A doença de acúmulo de cristais de cálcio nas juntas e articulações é muito mais frequente do que se pode imaginar. Conhecida como CPPD – depósito de pirofosfato de cálcio – , é uma espécie de artrite crônica, que afeta articulações, tendões e juntas. Normalmente, atinge pessoas acima dos 50 anos.
O reumatologista Henrique Giardini, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que essa doença de calcificação causa dores intensas, inchaço e desconforto, atingindo normalmente joelhos, pulsos e quadris.
É importante explicar que a dor que causa o acúmulo de cálcio normalmente é confundida com outra doença conhecida como “gota”, que no caso dói por causa do acúmulo de ácido úrico. Outro diferencial entre as doenças é que a gota atinge homens jovens, diferentemente dos cristais, que acometem idosos.
O reumatologista do HC diz que, para descobrir a diferença entre gota e os cristais de cálcio, é feita uma punção da junta, ou seja, é retirado um pouco do líquido local para ser feita análise por exame. Não se sabe por que os cristais de cálcio se formam, mas uma coisa é certa: o uso de suplementos de cálcio não causa ou piora a doença.
Tratamento
Outras doenças reumatológicas podem causar dores em articulações e juntas, como artrite reumatoide, por exemplo. O acúmulo de cristais nas juntas, joelhos, pulsos e quadris não tem cura mas tem tratamento.
A dor e a rigidez causadas pela artrite podem limitar as atividades diárias. Os exercícios ajudam as articulações a funcionarem e protegê-las através do fortalecimento dos músculos ao redor delas.
Cosmético à base de extratos de girassol e de alga vermelha pode melhorar a pele de diabéticos. Os ativos melhoram a hidratação, o PH e deixam a pele mais firme, revela pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto.
O envelhecimento precoce da pele é uma característica muito comum em pacientes com diabete. Sinais como rugas, manchas e até flacidez podem se apresentar mais cedo que o esperado, provocando um impacto na autoestima do paciente.
Para amenizar esses problemas enfrentados por pessoas com a doença metabólica, a farmacêutica Verônica Rêgo de Moraes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, criou um dermocosmético com formulação à base de extratos de semente de girassol e alga vermelha. “O dermocosmético foi considerado estável, pois passou em todas as etapas de estabilidade, e seguro, tanto para a pele diabética, que é uma pele mais sensível, mais propensa à reação, como para a pele saudável.”
Verônica diz que a fórmula também deixou a pele mais firme e com menos rugas aparentes, corroborando a opinião das próprias participantes da pesquisa. “O pH da pele da pessoa com diabete, que normalmente apresenta alteração, também foi corrigido, junto com a barreira hidrolipídica, fazendo com que essa pele perdesse menos água após três meses de uso do dermocosmético desenvolvido.”
Estudo clínico
O estudo clínico foi dividido em quatro grupos. No primeiro, os participantes fizeram uso de formulações à base de extrato de girassol; no segundo, com formulações à base de alga vermelha; um terceiro grupo, com uma combinação dos dois ativos; e por fim um quarto grupo recebeu placebo.
A pesquisadora explica que o tipo de diabete escolhido para análise foi o 2, que envelhece a pele através da glicação, ou seja, o açúcar interage com o colágeno fazendo com que ele perca a função de sustentação da pele. “Isso faz com que pessoas portadoras da doença tenham sinais de envelhecimento mais rápidos do que as pessoas saudáveis, pois esses aumentos de açúcar circulante no organismo fazem com que ocorra mais essa habilitação da pele e apareçam rugas e flacidez.”
Verônica lembra que pessoas com a doença possuem algumas características específicas. No estudo, as pacientes apresentavam uma perda maior de água, demonstrando que a barreira cutânea delas é mais danificada em relação à pele saudável. “É, normalmente, uma pele menos hidratada, o que corrobora com a doença, porque pessoas portadoras da doença falam que elas sempre bebem água, mas parece que estão com sede constante.” Além disso, condições como o pH mais baixo da pele e rugas mais expressivas são quadros comuns.
Patrícia Maia Campos, professora de cosmetologia e orientadora do estudo, afirma que a pesquisa serve como embasamento para a criação de novos cosméticos. Segundo a professora, para a criação de produtos dedicados aos cuidados da pele são necessários estudos que justifiquem o uso desses ativos nos cosméticos. Dessa forma, o próximo passo para que os extratos do girassol e da alga vermelha sejam utilizados na produção dos produtos é o desenvolvimento de formulações que contenham esses ativos.
