É só começar dezembro e chega aquela sensação de que o ano está terminando. O desespero, a ansiedade do fim de um ciclo se mistura com a chegada de um novo ano, que promete a realização de sonhos e desejos. As emoções se juntam: alegria e tristeza convivem e algumas vezes surge a depressão, tudo misturado a uma sensação de que o tempo não é suficiente para atender a todas as demandas desse período. Mas será que isso não se resume apenas a uma sensação, para a qual já se escolheu até um nome: dezembrite, a síndrome do fim de ano?
O psicanalista Christian Dunker , professor do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, nos ajuda a entender o que acontece nesse período. Ocorre um rompimento com o que vivemos nos últimos 11 meses. As festas familiares nos remetem a pessoas que já partiram e não fazem mais parte daquela comemoração, motivo mais do que suficiente para um quadro de depressão. A expectativa de novos planos se mistura com as frustrações dos planos que não foram concretizados.
Viagem interior
Além de tudo isso, dezembro é aquele momento de voltar para casa, para sua cidade, rever familiares e amigos, mas não só um retorno físico, mas para dentro de si mesmo.
O especialista da USP explica que, para conviver com essa catarse de sentimentos, em apenas 30 dias do ano, é importante desenvolver a tolerância consigo mesmo e principalmente com o outro. A dica é saber que esse período é importante, mas passageiro. Logo ali tem mais 12 meses lhe esperando, repleto de possibilidades para viver e ser feliz.
Pesquisa liderada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou um conjunto de proteínas ligadas à depressão tardia, doença que acomete idosos. Foram determinadas moléculas que podem contribuir para diagnósticos e tratamentos mais eficazes. O estudo, que foi publicado no periódico europeu Journal of Proteomics, envolve também cientistas das universidades de Connecticut (EUA) e de Toronto (Canadá), além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Daniel Martins-de-Souza, professor da Unicamp e coordenador do trabalho, destaca que um dos objetivos é entender a similaridade com a depressão. “Ainda não temos ideia de quão similar, do ponto de vista molecular, essa depressão tem com a depressão maior, que afeta quase 10% da população. E, da mesma forma como [ocorre] para depressão maior, não temos biomarcadores que possam identificar ou predizer que alguém vai desenvolver isso no futuro”, aponta.
Uma das diferenças entre as duas manifestações da doença pode estar ligada ao aspecto ambiental. “Ou seja, as pessoas passam por experiências na vida que acabam dirigindo mudanças biológicas que levam à depressão. Isso também é verdade para a depressão maior, mas essas características podem ser mais proeminentes nas pessoas com depressão tardia”, relaciona. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos seis a cada 100 pessoas, entre 65 e 74 anos, serão diagnosticadas com depressão.
Análises
Foram estudadas amostras sanguíneas de 50 pessoas, das quais 19 tinham diagnóstico de depressão tardia. A análise mostrou diferenças significativas na concentração de 96 proteínas. Entre elas, 75 são candidatas para a determinação de uma identidade molecular para a doença geriátrica.
“A gente conseguiu achar o que nós chamamos de uma assinatura molecular. Ou seja, nós identificamos algumas moléculas no sangue que teriam esse poder de distinguir quem tem a depressão e quem não tem”, pontuou Martins-de-Souza.
As próximas etapas do estudo envolvem a coleta de novas amostras dessa população. A ideia é “quantificar especificamente estas 75 proteínas para ver se a gente consegue replicar esses dados”, explica o coordenador.
Além disso, a doutoranda Lícia Silva-Costa, do Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp e uma das autoras do estudo, identificou seis proteínas que tem uma correlação a severidade dos sintomas. “Também pode ser uma marcação para predizer que uma pessoa vai ter uma piora muito grande de sintomas, o que poderia ser previamente tratado”, acrescenta o professor. A proposta agora é também validar essas informações com novas amostras.
Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Incluída no rol dos transtornos mentais, a depressão é uma doença psiquiátrica comum, que se caracteriza por tristeza persistente e falta de interesse em realizar atividades que antes eram consideradas divertidas. A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, desde bebês a idosos. Entre os tipos mais comuns da doença estão a depressão maior, a bipolar, a pós-parto, os transtornos depressivos induzidos por outras substâncias ou medicamentos, entre outras. A distimia, por exemplo, é um tipo de depressão crônica e incapacitante, que apresenta sintomas leves a moderados de tristeza, sensação de vazio ou infelicidade.
