Câncer, audiência debate prevenção e tratamento

No Dia Mundial do Câncer, representantes de entidades que atuam na prevenção e tratamento da doença fizeram um alerta para a necessidade de mais recursos para as ações que garantam maior equidade no diagnóstico e tratamento da doença no país. Eles argumentam que a distância entre o diagnóstico e o início do tratamento é um dos principais gargalos nas políticas de saúde. Com cerca de 600 mil novos casos e mais de 230 mil mortes por ano, o câncer é uma das principais causas de mortes no país.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, a oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, disse que estudos mostram que a desigualdade social influencia diretamente no acesso aos diagnósticos e tratamento do câncer.

Pacientes com maior escolaridade e poder aquisitivo conseguem obter um diagnóstico da doença na maior parte das vezes em estados iniciais, o que aumenta as chances de cura e de a doença não voltar, disse a oncologista.

Uma pesquisa realizada pelo instituto mostrou que os tratamentos oferecidos no país não são os mesmos para todos os brasileiros. Segundo o estudo, 44% dos pacientes com escolaridade até o ensino fundamental são diagnosticados com câncer em estado avançado. No caso de pessoas negras, o início do tratamento ocorre cerca de 80 dias após o diagnóstico da doença.

“Não podemos mais aceitar que essas desigualdades sociais se coloquem entre o paciente e a prevenção. Hoje as pessoas que morrem mais são as que não sabem ler, as pretas, as que não têm dinheiro para pagar uma condução e ir ao médico, muitas vezes que têm que escolher entre ir ao médico e dar comida aos seus filhos, que não têm acesso a um serviço de saúde perto ou longe delas”, afirmou Luciana.

Segundo a médica, essas desigualdades se refletem diretamente na possibilidade de tratamento do câncer. Dos cerca de 600 mil novos casos notificados por ano, 40% das pessoas já descobrem o câncer em estágios avançados.

“O câncer é a doença das diferenças e infelizmente das desigualdades”, afirmou.

Os participantes do debate também lembraram que a pandemia do novo coronavírus (covid-19) tornou a situação ainda mais preocupante. De acordo com a presidente da Associação Presente de Apoio a Pacientes com Câncer, Priscila Bernardina Miranda Soares, a pandemia dificultou ainda mais o acesso das pessoas a exames para diagnóstico e também ao tratamento.

“O momento é extremamente desafiador. Já era antes e, com a pandemia, nós ganhamos ainda muito mais desafios e dificuldades. As taxas de rastreamento dos tumores mais frequentes como mama, próstata, boca e pele caíram drasticamente. O número de biópsias ainda continua muito tímido em relação ao que era na pré-pandemia, o acesso aos exames de imagens também diminuiu”, apontou Priscila.

A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene de Oliveira, disse que é necessário investir mais em ações de diagnóstico precoce da doença. Segundo Marlene, esse tipo de diagnóstico oferece melhores condições de cura. “Para mim, acesso é a palavra mágica quando a gente olha para o câncer”, disse.

Os investimentos em ações de prevenção também foram apontados pela médica Maira Caleffi como uma das ações mais eficazes no enfrentamento ao câncer. A presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) alerta que é preciso se estabelecer uma gestão do cuidado no tratamento do câncer, para tornar mais eficaz o enfrentamento da doença.

“A gente precisa saber onde estão os pacientes fazendo o processo de diagnóstico; segundo, saber quando ele foi diagnosticado, e terceiro, quando ele entrou em tratamento”, defende Maira.

A médica atentou para a necessidade de se fazer valer a legislação voltada para a notificação compulsória dos casos de câncer, que, segundo ela, ajudaria a melhorar o atendimento. “Como é que ela [a notificação compulsória] funciona para covid-19, mas não funciona para câncer?”, questionou.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) lembrou que o Congresso aprovou duas leis para tentar reduzir o tempo entre o diagnóstico e o tratamento da doença, as leis dos 30 e dos 60 dias.

A primeira, que entrou em vigor em 2019, é voltada para o diagnóstico precoce, e estabelece que exames para a confirmação do diagnóstico de câncer devem ser realizados em até um mês.

Já a chamada Lei dos 60 dias, começou a valer antes, em 2013, e diz que o paciente com câncer tem direito a se submeter ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 dias contados a partir do dia em que for assinado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único.

Segundo a deputada, é preciso fazer valer as leis para garantir o tratamento adequado aos pacientes. “Ela [Lei dos 60 dias] tem uma relação direta com Lei dos 30 dias que garante que, na suspeita de diagnóstico, os exames precisam ser feitos até em 30 dias e na confirmação, após a biópsia. Não é marcar a consulta, é realmente fazer o procedimento prescrito pelo médico”, disse Zanotto.

O deputado Weliton Prado (Pros-MG) disse que o enfrentamento ao câncer precisa ser priorizado com maior investimento em promoção e prevenção, investimento em diagnóstico precoce, novas tecnologias, medicamentos com comprovada eficácia, além de ampliação e modernização da rede pública.

Entre outros pontos, Prado citou um projeto que tramita na Câmara dos Deputados que cria o Fundo Nacional de Combate ao Câncer e de Assistência a Portadores, para custear programas, ações e projetos de prevenção, controle, rastreamento, diagnóstico e tratamento da doença.

“É fundamental aprovar esses projetos de leis, garantir a criação do fundo nacional para ter recursos suficientes para dar dignidade para que os pacientes tenham acesso ao diagnóstico precoce”, disse. “Não dá para o paciente esperar um ano para ter um diagnóstico, para iniciar realmente o tratamento”, acrescentou.

FONTE: Agência Brasil

Alimentos enriquecidos com vitamina B9 produzida por bactérias podem ser alternativa natural ao ácido fólico

As vitaminas são micronutrientes essenciais para a saúde: ajudam a fortalecer o sistema imune e garantem o funcionamento correto do metabolismo. No caso das gestantes, a vitamina B9 (ou folato) tem um papel muito importante, pois auxilia nos processos de replicação celular – fundamentais para o desenvolvimento embrionário – e para a formação de células e proteínas do sangue. Por esse motivo, é indicada a suplementação com ácido fólico, forma sintética da vitamina produzida em laboratório. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a recomendação de consumo diário para as grávidas é de 355 microgramas (µg).

Com o objetivo de ampliar as opções de alimentos suplementados com folato, duas pesquisadoras do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), conseguiram desenvolver produtos que contêm até 20% da necessidade diária desse nutriente, utilizando a sua forma natural em vez da sintética. Isso porque o consumo excessivo de ácido fólico está associado a alguns efeitos indesejados, como mascarar a deficiência de vitamina B12. A descoberta tardia dessa deficiência pode levar a pessoa a ter problemas neurológicos e anemia.

