Movimento Velhice Cidadã luta por qualidade de vida e contra o preconceito

Um movimento criado no Brasil busca combater o idadismo, a discriminação baseada na idade, e promover mais respeito aos idosos. Com o avanço da ciência e o aumento da longevidade, o O idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento luta por um envelhecimento mais saudável e respeitoso.

A professora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenadora do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe) no Município de São Paulo, conta ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que esse é um movimento crescente e ativo há alguns anos.

Sua atuação ganhou mais visibilidade em meio às discussões sobre a inclusão da velhice como uma doença na CID 11 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nós começamos um movimento para tirar, da CID 11, o código velhice”, afirma a professora. A mobilização surtiu efeito e a OMS desistiu de classificar a velhice como doença.

Fase da vida

Yeda explica que essa classificação significaria que qualquer pessoa com mais de 60 anos no Brasil tem um problema de saúde simplesmente pela idade. “Isso não é verdade”, diz, “a velhice é uma fase da vida”. O tema também ganhou destaque após a Organização das Nações Unidas (ONU) declarar a Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030).

O movimento Velhice Cidadã também busca uma atuação efetiva especialmente neste ano eleitoral. “Ele é um movimento apartidário. É trabalhar com todos os partidos e candidatos para que, no seu plano de governo, esteja incluído tudo o que pode estar relacionado às melhores condições à velhice no País.”A professora lembra que o idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento. “Isso não se aplica mais hoje em dia, as pessoas estão envelhecendo melhor, ativas e trabalhando.”

No Brasil, o voto de pessoas com mais de 70 anos é facultativo, mas Yeda incentiva a participação desses eleitores. “As pessoas precisam ter consciência da sua importância nesse movimento”, conclui.

FONTE: Jornal da USP

Contraceptivo masculino em estudo inibe a mobilidade do espermatozoide sem uso de hormônio

Segundo Jorge Hallak e Erick José Ramo da Silva, a pesquisa, ainda em andamento, é revolucionária ao diferenciar-se das que focam na inibição do reconhecimento do espermatozoide pelo óvulo

Apesar dos diversos métodos contraceptivos femininos disponíveis nos dias atuais, cerca de metade das gestações no mundo não é planejada, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Jorge Hallak, e Erick José Ramo da Silva, pesquisador de medicamento à base da proteína Eppin, conversam em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre um novo método contraceptivo masculino, em estudo que pode reduzir entre 15% a 20% as taxas de gestação não planejadas.

Silva explica que o método inibe a mobilidade do espermatozoide após a ejaculação e se difere dos métodos hormonais, os quais focam na inibição do espermatozoide através do bloqueio da produção de hormônios sexuais. “[O método hormonal] é muito semelhante ao que acontece com a mulher, com a diferença que se leva meses para que esse efeito contraceptivo se estabeleça”, afirma ele.

Um grande avanço

Para Hallak, o estudo é revolucionário por se diferenciar das pesquisas que focavam na inibição do reconhecimento do espermatozoide pelo óvulo e, assim, não conseguiam ser sustentáveis, pois 100% dos gametas masculinos achavam um caminho alternativo para concluir a fecundação. Além disso, ele atenta para os efeitos adversos do bloqueio hormonal: “O testículo produz hormônios diariamente. A questão de você inibir o homem com uma sobrecarga hormonal sempre tem um efeito contrário, ou seja, você acaba inibindo o testículo e ele acaba se atrofiando. Então, quando ele parar de usar aquele hormônio, ele não vai ter a mesma capacidade”.

Ele informa ainda que toda a pesquisa se encontra em fase pré-clínica, no nível de estudos em animais, e que futuramente o desejo é migrar para os testes em humanos: “Na próxima etapa, vamos seguir desenvolvendo, conhecendo melhor como ela [proteína Eppin] funciona, na tentativa de identificar onde na motilidade ela atua, para que a gente possa chegar no estágio de ter algumas moléculas que a gente possa testar como inibidores da mobilidade espermática”. Ambos os entrevistados reconhecem a paternidade responsável como um dos objetivos do estudo. “Quando a gente fala de contracepção masculina, nós estamos pensando além da questão reprodutiva do homem, mas da família. Um método masculino vai não só contribuir para reduzir esse número grande de gestações não planejadas como colocar o homem numa posição de contribuir com o planejamento familiar e com sua parceira nessa ação que hoje é toda focada na mulher”, afirma Silva.

FONTE: Jornal da USP