“Todas precisam de acompanhamento médico adequado pois, se não tratadas, essas doenças podem levar ao suicídio”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva. A campanha Setembro Amarelo, realizada anualmente neste mês pela ABP, chama a atenção sobre a depressão e os perigos que ela pode causar.
“Praticamente, todos os casos de suicídio são relacionados aos transtornos mentais, principalmente os não diagnosticados ou tratados incorretamente. Dessa forma, a maior parte dos episódios fatais poderia ter sido evitada com as informações corretas sobre saúde mental e doenças psiquiátricas”.
O doutor Antonio Geraldo Silva esclareceu que, devido à sua alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio. “Não só durante a campanha Setembro Amarelo®️, como em todos os meses, a ABP cumpre sua principal missão, que é disseminar conteúdos relevantes sobre saúde mental para a sociedade, atuando na conscientização da sua importância e na prevenção das doenças mentais”.
Fatores de risco
Segundo informou o especialista, alguns fatores de risco podem levar uma pessoa à depressão. “Existem diversos fatores que podem ser considerados gatilhos e causam impacto no desenvolvimento de uma doença mental, como causas genéticas, que chamamos de genótipo, e os fatores ambientais, os fenótipos. São duas características que, quando combinadas, determinam se a pessoa desenvolverá ou não qualquer tipo de doença”. Silva explicou que o ambiente no qual o indivíduo está inserido e seu comportamento também contribuem para o desenvolvimento de doenças mentais como, por exemplo, conflitos familiares, dificuldades financeiras, problemas no relacionamento, a influência da mídia e das redes sociais. Essas situações podem ser fatores potencializadores para o surgimento de uma doença mental. “Sendo assim, isso também tem impacto no comportamento suicida”, disse o psiquiatra.
Além dos fatores ambientais e genéticos, o presidente da ABP lembrou que outros fatores podem impedir o diagnóstico precoce das doenças mentais e, consequentemente, causar impacto na prevenção do suicídio, levando ao aumento de casos, como o estigma e o tabu relacionados ao assunto. “Esses são aspectos importantes que impactam negativamente nos portadores de doenças mentais e no comportamento suicida”. “Praticamente, 100% das pessoas que tentam ou cometem suicídio têm alguma doença psiquiátrica, diagnosticada ou não. As doenças mais relacionadas ao suicídio, além da depressão, são transtorno bipolar, transtornos relacionados ao uso e abuso de álcool e drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia.
Antonio Geraldo da Silva afirmou que a pessoa diagnosticada com depressão precisa ter uma rede de apoio de familiares ou amigos. “A família e os amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico”. Os sintomas depressivos variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são tristeza, fadiga, distúrbios de sono, alterações no peso, baixa autoestima, perda de energia, dificuldade de concentração, redução de interesse em atividades anteriormente prazerosas e no contato com pessoas, ideias suicidas.
Buscando auxílio
É sempre bom ressaltar que somente um médico ou profissional da área de saúde pode diagnosticar corretamente a depressão. O presidente da ABP ressaltou que uma vez que se nota prejuízo no comportamento do indivíduo, ou seja, quando os sintomas começam a atrapalhar a vida da pessoa, é hora de buscar um psiquiatra para avaliar o quadro. “Ansiedade e tristeza são características normais do ser humano mas, a partir do momento em que nos impedem de sair de casa, trabalhar, levar uma vida social ativa, nos relacionar com outras pessoas, devemos procurar auxílio”.
Para ajudar uma pessoa depressiva, deve-se orientá-la a buscar cuidados, um tratamento especializado para a doença. “Se a pessoa tem sintomas depressivos, ela precisa e merece procurar ajuda com um médico psiquiatra, que vai indicar e oferecer o melhor tratamento possível”.
O médico lembrou também que os quadros depressivos precisam ser tratados com cuidado e urgência. “Não podemos deixar a doença envelhecer. Se a pessoa está mostrando que tem os sintomas, devemos ajudá-la a procurar um médico para fazer o diagnóstico, entender qual tipo de ajuda ela vai precisar e iniciar o tratamento imediatamente”.