“O que está descrito na literatura é que, pelas formas naturais da vitamina, não existe esse problema. Mas a forma sintética demora mais para ser processada, pois precisa ser metabolizada no fígado para chegar a sua forma bioativa no organismo”, afirma Marcela Albuquerque, pós-doutoranda do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

Fermentação natural

Para produzir a vitamina B9, as pesquisadoras utilizam cepas de bactérias lácticas que são seguras para o consumo humano e que já são empregadas pela indústria de alimentos. “Após serem submetidas a determinadas condições, dependendo dos nutrientes disponíveis no meio, do pH e da temperatura, as bactérias que possuem os genes relacionados à biossíntese de folatos, podem produzir a vitamina. Depois, selecionamos as cepas com maior produtividade e aplicamos para o desenvolvimento de um produto fermentado, como leite ou iogurte”, explica Ana Clara Cucick, doutoranda da FCF.

Segundo ela, muitos países aderiram a programas de fortificação obrigatória de alimentos para combater a deficiência de folato, como o Brasil, por exemplo, onde as farinhas de trigo e milho são fortificadas com ferro e ácido fólico para prevenir a anemia e a má-formação dos fetos. Tal estratégia trouxe benefícios, como a redução de aproximadamente 30% na ocorrência de doenças do tubo neural em bebês, segundo relatório divulgado em janeiro de 2021 pela Anvisa, porém tem sido alvo de preocupação devido aos possíveis efeitos colaterais advindos da ingestão em excesso do ácido fólico.

Produtos desenvolvidos

Em seu estudo, Ana Clara conseguiu um leite fermentado que fornecia 20% da recomendação diária de ingestão de vitamina B9 em uma porção de 250 mililitros (ml). O produto também foi testado em animais para avaliar a biodisponibilidade do nutriente, ou seja, o quanto da vitamina contida no leite fermentado poderia ser aproveitado pelo organismo. Os animais que consumiram o alimento tiveram um aumento de hemácias (glóbulos vermelhos) e hemoglobinas (proteínas que transportam o oxigênio), mostrando que ele pode ser uma alternativa promissora para aumentar a ingestão de folato.

Já a pesquisadora Marcela Albuquerque desenvolveu um produto de soja fermentado que alcançou 14% da indicação diária de consumo da vitamina, além de conter microrganismos probióticos. Os dados, já publicados em um artigo científico, mostram que a combinação do subproduto do maracujá (descartado pela indústria) e de frutooligossacarídeos (ativos prebióticos) foi capaz de estimular a cultura de micro-organismos probióticos a produzirem folato. O produto também foi submetido a estresse gastrointestinal in vitro e mostrou uma maior bioacessibilidade de folato em relação aos controles.

Embora ainda faltem parcerias para possibilitar a transferência de tecnologia e a disponibilidade no mercado, os resultados são promissores e abrem caminho para novos produtos bioenriquecidos com a forma natural da vitamina B9.

Da Assessoria de Comunicação do FoRC

FONTE: Jornal da USP

Desinformação é maior entrave para controle do câncer do colo do útero

A desinformação, envolvendo muitos mitos e fake news (notícias falsas), é a principal barreira para o controle do câncer do colo do útero no Brasil segundo estudo divulgado hoje (3) pela Fundação do Câncer, dentro da campanha da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) alusiva ao Dia Mundial do Câncer, que se comemora amanhã (4). A pesquisa inédita Conhecimento e Práticas da População sobre Prevenção do Câncer do Colo do Útero tomou por base estudos publicados entre 2003 e 2020 na literatura científica nacional e internacional.

O objetivo foi identificar as barreiras e as lacunas existentes sobre a vacinação contra o vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus humano) e o rastreamento para o câncer do colo do útero, responsável pela morte de mais de 6 mil mulheres por ano no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer atingir, até 2030, metas que visem erradicar o câncer de colo do útero, causa de morte de mais de 331 mil mulheres por ano, em todo o mundo.

O médico epidemiologista Alfredo Scaff, consultor da Fundação do Câncer, disse que o câncer do colo do útero é evitável porque as pessoas já dispõem de uma vacina contra o vírus HPV, que causa a doença. O levantamento vem contribuir, segundo ele, para diminuir os buracos existentes entre os cuidados disponíveis para o controle desse câncer no mundo e no Brasil, devido à constatação de um distanciamento muito grande entre o acesso e a oportunidade do tratamento da doença entre pessoas, dependendo da região onde moram, se têm ou não plano de saúde ou acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Esse câncer é uma das maiores iniquidades que nós temos na oncologia hoje. É no mundo inteiro mas, no Brasil, isso é muito evidente. O câncer do colo do útero é o primeiro câncer que tem uma vacina”, disse Scaff, que acrescentou que 99% dos cânceres do colo do útero são causados pelo vírus chamado HPV, que tem uma vacina. “Tem que vacinar”.

Scaff estima que, em uma geração, pode-se controlar esse tipo de câncer. Ele reconheceu, entretanto, que existem problemas para se alcançar uma imunização completa da população-alvo, que são meninas entre 9 e 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos.

Conhecimento sobre o câncer de útero

A médica Flávia Miranda Corrêa, doutora em saúde coletiva, pesquisadora da Fundação do Câncer e responsável pela pesquisa, esclareceu que a primeira parte do levantamento, divulgado hoje, se refere ao conhecimento e práticas da população sobre a prevenção do câncer do colo do útero, tendo como público-alvo 7.712 crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos; 3.335 pais e responsáveis entre 18 e 82 anos; e 54.617 mulheres na faixa etária de 14 a 83 anos.

A segunda parte, envolvendo o conhecimento e práticas dos profissionais de saúde sobre prevenção e rastreamento, deverá ser liberada no final do próximo mês. Serviram de base à pesquisa 68 estudos, sendo 16 sobre vacinação e 52 sobre rastreamento da doença.

Resultados

Os primeiros resultados em relação às barreiras sobre a vacinação contra o HPV entre crianças e adolescentes mostram que entre 26% e 37% dos consultados não sabiam que a vacina previne contra o câncer do colo do útero; entre 53% e 76% ignoravam que a vacina diminui a incidência de verrugas nos órgãos genitais. Flavia afirmou que isso demonstra que a maioria das crianças e dos jovens ignora para que serve a vacina.

Entre os entrevistados, 82% acharam que a vacina protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Esse é um problema muito importante, porque a gente sabe que não é verdade. A vacina é específica para o HPV e pode dar uma sensação de falsa proteção. Esse desconhecimento tem que ser desconstruído”, apontou a médica.

