o tratamento com os anticolinesterásicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que permite um tratamento de quadros instalados com segurança. A médica analisa também que uma questão entre risco e benefício sempre é colocada na avaliação de aplicação para alguns tratamentos.

Os biomarcadores observados para a identificação do Alzheimer ainda são iniciais, mas representam um avanço no desenvolvimento de medicamentos que podem apresentar menos efeitos colaterais, redução de custo e maior eficácia.

FONTE: Jornal da USP

A saúde deve ser cuidada não só na velhice, mas ao longo da vida

A população brasileira está cada vez mais velha. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela de pessoas de 60 anos ou mais cresceu em 39,8% entre 2012 e 2021. Com o crescimento desse grupo etário, a sua qualidade de vida durante o envelhecimento depende de uma integração de cuidados individuais, familiares e governamentais.

Em 2012, a população brasileira de 60 anos ou mais era de aproximadamente 23,5 milhões. Nove anos depois, a quantia é de quase 33 milhões, o terceiro grupo mais numeroso das faixas etárias calculadas. Em um recorte de sexo, o feminino prevalece como o mais longevo e cresceu, em média, 30,2% desde a primeira pesquisa.

O cuidado com idosos

Para que os idosos estejam física e mentalmente saudáveis são necessárias as medidas tomadas durante a vida. É o que diz Rosa Chubaci, professora do Departamento de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP: “Tudo vai depender da ação que o próprio idoso e sua família vai fazer para que esse idoso fique por mais tempo possível saudável e com qualidade de vida”, diz. Ela explica que é preciso fazer um planejamento de rotina de exercícios físicos, de modo que o indivíduo esteja ativo, mas reconhece que uma parcela limitada tem a condição financeira para isso.

A garantia de saúde plena dos idosos começa com atividades físicas, porém, não se restringe a elas. A professora aponta a importância de estabelecer vínculos sociais, além daqueles com os familiares. “Construir novas amizades e incluir também pessoas jovens nesse rol de amigos para que ele tenha esse inter-relacionamento social”, comenta ela. Com esses primeiros passos, ligados ao bom funcionamento cognitivo, a memória e a saúde mental tendem a ser preservadas no processo de envelhecimento.

Rosa vê motivos para o aumento no porcentual de idosos no Brasil: “É o resultado de toda uma política pública em relação à saúde. E, hoje, é comum a longevidade das pessoas”, afirma. Ela desenvolve o raciocínio ao mencionar o avanço da tecnologia em termos de medicamentos, procedimentos e tratamentos de saúde. O incentivo à prática de atividades físicas e alimentação saudável são outros pontos fundamentais no quadro e são consequência da “escolaridade e da informação”, na visão dela: “Tudo isso faz com que nós tenhamos cada vez mais condições de atingirmos 80, 90, 100 anos”.

Em grupos específicos, os cuidados a serem tomados também são específicos. No caso da doença de Alzheimer, que afeta diretamente a memória do indivíduo, a professora conta: “A Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), além de oferecer apoio ao idoso, oferece à família, que muitas vezes não sabe lidar com uma pessoa com demência”. Esquecer das atividades, dos nomes dos familiares e de acontecimentos recentes são exemplos da conduta de pacientes com Alzheimer. Ela ainda indica que a assistência e atendimento a esse público também ocorre em centros de convivência, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e universidades.

A mudança necessária

O envelhecimento e a velhice sofreram uma mudança gradativa, na opinião da professora da EACH: “Hoje, a questão dos idosos tem muito mais direitos sendo atribuídos a essa população e isso faz com que as pessoas mudem seus hábitos diários para que cuidem de si mesmos”. Serviços públicos e privados auxiliam no processo de envelhecimento e Rosa exemplificou com dois deles : o programa Centro-Dia para o idoso (CDI), executado pela Prefeitura Municipal de São Paulo, e as Instituições de Longa Permanência para Idosos (Ilpi).

No primeiro, o idoso dá entrada no acompanhamento pela manhã e vai embora no final da tarde. “Nesses centros de convivência, eles fazem atividades, têm momentos de lazer, exercitam a memória e praticam atividades físicas. Então, esses hábitos estão mudando e as pessoas idosas, como seus familiares, precisam saber que isso é importante para o envelhecimento deles”, esclarece.

Por sua vez, o Ilpi, também conhecido como asilos e casas de repouso, é “um paradigma que está em mudança”, para ela. A melhoria na qualidade e a crescente necessidade das famílias tem rompido com o preconceito na utilização desse espaço de acolhimento de idosos. “Tem um momento da vida em que a família vai precisar desse serviço, não é abandono. É um cuidado que a família vai ter, mas dentro de uma instituição de longa permanência, onde ele [o idoso] vai ter mais qualidade de vida, principalmente no caso de idosos mais dependentes ou mais demenciados”, conclui.

A professora ressalta a necessidade de serviços e políticas públicas que possam ajudar a população a envelhecer melhor. Com assistências voltadas aos idosos e aos seus familiares, ela recomenda que seja considerado o seguinte pensamento: “É sempre importante destacar que o velho não é o outro. O velho é você amanhã”.

Por Tulio Shiraishi

FONTE: Jornal da USP

Reduzindo a confusão mental no pós-operatório de idosos

A disfunção cognitiva pós-operatória (DCPO) é uma condição que costuma afetar pós-operatório de idosos submetidos a cirurgias sob anestesia geral. Caracteriza-se usualmente por prejuízos à memória e à concentração que podem ser temporários ou tornarem-se permanentes e incapacitantes. O problema tem se tornado cada vez mais frequente, tanto em função do envelhecimento da população como do aumento no número de procedimentos cirúrgicos em idosos propiciado pelo avanço nas tecnologias médicas. Dados da literatura científica sugerem que os casos anestésico-cirúrgicos que evoluem com DCPO têm mortalidade aumentada no primeiro ano após o procedimento.