A pesquisa Vigitel Brasil, realizada em 2021 e publicada este ano pelo Ministério da Saúde, incluiu pela primeira vez a depressão. O levantamento mostrou que 11,3% dos cidadãos brasileiros receberam diagnóstico da doença, o que corresponde a cerca de 23 milhões de pessoas, quase o dobro do número divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, que indicava a existência de 12 milhões de brasileiros com depressão. Considerando que nem toda a população tem acesso aos serviços de saúde mental, Antonio Geraldo da Silva destacou que muitas pessoas podem viver com depressão sem conhecer o diagnóstico. “E isso é muito grave. Devido à alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio”, reiterou. A própria OMS considera que a depressão é a terceira doença mais incapacitante e, diante do envelhecimento da população e das mudanças globais, existem perspectivas de que será a doença mais incapacitante até 2030.
Crianças e jovens
A psiquiatra Janine Veiga disse que a depressão infantil é semelhante à do adulto e que os sintomas são iguais, em maior ou menor grau. A doença pode ocorrer, por exemplo, por predisposição genética; por traumas advindos de situações de abuso; por convívio familiar conflituoso; por eventos estressantes, entre outras razões.
“Se não tratada a depressão, o jovem pode envolver-se com uso de drogas, apresentar dificuldade no relacionamento social e há o risco de agravamento da doença, que pode até chegar ao suicídio”, alertou. Janine recomendou que os pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento dos filhos, como alteração do sono, padrão alimentar, irritabilidade, queda no rendimento escolar, choro fácil, desânimo, entre outros.
Pandemia
A psicóloga da Fundação São Francisco Xavier Gabriela Pinheiro Reis afirmou que as consequências da pandemia de covid-19 têm se revelado preocupantes para a saúde mental da população. O Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, divulgado pela OMS, revelou que apenas no primeiro ano da pandemia 53 milhões de pessoas desenvolveram depressão e 76 milhões tiveram ansiedade, com alta de 28% e 26% de incidência desses transtornos, respectivamente.
De acordo com a OMS, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre indivíduos com idade entre 15 e 29 anos. “O suicídio é um tema sensível e uma triste realidade na sociedade. A campanha Setembro Amarelo tem fundamental importância na conscientização sobre o assunto e na promoção da informação correta e, principalmente, para incentivar as pessoas que estejam passando por momentos difíceis a buscarem ajuda”, comentou Gabriela.
Na avaliação da psicóloga, as doenças mentais precisam ser encaradas sem preconceito. “Não é frescura. Depressão, bipolaridade e ansiedade são doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o quanto antes”.
Bem me Quer
A campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero: Cuidar da sua saúde mental é um exercício diário”, realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), visa a conscientizar a população sobre depressão, ansiedade e prevenção ao suicídio por meio da valorização do autocuidado e do equilíbrio na rotina.
Para a associação, algumas atitudes podem fazer a diferença e contribuir para a saúde mental, como não ficar o tempo todo conectado na internet, estabelecer horários, evitar bebidas cafeinadas em excesso e optar por uma alimentação equilibrada.
A presidente da Abrata, Marta Axthelm, chamou a atenção para o fato de que a autocobrança para dar conta de tantos papéis, principalmente no caso das mulheres, que são profissionais, mães, parceiras, amigas, no dia a dia, pode ser um gatilho para a depressão. “É essencial reduzir o tempo de acesso às redes sociais, principalmente no período da noite. No caso da depressão, a condição pode apresentar muito sono, mas tem o outro lado, que é a insônia”.
Segundo Marta, a depressão costuma a apresentar sinais que não são percebidos pelo paciente, na maioria das vezes. No caso do suicídio, quem pensa em tirar a própria vida quase sempre dá sinais, mas boa parte das pessoas que estão ao seu redor não consegue identificá-los. “Por isso, o Setembro Amarelo é tão importante para debater esses temas. Mais uma vez, reforçamos nosso papel de promover iniciativas que despertam a conscientização do autocuidado em prol da saúde mental e que também estimulam a população a olhar ao redor para identificar que alguém próximo precisa de ajuda”, concluiu a presidente da Abrata.
Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia
O especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, afirma que existem estudos cujos resultados mostram que até metade das pessoas que tem dor crônica pode desenvolver quadros depressivos por ter fortes dores.