As doenças metabólicas decorrem de alterações nas reações químicas que nosso organismo realiza. O conjunto delas caracteriza a síndrome metabólica, que está associada a problemas como a obesidade, doenças cardiovasculares, derrames, diabete e à alta concentração de colesterol no sangue. O sobrepeso e o sedentarismo vêm aumentando no mundo todo e especialistas acendem alerta para os riscos da síndrome, que pode agravar quadros de doenças crônicas.
O cardiologista André Dabarian, do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da USP, explica que as síndromes metabólicas “modificam a parte hormonal e estrutural do organismo, ocasionando a inflamação de tecidos”. Isso pode gerar problemas na resposta do organismo diante de infecções, ao serem modificados os hormônios no sistema imunológico, com o aumento das chamadas “citocinas inflamatórias”.
Cascata de processos
O desequilíbrio hormonal leva o indivíduo a se tornar um “doente crônico”, como coloca Dabarian, já que os pacientes ficam mais vulneráveis para a incidência de outras doenças. Sua relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares está na tendência de que diferentes sistemas sejam inflamados, levando diretamente à questão cardiológica.
As doenças mais frequentemente verificadas, e que possuem relação com a síndrome metabólica, são a incidência de moléstias cardiovasculares, de diversos tipos de cânceres, insuficiências renal e hepática. “São tantas doenças atreladas ao metabolismo. Por isso que nós realmente falamos da era do metabolismo, porque essas doenças metabólicas inflamatórias estão muito presentes no dia a dia”, completa Dabarian.
A condição da preexistência de doenças pode piorar o quadro, a depender da situação do enfermo, como nos pacientes obesos. O Brasil tem acompanhado um aumento dos casos de obesidade, em que algumas pessoas apresentam predisposição de armazenarem gordura nos tecidos subcutâneos. Com isso, ocorre a deposição de gordura no sangue, que vai afetar órgãos como o coração, o pâncreas, fígado e rins, ocasionando a chamada “cascata de processos metabólicos inflamatórios”, como o médico coloca, o que leva às modificações hormonais, como a testosterona.
Em alerta
Não só o trabalho do profissional endócrino deve ser considerado. Para esses casos, é necessário a avaliação de cardiologistas, ginecologistas e gastro/ endócrinos, já que é preciso uma abordagem global da síndrome metabólica. O diagnóstico é possível a partir de exames de sangue e, com o avanço dos medicamentos para tratamentos hormonais, as drogas têm se mostrado maneiras efetivas e seguras para o tratamento. Porém, Dabarian diz ser importante o acompanhamento próximo ao paciente no período não somente do tratamento como nos processos posteriores.
Mudanças nos hábitos também são aliados, uma vez que há melhoras significativas que são observadas com a redução do peso: “Se esse paciente tem uma perda de 10% em seu peso, isso impacta na diminuição da mortalidade dele”. Também a prática de atividades físicas, para evitar o sedentarismo, e a alimentação equilibrada são iniciativas defendidas por Dabarian.
O Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor) realizará o II Simpósio CardiometalbolInCor 2022, no próximo sábado (3), que trará especialistas para o debate sobre a síndrome metabólica.
A anemia falciforme é uma doença genética que causa alterações nos glóbulos vermelhos do sangue (hemácias) e está entre as mais prevalentes no Brasil e no mundo. Um dos tratamentos possíveis é o transplante de células-tronco hematopoiéticas – capazes de se diferenciar em todas as células do sangue – retiradas da medula óssea de um doador saudável. Apesar de o transplante ser atualmente o único tratamento curativo para a doença, pouco se sabe sobre o que acontece com o sistema imune desses pacientes após o procedimento.
Descobertas recentes sobre o tema foram divulgadas por pesquisadores da USP na revista Clinical & Translational Immunology. O artigo tem como foco o sistema imune adaptativo (a imunidade adquirida após o contato com patógenos), particularmente os linfócitos do tipo B (envolvidos na produção de anticorpos) e T (responsáveis pela imunidade celular). Entre os autores estão cientistas do Centro de Terapia Celular (CTC) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, além de colaboradores da França.
Segundo o artigo, após o reset do sistema imunológico promovido pelo transplante, as células B e T se restauraram normalmente. Houve, ainda, um aumento de células B-reguladoras, que podem contribuir para melhorar a regulação imunológica e o equilíbrio da imunidade após o transplante. Também se observou aumento de um subtipo de célula B de memória conhecida como IgM+ (por apresentar a proteína IgM em sua superfície), que é importante para o enfrentamento de infecções.
