Dormir não é perda de tempo e sim um hábito saudável

Para Luciano Drager, o sono é uma parte significante na nossa vida e não pode ser roubado por maus hábitos, como, por exemplo, usar celular antes de dormir.

O “sono ruim” não é, necessariamente, poucas horas dormidas. Ele tem uma relação maior com a qualidade de sono, que é prejudicada pela ansiedade, depressão, excesso de trabalho e conectividade.

“Eu acho que a gente precisa entender, respeitar o nosso ritmo”, comenta o médico Luciano Drager, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação Brasileira do Sono.

O estudo Sleep quality in the Brazilian general population: A cross-sectional study, que tem Drager como o principal autor, chegou à conclusão de que mulheres, jovens, pessoas com insônia e que usam celulares antes de deitar são mais prováveis de terem uma qualidade de sono ruim. Por mais que esse seja um recorte brasileiro, Drager analisa: “Não chega a surpreender se você comparar com dados de outros países e pelas tendências de piora que nós já verificamos em outros estudos epistemológicos feitos no Brasil”.

Estudo

Para a pesquisa, Drager e a equipe contataram uma agência experiente na área: “Nós usamos um questionário validado em português, inclusive já usado mundialmente: 2.635 pessoas responderam ativamente a essas perguntas para, a partir dessa qualificação de idade, de sexo, de local onde mora e de hábitos de vida, procurarmos tentar entender não só os 65% dormindo mal, mas também identificar aqueles fatores que possam estar contribuindo para isso”, comenta o especialista.

Para Drager, é necessário respeitar a rotina, já que a regularidade ajuda na melhora do sono. A conectividade também precisa diminuir próximo do horário de dormir.

O estudo conclui que as mulheres são as mais afetadas pela má qualidade de sono. Esse dado pode estar relacionado com a pressão social vivida pela mulher, com a menopausa ou também com o fato de a insônia ser mais comum nas mulheres. É necessária orientação médica para o uso de medicação no combate dessa má qualidade, porém, a mudança de hábito é fundamental segundo Drager.

Hábito de dormir

“Temos que fazer uma higiene do sono, se a gente considerar o sono uma fase importante da vida e não uma fase em que você está perdendo tempo”, analisa ele. Na atualidade, o estilo de vida envolve estar conectado constantemente e, dessa forma, dormir é considerado perda de tempo. Drager diz que os jovens estão tendo uma pior qualidade de sono do que os mais velhos, sendo que os de maior idade têm uma necessidade biológica.

Esse hábito impacta no sono e isso é grave, porque o sono é muito importante na consolidação da memória, na performance, na incidência de distúrbios cognitivos. “[É importante] Reconhecer o sono como uma parte significante na nossa vida, não roubar esse sono em termos de privação, respeitar a regularidade e tratar esses distúrbios”, ressalta Luciano Drager.

FONTE: Jornal da USP

Menopausa: Terapia hormonal ainda é a mais eficaz

A menopausa é uma etapa da vida fisiológica das mulheres e, dependendo do caso, exige tratamento dos sintomas causados, como os fogachos (calores), as alterações no sono e no humor.

“[A terapia hormonal] É a primeira linha para o tratamento dos sintomas menopausais, os sintomas vasomotores que atrapalham a atividade de vida diária das mulheres”, comenta a professora Isabel Cristina Esposito Sorpreso, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

O estudo The Women’s Health Initiative (WHI), publicado em 2017, durou cerca de 18 anos e analisou a relação do uso da terapia hormonal e a mortalidade, sobretudo por câncer e doenças cardiovasculares.

Tratamento da menopausa

“Os sintomas da menopausa surgem em mais de 60% das mulheres”, diz a professora. Com isso, a terapia hormonal, sendo a primeira opção para o tratamento dos sintomas da menopausa, exceto quando há contraindicação, é muito importante.