Oliveira incentiva pacientes que costumam ter fortes dores com frequência a procurarem ajuda para ver se não é algo mais grave. “Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia, o que pode comprometer a qualidade de vida, pois a doença ocasiona fortes dores, o que afeta o humor”. O médico lembra que a doença não oferece risco de vida aos pacientes, mas é recomendável seguir corretamente o tratamento para diminuir as dores.
O programa Saúde sem Complicações é produzido pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Júlia Gracioli, da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e Luiz Fontana. Apresentação de Mel Vieira e direção de Rosemeire Soares Talamone. Ouça acima, na íntegra, o programa Saúde sem Complicações com o especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira.
Tanto a falta quanto o sexo por quem não está interessado são problemas para a saúde e podem afetar a mente e o corpo, além de causar sintomas de sofrimento psicológico. É isso o que diz a fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da USP, Carmita Abdo, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.
Uma parcela da população sofre com a questão da continência sexual. São indivíduos “completamente desinteressados ou muito pouco interessados”, que têm esses sintomas associados a desbalanços hormonais, como a falta de hormônios sexuais e da tireoide, e acometidos por diabete ou pela depressão.
Em outros casos, essas pessoas podem se sentir pessoalmente desconfortáveis, ou encontram dificuldades em encontrar parceiros. A professora ressalta que “não podemos considerar esses indivíduos como problemáticos”, já que a falta de sexo nesses casos pode não causar quase nenhum mal-estar ou desconforto. E diz que mesmo aqueles que vivem em uniões estáveis podem sofrer com o afastamento das relações sexuais e da sua falta. Nesses casos, a libido é direcionada para outras “atividades”.
Efeitos da pandemia
A pandemia também acabou por tornar as relações sexuais mais difíceis: “A falta de oportunidade na pandemia levou muita gente a iniciar uma atividade virtual”, complementa Carmita, ao mencionar que a dinâmica da atividade sexual vai modificando ao longo do tempo. Além disso, o cuidado com determinadas regiões do corpo, com secreções e com as recomendações de distanciamento durante a pandemia impactaram a forma como as pessoas interagiam.
Ela destaca que a falta de sexo é mais sentida pelos jovens, já que a “frequência sexual é muito maior entre aqueles que estão com 18, 20 e 22 anos”. E, como o sexo envolve a liberação de uma série de substâncias positivas e a “sensação de troca”, essa ausência é sentida a níveis emocionais e biológicos. Os principais sintomas são um estado de irritabilidade e de um quadro depressivo, além da queda de imunidade. “O sexo traz benefícios se for satisfatório para ambos os lados”, como ressalta Carmita Abdo, e para todos esses sintomas há tratamento para a falta de desejo, ejaculação precoce ou dor durante as relações.
A gravidade da depressão no Brasil é desencadeada pela demora na procura médica e início do tratamento. A constatação veio a partir de uma pesquisa liderada pelo Instituto IPSOS, que diz que os brasileiros demoram cerca de três anos e três meses para, então, procurarem ajuda médica e iniciarem o tratamento da depressão. O quadro reflete não somente os desafios encontrados no combate à doença, como também expõe preconceitos de uma doença que avança aos poucos no processo de aceitação relacionado à condição mental dos enfermos.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-5), criado pela Associação Americana de Psiquiatria, a depressão é a condição em que o paciente se encontra com “humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”. E o Brasil apresenta 11,3% de pacientes nessa condição.
Demora no tratamento
Num cenário como esse, a questão envolvendo a demora por um tratamento efetivo traz sérias consequências. A médica Doris Hupfeld Moreno, supervisora do Programa de Transtornos Afetivos (Progruda) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, comenta que, como qualquer outra manifestação clínica, a demora no início do tratamento leva a uma piora significativa, já que, “quanto mais tempo a pessoa fica doente, maiores as consequências biológicas”. O ciclo social também é afetado, uma vez que pode desencadear prejuízos no relacionamento familiar, no núcleo de amigos e no âmbito profissional.
A depressão possui múltiplos fatores, que vão desde as alterações químicas cerebrais até disfunções crônicas e histórico familiar. É principalmente por causa da falta de conhecimento sobre a doença que surgem os estigmas vinculados à doença. Leila Salomão, professora do Instituto de Psicologia, explica melhor os fatores por trás do problema: “Os estigmas sociais existem. Aí entra o preconceito de culpabilizar o deprimido, então, a pessoa se sente envergonhada.”