“Um aspecto muito triste da doença são as diversas complicações clínicas. Uma delas é que os pacientes têm infecções recorrentes, que são a maior causa de morbidade, principalmente entre crianças. Não é raro uma criança diagnosticada com anemia falciforme pegar uma infecção e morrer [sendo o maior problema as infecções bacterianas]. Sabe-se que, além da inflamação crônica acompanhada de episódios de dor, os pacientes têm uma desregulação do sistema imunológico. Mas essa é uma questão ainda muito negligenciada na anemia falciforme”, resume Kelen Cristina Ribeiro Malmegrim, coautora do trabalho. Segundo ela, o sistema imune inato dos pacientes falciformes é bem conhecido, o que não acontece com o sistema imune adaptativo, que inclui as células T e B.
O objetivo da pesquisa foi investigar se o transplante de células-tronco hematopoiéticas poderia melhorar as disfunções imunológicas nos pacientes com anemia falciforme.
“Avaliando os pacientes antes e depois do transplante, vimos que algumas disfunções são corrigidas, mas outras não. Por outro lado, descobrimos que a reconstituição do sistema imune adaptativo após o transplante promove um aumento de células que ajudam a controlar a inflamação crônica, confirmando que o transplante é um recurso terapêutico com resultados excelentes”, explica.
Entendendo a doença
A anemia falciforme é resultado de uma mutação no gene que codifica a hemoglobina – proteína que confere a cor vermelha ao sangue e é responsável pelo transporte de oxigênio. Em portadores da doença, as hemácias assumem a forma de foice depois que o oxigênio é liberado aos tecidos. Em baixas tensões de oxigênio, as células se tornam deformadas, rígidas e propensas a se agregar, ou seja, a formar uma massa celular que adere ao endotélio e dificulta a circulação sanguínea. Nos pacientes falciformes, as hemácias também têm um tempo de vida menor, causando o quadro de anemia.
Os tratamentos convencionais incluem a transfusão sanguínea esporádica (quando os pacientes estão com anemia muito intensa ou em crise) e as transfusões crônicas de hemácias a cada 15 dias em casos muito graves. Outro recurso é um fármaco chamado hidroxiureia, usado também contra outras doenças, como leucemias e outros cânceres. “A hidroxiureia diminui a proliferação celular e aumenta a hemoglobina fetal nas hemácias”, diz.
Quando nascemos, a hemoglobina fetal é predominante nas hemácias e, com o passar dos anos, ela vai dando lugar à hemoglobina tipo A. No caso dos pacientes com anemia falciforme, ela é substituída pela hemoglobina tipo S.
“Ao aumentar a concentração de hemoglobina fetal na hemácia, a hidroxiureia reduz a hemoglobina tipo S. É como uma compensação. Entretanto, os tratamentos convencionais não corrigem as disfunções no sistema imune.”
O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio de bolsas de doutorado no Brasil e no exterior concedidas à farmacêutica Luciana Ribeiro Jarduli-Maciel, primeira autora do artigo. Além das bolsas, o CTC é apoiado no âmbito do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids).
Disfunções
Segundo Malmegrim, as disfunções no sistema imune dos portadores de anemia falciforme podem ter causas variadas. Algumas podem ser decorrentes da inflamação crônica dos vasos sanguíneos provocada pela doença, que desregula o sistema imune. Porém, outras podem ser causadas por disfunções intrínsecas do sistema imune desses pacientes.
“Uma hemácia contém milhões de moléculas de hemoglobina. Nesses pacientes, quando a hemoglobina libera oxigênio, ela forma polímeros dentro da célula e a hemácia assume a forma de foice. Isso acontece milhares de vezes durante a vida da hemácia e, em algum momento, ela não volta mais à forma original. Essas hemácias em forma de foice entopem os vasos sanguíneos, aglomeram-se e vão se juntando com plaquetas e leucócitos ativados. Elas interagem com outras células, ativam o endotélio, promovendo uma inflamação crônica. E isso pode entupir o vaso e interromper a circulação naquele trecho, provocando isquemia e dor.”
Sabe-se que portadores da anemia falciforme podem ter polimorfismos (variações na sequência do DNA) em outros genes, alguns deles relacionados ao sistema imune, que contribuem para que desenvolvam formas mais graves da doença.
“Uma das disfunções está relacionada à produção excessiva de célula B naive, que são aquelas que não tiveram contato com o antígeno e não carregam a informação sobre o que tem de ser feito [e acabam tomando o espaço das células de memória, que já tiveram contato com o antígeno]. E o transplante melhorou esse aspecto, as células B naive diminuíram e as células B de memória aumentaram. Mas o transplante não corrigiu esse excesso de produção de novas células B naive pela medula óssea dos pacientes. Isso significa que temos de estudar mais detalhadamente esse mecanismo”, explica Malmegrim.