Além disso, entre 36% e 57% das crianças e adolescentes ouvidos acham que a vacina pode ser prejudicial à saúde. Flávia contra-argumentou que a vacina é segura, está no mercado desde 2006 e há um monitoramento constante. A médica considerou que essa ideia apurada é errônea e pode ser um impeditivo muito grande para a vacinação.

Entre 35% e 47% acreditam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce. “Não é verdade. Inclusive no contexto do Brasil, nós sabemos que não induz a uma atividade sexual mais precoce”. Entre 32% e 50% não sabiam o número correto de doses. A vacina contra HPV é tomada em duas doses, no intervalo de seis meses, informou a pesquisadora da Fundação do Câncer.

Pais e responsáveis

O desconhecimento continua entre os pais e responsáveis: 17% não sabiam que a vacina previne câncer do colo do útero; 33% não tinham ideia sobre a prevenção de verrugas anais e genitais; 74% imaginavam que a vacinação previne outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); 20% achavam que o imunizante pode ser prejudicial à saúde; entre 34% e 61% não conheciam a população-alvo que deve ser imunizada contra o HPV; e 22% acreditavam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce dos filhos.

Flávia Corrêa disse que a vacina é cada vez mais eficaz quando usada em quem não tem atividade sexual ainda. Ela esclareceu que a vacina tem a função específica de evitar os danos do HPV, como verrugas, lesões precursoras e o próprio câncer de colo do útero. Advertiu que doenças como sífilis, contágio por HIV (Aids) e demais DSTs não são contempladas nessa imunização.

Rastreamento do câncer de útero

Os estudos para identificar se as mulheres conheciam os exames preventivos de rastreamento do câncer do colo do útero (Papanicolau) constataram conhecimentos e práticas inadequadas entre 40% e 71% do público consultado, respectivamente. Os motivos apontados pelas mulheres que nunca realizaram o exame preventivo foram: “não achavam necessário” (45%), “não foram orientadas” (15%), “tinham vergonha” (13%) e “nunca tiveram atividade sexual” (8,8%).

A conclusão da pesquisa da Fundação do Câncer é que o conhecimento deficiente e práticas equivocadas sobre a vacinação contra HPV e o rastreamento do câncer do colo do útero estão associados à baixa renda, menor escolaridade, cor da pele parda ou negra, residência em áreas urbanas pobres e rurais, o que reforça a importância da luta contra a iniquidade.

É preciso ainda esclarecer a população quanto a problemas relacionados a falsas informações e fake news divulgadas pela internet sobretudo, que facilitam práticas equivocadas. A Fundação do Câncer pretende atuar para passar informações corretas e de qualidade para toda a população.

Vacinação gratuita

Alfredo Scaff destacou que o Brasil é um dos poucos países do mundo em que a vacinação contra o HPV é universal, pública e gratuita pelo SUS, integrando o Programa Nacional de Imunização (PNI). O problema, reiterou, é a falta de informação para a vacinação. A imunização contra o HPV é menor entre meninos do que entre as meninas. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi 36,4%.

Além de a vacina para meninos ter sido iniciada dois anos depois que a das meninas, a médica Flávia Corrêa explicou que há desconhecimento de que a vacina é importante para os garotos não só para que eles não transmitam o HPV para as meninas mas, também, para protegê-los de doenças relacionadas ao vírus HPV, como câncer de pênis, câncer anal e de orofaringe (parte da garganta localizada atrás da boca).

No dia 4 de março, no Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV, a Fundação do Câncer mobilizará a população sobre o tema, com postagens em suas redes sociais. Em 26 de março, Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, a entidade abrirá inscrições para um curso voltado aos profissionais de saúde, com foco na atenção primária, cujo início está previsto para abril.

FONTE: Agência Brasil

Qualidade da gordura da dieta materna pode interferir no peso de bebês ao nascer

Estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sugere que a gordura ingerida pela mãe está associada ao peso do recém-nascido

A dieta materna está diretamente associada à saúde do bebê durante a gestação e cientistas já avançam no entendimento dos fatores que contribuem para essa relação. Estudo realizado por pesquisadoras da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra que a qualidade da gordura ingerida pela mãe está associada com o peso do recém-nascido de acordo com a idade gestacional.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima, primeira autora do artigo publicado pela Nutrition em novembro e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da FMRP.

O estudo contou com 734 pares de mães com boa saúde e bebês que realizaram pré-natal em Unidades Básicas de Saúde em Ribeirão Preto, entre os anos de 2011 e 2012. “Nós empregamos dois formulários com o objetivo de registrar tudo o que foi consumido pelas entrevistadas nas últimas 24 horas. Depois, avaliamos o peso ao nascer, sexo e duração da gestação com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Por fim, avaliamos a qualidade da gordura na dieta materna”, explica.

Para entender a qualidade da ingestão de gordura das mães, as pesquisadoras trabalharam na análise de três tipos de gordura, que também podem ser chamadas de ácidos graxos: saturadas, monoinsaturadas e poli-insaturadas. As saturadas podem ser encontradas em alimentos de origem animal: carnes vermelhas e brancas, pele de aves, leite, queijo, manteiga e creme de leite. Além de origem vegetal como coco, dendê e o babaçu.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima.

Já os monoinsaturados são encontrados em alimentos como abacate, castanhas, azeite de oliva e óleo de canola. O consumo desse tipo de gordura pode diminuir o LDL, que é chamado de colesterol ruim, e estimular o HDL, que é conhecido como colesterol bom. O último tipo de gordura avaliada foram as poli-insaturadas, que podem ser encontradas em ovos, óleos de soja e girassol, sardinha, salmão e azeite de oliva.

Entretanto, engana-se quem pensa que as gorduras têm apenas impacto negativo. “Os ácidos graxos tem um impacto positivo desde que consumidos em quantidade, qualidade e proporção adequadas. Dessa forma, as diretrizes internacionais preconizam a retirada da gordura trans, redução do consumo da gordura saturada e inclusão em quantidade adequada das gorduras insaturadas, que são as monoinsaturadas e poli-insaturadas”, afirma Maria Carolina.

Dessa forma, o estudo observou que a ingestão de alguns ácidos graxos apresenta um fator protetor se consumidos de forma equilibrada. “Gestantes tiveram 48% menos chance de ter filho grande para a idade gestacional com o consumo de gorduras poli-insaturadas na quantidade adequada. Os dados reforçam a importância de avaliar a qualidade da gordura ingerida e do acompanhamento do nutricionista durante a gestação”, completa.

Além de Maria Carolina, o estudo A better quality of maternal dietary fat reduces the chance of large-for-gestational-age infants: A prospective cohort study conta com autoria de Izabela da Silva Santos e de Lívia Castro Crivellenti sob orientação da professora Daniela Saes Sartorelli, todas da FMRP.