Esse é um dos principais motivos que ocasionam a morosidade na busca por um tratamento. E, em complemento, a professora Leila destaca que a busca fica dificultada quando “ela é aumentada pela falta de compreensão, de diálogo e pelas formas rudes de enfrentar conflitos”, em decorrência de uma postura “de censura, de crítica preconceituosa” em relação à depressão.
Passos importantes no combate à depressão
Como outras doenças, as especialistas defendem a importância de um tratamento regular para a depressão. Leila Salomão frisa a relevância de se atuar em “todas as linhas de prevenção”, indo desde o acesso à informação e à educação adequada até a prestação de apoio às famílias dos enfermos. No que diz respeito ao tratamento, a psiquiatra Doris Hupfeld destaca que, para cada quadro clínico, a medicação certa e na dosagem correta deve ser indicada pelo profissional da área qualificada.
Ela também adiciona que: “Os caminhos em políticas públicas para amparar os acometidos pela depressão e investir em ambulatórios de saúde mental, mais CAPS [Centro de Atenção Psicossocial] para a população”, são algumas das medidas práticas que podem trabalhar em conjunto com um tratamento eficiente, para diminuir o estigma que envolve a doença e o número de acometidos pela depressão.
Diante do contexto da pandemia de covid-19, o número de quadros de ansiedade e depressão aumentou entre crianças e adolescentes. Com dificuldades na adaptação às aulas presenciais e o estresse diário com a falta de socialização, o desenvolvimento mental dos jovens foi prejudicado e a busca por atendimentos cresceu. Para suprir a necessidade de tratamento durante a emergência sanitária, o Projeto Jovens na Pandemia utiliza a internet como ferramenta na psicoterapia e na compreensão de estratégias para oferecer ajuda.
A telepsicoterapia, tratamento psicológico por meio digital, é o método utilizado pelo projeto para ofertar o serviço aos pacientes. “Desenvolvemos um protocolo de psicoterapia baseado em técnicas cognitivas e técnicas comportamentais que estão presentes nas terapias presenciais que nós sabemos que funcionam”, explica Guilherme Polanczyk, professor do Departamento de Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP.
Situação preocupante
Além disso, a escassez de serviços de saúde mental no País e o crítico índice de crianças e adolescentes com transtornos psicológicos merece atenção do público, na opinião de Polanczyk: “A situação nas escolas, nos consultórios e ambulatórios de saúde mental de crianças e adolescentes é uma situação preocupante”.
Para ele, as consequências do isolamento e do ambiente em que vivem são fatores que influenciam nas mudanças no comportamento dos jovens, pois são “alterações que podem ser muito inespecíficas e que, realmente, em uma avaliação especializada, é possível detectar que existe um quadro de depressão ou de ansiedade ou de outra situação”. Essas alterações podem incluir sintomas de insônia, dificuldade em respirar, vontade de chorar e desinteresse.
Por meio da elaboração de um protocolo e de testes, “a psicoterapia segue estratégias bem estruturadas, cognitivas e comportamentais, e tem um componente também de vídeos educativos” no tratamento de pacientes. O acesso ao serviço é gratuito para todos os jovens do País e também busca auxiliar as famílias no processo. “É feita essa primeira conversa para avaliar se é uma criança que tem esses critérios para estar incluído no estudo. Então, (ela) participa de uma forma voluntária e do estudo por seis semanas”, complementa.
Emergência da saúde mental
A primeira etapa do projeto foi um estudo de monitoração da saúde mental das crianças e adolescentes em todo o País entre 2020 e 2021. “Identificamos que uma em cada três crianças e adolescentes apresentava esses níveis clínicos”, o que requer pelo menos uma avaliação, de acordo com ele. O agravamento destes casos nos Estados Unidos levou a Associação Americana de Pediatria a declarar emergência de saúde mental das crianças em outubro de 2021.
A cachacinha antes do almoço e antes de dormir é uma tradição para o mineiro Gustavo Motta, de 43 anos. “O problema é que eu acabei transformando isso em uma ‘bengala’ para conseguir dormir, já que tenho sérios problemas para dormir. Ansiedade, TDAH e depressão fazem parte da minha realidade. Diagnosticado, mas não medicado”, desabafa o jornalista que mora em Cabo Frio (RJ).