Malmegrim revela que a equipe esperava encontrar alguma disfunção na produção das células T, mas observou que estas são produzidas e exportadas normalmente pelo timo, glândula que fica perto do coração e participa da regulação do sistema imune adaptativo. Somente quando as células T vão para a circulação periférica e encontram moléculas inflamatórias é que sofrem alterações. Entretanto, os pesquisadores suspeitam que alguma alteração acontece no desenvolvimento das células B na medula óssea dos pacientes falciformes.
Estudo clínico
A equipe estudou a reconstituição do sistema imune de 29 pacientes submetidos ao transplante na Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. A idade média do grupo foi 19 anos. Um grupo-controle com 16 pessoas saudáveis também foi acompanhado.
Amostras de sangue periférico foram coletadas dos pacientes antes do transplante e de três em três meses após o procedimento durante dois anos. Os pacientes foram avaliados ainda pelo tamanho do baço (um dos órgãos mais comprometidos pela doença), por análise de prontuários e laudos de ultrassonografia abdominal.
“Todos eles passaram por transplantes alogênicos nos quais a medula do doador era totalmente compatível. E, depois do transplante, estudamos a reconstituição hematopoiética e imunológica”, explica Malmegrim.
Como resume o artigo, o transplante corrige a alteração genética e melhora muito a qualidade de vida dos pacientes, que podem ainda precisar de tratamento para as complicações inflamatórias e imunológicas. Na avaliação de Malmegrim, é muito importante que o procedimento continue sendo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), onde ocorre desde 2015.
Entretanto, a pesquisadora ressalta que nem todo paciente pode ser transplantado. “Pode não haver doador compatível, por isso transplantes haploidênticos [com células-tronco coletadas do pai, da mãe ou outro membro da família, cuja compatibilidade gira em torno de 50%] já estão sendo realizados mundialmente. Geralmente são pacientes jovens e, quando se trata de uma criança, o transplante é uma decisão difícil para os pais”, explica.
Pesquisas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP mostram que, em pessoas hipertensas ou com insuficiência cardíaca, o exercício físico aeróbico é capaz de prevenir danos na barreira hematoencefálica, melhorando o fluxo sanguíneo.
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP receberam diversos prêmios ao encontrar, em um simples e antigo hábito, uma solução para melhorar o controle da hipertensão arterial. Em estudos com ratos, foi observado que o exercício físico aeróbico é capaz de corrigir a disfunção da barreira hematoencefálica, tanto na hipertensão crônica como na insuficiência cardíaca, restaurando o fluxo sanguíneo do cérebro mesmo na persistência da doença.
A barreira hematoencefálica é uma estrutura que tem a função de regular o transporte de substâncias entre o sangue e o sistema nervoso central, barrando a entrada de substâncias tóxicas e de hormônios plasmáticos em excesso. Esses hormônios, quando em excesso, são capazes de ativar neurônios que estão envolvidos na regulação do sistema cardiovascular, levando à disfunção autonômica e ao desequilíbrio da circulação sanguínea. Isso facilita o aparecimento de lesões em órgãos-alvo, podendo comprometer coração, cérebro, rim, entre outros órgãos.
“Além de corrigir o controle autonômico da circulação, o treinamento aeróbico também contribui para reduzir de 10% a 15% os níveis da pressão arterial nos hipertensos”, afirma Lisete Compagno Michelini, coordenadora do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular, responsável pelos estudos.
Filtro de substâncias
Encontrada nos capilares cerebrais por onde o sangue circula, a barreira hematoencefálica é composta de células endoteliais intimamente ligadas umas às outras por junções, que limitam a passagem de substâncias hidrossolúveis (solúveis em água). Não há limite para a passagem de substância lipossolúveis, como oxigênio e gás carbônico, através da célula endotelial. O problema são as macromoléculas.
“Em indivíduos saudáveis, a passagem de macromoléculas, como substâncias tóxicas e hormônios plasmáticos, feita através de vesículas sanguíneas, é bastante limitada. No entanto, observamos que em hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca há um aumento expressivo no número dessas vesículas em áreas autonômicas, o que eleva a permeabilidade da barreira hematoencefálica. Por outro lado, observamos que o treinamento aeróbico reduziu em muito a formação dessas vesículas, além de normalizar a permeabilidade da barreira hematoencefálica”, explica.
Segundo Michelini, já se sabia que em casos de acidente vascular cerebral (AVC), traumas e doenças neurodegenerativas a integridade da barreira era comprometida pela quebra das junções oclusivas, o que permitia livre acesso das substâncias. “Em nossos experimentos, observamos que na hipertensão e insuficiência cardíaca não há quebra em áreas de controle cardiovascular, mas sim, aumento da permeabilidade por facilitação do transporte das vesículas, o que pode ser prontamente corrigido pelo treinamento aeróbico”, destaca.