A boa notícia é que, de acordo com um estudo publicado no dia 6 de maio na revista PLoS One, duas medidas relativamente simples podem ajudar a reduzir a incidência de DCPO: administrar uma pequena dose do anti-inflamatório dexametasona imediatamente antes da cirurgia e, durante a operação, evitar uma hipnose muito profunda.

A pesquisa coordenada por Maria José Carvalho Carmona, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenadora da pesquisa, foi conduzida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) durante o doutorado de Lívia Valentin, primeira autora do artigo.

Atualmente, não há consenso sobre a profundidade anestésica adequada e sobre os riscos da anestesia muito profunda. Sabe-se que, quando a anestesia é demasiadamente superficial, existe a possibilidade de o paciente ter lembrança do intraoperatório, o que é indesejável. “Os resultados confirmam evidências recentes de que, quanto mais profunda é a hipnose anestésica, maior é a incidência de DCPO. Dados da literatura indicam que o problema estaria relacionado a uma resposta inflamatória sistêmica induzida pelo trauma cirúrgico, que seria lesiva para o sistema nervoso central. Por esse motivo o anti-inflamatório pode ter um efeito protetor”, explica a professora.

“Quanto mais profunda é a hipnose anestésica, maior é a incidência de DCPO

Foram avaliados 140 pacientes, entre 60 e 87 anos, submetidos à cirurgia sob anestesia geral no Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP – a maioria para remoção de cálculos na vesícula. Como agente hipnótico foi utilizado o anestésico propofol. “Excluímos os casos de cirurgia cardíaca e ortopédica, dois dos procedimentos mais associados ao desenvolvimento de DCPO e, portanto, os mais explorados em estudos anteriores”, explicou Carmona.

Status cognitivo

Antes da cirurgia, os pacientes passaram por uma avaliação do status cognitivo, sendo excluídos aqueles que não alcançavam o escore mínimo. Em seguida, os selecionados foram divididos aleatoriamente em quatro grupos. O primeiro não recebeu dexametasona e foi induzido a uma hipnose anestésica profunda, como a utilizada frequentemente em cirurgias de grande porte. O segundo grupo também não recebeu o anti-inflamatório, mas foi induzido a uma hipnose mais superficial. O terceiro recebeu dexametasona e hipnose profunda. O último grupo recebeu a droga anti-inflamatória e hipnose superficial.

A profundidade anestésica foi monitorada por uma tecnologia conhecida como BIS (índice bispectral, na sigla em inglês), baseada na análise espectral do traçado do eletroencefalograma. Valores entre 35 e 45 nesse índice foram considerados pelos pesquisadores como hipnose profunda. Entre 46 e 55 foi considerada hipnose superficial.

No primeiro grupo (hipnose profunda, sem anti-inflamatório), a incidência de DCPO logo após a cirurgia foi de 68% – sendo que 25,3% dos pacientes ainda apresentavam o problema na reavaliação feita após seis meses. No segundo (hipnose superficial, sem anti-inflamatório), o número caiu para 27,2% após a cirurgia. Seis meses depois, 21,7% ainda apresentavam prejuízo cognitivo. No terceiro grupo (dexametasona e hipnose profunda), a incidência foi parecida com o grupo anterior logo após o procedimento cirúrgico: 25,2%. No entanto, na reavaliação feita após seis meses apenas 3,1% dos pacientes ainda apresentavam DCPO.

Já no grupo que recebeu dexametasona e foi submetido a hipnose superficial, a incidência de DCPO caiu para 15,3% no primeiro momento e, após seis meses, todos os pacientes já haviam recuperado o status cognitivo pré-cirúrgico. “Os resultados obtidos reforçam evidências recentes sobre a importância de evitar-se a anestesia profunda. Já em relação ao uso da dexametasona, há necessidades de mais estudos, de preferência multicêntricos, para confirmar o achado. Mas há um forte indício de que ela pode ser benéfica em muitos casos”, avaliou Carmona.

Reabilitação

Os primeiros estudos com pacientes que desenvolveram DCPO começaram a surgir, de acordo com Carmona, após os anos 1950. Antes dessa época dificilmente eram realizadas cirurgias de grande porte em idosos. Pesquisas nessa área, portanto, ganharam relevância principalmente nos últimos 15 ou 20 anos. “Ainda se discutem as causas e os fatores de risco da DCPO, mas pouco se fala em reabilitação e em metodologias para fazer com que esses pacientes voltem à sua condição do pré-operatório”, opinou Carmona.

Para que o diagnóstico e a reabilitação sejam viáveis, um dos desafios é desenvolver instrumentos práticos e seguros para avaliação do status cognitivo no pré e no pós-operatório. “Os testes hoje disponíveis ou são muito demorados ou, quando são rápidos, não são confiáveis. Isso dificulta o acompanhamento dos pacientes”, afirmou Carmona. Conforme explicou Valentin, os testes neuropsicológicos convencionais são de difícil aplicação e são de uso exclusivo do psicólogo especialista em neuropsicologia. “Isso dificulta a avaliação cognitiva pré e pós cirúrgica, principalmente em equipes multiprofissionais que não contam com um neuropsicólogo”, disse a pesquisadora.