Gustavo disse que bebe todas as noites nos últimos 20 anos. “Desde 2001, quando tive um problema no joelho que acabou com minha carreira na dança, eu era dançarino e ator na época, foi quando meus problemas psicológicos se tornaram mais fortes”. Ele conta que toma aproximadamente meio litro de aguardente por dia.Embora o álcool consiga trazer relaxamento e acelerar o adormecimento, o hábito de beber antes de dormir prejudica a qualidade do sono, alerta o biomédico e pesquisador do Instituto do Sono, Gabriel Natan Pires.
“A curto prazo, o álcool altera a arquitetura do sono, fragmentando este sono, piora o ronco e a apneia, e ainda a própria sensação de ter bebido demais e a ressaca pioram o sono também”.
Gustavo disse que sente as consequências do hábito no dia a dia. “Sinto falta de força física, cansaço, fora os outros problemas como pancreatite, inflamação no fígado e até uma trombose. Não tenho dores de cabeça. Roncava muito, mas fiz algumas cirurgias no nariz para evitar o ronco”.
Consequências
O especialista explica as consequências a curto prazo que o hábito de tomar umas doses para dormir causam, como por exemplo, prejudicar o sono REM. [último estágio do ciclo do sono, dura cerca de 20 minutos cada e é nele que os sonhos acontecem.] e ocasionar muitos despertares. Com isso, é comum acordar cansado na manhã seguinte.
Pires explica ainda sobre outra consequência a curto prazo: a apneia do sono. “A apneia do sono é aquela doença em que a pessoa tem pausas recorrentes na respiração durante a noite. O álcool relaxa a musculatura da garganta. Então a pessoa que ronca quando está sob o efeito do álcool vai roncar mais, porque a musculatura da garganta vai ficar mais flácida”. Para quem ronca, o álcool é muito muito pior, devido a apneia.
“A depender da quantidade de álcool que a pessoa toma, a ressaca vai piorar o sono, já que, com ressaca e dor de cabeça ninguém consegue dormir direito, ainda tem que levantar no meio da noite para urinar várias vezes. Então tem os efeitos do álcool agindo sobre o metabolismo do corpo, afetando o sono”.
Segundo o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2021, consumo de álcool com frequência foi de 18,3% para a população geral, indicando que, após o aumento visto em 2020, com prevalência de 20,9%, no primeiro ano da pandemia, o consumo abusivo retornou aos patamares percebidos desde 2010.
Estágios do sono
O sono acontece em uma sequência pré-determinada. A primeira fase é chamada não REM [do inglês: rapid eye movement, ou movimento rápido dos olhos em português] e tem três estágios. Em seguida vem o sono REM, quando acontecem os sonhos. “O sono não REM, que é esse que começa o sono, é mais profundo. Diferentemente do que as pessoas pensam, o sono ruim é um sono superficial, em que o cérebro está muito ativo. Mas no sono não REM, o cérebro está bem lento”.
O biomédico explica que durante o sono não REM existe um neurotransmissor no cérebro que predomina, chamado GABA [sigla do inglês Gamma-AminoButyric Acid – ácido gama-aminobutírico]. Este neurotransmissor reduz a atividade dos neurônios de várias regiões do cérebro, fazendo que funcionem mais lentamente. Por isso, é liberado pelo organismo no início do sono.
“Então quando o álcool entra no nosso corpo, ele acaba fazendo o mesmo efeito que o GABA faria. Por diminuir a função das regiões que promovem o despertar, o álcool também pode promover sono”.
Mas, não só no sono, mas em qualquer função do nosso corpo, detalha o médico. “Quando alguém toma qualquer bebida alcoólica, ela primeiro vai inibindo funções como a social, então a pessoa fica desinibida. Depois vai perdendo o controle sobre a coordenação motora, depois da função da memória e até que pode chegar ao caso de intoxicação alcoólica, quando perde o controle da respiração, tudo isso porque o álcool vai inibindo essas funções”.
Tolerância perigosa
Além de prejudicar a qualidade do sono e aumentar o ronco e a apneia, o hábito de beber para dormir pode piorar com o tempo. “O sono vai ficando cada vez menos reparador e quando começa a se estabelecer a dependência, a ansiedade de ter que beber antes de dormir, já piora o sono”, alerta o médico.