O tratamento pode começar até quatro anos antes da menopausa, caso os sintomas apareçam, mas Isabel ressalta a importância de analisar todas as variáveis: “Cada caso sempre deve ser individualizado, sempre temos que pesar os antecedentes pessoais e familiares e também o comportamento dessa mulher: se ela é tabagista, se ela tem alguma outra comorbidade. Então, tudo isso influencia na prescrição da terapia hormonal.”

De forma geral, antes dos 60 anos e nos primeiros 10 anos da menopausa, é uma faixa etária oportuna para o tratamento.

Estudo

A pesquisa da WHI, considerada pela especialista a mais completa até o momento, mostrou que não houve aumento de mortalidade por câncer e doenças cardiovascularesA posição da Sociedade Norte-Americana de 2022 atualiza as colocações da organização feitas em 2017. Nela, a terapia hormonal continua como o tratamento mais eficaz. Isabel pontua alguns fatores importantes sobre o assunto: “A gente tem que lembrar algumas coisas específicas: primeiro, a faixa etária é fundamental, essas janelas de oportunidade para utilizar a terapia hormonal são fundamentais. A via de administração da terapia hormonal também é uma coisa importante. Hoje em dia, nós temos outras medicações, com outras dosagens e outras vias de administração, para que nós possamos sempre administrar o melhor para as nossas pacientes”.

A professora Isabel Cristina Esposito Sorpreso também é coordenadora do projeto Menopausando. Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse o link: https://sites.usp.br/menopausando/

Por Alessandra Ueno

FONTE: Jornal da USP

A importância do exercício físico na prevenção do câncer de mama

Um estudo feito na Universidade Charles, na República Checa, concluiu que o exercício físico é fundamental para a diminuição do câncer de mama, o tipo de maior incidência no sexo feminino. Foram analisadas 130 mil mulheres de ascendência europeia, sendo que, destas, 70 mil tinham tumores que se espalharam.

Já é consenso e existem evidências desde a década de 1990 de que a atividade física faz bem e tem impacto na redução do risco de câncer – com dados coletados é possível quantificar quanto é possível reduzir. Para o câncer de mama, estima-se que a redução é de 40%. A recomendação é praticar qualquer exercício físico.

O sedentarismo, por sua vez, aumenta em 104% o risco para a evolução e desenvolvimento da doença. Por isso, para evitá-la, não basta apenas praticar exercícios, mesmo que todos os dias. É imprescindível que o sedentarismo diminua, por meio da redução do tempo que ficamos sentados, por exemplo.

É melhor fazer pouco exercício físico do que não fazer

O ideal são 150 minutos de atividade física moderada distribuídos na maior parte dos dias da semana. Os exercícios melhoram o funcionamento do sistema imune, ajudam a reduzir a inflamação sistêmica, o inchaço, o sobrepeso e a obesidade e modulam a ação hormonal, que ajuda na redução do tecido gorduroso. A frequência, portanto, é muito importante: é melhor fazer pouco do que não fazer.

“Essa recomendação internacional com as atividades físicas preconiza que você reduza o seu tempo sentado, fazer o máximo de atividades que você puder de pé e introduzir no seu dia a dia mais atividade”, explica Christina May Moran de Brito, coordenadora médica do serviço de reabilitação do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). Ela ainda lembra que nosso dia a dia atual é muito sedentário e precisamos contrapor essa realidade.

“O exercício não só auxilia de forma significativa na prevenção do câncer de mama, mas a gente sabe também que reduz a recorrência do câncer de mama para quem já tem a doença ou para quem já teve a doença. Aumenta a sobrevida, então atua como um remédio efetivamente”, relata a médica. Não apenas o câncer de mama diminui, mas o de cólon e o de próstata também. “O câncer de cólon a gente sabe que o exercício físico também reduz: melhora o hábito intestinal, então diminui a exposição do tecido intestinal aos carcinógenos”, diz.