“Os testes hoje disponíveis ou são muito demorados ou, quando são rápidos, não são confiáveis

Visando solucionar essa deficiência, desde o término de seu doutorado, Valentin tem se dedicado a desenvolver em parceria com a empresa Izotonic Games o jogo digital MentalPlus. O software avalia as funções cognitivas de maneira lúdica em 25 minutos – enquanto uma bateria de testes neuropsicológicos convencionais pode levar mais de duas horas para ser concluída. O projeto está sendo conduzido em parceria com nove instituições internacionais, entre elas Harvard Medical School (Estados Unidos), The University of Copenhagen (Dinamarca), L’Université Paris-Sorbonne (França) e The University of Oxford (Reino Unido). A validação do método está sendo feita na FMUSP sob a coordenação de Valentin.

“O game está sendo validado para uso na população em geral, como um dos recursos mais atuais para a avaliação das funções cognitivas. Além disso, seu uso pode ajudar o jogador na reorganização das funções cognitivas prejudicadas. A ideia é que seja um instrumento de domínio público, não restrito ao uso de psicólogos ou neuropsicólogos”, afirmou Valentin.

Karina Toledo / Agência FAPESP

FONTE: Jornal da USP

Queda da pálpebra superior dos olhos é doença que pode ser congênita ou adquirida

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Ptose palpebral é um termo médico utilizado para indicar a queda da pálpebra superior, aquela pele que fica em cima dos olhos. Trata-se de uma doença oftalmológica, conhecida também como pálpebra caída, e ocorre tanto de forma congênita como pode ser adquirida ao longo da vida. Em um primeiro momento, pode parecer apenas um problema estético, mas vai muito além disso, porque existe o risco de causar a perda da visão.

O oftalmologista Antônio Augusto Velasco Cruz, professor do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, deixa claro que não se trata de excesso de pele. A doença está relacionada ao músculo que levanta os nervos e  pode ocorrer bilateralmente – nos dois olhos –  ou unilateral, apenas em  um deles.

O professor esclarece também o que é ptose adquirida, aquela que chega com o passar dos anos, e que pode ocorrer por vários motivos e situações.

Sensação de peso

As pálpebras caídas dão a sensação de peso sobre os olhos, cansaço visual, baixa visão por causa da sombra no campo visual. O uso de lentes, alergias ou até questões neurológicas também podem levar à queda dessa pele sobre o olho.

O tratamento da pálpebra caída é feito de forma cirúrgica. Existem várias técnicas cirúrgicas indicadas, de acordo com a causa. Velasco Cruz explica que nunca deve ser usado o botox, já que esse método não resolve o caso.

O oftalmologista explica que, muitas vezes, a cirurgia é confundida com outra doença, que também trata do excesso de pele nos olhos, e explica a diferença entre ptose e dermatocalase. Por outro lado, a recuperação da cirurgia de ptose é muito tranquila, seja ela congênita ou adquirida, requerendo apenas os cuidados pós-cirúrgicos, como qualquer outra.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Chocolate com alto teor de cacau contribui no estado nutricional e conforto de idosos com câncer

Ao apontar associação entre o consumo do alimento e a melhora do estado nutricional, estudo destaca o papel da assistência nutricional – respeitando as preferências pessoais – para pacientes com câncer em cuidados paliativos.

Considerado um dos doces mais queridos em todo o mundo, o chocolate também pode oferecer benefícios para a saúde, especialmente para idosos com câncer em cuidados paliativos, ou seja, sem possibilidade de cura. É o que aponta um estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que sugere que o consumo de chocolate com maior teor de cacau pode contribuir para a melhora do estado nutricional, da funcionalidade e a diminuição de sintomas nesses pacientes.

“Nós queríamos fazer um trabalho de pesquisa que fosse útil para o público-alvo, promovendo melhora nos problemas nutricionais, conforto e prazer. Foi assim que pensamos em estudar o chocolate, que tem uma história antiga na sociedade e que é alvo de estudos na área cardiovascular”, comenta Nereida Kilza da Costa Lima, médica geriatra, professora da FMRP e orientadora do estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study.

A pesquisa foi realizada com 46 pacientes idosos com câncer em cuidados paliativos em tratamento no Serviço de Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP). Todos os voluntários receberam tratamento padrão e foram divididos em três grupos, um com pessoas que não receberam chocolate, outro de pessoas que consumiram 25 gramas diárias de chocolate com 55% cacau e, por último, aquelas que ingeriram a mesma quantidade de chocolate branco.

“Nós coletamos os dados sociodemográficos e informações do estado de saúde, com exames laboratoriais e da avaliação nutricional dos participantes antes e após quatro semanas da intervenção, usando ferramentas específicas e validadas na comunidade científica”, explica Josiane Cheli Vettori, que é nutricionista, doutora pela FMRP e primeira autora do estudo.

Os voluntários tinham média de 67 anos de idade e 43,5% estavam em risco de desnutrição ou estavam desnutridos antes do início do trabalho. “No final do estudo, observamos que os índices das avaliações nutricionais foram aumentados significativamente. A elevação teve significância clínica e não houve indivíduo classificado como desnutrido após a intervenção, evidenciando que, possivelmente, a intervenção nutricional pode ser capaz de reduzir a perda de peso em pacientes com câncer em estágio avançado melhorando o estado nutricional”, conta.

Alimentação como conforto em cuidados paliativos

O câncer é a segunda principal causa de mortes no mundo, com 9,6 milhões de vítimas em 2018, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde. “Diante desse cenário, cresce a preocupação com o impacto da nutrição em pacientes com câncer em cuidados paliativos. Assim, a alimentação como preservação do estado nutricional, prevenção da desnutrição e promoção de conforto são importantes”, conta a nutricionista Josiane.