Gabriel Natan Pires informou que, com o tempo, a tolerância à bebida aumenta, o que pode ser perigoso. “No começo, por exemplo, de um padrão de uso de álcool, a pessoa tinha que tomar uma taça de vinho para dormir. Depois de um tempo, uma taça de vinho já não faz o efeito que a pessoa precisa. Ela precisa tomar uma garrafa de vinho para dormir. Depois de um tempo não funciona mais. E esse padrão, de ter que aumentar a dose para conseguir o mesmo efeito é perigoso, porque a medida em que há o aumento, há o perigo de coma ou mesmo uma parada respiratória e por aí vai”.
Gustavo conta que também começou com poucas doses. “Comecei com pouco e fui aumentando. Acho que a capacidade de aguentar beber mais do que os outros, sem ter problemas com ressaca, fizeram esse hábito se tornar tão perigoso”.
O jornalista relata que já tentou mudar o hábito de beber para dormir. “Fiz tratamento psiquiátrico, mas não consegui dar segmento. É muito complicado entender o que acontece com a cabeça da gente. Eu já tentei várias vezes, mas não consegui. Hoje, sem perspectiva na vida e sem pensar em futuro, está ainda pior. Mas acredito que posso parar um dia”.
Mudança de hábito
Na visão do biomédico Gabriel Natan Pires, a pessoa que não consegue dormir sem tomar álcool vive uma espécie de condicionamento. De acordo com o grau de dependência, pode ter uma síndrome de abstinência, caso decida interromper esta rotina. Nesse sentido, é necessário ajuda médica e psicológica para se livrar deste hábito.
“O uso de álcool é uma dependência química. Então, é sempre muito melhor que a gente aposte na prevenção”, finalizou.
Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Espera ocorre por falta de consciência de se tratar a depressão
Brasileiros demoram, em média, 39 meses – ou seja, 3 anos e 3 meses – para procurar ajuda médica para tratamento de depressão. O dado faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, que ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 estados brasileiros.
Apesar de os pensamentos suicidas terem incomodado cerca de 4 em cada 10 respondentes antes de buscar o diagnóstico, a demora em procurar ajuda especializada ocorreu, principalmente, pela falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), por resistência (13%) e medo do julgamento, da reação dos outros ou vergonha (13%).
Os dados foram apresentados em um workshop realizado na manhã de hoje (14), em São Paulo, onde especialistas no assunto falaram sobre a “Urgência da saúde mental: um outro olhar sobre a depressão”.
Segundo a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC Cintia de Azevedo Marques Périco, a demora na busca por tratamento para a depressão pode trazer sérias consequências ao paciente.
“O agravamento dos sintomas, a diminuição da eficácia dos tratamentos, a perda de anos produtivos, o impacto econômico e a severa diminuição da produtividade, e ainda prejuízo em seu convívio familiar e social são consequências da doença. A depressão precisa ser levada à sério”, afirmou Cíntia que também é integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Dados da pesquisa demonstram ainda que há falta de entendimento das pessoas sobre a gravidade da doença e sobre seu impacto na vida do paciente e de todos ao seu redor. Apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo). Outros 35% acham que a enfermidade não pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que, para superar a doença, é preciso força de vontade.
Outro estudo recente, publicado na revista The Lancet, aponta que até 80% das pessoas afetadas pela doença no mundo sequer sabem de seu diagnóstico.
Emergência psiquiátrica
Atualmente, a depressão é considerada uma emergência psiquiátrica devido a sua relação com casos de suicídios e tentativas de autoextermínio.
Estudos apontam que cerca de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão.
Apenas no estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros contabiliza, em média, sete tentativas de suicídio diárias.
“Esses números são ainda mais altos, pois não estamos levando em conta as ocorrências do Samu e da Política Militar. Em muitos casos, suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem um olhar mais humanizado, reconhecendo a depressão como um transtorno mental que precisa de atendimento urgente e especializado”, disse o major Diógenes Munhoz que trabalha na corporação há 22 anos e atuou diretamente em 57 ocorrências de tentativas de suicídio.
O major é ainda idealizador da Técnica Humanizada de Abordagem a Tentativas de Suicídio admitida e usada em mais de 17 estados pelo Corpo de Bombeiros.
Depressão resistente ao tratamento
Em todo o mundo, especialistas têm estudado o crescimento de casos de pacientes com depressão resistente ao tratamento (DRT). Isso ocorre quando não há resposta satisfatória para, pelo menos, dois tratamentos anteriores administrados em dose e tempo adequados. Em geral, esses pacientes também apresentam ideação suicida.