As descobertas feitas pela equipe reforçam a importância do treinamento físico para a melhora do controle autonômico da circulação, pois além de ser um importante aliado no tratamento farmacológico dessas patologias, possibilita a diminuição da quantidade necessária de medicamentos e, consequentemente, há menos efeitos colaterais. “O exercício físico, assim como diferentes fármacos, favorece a vasodilatação vascular, ajuda a balancear desvios do sistema renina-angiotensina, responsável por regular a pressão arterial, e melhora o controle autonômico da circulação”, afirma.
Os estudos foram realizados no âmbito do projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)Barreira Hematoencefálica – Um novo paradigma no tratamento da Hipertensão e foram publicados em periódicos de circulação internacional (veja abaixo). Outros estudos estão em fase de revisão por pares ou em fase de conclusão.
Desde que teve início, em junho de 2019, o projeto já recebeu, por meio de estudos vinculados a ele, seis premiações nacionais e internacionais, como o título de melhor trabalho publicado recentemente em seleção da Sociedade Americana de Fisiologia; o prêmio de pesquisadora revelação da International Society of Hypertension, concedido à pós-doutoranda Hiviny de Ataídes Raquel; e o 3º lugar no prêmio Álvaro Ozório de Almeida da Sociedade Brasileira de Fisiologia 2022 concedido à mestranda Sany Martins Pérego.
O projeto temático tem vigência até maio de 2024. O grupo segue estudando o funcionamento da barreira hematoencefálica, agora com o objetivo de avaliar se o transporte vesicular aumentado na hipertensão e insuficiência cardíaca, mas reduzido em ambas as situações pelo treinamento aeróbio, são mediados pela disponibilidade do hormônio angiotensina II e/ou de citocinas pró-inflamatórias. O grupo irá ainda verificar se os resultados obtidos na hipertensão primária, de origem neurogênica, são também aplicáveis à hipertensão secundária, ou seja, derivada de uma outra condição.
Estresse, medos e pânicos, cansaço e depressão são sintomas que descrevem a síndrome de burnout, conceito criado na década de 1970, nos Estados Unidos. O excesso de trabalho, responsável determinante pela doença afeta, principalmente, quem trabalha sob pressão. Na revista Fisioterapia e Pesquisa, um artigo discute a incidência e os efeitos da doença que acomete, entre outros profissionais, os fisioterapeutas que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Os autores desenvolveram o estudo em cinco hospitais públicos da cidade do Recife, com trabalhadores atuantes em UTIs adultas e pediátricas, constatando que a síndrome leva à negligência do período de lazer e descanso recomendados para o equilíbrio da saúde, gerando depressão e outros problemas emocionais graves. Além disso, o distúrbio causa dificuldades nos relacionamentos familiares e sociais.
Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome de burnout “é um distúrbio emocional […] resultante de situações de trabalho desgastante que demandam muita competitividade ou responsabilidade”. De acordo com o artigo, o estresse deve-se “à alta morbidade dos pacientes”, aos poucos recursos financeiros e à corrida contra o tempo dos profissionais das instituições hospitalares, gerada pelo acúmulo de trabalho, dentre outras causas.
Os autores do artigo apontam para a necessidade do desenvolvimento de medidas preventivas e modelos de intervenção para que tal efeito seja minimizado, visto o excesso de trabalho, o clima de tensão emocional em que os profissionais são submetidos diante da gravidade de saúde de quem pode ou não sobreviver, o sofrimento dos pacientes e que repercute nos trabalhadores “O convívio com o sofrimento e a morte é capaz de gerar sentimento de impotência nestes profissionais”, destacam.
A pesquisa relata que os profissionais intensivistas também apontam como fatores estressantes os entraves administrativos, o número excessivo de pacientes, a quantidade insuficiente de fisioterapeutas, a baixa remuneração e o despreparo para lidar com a dor, sofrimento e morte do próximo.
Além disso, o estudo também constatou falta de preparo profissional, interpessoal e psicossocial dos fisioterapeutas que trabalham em UTIs.
De acordo com o artigo, a síndrome de burnout é gatilho para sequelas extremamente negativas em virtude da depressão e outros problemas emocionais graves dos profissionais envolvidos. A ausência de períodos de lazer e descanso causa dificuldades nos relacionamentos familiares e sociais.
Os autores apontam as limitações de pesquisas publicadas sobre a síndrome, em especial a carência de estudos que possam estabelecer comparações sociais e populacionais entre os estados brasileiros para realizar “maiores associações entre variáveis sociodemográficas e a síndrome”. Nesse ponto, considera-se crucial a descrição dos fatores estressantes aos quais os fisioterapeutas intensivistas se submetem, para dar início a uma reflexão sobre como políticas públicas ou intervenções precisam funcionar. O objetivo é “garantir a qualidade do atendimento ao paciente”, sempre levando-se em conta as características socias da população em geral, universo que abrange os fisioterapeutas de UTI.