Além de nutrir o corpo, a alimentação está associada às memórias, conexão com amigos, autonomia e prazer. “O suporte nutricional deve ser adaptado para atender às necessidades e desejos de cada paciente, pois eles são únicos quanto aos valores, história, desejos, lembranças e necessidades nutricionais e emocionais”, ressalta.

Ela ainda conta que a assistência nutricional é importante para o controle dos sintomas durante o tratamento oncológico e deve ser realizada pela equipe de saúde junto com o paciente, familiares e cuidadores. Para isso, é preciso que os profissionais de saúde tenham criatividade e sensibilidade para respeitar as preferências, verificar o acesso a determinado alimento e outras necessidades envolvidas no ato de se alimentar, como dentição e controle motor para segurar talheres.

“Antes de recomendar o chocolate, é importante observar as preferências alimentares, que são altamente pessoais, e pensar em conjunto com a equipe multiprofissional, familiares e paciente para entender se faz sentido no tratamento, se é algo que ele gosta e se tem acesso”, reforça a nutricionista.

Chocolate branco pode não ser um vilão

Há quem diga que o chocolate branco não é chocolate por ele ser produzido com a manteiga do cacau e não com a massa usada na fabricação do chocolate ao leite e daqueles com mais teor de cacau. Apesar do rótulo de vilão, cientistas buscam entender quais são os efeitos do alimento e quais propriedades podem ser benéficas.

“Nos surpreendeu que o chocolate branco, que é sempre visto como sem efeito, contribuiu para a melhora dos voluntários do nosso estudo. Ele demonstrou ter efeito benéfico no estresse oxidativo, que causa danos celulares; melhora na inflamação e nas reservas corporais. Agora a comunidade científica precisa continuar pesquisando quais são e os impactos de possíveis componentes positivos desse tipo de chocolate”, diz a professora Nereida.

O estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study foi publicado em janeiro na BMC Palliative Care. Além de Nereida e Josiane, o trabalho conta com autoria de Luanda G. da Silva, Karina Pfrimer, Alceu A. Jordão, Paulo Louzada Junior, Júlio C. Moriguti e Eduardo Ferriolli.

Texto: Giovanna Grepi
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Rejuvenescimento de células se apresenta como alternativa para doenças do envelhecimento

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Para Rodrigo Calado, trata-se de aprender como cuidar melhor de alguns tecidos para retardar um pouco o processo de envelhecimento celular, lembrando que existem fatores ambientais e do próprio organismo que regulam o envelhecimento

Eestudo publicado no último mês de abril na revista científica eLife, cientistas de Cambridge, no Reino Unido, rejuvenesceram células de pele humana em 30 anos. A pesquisa ainda está em fase inicial de desenvolvimento, mas é vista como um caminho para o futuro científico. O professor Rodrigo Calado, especialista em Hematologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e membro do Centro de Terapia Celular da USP, examina o funcionamento da tecnologia.

De acordo com Calado, o princípio já existe desde a clonagem da ovelha Dolly, quando pesquisadores da Escócia conseguiram colocar um núcleo de uma célula madura da glândula mamária de uma ovelha dentro do citoplasma: “Eles retiraram o núcleo de um ovo recém-fecundado e naquela célula sem o núcleo introduziram o núcleo da célula bem madura. Com isso, eles conseguiram mostrar que o DNA desse núcleo da célula madura podia ‘voltar no tempo’, assumir as características de uma célula embrionária e dar origem de novo a um organismo inteiro”.

Cerca de uma década depois, o cientista japonês Shinya Yamanaka identificou que esse processo é o resultado da ação de, principalmente, quatro proteínas que atuam no controle do DNA, chamadas de fatores de transcrição. “Quando você introduz essas quatro proteínas no núcleo de qualquer célula virtualmente e expressa essas proteínas em grande quantidade, elas são capazes de reprogramar o DNA de uma célula, ou seja, do sangue, de uma célula da pele, de uma célula do coração, da glândula mamária, qualquer tipo de célula em um estado que nós chamamos de pluripotência — um estado embrionário em que essa célula é capaz de dar origem a qualquer tipo de célula”, conta o professor.

Esse processo é acompanhado de uma série de alterações nas células para que elas percam as cicatrizes acumuladas ao longo do tempo, essas cicatrizes são obrigatórias para que elas assumam características de determinada linhagem. Calado indica que “é mais ou menos como se passasse uma borracha nessas cicatrizes que ficam acumuladas no DNA. O que esse grupo fez foi entender melhor quais são esses marcadores que estão relacionados ao envelhecimento de alguma forma, que foram ‘apagados’ ou modificados por esse processo de reprogramação das células”.

Envelhecimento

Um dos objetivos finais da pesquisa é tratar e amenizar os efeitos de doenças relacionadas ao envelhecimento. Mas, de acordo com o professor, ainda é cedo para pensar em grandes impactos. “São duas coisas bastante distintas, a forma como a gente rejuvenesce uma célula da forma como a gente rejuvenesce um organismo como um todo. Uma coisa é você pegar uma célula, reprogramá-la e essa célula vai ficar em pluripotência, eu não consigo fazer isso com o seu organismo de uma forma geral.”

O envelhecimento está associado a processos celulares, mas não há como desconsiderar outros fatores, como o desenvolvimento hormonal e o acúmulo de cicatrizes e infecções. “Essas alterações inflamatórias não vão se reverter necessariamente com a inibição de alguns fatores de envelhecimento dentro da célula especificamente. […] “O que a gente pode aprender é como a gente pode cuidar melhor de alguns tecidos para retardar um pouco esse processo de envelhecimento celular, mas lembrando que existem outros fatores ambientais e outros fatores do próprio organismo que regulam o envelhecimento para além da célula”, aponta Calado.