Exercício físico é apenas parte da prevenção

Os exercícios físicos têm um papel importante na prevenção e na redução dos riscos, mas isso não substitui a detecção precoce, que é fundamental. Christina May evidencia que só 10% do câncer de mama tem a ver com hereditariedade, o restante são fatores ambientais e individuais que aumentam a predisposição: etilismo, exposição hormonal, histórico de menstruação muito cedo e menopausa muito tarde, quantas gestações ao longo da vida e histórico familiar de câncer de ovário são alguns deles.

“Existem evidências sugestivas de que o tabagismo aumenta o risco de câncer de mama. Por enquanto ainda não são conclusivas, mas existem evidências”, comenta Christina.

Por fim, a médica reforça a importância da mamografia, que é indicada anualmente para mulheres acima dos 50 anos. Também quem possui histórico familiar da doença deve procurar o médico o mais cedo possível, para que a detecção seja precoce, além de sempre estar atenta a alterações locais.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

O conhecimento sobre a saúde do brasileiro

Em agosto, voluntários do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) serão convocados para novas entrevistas e bateria de exames para avaliar a saúde do brasileiro e a evolução de fatores de risco para doenças cardiovasculares, principal causa de morte no mundo.

esquisadores e voluntários se aquecem para a quarta onda do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). O Elsa é um estudo de cunho epidemiológico que investiga na população brasileira a incidência e fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares (como acidente vascular cerebral, hipertensão, arteriosclerose, infarto, entre outras) e algumas doenças associadas. Os participantes da pesquisa, cerca de 15 mil pessoas de várias regiões do País, com idade entre 35 e 74 anos, serão novamente convocados em agosto para entrevistas e exames que identifiquem uma possível evolução dos fatores de risco para estas doenças – que são consideradas a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo.

Desde 2008, quando começou a coleta de dados, o Elsa-Brasil vem produzindo conhecimentos relevantes sobre a saúde da população adulta brasileira, dados que servirão para adequação de políticas públicas de saúde voltadas para as necessidades brasileiras.  A cada três ou quatro anos acontece uma nova onda presencial para prosseguimento da pesquisa e, anualmente, é feito um monitoramento por telefone ou WhatsApp que é contínuo durante todo o estudo. As perguntas versam sobre fatores de risco para doença cardiovascular, condições de vida, diferenças sociais, estresse no trabalho, conflito saúde familiar, saúde mental, questões de gênero e especificidades da dieta da população brasileira.

Na modalidade presencial, são realizados exames laboratoriais (hemograma, glicemia em jejum e após sobrecarga de glicose, colesterol total e frações, creatinina, ácido úrico, proteína C ultrassensível, hormônio tiretrófico – TSH, tiroxina-livre – T4-livre e insulina), medidas antropométricas como peso, circunferência abdominal, altura, índice de massa corporal (IMC), medidas de pressão arterial, avaliação de funcionalidades como equilíbrio, marcha e força muscular, avaliação cognitiva, bioimpedância para avaliação da composição corporal e porcentual de gordura e eletrocardiograma. Ao final, os resultados dos exames são disponibilizados aos participantes.r

“A cada onda, são produzidos novos dados e guardados em um servidor de pesquisa; depois de cruzados e analisados, resultam em informações muitas delas inéditas acerca da saúde da população brasileira”, relata ao Jornal da USP a médica epidemiologista Isabela M. Benseñor, coordenadora do Elsa- Brasil, em São Paulo, e professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “O estudo de coorte [acompanhamento de longo prazo] é um celeiro de produção de conhecimento. Até o momento, já foram publicados mais de 400 artigos científicos em revistas brasileiras e estrangeiras e capacitados mais de mil novos pesquisadores e pessoal técnico para trabalhar em pesquisa clínica”, diz.