A depressão resistente ao tratamento (DRT) é um transtorno que impacta cerca de 40% dos pacientes brasileiros, segundo dados do estudo observacional TRAL (Treatment-Resistant Depression in America Latina), realizado na América Latina com quase 1,5 mil pacientes. Estudos apontam que pacientes com depressão podem ter um custo direto de 30% a 250% superior aos dos pacientes sem o transtorno, em casos de DRT, esse custo pode ser ainda superior, chegando a um valor 400% maior.
Durante o workshop, os especialistas destacaram um novo medicamento para os casos resistentes que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de 2019. De uso intranasal, o Spravato atua em uma nova via de neurotransmissores e deve ser aplicado em um ambiente hospitalar, segundo o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Humberto Corrêa, que liderou a condução de um dos estudos com o medicamento no Brasil.
“Pode ser um hospital dia, uma clínica de infusão ou um hospital propriamente. O paciente não tem acesso direto ao medicamento, não sai com uma receita do consultório para ir à farmácia comprar. É a instituição hospitalar que providencia o medicamento e o profissional de saúde aplica no paciente que volta para casa após a aplicação”.
O Brasil é o quinto país com mais incidência de depressão no mundo, apresentando um número de casos superior ao de diabetes, segundo Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.
De 2011 a 2019, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) calculou um aumento de 167% na utilização de serviços relacionados à saúde mental.
Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) acomete mulheres alguns dias antes da menstruação e é uma forma mais grave da tensão pré-menstrual. Esse problema traz prejuízos na capacidade de trabalhar, de se relacionar com as pessoas e de cuidado próprio das mulheres, por gerar sintomas como vontade de se isolar, alta irritabilidade e tristeza.
Cristina Marta Del Ben, professora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, explica que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”. Além disso, pode ocorrer os sintomas somáticos, como “ter edema de membros inferiores — as pernas ficam mais inchadas —, pode haver dor de cabeça, aumento do volume da mama, maior sensibilidade ao toque”.
Cristina Marta Del Ben destaca que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”
Por ter sintomas parecidos, o TDPM pode ser confundido com uma crise de ansiedade ou de depressão. Mas a professora ressalta que são duas condições médicas diferentes. “Num transtorno depressivo, os sintomas se mantêm por várias semanas sem interrupção.” Já o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual tem uma característica cíclica, surgindo nos dias que antecedem a menstruação. “Em geral, de cinco a sete dias antes da menstruação e tende a desaparecer dois ou três dias após o início do sangramento”, pondera.
Causas
As causas estariam associadas à queda abrupta, um pouco antes do período pré-menstrual, do hormônio progesterona e do estrógeno, que acaba atingindo um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar a ansiedade.
De acordo com Cristina, uma das hipóteses seria que o metabólito da progesterona, alopregnanolona, em menor quantidade, interage menos com o sistema gabaérgico — principal agente inibidor do sistema nervoso central. “Então, essa queda abrupta, ou seja, a falta repentina desse metabólito, o qual estaria ativando um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar sintomas de ansiedade, por exemplo, seria responsável por essas alterações clínicas”, afirma.
Diagnóstico e tratamento
Cristina destaca que é importante registrar a ocorrência dos sintomas em diferentes ciclos. Isso facilita o entendimento da situação e ajuda o médico a escolher o melhor tratamento. Sabendo do quadro da paciente, o ginecologista ou, dependendo do caso, o psiquiatra, pode indicar o melhor tratamento para aquela situação. Para a especialista, o ideal “seria que a mulher, a princípio, discutisse com seu ginecologista, descrevesse seus sintomas e que buscasse a melhor alternativa”.
Há as medidas não farmacológicas como mudanças de hábitos de vida, dieta saudável, prática regular de atividade física e algumas intervenções psicoterápicas — as mais estudadas seriam terapia cognitiva ou comportamental. “Com relação ao tratamento farmacológico, uma das opções principais são os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, medicações que também são utilizadas para o tratamento de depressão e ansiedade, e o uso de contraceptivos”, completa Cristina.
É importante que as mulheres registrem o que sentem, principalmente no período pré-menstrual, para ajudá-las a entender sua situação e achar a melhor saída, diminuindo, assim, o sofrimento nesse período.