Tecnologia em desenvolvimento

Apesar de estar em um estágio inicial, a tecnologia já possui funcionalidade na ciência. O professor comenta: “Tem sido muito útil já atualmente. Dentro do Centro de Terapia Celular, que é o Cepid-Fapesp, nós utilizamos essas células pluripotentes e induzidas para entender uma série de doenças, porque você pode produzir células em grandes quantidades e entender nas células o que está sendo alterado”.

Calado projeta os próximos passos da pesquisa, mesmo que a longo prazo. “De forma mais complexa, é a produção de órgãos. Se um paciente tem um defeito genético, você pode corrigir aquele defeito da célula no laboratório, depois produzir o órgão que está acometido e fazer um transplante de volta para colocar o órgão que teve a correção realizada. Isso é mais distante, obviamente, mas existem perspectivas, pelo menos em teoria. Isso já é feito em algumas instâncias, inclusive em modelos animais, como camundongos, mas, para humanos, ainda tem um tempo para acontecer”.

Texto: João Dall’ara
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Artrose, doença que tende a aumentar com o envelhecimento da população

A população brasileira irá apresentar um envelhecimento constante e acelerado nos próximos anos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Consequentemente, o corpo, muitas vezes, sente o “peso da idade”, podendo apresentar problemas. A artrose é um deles. Por causar muitas dores nas articulações, dificulta as atividades do dia a dia. Devemos lembrar que nossas pernas e pés, e mais especificamente os joelhos, suportam todo peso do nosso corpo, processo que pode provocar desgaste nas articulações. Mas não é somente nesses casos que a artrose pode surgir.

 Marcos Demange, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que “a dor surge porque  a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro. Isso pode ocorrer por uma lesão, torção, fratura, sobrecarga pela vida toda com muita atividade física intensa, sobrepeso ou situações que sobrecarregam demais as articulações ou um fator genético associado”. O especialista lembra que o joelho é uma articulação de carga que funciona como uma região de absorção de impacto entre os pés e o tronco. Ele destaca que, ao avaliar a população na terceira idade como um todo, após os 70 anos, foi verificado que “mais de um terço ou até metade das pessoas têm algum grau de artrose do joelho relevante”.      

Dor                                                                             

A dor surge porque a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro

 

Os portadores da doença sofrem com muita dor, o que dificulta os movimentos, e pode ocorrer uma modificação do eixo do membro, é como se o joelho entortasse. Mas um tratamento amplo e múltiplo pode resolver ou minimizar esse mal-estar. Reduzir o peso, impactos excessivos, aumentar a força muscular do joelho, o uso de medicamentos para reduzir a dor, infiltrações articulares e técnicas de tratamento em fases iniciais são alguns métodos utilizados para lidar com o problema. Em casos mais graves, a solução é a cirurgia, chamada artroplastia. No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) realiza a cirurgia, assim como o sistema privado e a medicina de saúde suplementar. A artroplastia consiste na colocação de um revestimento novo do joelho, uma prótese que tira a dor, devolvendo a mobilidade e a estabilidade. Os riscos são os mesmos de qualquer outra cirurgia, além da rejeição do implante, que, após o tratamento, pode ser trocado para a colocação de um novo.

FONTE: Jornal da USP

8 dicas para se comunicar com pessoas com demência

Princípios simples para estar com aqueles que têm comprometimento cognitivo

Aqui estão alguns princípios de comunicação, ação e compreensão que aprendi com meus pacientes.

Espero que sejam úteis para você e seus entes queridos.

1. A verdade é relativa e devemos considerá-la a partir da perspectiva do indivíduo

Pense em um homem idoso modesto com doença de Alzheimer de moderada a grave.

De acordo com a ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer:

“A demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por mudanças no comportamento ou na personalidade. Entre as várias causas conhecidas, a Doença de Alzheimer é a mais frequente”.

Sua família contratou um auxiliar de saúde em casa para ajudar nos cuidados pessoais.

Ele fica agitado toda vez que ela tenta dar-lhe um banho.

Considere sua perspectiva.

Por causa de sua perda de memória , ele não se lembra de que ela esteve lá toda semana no último ano.

Ele só acha que há uma mulher estranha que ele nunca conheceu que está pedindo para ele tirar a roupa.

2. Devemos estar calmos, relaxados e reconfortantes

Aqueles com demência, muitas vezes, absorvem o nosso humor, percebendo inconscientemente a nossa linguagem corporal e tom de voz.

Assim, podemos inadvertidamente criar agitação se ficarmos irritados quando uma pergunta for feita pela 34ª vez ou ficarmos chateados quando o açucareiro cair acidentalmente no chão.

3. A distração pode ser uma ferramenta útil

Álbum de fotos pode ser uma boa maneira de distrair
Crédito: Klimkin – Pixabay

A maioria de nós aprendeu que não ajuda a tentar raciocinar ou argumentar quando um indivíduo com demência diz às oito horas da noite que eles precisam sair de casa para “ir para casa”.

O que normalmente funciona, é os distrair com uma atividade que eles gostam como:

Olhar para álbuns de fotos, ouvir música, assistir a um filme favorito, fazer um lanche ou simplesmente dar um passeio.

4. É importante estar ocupado

Ninguém realmente deseja ficar ocioso.