Mais informações: e-mail mariacarolina017@usp.br

Por Giovanna Grepi

FONTE: Jornal da USP

Saúde após os 60: a importância do acompanhamento médico no envelhecimento

Você já pensou sobre o envelhecimento?

Para muitas pessoas o envelhecimento é um tabu. Temos a ideia de que, chegados os 60 anos, a vida acaba ficando mais monótona. Entretanto, cada vez mais, os 60 são considerados os novos 40 e se você chegou ou está chegando a essa idade, definitivamente, não é velho.

Certamente, você está experimentando aquela sensação de que é cedo demais para ser rotulado como idoso e aderir ao time da terceira idade. Isso porque a terceira idade ainda possui muitos estigmas e rótulos que já não cabem para a população do século XXI.

Basta lembrar que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou em 31,1 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma pessoa nascida no Brasil em 2019 tem uma expectativa de vida de em média, até 76,6 anos. 1

Vale ressaltar, também, que segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) publicado no portal de notícias Agência Brasil, dos 210 milhões brasileiros 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. Dessa população 15% ainda trabalham e 75% contribuem para a renda da casa. 2

Os dados mostram que a população acima de 60 anos está saudável é independente e continua contribuindo para o bem-estar da família e da comunidade. O envelhecimento saudável é um processo contínuo que requer mudanças de hábitos para melhorar a saúde física, mental e social. 3

Quer saber como cuidar da sua saúde após os 60 anos? Então, você está no lugar certo. Confira algumas informações sobre a importância dos hábitos saudáveis e acompanhamento médico na terceira idade.

Envelhecimento: Saúde após os 60 anos

Preservar a saúde é uma das principais preocupação das pessoas, principalmente quando chegam na terceira idade. Isso porque ela é fundamental para mantermos uma vida saudável, com qualidade de vida e bem-estar. 4

O processo de envelhecimento, naturalmente, provoca mudanças no corpo e na mente. Por mais que a gente não queira, com o passar dos anos, nosso corpo já não responde aos estímulos da mesma forma que nos nossos 20 anos. 4

Segundo Caderno de Atenção Básica Sobre o Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, parte das dificuldades encontradas nessa fase da vida estão relacionadas a uma cultura que desvaloriza e limita pessoas na terceira idade. Isso sem falar das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que também podem afetar a funcionalidade dos idosos. 4

Mas isso não quer dizer que não há como ter saúde após os 60 anos. Uma vida saudável não tem a ver com idade, mas, sim, com os hábitos que adotamos no dia a dia. Manter-se ativo fisicamente e mentalmente é um desafio grande para muitos idosos, mas completamente possível. 4

O mais importante é saber que é possível lidar com essas limitações, ter um envelhecimento saudável e quebrar alguns tabus que a sociedade possui em relação à terceira idade.

Confira alguns dos tabus que precisamos começar a quebrar!

Envelhecimento: Pessoas idosas são todas iguais

Certamente, ao longo da vida você deve ter ouvido que somos todos iguais. Em parte, isso é verdade, possuímos os mesmo direitos e deveres na sociedade, mas isso não quer dizer que como seres humanos individuais somos iguais.5

Cada pessoa tem sua personalidade, individualidade, ou seja, características que fazem dela única, como forma de agir, pensar, sentir, valores morais, traços emocionais entre outros aspectos. Agora, se vivemos com essas características únicas a vida toda, por que temos a ideia de que ao chegar aos 60 anos perdemos essa individualidade? 5

Pensar que pessoas idosas são todas iguais é um equívoco muito comum. O erro está em ter uma visão homogênea sobre a velhice, quando, na verdade, ocorre justamente ao contrário. Essa é uma das fases da vida mais diversa que existe, já que a velhice envolve múltiplos aspectos e variáveis que resultam em indivíduos com características, necessidades e objetivos de vida diferentes.5

Ao rotularmos as pessoas idosas, contribuímos para a criação e fortalecimento de estereótipos que tornam a rotina desses indivíduos mais difícil. 5

Pessoas com mais de 60 anos não fazem sexo

Sexo é um tema que causa reações diversas nas pessoas. Alguns encaram com naturalidade, já outros ficam envergonhados ou agem com repulsa só de ouvir falar sobre. 5,6

Se apenas o tema sozinho causa diversas reações, imagina se inserimos ao tema faixa etárias, como sexo na terceira idade. Algumas pessoas certamente se perguntam: existe isso?

O fato é que sexo na terceira idade existe e falamos pouco sobre esse tema. Enxergar a pessoa idosa como um ser humano que não possui mais desejos sexuais também é um estereótipo amplamente difundido na sociedade, mas é importante ter em mente que amor e desejo não têm idade. 5,6

O desejo existe enquanto há vida e pode ser (re)descoberto ao longo das fases da vida. Viver a sexualidade independentemente da idade melhora a autoestima, o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde. 6

Por isso, quebrar esse estereótipo de que idosos não fazem sexo é importante para que o tema seja discutido e fique cada vez mais naturalizado para toda a sociedade. 5,6

A importância do acompanhamento médico

Outro tabu muito difundido para a população da terceira idade é de que velhice é sinônimo de doença. Esse é um grande equívoco.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o envelhecimento está associado a mudanças nos processos biológicos, fisiológicos, ambientais, psicológicos, comportamentais e sociais do ser humano. 7

Mas é importante ressaltar que o envelhecimento não é sinônimo de doença, muito menos, um processo igual para todos. Para algumas pessoas, as mudanças relacionadas a idade são positivas, já outras resultam em declínio em função dos sentidos e atividades da vida cotidiana. 7

O avanço da idade é um fator de risco para o surgimento de doenças crônicas e degenerativas, mas isso não quer dizer que todos teremos doenças ou até mesmo que não haverá qualidade de vida caso desenvolva uma doença crônica como pressão alta, por exemplo. 7

Com mudanças de hábitos, é possível ter um envelhecimento saudável. Uma boa saúde proporciona mais qualidade de vida aos anos. Esses anos adicionais com boa saúde contribuem para que a pessoa continue participando e sendo parte integrante de suas famílias e comunidades.8,9

Por isso, o acompanhamento médico é tão importante para essa fase da vida. Após os 60 anos, o corpo passa por mudanças e fazer o acompanhamento médico especializado é uma forma de ajudar seu corpo e mente a passar por esse processo e garantir saúde e qualidade de vida. 8,9

Não deixe para amanhã o que você pode começar hoje. Faça acompanhamento médico regular e garanta mais saúde e bem-estar para sua vida. 8,9

Que tal, daqui para frente, começarmos a quebrar alguns desses estereótipos? Você pode ajudar outras pessoas a se conscientizarem sobre a importância da quebra dos tabus e cuidados com a saúde compartilhando esse conteúdo. 8,9

Aqui, no blog, temos diversos conteúdos sobre alimentação e exercícios para diversas patologias, além de dicas e informações importantes para o seu tratamento. Fique por aqui e confira outros conteúdos incríveis.

