Tontura não é doença, é sintoma e acomete 30% da população mundial

A tontura pode estar atrelada a problemas causados por disfunções metabólicas e também por erros alimentares, segundo a especialista Camila de Giacomo Carneiro

Boa parte das pessoas é acometida pela tontura em algum momento da vida. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 30% da população mundial tem ou já teve esse sintoma. A falsa sensação de movimento, percepção de desmaio, perda de equilíbrio, cabeça pesada ou a sensação de flutuação podem ser alguns sinais da tontura, mas não indicam necessariamente uma doença.

A professora Camila de Giacomo Carneiro, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, afirma que várias sensações podem ser englobadas no termo tontura. “Sendo assim, ela é sintoma de uma doença ou de alguma disfunção, e não uma doença em si. Existem várias condições que podem causar tontura e o ideal é que essas condições sejam avaliadas por um médico”, complementa.

Um estudo realizado em 2012 pela Faculdade de Medicina da USP indica que cerca de 43% da população paulistana tem o sintoma de forma recorrente, com quase metade dos casos descritos em pessoas de meia-idade na faixa de 46 a 55 anos e cerca de 44% em idosos, sendo as mulheres as mais afetadas.

“A descrição dada pelos pacientes varia muito, eles podem descrever como uma sensação alterada de equilíbrio e posicionamento, como uma ilusão de movimento, sintomas perturbadores, alguns tipos acompanhados de náuseas e vômitos”, descreve Camila.

Tontura ou labirintite? 

Nem um, nem outro. Ao contrário do que se pensa, a tontura e a labirintite são termos distintos, que não estão diretamente associados. “De fato, a maior associação que se faz com a tontura é a labirintite. Nem toda tontura é labirintite, e a labirintite é um termo errado para se descrever a tontura, porque existem várias doenças do labirinto e a labirintite, inclusive, nem é a mais comum”, explica a professora.

Em termos gerais de saúde, como explica a especialista, a tontura pode estar atrelada a disfunções metabólicas e a erros alimentares. Dessa forma, aderir a uma vida mais saudável, juntamente com uma alimentação balanceada, evitando o consumo de certos alimentos ricos em estimulantes e carboidratos são algumas orientações prescritas por Camila.

“Para prevenir a tontura não existe uma medida específica. O ideal é saber se ela é causada por algum problema mais simples ou alguma doença. As medidas de prevenção estão associadas ao correto diagnóstico”, aponta.

Tratamento

Antes de iniciar o tratamento, é necessário entender o que está causando a tontura. Segundo a professora, isso varia bastante, já que cada caso possui uma particularidade. “O tratamento deve ser feito e orientado por um médico após um diagnóstico correto e individualizado. Ele pode incluir mudanças comportamentais, medicamentos, reabilitação do equilíbrio, entre outros”, descreve Camila.

Para ela, é fundamental a busca por um diagnóstico adequado na recorrência do sintoma para que o quadro do paciente não se agrave e traga riscos de queda e piora da qualidade de vida. “Especialmente na população idosa, devemos ficar atentos e cuidar para que esse sintoma não se torne recorrente”, alerta.

Por Eduardo Nazaré e Susanna Nazar

FONTE: Jornal da USP

Campanha alerta sobre a relação entre a ansiedade e a tontura

Com o slogan Tontura é Coisa Séria, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) discute, neste Dia Nacional da Tontura, celebrado hoje (22), a relação entre a ansiedade e a tontura.ebc

Problema que acomete cerca de 30% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e afeta principalmente as mulheres, por causa dos seus ciclos hormonais, a tontura pode ser um indicador de problemas mais graves, como um acidente vascular cerebral (AVC).

“A tontura ou a falta de equilíbrio e de orientação espacial pode ser uma coisa séria. Então é sempre importante averiguar o que está acontecendo porque existem muitos fatores responsáveis pela tontura. Por exemplo, uma tontura aguda, com uma vertigem, onde tudo roda, com náuseas, vômitos e em que não se consegue parar em pé pode ser um sintoma de AVC”, disse Jeanne Oiticica, do Departamento de Otoneurologia da associação, em entrevista à Agência Brasil. “A tontura precisa ser investigada sempre para a gente entender [o que a está provocando] já que ela é um aviso que o corpo está dando de que as coisas não estão equilibradas”.

Ansiedade

A tontura também pode estar relacionada à ansiedade, problema que se agravou durante a pandemia do novo coronavírus. “Os problemas podem ser o mais diversos possíveis. Pode, por exemplo, ser um problema hormonal, metabólico, soltura dos cristais dentro do ouvido ou ansiedade, estresse, depressão”, disse Jeanne.

Dados da OMS sinalizam que, no primeiro ano da pandemia, a ansiedade e a depressão cresceram 25% em todo o mundo. “A campanha de 2022 [da associação] aborda a relação e a influência da ansiedade com a tontura. Diante do período de isolamento social e o convívio diário com a pandemia, as dificuldades emocionais se agravaram e percebemos que quadros de pacientes com ansiedade e tontura se tornaram mais frequentes em consultório nos últimos dois anos”, disse em nota Guilherme Paiva Gabriel, otorrinolaringologista da ABORL-CCF e coordenador da Campanha da Tontura.

Jeanne alerta que a própria covid-19 pode provocar tonturas. “A própria contaminação pela covid-19 também favorece o aparecimento da tontura porque ela é uma doença trombótica, inflamatória e que pode acometer diversos sistemas. Da mesma forma que teve paciente que perdeu o olfato, teve paciente que ficou tonto ou que adquiriu o zumbido depois da covid-19”, disse ela.

Limitações

Presente em 42% da população adulta de São Paulo, segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, a tontura, por muitas vezes, não costuma ser um motivo para pacientes buscarem auxílio médico. Mas, em alguns casos, ela pode trazer limitações e impactar na qualidade de vida. Por isso, quando os episódios forem frequentes, a pessoa deve sempre procurar um otorrinolaringologista.

“Toda vez que o paciente tem tontura, isso indica assimetria do sistema. O sistema de equilíbrio é como os dois pratos de uma balança. Eles devem estar alinhados, na mesma altura. Se um prato está mais para baixo e, o outro, mais pra cima, isso gera tontura. Então é importante avaliar”, disse Jeanne. “Às vezes você se levanta rapidamente e deu uma tonturinha, coisa de segundos. Isso passou e nunca mais aconteceu. Mas se é uma coisa que se repete, esse é um sinal que o corpo está dando de que a pessoa precisa procurar ajuda”.

FONTE: Agência Brasil