O que pode ser difícil é encontrar uma atividade que o indivíduo possa fazer e gostar.

Aqui simplesmente encorajamos você a pensar fora da caixa.

Por exemplo, um colecionador de moedas pode não ser mais capaz de detectar as variedades raras e moedas especiais que ele já fez, mas ele pode passar duas horas felizmente arrumando um pote de moedas em centavos, centavos e moedas.

O que você pode fazer no dia seguinte?

Misture-os de volta e deixe-o fazer de novo.

Da mesma forma, se sua mãe gosta de dobrar a roupa, deixe-a dobrá-la. Ela já terminou? Agite e deixe-a dobrar novamente.

5. Envolva familiares e amigos

Mohamed Hassan – Pixabay

A demência acaba se tornando um esporte de equipe.

Muitos cônjuges sentem que devem ser capazes de cuidar de sua esposa ou marido sozinhos, mas cuidar de pessoas com demência é mais do que qualquer pessoa pode fazer sozinha.

6. Viva no momento

Aqueles com perda significativa de memória podem não ser capazes de discutir ou apreciar políticas, eventos atuais, esportes ou até mesmo o clima.

Mas muitos ainda podem desfrutar de coisas que estão diretamente na frente deles.

Tente passear por uma galeria em um museu, uma exposição em um zoológico ou um caminho em um jardim.

7. Aceite que algumas coisas não podem ser consertadas

Há muitas mudanças e perdas na demência que devem ser aceitas.

Além de perder a capacidade de trabalhar, dirigir ou dedicar-se a hobbies, há também a perda do relacionamento – pelo menos como costumava ser – entre marido e mulher, pai e filho.

A demência está sempre mudando e, portanto, a aceitação deve se tornar uma atividade recorrente.

8. Busque alegria

Procure atividades que tragam alegria
Crédito: Alterio Felines – Pixabay

Procure atividades apropriadas que tragam alegria para as pessoas que você ama.

Dê um passeio em um parque.

Visite com a família e amigos.

Jogar um jogo.

Ou, talvez, apenas dê as mãos.

Pois sem alegria, a vida – com ou sem demência – dificilmente valeria a pena.

Esse post foi escrito originalmente por Andrew E. Budson, MD, 2018, todos os direitos reservados.

Andrew é professor de neurologia na Universidade de Boston e na Harvard Medical School. Você pode saber mais sobre o seu trabalho no seu último livro, Seven Steps to Managing Your Memory: What’s normal, what’s not, and what to do about it (em inglês), e no livro Perda da Memória, Doença de Alzheimer e Demência (em português).

O texto foi postado no site Psychology Today, em novembro de 2018.

O conteúdo foi traduzido e adaptado pelo Blog 50+ SAÚDE com objetivo de clareza.

II Jornada Interdisciplinar em Envelhecimento

Evento foi realizado no último dia 30 de março, em São Paulo

Que a população está envelhecendo e que o tempo, esperamos, passa para todo mundo, você já sabe.

Mas quais são e serão os desafios que vamos enfrentar para envelhecermos bem como sociedade, em família e pessoalmente?

O que fazer e como olhar para um futuro que todos vamos viver (e cada vez mais anos)?

É para isso que a InterAção – Projeto e Consultoria organizou a II Jornada Interdisciplinar em Envelhecimento no último dia 30 de março, em São Paulo.

Com o tema “Longevidade: Novos Olhares?” o evento trouxe uma gama diversa e capacitada de especialistas em envelhecimento, cidadania e cuidados para que possamos discutir e aprender como viver mais e melhor.

Confira alguns dos destaques da II Jornada Interdisciplinar em Envelhecimento:


O Futuro da Longevidade

A primeira palestra do dia começou em grande estilo com o Dr. Marcelo Valente, geriatra da Santa Casa e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado de São Paulo (SBGG-SP).


Dr. Marcelo Valente, geriatra da Santa Casa e presidente da SBGG-SP

Ele falou sobre as diferenças de expectativa de vida durante as décadas no Brasil, tanto regionalmente como nacionalmente, e em outros países.

Disse ainda que até 2040 – ou seja, daqui a 20 anos -, de 13% da população, a porcentagem de idosos projeta um aumento para 23% da população no Brasil.

Dr. Marcelo destacou também as projeções para as idades médias e proporções populacionais até 2100, garantindo que a expectativa de vida no Brasil atingirá 88 anos até lá.

E encerrou falando dos hábitos que fazem das Blue Zones, ou Zonas Azuis – regiões do mundo onde há maior concentração de centenários vivos -, e como podemos adaptar às nossas rotinas para vivermos mais e com melhor qualidade de vida.

Conversa de Sofá – Longevidade: novos olhares?

Um bate papo animado e divertido com três convidados e intermediado por Lilian Lang, jornalista da Revista Aptare.

Debate animado sobre envelhecimento intermediado pela jornalista Lilian Lang (à direita)

Os convidados foram a Profª Marli Feitosa – presidente do grande conselho municipal do idoso, a senhora Vera Caovilla – membro fundadora da ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) e o Dr. Helio Nogueira – Urologista e ex-reitor da UNIFESP.

Em uma roda de amigos, os três debateram como o idoso é ou não respeitado na sociedade pelos parentes, amigos, médicos e políticos.

Dr. Helio destacou: “Os médicos também têm que lembrar que do outro lado existe um ser humano”, arrancando aplausos da platéia.

A autocrítica também não ficou de lado: “Nós temos que aprender a mexer com as novas tecnologias, nos celulares, mandar coraçõezinhos para as nossas amigas no WhatsApp”, disse Marli.