SILVA, R. A. D. da; ARAÚJO, B.; MORAIS, C. C. A.; CAMPOS, S. L.; ANDRADE, A. D. de; BRANDÃO, D. C. Síndrome de Burnout: realidade dos fisioterapeutas intensivistas? Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 388-394, 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/152858. Acesso em: 16 out. 2022.
Contatos Rafaela Araújo Dias da Silva – Graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). Bruna Araújo – Mestre em Fisioterapia pelo Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). Caio César Araújo Morais – Mestre em Fisioterapia pelo Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). Shirley Lima Campos – Doutora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). Armèle Dornelas de Andrade – Doutora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). Daniella Cunha Brandão – Doutora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife (PE). daniellacunha@hotmail.com
O Hospital das Clínicas integra as ações da Sociedade Brasileira de Dermatologia no período do Dezembro Laranja, campanha nacional de conscientização sobre o câncer de pele.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, 30% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil correspondem ao câncer de pele. Esse tipo é o mais frequente, mas pode ser prevenido. “[A prevenção] É possível sim, porque o câncer de pele que mais ocorre no nosso meio é aquele em áreas expostas ao sol. A principal maneira de prevenir o câncer de pele que comumente afeta a nossa população é fazer uma boa proteção solar”, explica o especialista Vitor Manoel Silva dos Reis, dermatologista responsável pela campanha de prevenção do Câncer de Pele no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
É preciso estar atento para algumas ocasiões, como o mormaço, que é um período sem sol a pino, mas que possui uma alta carga de radiação ultravioleta sem deixar a pele vermelha. Algumas pessoas também são mais suscetíveis ao desenvolvimento de câncer de pele: “Existem pessoas que têm uma suscetibilidade maior ao câncer de pele. Não se protegendo, elas com certeza vão ter esses fatores, fazendo com que aumente a possibilidade de ter os principais cânceres de pele: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. Esses são aqueles que o sol faz surgir, principalmente em pessoas que já têm uma certa tendência, como pele clara e olhos azuis”, comenta Reis.
Outras formas de prevenção são o uso de roupas que cobrem áreas expostas do corpo, de chapéu ou boné e, sobretudo, o protetor solar.
Diagnóstico
“[O câncer de pele] É bem lento no seu surgimento. Vai começando com uma lesãozinha, alteração de pele que parece uma casquinha que sai e, não pouco tempo, alguns meses, pode começar a dar problema”, ressalta o médico. Alguns sinais para ficar atento são o aparecimento de casquinhas semelhantes a pintas, como lesões escurecidas com bordas irregulares.
Reis também alerta para a necessidade de ficar atento aos tumores: “O tumor significa que há um crescimento, mesmo que pequeno, na pele. Quando há um surgimento de alguma lesão, que os leigos podem chamar de verruga, se ela sangrar com frequência, se ela for localizada numa área exposta ao sol como dorso do nariz, face, bochecha, orelha, ou mesmo na região do tórax, você tem que suspeitar que esteja se iniciando aí um câncer de pele. Ele pode ser um carcinoma basocelular ou espinocelular e, no caso de melanoma, que é um um tumor de pele muito grave, porque ele pode realmente afetar as camadas de pele um pouquinho mais profundas, ele deve ser é diagnosticado precocemente para que o tratamento dê um ótimo resultado”, acrescenta o especialista.
Campanha
O Hospital das Clínicas integra as ações da Sociedade Brasileira de Dermatologia no período do Dezembro Laranja, campanha nacional de conscientização sobre o câncer de pele. Os atendimentos são gratuitos e ocorrem no dia 3 de dezembro, das 9h às 15h.
Está chegando o verão e, com ele, aquela prática tão característica da estação de tomar banho de sol. É nessa hora que as atenções e os cuidados com a pele devem ser redobrados. O aumento da radiação solar é um fenômeno muito comum e, em decorrência disso, a emissão dos raios ultravioleta, UVA e UVB, crescem e aumentam também os riscos de doenças da estação. A professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Cacilda da Silva Souza, especialista em dermatologia, explica que a proteção deve ser feita através do filtro solar, priorizando a face, e com a utilização de barreiras físicas, tais como roupas leves e de manga comprida, chapéus, bonés e sombrinhas.
“Atualmente já existe uma diversidade de vestimentas próprias para as atividades esportivas, a piscina, mar e também para as atividades diárias. Uma ideia muito simples e boa é o uso de mangas removíveis que o ciclistas e motociclistas utilizam”, recomenda. De acordo com a professora, a proteção deve ser maior em crianças, indivíduos de pele clara e que ficam muito vermelhos com a exposição solar, além de idosos, por possuírem uma pele mais sensível e um risco maior para o desenvolvimento de tumores.