Referências:
  1. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29502-em-2019-expectativa-de-vida-era-de-76-6-anos7
  2. https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-10/dia-nacional-do-idoso-conheca-politicas-publicas-para-essa-populacao
  3. https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa
  4. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_saude_pessoa_idosa.pdf
  5. https://institutodelongevidademag.org/longevidade-e-saude/autonomia/master-mitos-e-verdades-60-anos
  6. https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2019/09/26/interna_bem_viver,1087673/desejo-na-terceira-idade-existe-e-precisa-ser-encarado-de-forma-natura.shtml
  7. https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2020/10/D%C3%A9cada-do-Envelhecimento-Saud%C3%A1vel-2020-2030.pdf
  8. https://sbgg.org.br/envelhecimento-e-longevidade/
  9. https://sbgg.org.br/confira-3-mitos-sobre-o-envelhecimento/
BR-16049. Material destinado a pacientes. Dez/2021

Retinoblastoma, teste do Olhinho é primeiro passo para identificar a doença

O Teste do Olhinho, conhecido como teste do reflexo vermelho, feito ainda na maternidade, até 72 horas de vida do bebê, é o primeiro exame que ajuda na detecção precoce de doenças oculares que podem afetar crianças. Entre essas doenças está o retinoblastoma, um tipo raro de tumor intraocular maligno primário, ou câncer no olho, de origem genética, mais comum entre as crianças de até 5 anos de idade. Ele tem origem em células da retina e pode afetar um olho (unilateral) ou os dois. A estimativa é que, por ano, cerca de 6 mil crianças no mundo sejam afetadas por essa doença. 

O alerta foi dado hoje (30), em nota conjunta, assinada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP). Ontem (29), o jornalista Tiago Leifert e sua mulher Daiana Garbin anunciaram que a filha de 1 ano tem a doença e fizeram um alerta aos pais.

“Lamentamos o ocorrido e nos colocamos de forma solidária ao lado desta família para ajudar no que for preciso. No entanto, nossas entidades entendem que a discussão sobre o assunto, que cresceu nas últimas horas, deve ser pautada por conhecimento fidedigno, com validade científica e relevante. Em momentos assim, lacunas de informação podem abrir espaço para distorções que impedem acesso à compreensão sobre como o retinoblastoma se manifesta, pode ser diagnosticado e deve ser tratado”, ressaltou o presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino.

Segundo ele, pais e responsáveis devem optar pelos cuidados de médicos especializados, como oftalmologistas, uma vez que tratamentos como ‘self-healing’ (auto cura) ou prática de exercícios oculares, “não têm comprovação científica e, portanto, não servem para curar o retinoblastoma ou qualquer outra doença que afeta o aparelho da visão”, como glaucoma, catarata, doenças retinianas, entre outras. Na avaliação de Umbelino, essas abordagens podem retardar o início de tratamentos corretos, com chance de comprometerem parcial ou totalmente a visão e, inclusive, a vida do paciente, em caso de tumores.

Retinoblastoma, exames completos

O CBO e a SBOP recomendaram que o Teste do Olhinho deve ser repetido pelo pediatra pelo menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança. Bebês de seis a 12 meses devem passar por um exame oftalmológico completo e, posteriormente, entre 3 e 5 anos de idade, devem ser submetidos a uma segunda avaliação semelhante.

A presidente da SBOP, Luísa Hopker, afirmou que os exames oftalmológicos completos são fundamentais para detecção de condições que afetam a saúde ocular das crianças.

“Em caso de suspeita, no consultório, o paciente passa por exame oftalmológico com a pupila dilatada. Se houver necessidade, é realizado outro teste, sob sedação, em centro cirúrgico. A ultrassonografia ocular deve ser realizada e pode mostrar pontos brilhantes intralesionais consistentes com cálcio. A tomografia computadorizada também pode mostrar as calcificações quando a ultrassonografia não está disponível. A ressonância de crânio é necessária para realizar o estadiamento do tumor”, explicou.

O tratamento para a retinoblastoma depende de vários fatores, entre os quais, a localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão. Diferentes procedimentos podem ser adotados, incluindo quimioterapia (intravenosa, intra-arterial, periocular e intraocular), terapia focal e métodos cirúrgicos. Luísa informou que nas últimas décadas, as técnicas de tratamento do retinoblastoma têm apresentado avanços consideráveis, com taxas de cura superiores a 95%, uma vez adotado o tratamento adequado.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é muito importante, na avaliação dos presidentes do CBO e da SBOP. A presidente da SBOP disse que o tratamento terapêutico é individual, adaptado a cada caso e baseado em aspectos como lateralidade, localização e tamanho do tumor primário, presença de metásteses e prognóstico visual estimado.

Os pais e responsáveis devem estar atentos para alguns sinais que podem indicar a presença do retinoblastoma, entre elas, uma alteração do reflexo vermelho dos olhos, observada em fotografias e caracterizada por um reflexo branco na pupila, chamado reflexo do olho de gato. Essa mancha esbranquiçada é denominada leucocoria e pode impedir a passagem de luz. Estrabismo também pode estar associado ao retinoblastoma.

De acordo com os especialistas, essa doença está associada a uma anormalidade genética no cromossomo número 13. Apenas 10% dos pacientes têm um membro da família com retinoblastoma e 40% manifestam uma forma genética herdada do tumor, mesmo que ninguém mais na família tenha o problema. Na maioria dos casos, em torno de 90%, o retinoblastoma aparece de repente, sem nenhum evento associado e sem aviso prévio, não estando associado a fatores externos dos pais, como fumar, beber etc.

Outras informações sobre o retinoblastoma podem ser obtidas no site da SBOP.

FONTE: Agência Brasil

Doença de chagas, parasita causador sequestra proteína essencial no núcleo de célula infectada

Doença de chagas, pela primeira vez em mais de 110 anos, a ciência consegue evidências de uma relação complexa e íntima entre o protozoário Trypanosoma cruzi e o núcleo da célula hospedeira

Mais de um século após de ter sido descrita pela ciência e com cerca de 7 milhões de pessoas infectadas atualmente no mundo, cientistas conseguem resultados importantes que podem ajudar no controle da doença de Chagas. A equipe liderada pela professora Munira M. A. Baqui, do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, descobriu que o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença, toma o controle de uma proteína essencial no núcleo da célula infectada para favorecer a continuidade do seu ciclo de vida no hospedeiro.