Além disso, o preconceito e a falta de paciência entre as pessoas mais velhas também foi lembrado.

O debate ainda falou de políticas públicas como forma de evitar o isolamento e criar atividades para idosos, especialmente os já aposentados.


Estereótipos: até quando?

Já a Profª Dra. Valmari C Aranha  – docente do Centro Universitário São Camilo e especialista em gerontologia – trouxe uma grande reflexão sobre os problemas que os estereótipos trazem ao envelhecer.

Ótimas reflexões trazidas pela Profª Dra. Valmari Aranha sobre esteriótipos no envelhecimento

Começou analisando o que sustenta um clichê direcionado aos idosos:

  • Medos, doenças, fragilidade, perda, mudanças físicas e sociais;
  • Solidão e carência
  • Negação
  • Fragilidade
  • Descuido e Negligência
  • Rigidez e Não adaptação

Também falou sobre a diferença entre o Ageism – processo de estereotipagem e discriminação sistemáticos contra as pessoas devido à sua idade (Butler, 1969) – e o Velhicismo – conjunto de atitudes negativas, socialmente estereotipadas, que trazem prejuízo:

O Ageism é, portanto, algo contra o envelhecimento do corpo, quase um inimigo (“não se combate o que é natural”). Já o Velhicismo é quando os idosos têm comportamentos que prejudicam os outros, não sendo necessário (furar fila, ser mal educado etc).

Antigamente o idoso era visto como sábio, experiente, professor, guardião das tradições, da história de da cultura do seu povo.

A professora Valmari destaca que um dos motivos pelos quais o estereótipo ainda existe é porque não temos conhecimento complexo, flexível e crítico do envelhecimento.

Para finalizar, a professora aconselha para a nova geração de velhos:

  • Se sentir confortável no mundo e se faz ouvir
  • Reinventando a forma de viver e perceber a velhice
  • Saber que é um processo individual e com múltiplas oportunidades
  • Resiliência
  • Autocuidado
  • Um envelhecimento ativo e atuante (além das aparências)

E ainda dá exemplos: Xuxa (56 anos) e Paul McCartney (76 anos).


Outros destaques da II Jornada

A Dra. Cláudia M. Beré, promotora de justiça, deu a palestra “O Futuro da Políticas Públicas” e deu alguns bons exemplos dos desafios na esfera pública para idosos. Ela contou casos, a burocracia que os projetos de lei enfrentam para se tornarem realidade e deu dicas sobre direitos dos idosos.


Dra. Myrian Najas falando sobre a importância da nutrição no envelhecer

No Painel “Longevidade bem-sucedida”, a nutricionista e coordenadora do InterAção apresentou as palestras:

  • Qual a influência da atividade física – apresentada por Neide Alessandra S. P. Nascimento, profissional de Educação Física da Gerência de Estudos e Programas Sociais (GEPROS) do SESC de São Paulo
  • Como a Nutrição pode contribuir – da Dra. Myrian Najas, nutricionista da UNIFESP e especialista em gerontologia.

Também foi destaque a palestra “Longevidade e as Promessas de vida eterna”, da geriatra da UNIFESP, Dra. Maisa Kairalla, falando sobre os possíveis avanços na medicina e até quando o ser humano pode viver.  

Além disso, o Painel: “Novas Perspectivas para o Futuro”, coordenada pela Dra. Monica Rodrigues Perracini (fisioterapeuta e especialista em gerontologia) e com as especialistas Jullyanne Marques (gerontóloga), falando sobre qualidade de vida, e a Dra. Naira Lemos (assistente social da UNIFESP – SBGG) dando mais dicas sobre o cuidado com os idosos.

A 50+ SAÚDE estava presente apresentando a empresa e produtos para qualidade de vida



Como a Medicina Integrativa pode melhorar sua saúde e qualidade de vida

Você sabe o que é Medicina Integrativa?

Medicina Integrativa é uma especialidade que visa estudar o metabolismo de cada indivíduo como um todo, para que a saúde seja a melhor possível e doenças sejam evitadas.

Quando já instaladas, o tratamento pode ajudar a reduzir a quantidade de medicações, uma vez que a causa dos problemas está sendo investigada, não apenas a consequência final.

“Ela propõe um resgate das práticas mais antigas sem negar os avanços da medicina convencional”, define o médico Paulo de Tarso Lima, coordenador do Grupo de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein.

“A medicina integrativa é um tratamento além da doença. Tratamos o paciente como um todo, desde o seu estilo de vida, até a forma como ele se relaciona com o ambiente. A interação com o paciente é muito importante. Vemos hoje muitos médicos que sequer olham nos olhos de seus pacientes. Acredito que se conseguirmos agir preventivamente, antes da doença levar a pessoa ao hospital, então teríamos mais o que fazer para melhorar a medicina”, disse o Prof. Dr. Chin An Lin, chefe do Ambulatório Geral Didático do HCMFUSP.

A Dra. Paula Bandeira de Mello fez um vídeo (transcrito abaixo) para mostrar a importância da ciência na vida das pessoas.

Confira a explicação e preencha o formulário para verificar como a Medicina Integrativa pode ajudar você a ter mais energia:

Veja o vídeo da Dra. Paula Bandeira de Mello sobre Medicina Integrativa

Oi, tudo bem com você?

Tô aqui para falar um pouco sobre Medicina Integrativa e de que forma e ela pode ajudar você a melhorar a sua saúde.

A Medicina Integrativa é uma abordagem médica que visa deixar o seu metabolismo em níveis ideais.