Fator de proteção
No filtro solar é sempre indicado o fator de proteção que, segundo Cacilda, deve ser maior que 30. “O recomendado aqui na nossa região, com a intensidade da radiação ultravioleta, seria entre 50 e 60.” A professora ainda lembra que o filtro solar não deve arder os olhos e que uma opção é usar o filtro solar infantil.
Apesar de a pele clara exigir mais cuidados, a escura também sofre com as doenças da estação. “Enquanto a pele clara produz pouca melanina, que protege da radiação ultravioleta do sol, na pele escura essa produção da melanina é abundante. Os indivíduos de pele escura têm uma proteção natural contra o sol.” Mesmo assim, a professora reforça que o uso de filtro solar é indispensável.
Além da proteção contra o sol, que pode causar doenças de pele, a desidratação é outro problema recorrente e que precisa de atenção. “É essencial que haja um aumento da ingestão de água no verão, especialmente em atividades com exposição ao sol. Isso porque a falta de consumo de água, junto com a exposição solar excessiva, pode levar à desidratação e à insolação.”
E a insolação é uma condição comum nesta época do ano. É resultado de uma exposição intensa ao calor. A insolação acontece quando a temperatura corporal fica superior a 40º, o que causa uma falha no mecanismo de transpiração corporal.
Julia Gatto, estudante de 21 anos, conta que teve insolação depois de uma uma sessão de bronzeamento artificial, quando não foram tomados os cuidados necessários com a pele. “No momento em que saí da clínica já estava com muita febre, porque o meu corpo estava muito quente, acabei ficando com bolhas, febre e ânsia por uns três dias e tive que faltar na faculdade e no estágio.”
A professora lembra que a insolação e a desidratação são problemas que podem impactar diretamente o aproveitamento da estação. “A adoção das medidas preventivas vai ajudar a se proteger e aproveitar melhor e com menor risco este período de férias e de lazer”, conclui.
Quando não tratado de forma adequada, o diabetes é responsável por diversas complicações, como retinopatia (lesões na retina do olho), nefropatia (perda do funcionamento dos rins), neuropatia (quando os nervos se tornam incapazes de emitir e receber mensagens do cérebro), infarto do miocárdio, derrame e até mesmo danos ao sistema imunológico, torna o paciente mais susceptível a infecções.
Podem ocorrer na boca, gengiva, pulmões, pele, genitais e locais que houve incisão cirúrgica. Entre essas infecções, a desenvolvida nos pés dos pacientes costuma ser a mais frequente nos pacientes que tem o diagnóstico de pé diabético. Porém, também pode ser evitada.
Entenda como o pé diabético se desenvolve, os sintomas, como prevenir e as formas de tratamento.
Como o pé diabético se desenvolve
Pessoas com diabetes não controlado, com níveis de glicose no sangue altos por muitos anos, pode causar lesões nos nervos e vasos sanguíneos dos pés. Além disso podem apresentar feridas nos pés que infeccionam e demoram mais para curar. Em casos graves, a amputação do membro pode ser necessária.
Isso ocorre devido ao alto índice de açúcar no sangue, que provoca queda na atividade dos glóbulos brancos (células de defesa de nosso corpo), deixando o organismo mais suscetível a ataques de fungos, vírus e bactérias. Por isso, quando o diabetes não está controlado, existe uma grande brecha de infecções podem se estabelecer.
Ou seja, uma ferida que se curaria rapidamente no pé de uma pessoa saudável, em um paciente com diabetes não controlada, essa ferida infecciona com mais facilidade.
Sintomas
O pé diabético tem 3 formas de se manifestar: forma neuropática (alteração nos nervos dos pés), forma vascular (alteração nos vasos sanguíneos dos pés) e mista.
Na forma neuropática, o paciente perde progressivamente a sensibilidade do pé, tem sintomas como formigamentos e sensação de queimação.
Geralmente, o paciente nota essa perda de sensibilidade quando sofre alguma pancada no pé e não sente, quando perde um calçado sem perceber ou quando nota calosidades evidenciadas.
Quando é na forma vascular, o principal sintoma é dor ao elevar o pé, bem como, pé com temperatura fria e aparência pálida. Nesse caso, a presença de calosidade não é presente.
Na forma mista, os sintomas e sinais se misturam.