Foto: Camila Gachet de Castro/Arquivo pessoal

Essa é a primeira vez, garantem os pesquisadores, que se obtém “evidências de uma relação complexa e íntima entre T. cruzi e o núcleo da célula hospedeira durante a infecção”. O grupo observou que o parasita sequestra a proteína U2AF35, essencial para o início do processamento do RNA –  o que impacta diretamente nos RNAs maduros da célula hospedeira e em suas funções.

A invasão e manipulação das células do organismo infectado é uma estratégia comum dos protozoários, mas, segundo a professora Munira, até hoje pouco se sabe o que ocorre no núcleo e, principalmente, como fica a “regulação da atividade transcricional da célula hospedeira quando infectada pelo T. cruzi”.

Entrada do parasita (P) na célula (C), microscopia de varredura – Foto: Camila Gachet de Castro/Arquivo pessoal

Os resultados do estudo foram obtidos durante a pesquisa de doutorado de Camila Gachet de Castro, sob orientação da professora Munira, e publicados pela Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. Os autores deixaram evidente que o T. cruzi pode alterar funções nucleares complexas como a modulação da transcrição e splicing do RNA, molécula essencial para a manutenção das funções biológicas da célula. Conta a professora que o parasita causador da doença de Chagas consegue “alterar a expressão das proteínas que são importantes para copiar informações do DNA, diminuindo a atividade dessas proteínas e afetando as novas que seriam geradas ao final do processo”.

O processo envolve uma complexa maquinaria molecular chamada spliceossomo, formada por um conjunto de proteínas que existe nas células responsáveis pelo processamento do RNA. Ao final do processo de splicing, se tem o RNA maduro que será traduzido em proteínas com diversas funções na célula.

Para a pesquisa, os autores estudaram células em cultura infectadas com o T. cruzi, através de ensaios celulares, bioquímicos e de biologia molecular em que puderam acompanhar as mudanças que ocorriam nas proteínas nucleares das células infectadas.

Esperança para controle da doença de chagas negligenciada

A descoberta da equipe da USP deve ser comemorada pela comunidade científica, pois abre caminho para novos tratamentos de uma doença tropical silenciosa e negligenciada. “Os medicamentos existentes são poucos, causam muitos efeitos colaterais e não funcionam em todas as fases da doença”, informa a pesquisadora.

Na verdade, a doença de Chagas só tem cura na fase inicial, que, em geral, passa despercebida e continua fazendo vítimas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são relatados 30 mil novos casos por ano de pessoas infectadas com o parasita.

Descoberta em 1909 pelo médico sanitarista brasileiro Carlos Chagas, a doença é endêmica em 21 países do continente americano, com destaque para o Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia e México. No Brasil, é a quarta causa de morte entre as infecções parasitárias, conforme dados do boletim especial do Ministério da Saúde de abril do ano passado.

Com o peso da negligência, afetando regiões mais pobres do planeta, a doença de Chagas só possui tratamento curativo em suas primeiras fases, até 12 semanas após a infecção, e ainda conta com o agravante de não apresentar nenhum sintoma em muitas pessoas, que só vão descobrir a doença décadas depois em um exame de rotina ou ao apresentarem comprometimento mais grave, como o do coração.

Diante do quadro de vulnerabilidade social e falta de opção de medicamento, os achados da pesquisa podem “auxiliar no descobrimento de novas vias celulares usadas pelo parasita que ainda não se conheciam”, informa Munira, antevendo novas e mais efetivas formas de tratamento para a doença. De toda forma, a professora adianta que “mais pesquisas são necessárias para descobrir vias específicas que o parasita utiliza e entender o seu ciclo intracelular”.

Mais informações: e-mail munira@fmrp.usp.br, com a professora Munira Baqui

Por Rita Stella

FONTE: Jornal da USP

Pequena proteína reduz níveis de açúcar, gera patente e pode ser aliada no combate à diabete

Sintetizado a partir de substância produzida no sangue, o peptídeo Ric4 reduz níveis de açúcar no organismo, e, futuramente, poderá ser usado em medicamentos para controle da diabete

Uma pequena proteína cuja origem são as células do corpo humano pode ter um grande papel no controle da diabete. Em pesquisa com participação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, cientistas descobriram que o peptídeo Ric4, sintetizado a partir de uma proteína produzida pelas células sanguíneas, aumentou a sensibilidade à insulina e reduziu a glicemia, ou seja, o nível de açúcar no sangue. Os estudos sobre a estrutura e as propriedades do Ric4, realizados em animais, geraram uma patente que, no futuro, poderá dar origem a medicamentos para tratar a diabete, e que sirvam de alternativa à terapia com insulina.

Os resultados do trabalho são mostrados em artigo publicado no site da revista científica Pharmaceuticals, no último dia 16 de dezembro. A diabete tipo 2 acontece quando o corpo desenvolve resistência à insulina, responsável por processar o açúcar no organismo e levá-lo às células, o que aumenta a concentração de açúcar na corrente sanguínea.

“Há alguns anos, nosso laboratório desenvolveu um teste em modelo animal que encontrou alterações em um grupo de peptídeos intracelulares (InPeps), que são pequenas proteínas produzidas no interior das células, normalmente a partir de proteínas maiores”, explica ao Jornal da USP o professor Emer Ferro, do ICB, coordenador do estudo. “Os animais testados apresentaram maior sensibilidade à insulina e, consequentemente, maior captação de glicose e glicemia reduzida. Nossa hipótese era de que isso aconteceu devido às alterações nos níveis de InPeps.”

Emer Suavinho Ferro – Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Em seguida, os pesquisadores sintetizaram quimicamente em laboratório quatro peptídeos, que foram denominados Ric1, Ric2 e Ric3 e Ric4. “O Ric 1 e o Ric2 foram identificados no músculo gastrocnêmio (batata da perna) e são derivados da proteína troponina I; o Ric3 foi encontrado no tecido adiposo epididimal (na região do púbis), produzido a partir da proteína de ligação acil-CoA, e o Ric4 é derivado da subunidade alfa da hemoglobina, proteína existente no sangue”, descreve o professor. “Nosso objetivo foi identificar se algum desses peptídeos poderia reproduzir farmacologicamente a maior sensibilidade à insulina e à glicemia reduzida observada nos animais.”