O melhor que o seu metabolismo pode ser por você:

Com os nutrientes adequados, com os hormônios em níveis ótimos, para que sua saúde seja a melhor possível e você consiga até prevenir doenças para quais a sua genética não te deixava favorável.

Vamos ver como é isso?

Prevenção

O primeiro conceito da Medicina Integrativa é que a prevenção é melhor do que a cura.

E a gente vê hoje em dia algumas doenças sendo tratadas para todo o sempre, certo?

Medicação diária, de uso contínuo, para sempre.

Será que não existe uma outra forma de tratar isso?

Será que a gente não consegue dar ao organismo aquilo que ele realmente precisa?

O nutriente que o organismo precisa para que aquela doença seja curada (ou nem apareça) e tratada na sua causa?

Melhore o terreno

O outro conceito é: melhorar o seu terreno.

Cuidar do corpo como se cuida da terra: nutrir e hidratar

Nosso organismo precisa estar bem nutrido, bem hidratado, precisamos pensar no que a gente está comendo para que seja algo funcional.

Precisamos que a alimentação dê os nutrientes que a gente precisa para construir os hormônios, os neurotransmissores e substâncias essenciais para a nossa saúde.

Não adianta a gente esperar que em um terreno seco e sem nutrientes, por exemplo, surjam frutos e flores, certo?

Você precisa adubar, expor ao sol e regar para que as coisas aconteçam.

Melhorar o metabolismo

A etapa seguinte é otimizar o seu metabolismo.

Não adianta você ver só a glicose (no sangue) ano após ano.

Às vezes a pessoa já está até acima do peso ideal, sabe disso, mas apenas dosa a glicemia e isso não é o suficiente para você se manter saudável.

Exemplo de medidas de glicose

Como na imagem, apenas um resultado de glicemia saiu do considerado normal.

Será que isso quer dizer que o corpo está funcionando tranquilamente?

Ou será que a insulina dessa mesma pessoa, que o laboratório diz que está dentro dos níveis normais, quer dizer que a pessoa está dentro da saúde ideal?

Esses níveis da imagem abaixo, são todos níveis de pré-diabetes.

Niveis de Insulina durante 2016 e 2017

Apenas o “Resultado atual” que não, já que teve uma melhora na alimentação.

Então será que a gente não tem uma forma melhor de cuidar da gente do que só esperar o diagnóstico de doença?

A melhor solução

Como a gente pode fazer isso?

Nutrindo o organismo.

Dando para a tireóide os nutrientes que ela precisa para fazer o hormônio;

Dando para os rins: ÁGUA.

Água não é chá, não é suco, não é refrigerante.

Água!

Tomar de duas em duas horas.

Não beba dois litros de uma vez que vai tudo para o xixi. Você tem que se hidratar ao longo do dia

Você também precisa de magnésio para não ser hipertenso.

Então será que antes de tomar um remédio para pressão, que tal emagrecer e fazer uma suplementação de magnésio com um profissional capacitado?

Antes de tomar um antidepressivo, será que não é melhor deixar o seu intestino apto a captar os nutrientes que você precisa para fazer o que o seu cérebro necessita para não entrar em depressão?

A importância dos hormônios

Qual hormônio, por exemplo, que ajudaria você a ter uma boa saúde sexual, boa saúde óssea – tanto nos dentes como prevenindo Osteopenia e Osteoporose?

Você é capaz de fazer exercício para ganhar e manter massa magra, prevenir câncer de próstata (no caso dos homens), prevenção de depressão

Afinal, que hormônio é esse?

Aqui foram listados apenas alguns dos benefícios da testosterona.

Ela não é um hormônio apenas de homem.

A testosterona é importante para todo mundo. É preciso que a testosterona esteja em níveis ideais para prevenir tudo isso.

É importante também para a saúde cardiovascular (coração).

E é por isso que homens, a partir dos 50 anos, tem mais chance de infarto. Porque a testosterona cai de uma forma mais relevante.

Não precisa ter medo de hormônios.

Se forem orientados por um profissional capacitado e não forem usados derivados intéticos, que realmente trazem riscos para a saúde, você estará previnindo problemas que o avançar da idade naturalmente lhe trariam.

A gente realmente precisa de hormônios, vitaminas e nutrientes para alcançar a melhor saúde possível.

Você precisa apenas de um profissional capacitado para te ajudar a chegar nesse nível.

Hábitos para evitar doenças

Então eu convido você a melhorar os seus hábitos para “descontruir” doenças:

  • Respeitar o horário de sono;
  • Escolher com carinho o que comer – não pense apenas em não ter fome, pense em nutrir o seu corpo;
  • Praticar exercícios físicos.

Os dois primeiros são essenciais para que você seja capaz e possa nutrir o seu corpo para o terceiro: fazer exercícios físicos.

Com tudo isso – e eu não disse que ia ser fácil -, você pode ter um caminho para uma nova vida e um novo estilo de vida.

Saiba mais sobre a sua saúde

Eu formulei um questionário para que você possa entender um pouco mais da sua saúde e saber por onde começar a melhorar.

Entre no formulário, responda as perguntas e comece a mudar a sua saúde e a sua vida.

Dra. Paula Bandeira de Mello

Dra. Paula Bandeira de Mello, médica pós-graduada pela Escola Paulista de Medicina, em Nutrologia e Estética Avançada. Atende atualmente em São Paulo.

Você pode saber mais sobre Medicina Integrativa e sobre a Dra. Paula Bandeira de Mello em sua página no Facebook ou no Instagram.

Ou ainda pelos telefones: (11) 96747-7777 e (11) 3865-0200