Fatores de risco para desenvolvimento de úlceras (feridas) e amputações
Os fatores que facilitam o desenvolvimento de úlceras e amputações podem ser identificados em anamnese e com exame físico. Alguns fatores são:
Visão alterada
Deformidade pré-existentes dos pés
Tabagismo ²
Controle da glicemia insatisfatório
Autocuidado para prevenir feridas
Alguns dos cuidados para prevenir essa complicação do diabetes são comuns às boas práticas gerais que todo paciente com diabetes deve seguir, como manter uma boa alimentação, se exercitar, acompanhar de perto os índices de glicemia e manter o tratamento em dia.
Fique atento à cor de suas pernas e pés. Se enxergar inchaço, calor, vermelhidão ou dor, procure o médico;
Faça a higiene com sabonete neutro e água;
Corte suas unhas em linha reta, mas não corte demais;
Lave e seque bem os pés, especialmente entre os dedos;
Hidrate todos os dias, em especial os calcanhares a planta dos pés;
Troque de meias todos os dias;
Use sapatos confortáveis e do tamanho certo para você;
Evite saltos;
Não ande descalço;
Evite banhos quentes;
Evite ficar sentado por muito tempo;
Procurando assistência médica
Estimativas apontam que em 2025 haverá 463 milhões de pacientes com diabetes no mundo, um sinal vermelho que não pode ser ignorado, principalmente quando pensamos nas complicações que o diabetes não tratado traz.
O cuidado com alguém diagnosticado com diabetes devem ir bem além do que o cuidado com os pés. Por exemplo, é indispensável a avaliação anual da função renal para rastreamento da nefropatia diabética, bem como a avaliação anual do fundo de olho, que rastreia a retinopatia e a avaliação trimestral que avalia o controle glicêmico.
Na presença de um ou mais sintomas, procure ajuda profissional.
Tratamento
A partir dos sintomas identificados, o tratamento, acompanhamento e aconselhamento de cada caso será individualizado a partir do tipo de pé diabético, se neuropático ou vascular. O tratamento vai ter como objetivo a restauração do local ferido, evitar a proliferação da infecção e prevenir novas lesões.
Melhorar sua alimentação é uma ótima forma de evitar complicações que podem surgir quando a diabetes não está controlada.
Ajustes no estilo de vida podem ser um dos mecanismos para a prevenção do câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença ocasiona uma a cada seis mortes no mundo. Dessas, algumas poderiam ser evitadas a partir de pequenas mudanças de hábitos e outros mecanismos, como a vacinação contra o HPV, uma alimentação equilibrada e, principalmente, com a prática de atividades físicas.
Em um breve levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Ministério da Saúde estabelece uma cartilha com orientações com quatro tópicos principais. Evitar o sedentarismo é ponto fundamental na prevenção de diversos tipos de câncer. A professora Patrícia Chakur Brum, titular da Faculdade de Educação Física e Esporte da USP, explica que é justamente o condicionamento corporal ocasionado pela prática esportiva, associado a outros hábitos saudáveis, o principal aliado na prevenção e diminuição das chances de se contrair a doença.
Para isso, são indicados entre 150 a 300 minutos de atividades por semana, alternando exercícios que combinem atividades de deslocamento e atividades de resistência: “As atividades físicas têm se mostrado muito eficientes. Então, é importante que elas sejam incorporadas como um hábito na rotina das pessoas”, adiciona a professora. Ela também salienta que a combinação a demais fatores, como diminuição do tabagismo e do consumo de álcool, alimentação equilibrada, redução do estresse e da ansiedade são fortes aliados às práticas esportivas na prevenção do câncer.
Os exercícios sugeridos pela professora envolvem a movimentação do corpo, atividades aeróbicas e de resistência muscular. Independentemente da intensidade ou nível de dificuldade desses exercícios, “o ideal é que as atividades sejam prazerosas”, destaca a professora.
Na reabilitação e reincidência
Há evidências de que a proteção por meio da atividade física seja mais efetiva entre os cânceres de bexiga, cólon, endométrio, esôfago, estômago, rins e mama. Este último tipo foi objeto de estudo da professora, que também acompanha o Projeto Remama (Remo para Reabilitação pós-Câncer de Mama) da USP. Nele, Patrícia acompanha de perto os efeitos da prática do remo em ex-pacientes que passam por uma reabilitação fisiátrica, sob observação de profissionais da educação física.
Este é um exemplo do uso de práticas esportivas na reabilitação do câncer, mas Patrícia também ressalta a importância destas para evitar a reincidência da doença. Para isso, é preciso que “os pacientes sejam liberados pelos oncologistas para a prática, porque, além de ajudar com os efeitos colaterais do tratamento, ela ajuda a prevenir a reincidência da doença”, complementa Patrícia, ao deixar claro que os exercícios são fundamentais não apenas para a prevenção como nas etapas posteriores à doença.