Captação de Glicose

“Caso isso acontecesse, poderíamos identificar um novo peptídeo que poderia ser usado no tratamento de pacientes diagnosticados com pré-diabete ou diabete tipo 2, que possuem elevados níveis de glicose e não respondem à insulina”, relata Ferro. “Foram realizados testes de viabilidade celular em cultura de células, de avaliação do efeito dos peptídeos nos níveis de expressão de proteínas específicas (Western Blotting), de estabilidade enzimática, de expressão gênica (PCR), de captação de glicose em tecidos animais e culturas de células de camundongos, e de tolerância e transporte de glicose, em células e modelos animais.”

Pesquisas sobre a estrutura e as propriedades do peptídeo Ric4 e seus derivados geraram uma patente que pode ser aproveitada futuramente na pesquisa e criação de  novos medicamentos para tratar a diabete tipo 2, e que sirvam de alternativa à terapia com insulina; na imagem, profissional da saúde medindo glicose de paciente – Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

A pesquisa verificou que dois derivados do peptídeo Ric4 (Ric4-2 e Ric4-15) possuem ação hipoglicemiante, isto é, induzem a captação de glicose e reduzem a glicemia em animais após administração oral. “As análises sugerem que o peptídeo se liga ao receptor de insulina para induzir a captação de glicose, de forma independente da insulina, esta última também um peptídeo, aumentando sua sensibilidade”, aponta o professor do ICB. “Modificações estruturais do Ric4 natural, que geraram o Ric4-2 e o Ric4-15, reduziram sua degradação por enzimas digestivas, sem prejudicar a ação farmacológica. Em resumo, peptídeos como o Ric4 podem exercer ação similar à insulina e podem ser úteis no tratamento de pacientes com diabete tipo 2.”

De acordo com Ferro, apesar da significância biológica e farmacológica, as possíveis aplicações clínicas do Ric4 ainda merecem mais investigações. “O estudo indica que pacientes com pré-diabete ou diabete tipo 2, que têm hiperglicemia resistente à insulina, poderiam ser tratados com Ric4 ou com seus análogos, Ric4-2 e Ric4-15. Porém, ensaios adicionais precisam ser realizados para avaliar a potência do peptídeo em reduzir a glicemia de portadores de diabete tipo 2”, destaca Ferro. “Nosso trabalho reforça a perspectiva que os peptídeos podem manter sua atividade farmacológica após administração oral, ‘quebrando’ o dogma que dentro do corpo eles são imediatamente degradados por enzimas digestivas.”

Além da publicação do artigo, um pedido de patente do peptídeo Ric4 foi depositado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pela Agência USP de Inovação (Auspin) e pela INOVA, Agência de Inovação da Unicamp. “Embora o pedido tenha sido depositado em maio de 2018, nenhuma empresa até o momento se interessou em licenciar a patente do Ric4 para desenvolvimento de um fármaco alternativo à insulina para o tratamento da diabete tipo 2”, conclui o professor.

O trabalho teve a participação dos pesquisadores Renée Silva, Ricardo Llanos, Rosangela Eichler e do professor Emer Ferro, do Departamento de Farmacologia do ICB,  do pesquisador Thiago Oliveira e do professor William Festuccia, do Departamento de Fisiologia do ICB, e do professor Fabio Gozzo, do Instituto de Química da Unicamp.

Mais informações: e-mail eferro@usp.br, com o professor Emer Ferro

Por: Júlio Bernardes

Arte: Ana Júlia

FONTE: Jornal da USP

Como saber que estou tendo um infarto?

Você sabia que existem sintomas de alerta que ajudam você a perceber que está tendo um infarto e ser socorrido mais rápido?

O infarto acontece por conta de um bloqueio do sangue quando ele está a caminho do coração, o que pode causar danos ao músculo cardíaco. É muito importante que você entenda os sintomas do infarto para que possa ser socorrido ou chamar o socorro.

Além disso, nesse texto, vamos mostrar várias maneiras de prevenir que você sofra um infarto e cuide melhor da sua saúde e do seu coração.

Continue lendo o texto para saber melhor sobre o assunto.

O que é o infarto?

O infarto, ou ataque cardíaco, acontece quando o fluxo do sangue que está indo para o coração é bloqueado. Esse bloqueio acontece com mais frequência por acúmulos de gordura, colesterol ou outras substâncias que acabam formando placas nas artérias responsáveis por levar o sangue até o coração, chamadas de artérias coronárias.

Existe a possibilidade dessa placa se romper e formar um coágulo, dificultando ainda mais o fluxo sanguíneo.

O tratamento para o infarto melhorou muito ao longo os anos, mas ainda é algo grave que deve ser prevenido e que, quando ocorre, o paciente precisa ser socorrido com rapidez.

Alguns infartos podem acontecer repentinamente, mas é comum que muitas pessoas apresentem sinais de alerta e alguns sintomas com dias e até semanas antes de realmente terem o infarto.

Os sintomas e a gravidade podem variar de acordo com cada organismo e hábitos de cada pessoa, também há casos em que as pessoas não apresentam sintomas.

De acordo com um estudo da American Heart Association, 20% dos infartos são silenciosos e descobertos somente depois, quando o paciente realiza exames de rotina.

Sintomas de infarto

Como dito antes, o infarto pode gerar alguns avisos dias e até semanas antes ou pode aparecer de forma repentina.

Assim como, em uma música, você precisa da melodia junto com a letra para conseguir identificá-la, no infarto saber os sintomas e conhecer o seu corpo pode te ajudar a percebê-lo e a tomar providencias o mais rápido que conseguir.

Alguns sinais de alerta podem ser:

  • Pressão, aperto ou dor no peito e nos braços que podem se espalhar pelo pescoço, mandíbula e costas;
  • Náuseas e vômitos;
  • Indigestão;
  • Azia;
  • Dor abdominal;
  • Falta de ar;
  • Suor frio;
  • Fadiga;
  • Tontura;
  • Formigamento no braço esquerdo e pescoço;

Alguns sinais podem variar de homem para mulher, fique atento:

Infarto em homens

A dor do infarto nos homens é, geralmente, percebida como uma pressão no peito, podendo ser acompanhada de suor sem estar sentindo calor, o famoso suor frio. Além disso, os homens também podem sentir dor nos braços, dor na boca do estômago e até na mandíbula. Tonturas e desmaios durante a dor também podem acontecer.

Infarto em mulheres

Nas mulheres, os sinais de infarto acabam variando mais. Elas também sentem dores, mas as descrevem como um tipo de queimação ou sensação de pontadas na região do peito.

Como agir se sentir esses sintomas?

Se você sentir esses sintomas ou presenciar alguém sentindo, é importante agir imediatamente. Algumas pessoas esperam muito tempo porque não reconhecem os sinais e sintomas importantes, por isso, fique sempre atento e ligue para ajuda médica de emergência.

ATENÇÃO: não dirija sozinho, apenas se não houver outras opções, você pode acabar colocando pessoas e a si próprio em risco.

Fatores de risco para o infarto

Os fatores de risco para o infarto podem variar muito de pessoa para pessoa, mas no geral eles estão relacionados a:

  • Idade: homens com 45 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais;
  • Tabaco;
  • Pressão alta;
  • Níveis elevados de colesterol ou triglicérides;
  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Síndrome metabólica;
  • Histórico familiar;
  • Sedentarismo;
  • Estresse constante.

Como prevenir o infarto?

Prevenir o infarto é a parte fundamental para não ter complicações futuras, por isso, temos algumas informações para melhorar seu estilo de vida e ajudar você a cuidar melhor do seu coração, prevenindo não só o infarto, mas também outras doenças no músculo cardíaco.

Manter consultas regulares ao cardiologista, ter um peso saudável para seu corpo, fazer atividade física com frequência e manter uma alimentação balanceada são atitudes que ajudam a preservar toda a sua saúde e prevenir diversas doenças.

Se você já toma algum medicamento para reduzir o risco de infarto e ajudar a melhorar o funcionamento do coração e, só por isso, acredita que está livre de fazer atividades físicas e manter uma alimentação saudável, está enganado. O medicamento controla o problema, mas sozinho tem sua eficácia reduzida.

Além disso, outras formas de prevenir o infarto é não fumar, controlar o estresse, controlar doenças crônicas como pressão alta, diabetes e o colesterol.

Essas são mudanças de hábitos simples que podem ajudar você a evitar que a saúde do coração fique prejudicada e gere problemas futuros. Nesse mês, no dia 29/09, é o Dia Mundial do Coração e, por isso, esse mês é representado com a cor vermelha.

Aqui no FazBem queremos ajudar você a melhorar a saúde do seu coração e entender a importância que esse músculo tem para a sua saúde e o funcionamento de todo o seu organismo.

Pensando nisso, estamos aproveitando o Setembro Vermelho e realizando uma campanha para ajudar você com todo esse processo de cuidado com esse órgão tão importante.

Saiba mais sobre essa campanha em nosso site!

CTA: Conheça a campanha!

 

Referências:
BR-13435. Material destinado a pacientes. Out/2021

Como dormir bem com refluxo gastresofágico

Se você tem refluxo, sabe como encontrar uma posição na hora de dormir pode ser difícil. Sono e refluxo nunca foi uma relação muito simples, mas isso não quer dizer que quem convive com essa doença não possa ter noites tranquilas.

Se você tem refluxo e está passando por dificuldades na hora de dormir, preparamos esse conteúdo para ajudá-lo. Leia até o final para descobrir como dormir bem com o refluxo.

O refluxo

O refluxo é uma doença crônica que afeta muitas pessoas. Ele pode acontecer a partir do momento que o conteúdo ingerido, que já está no estômago, retorna ao esôfago e gera sintomas desagradáveis. 1

Suas causas podem ser diversas, desde o relaxamento do músculo esfíncter, que separa o esôfago do estômago, até hernia de hiato. 1, 2

Os fatores de risco também podem aumentar as chances de desenvolvê-lo, como a obesidade, cigarro, álcool, refeições volumosas, aumento da pressão intra-abdominal e outros. 2, 3

Para saber mais sobre a doença do refluxo, leia Doença do refluxo gastroesofágico: a importância do controle para evitar crises

O refluxo tem tratamento e pode ser evitado com algumas atitudes simples, como:4

  • Comer em menores quantidades a cada 2 ou 3 horas;
  • Aumentar o consumo de frutas e legumes;
  • Evitar beber líquidos durante as refeições;
  • Fazer as refeições devagar e mastigar bem os alimentos;
  • Beber chá de camomila, pois ele acalma o intestino e o estômago;
  • Perder peso ou impedir ganho adicional;
  • Evitar roupas apertadas.

Sono e refluxo

É comum algumas pessoas se queixarem de que o refluxo piora e atrapalha o sono quando vão se deitar. Existem várias explicações para isso, por exemplo, quando você se deita, a gravidade já não está mais ajudando a manter o líquido estomacal para baixo, o que pode aumentar as crises de refluxo.3

Outro exemplo é a saliva, que ajuda a neutralizar o ácido no estômago, mas nos estágios mais profundos de sono, a produção de saliva diminui.3

O aumento de sintomas do refluxo após se deitar, pode acabar gerando, além da perda de sono, azia, dores no peito e tosse.3

O refluxo também pode estar relacionado com a apneia do sono, causada por um bloqueio nas vias aéreas que pausa a respiração durante o sono. É provável que o refluxo também acabe afetando as vias aéreas e piore a apneia do sono.3

Algumas atitudes simples podem ajudar a melhorar a sua noite de sono, mas para isso é importante que você adote mudanças no seu estilo de vida também.3

Para reduzir os gatilhos do refluxo, antes de tudo, é importante que você procure um médico e converse com ele sobre suas noites de sono ruins. Converse com ele sobre as dicas para dormir melhor que vamos dar agora e veja se ele concorda e pode acrescentar outros pontos importantes também.3

Algumas dicas para dormir melhor são:3

  • evitar comer muito tarde: não durante as 3h antes de ir dormir, dessa forma, o estômago consegue fazer a digestão melhor até a hora que você for se deitar.3
  • estudos mostram que dormir do lado esquerdo é a melhor posição para pessoas com refluxo, isso porque, dormir desse lado reduz a exposição do esôfago ao ácido gástrico, diminuindo as chances de refluxo.3
  • Dormir de costas pode causar mais crises de refluxo que o normal.3
  • Levante a cabeceira da cama: manter a cabeceira da cama mais elevada, ajuda a evitar o refluxo. Mas estamos falando da cama mesmo, ok? Não apenas do seu travesseiro. Elevar a cabeceira da cama em pelo menos 15 centímetros ajuda a reduzir o refluxo durante a noite. Uma dica é, se você tiver condições, compre uma cama com cabeceira ajustável.3

Lembre-se: é importante que você sempre trabalhe com o seu médico para tomar decisões que façam a diferença no seu tratamento. Ele é a pessoa mais apropriada para ajudar você nesse aspecto. Nós damos dicas que você pode levar para discutir com ele e entender se vão ser mais benéficas para o seu tratamento ou não.

Aqui, no FazBem, tentamos da melhor forma, informar você sobre a sua patologia e ajudá-lo a manter um estilo de vida saudável para melhorar os resultados do seu tratamento.

Faça seu cadastro no programa e saiba mais!

Referências:
 BR-13440. Material destinado a paciente. Dez/2021