Isabela M. Benseñor – Foto: Arquivo pessoal

O engajamento dos voluntários no projeto é alto, o que reflete no baixo porcentual de desistência de participação. Enquanto que estudos de coorte realizados em outros países perdem, de um ano para o outro, 20% de seus participantes, o Elsa, desde 2008, em 14 anos de existência, perdeu apenas 15%. Em geral, são casos de óbitos ou de pessoas que se aposentaram e foram morar em outras cidades, e que, no caso de mudanças, continuam sendo seguidas por telefone, informa a professora Isabela.

Inovação: inclusão de fatores de risco não clássicos para doenças cardiovasculares

O Elsa-Brasil inovou incluindo em suas investigações fatores de risco não clássicos ao estudo, que podem estar associados à incidência de doenças cardiovasculares, diz a pesquisadora. Além de manter os fatores clássicos como o tabagismo, obesidade, sedentarismo, hipertensão, diabete, estresse e dislipidemia, investigados em outros estudos de coorte, o Elsa-Brasil vem explorando fatores psicossociais: estresse no trabalho, diagnósticos psiquiátricos, conflito família-trabalho, eventos negativos de vida, capital social e características de vizinhança, além de outras doenças associadas como as tireoidianas (hipo e hipertireoidismo) e as inflamatórias autoimunes (artrite reumatoide, lúpus, síndrome de Sjögren), enxaquecas e sintomas psiquiátricos (depressão e ansiedade).

Em 2020, por conta da pandemia do coronavírus, os pesquisadores do Elsa avaliaram 2.117 participantes para saber se os níveis de sintomas psiquiátricos – ansiedade e depressão – cresceram durante a pandemia. O artigo Prevalence and risk factors of psychiatric symptoms and diagnoses before and during the covid-19 pandemic: findings from the Elsa-Brasil covid-19 mental health cohort indicou que a prevalência de transtornos mentais se manteve elevada, porém não teve aumento significativo na pandemia.

“A inclusão de fatores não clássicos trouxe a oportunidade de análise da interação entre doenças inflamatórias, cardiovasculares e sintomas psiquiátricos e se essa coexistência aumentaria o risco de desfechos cardiovasculares fatais e não fatais e de mortalidade geral e por doenças cardiovasculares”, diz a pesquisadora.

Outra originalidade da pesquisa brasileira foi o recrutamento, em 2008, de voluntários com idade mínima a partir de 35 anos, o que vem permitindo avaliar antecipadamente em que momento as doenças cardiovasculares e o processo aterosclerótico (obstrução do fluxo sanguíneo nas artérias carótidas por placas de gordura e cálcio) começam a se manifestar, relata a professora Isabela.

“As linhas de estudo que envolvem fatores de risco não clássicos para a doença cardiovascular em uma idade mais jovem têm sido nossas maiores fontes de produção científica. Nos projetos temáticos Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] associados ao estudo, por exemplo, o papel da função tireoidiana na determinação das doenças cardiovasculares gerou 30 artigos já publicados, além de vários outros submetidos”, diz.

O artigo Gender, race and socioeconomic influence on diagnosis and treatment of thyroid disorders in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (Elsa-Brasil), cujo um dos autores é a professora Isabela, relata que gênero, raça e fatores socioeconômicos influenciam no diagnóstico e tratamento da doença.

Neste estudo, se verificou que o diagnóstico e o tratamento do hipotireoidismo clínico é menor entre os homens, entre os participantes de menor escolaridade e renda e entre os pretos, quando comparados aos pardos e brancos. “O resultado mostra que mesmo em uma amostra de pessoas que têm mais acesso aos serviços de saúde, no caso dos voluntários do Elsa, que são funcionários públicos, a desigualdade social influencia no diagnóstico e tratamento do hipotireodismo”, diz.

Este mesmo estudo também indicou que o hipotireoidismo clínico e subclínico (quando há um aumento do hormônio tireotrófico, mas a tiroxina-livre ainda está em níveis normais) são mais frequentes nos brancos e o hipertireoidismo clínico e subclínico (quando há uma diminuição do hormônio tireotrófico, mas a tiroxina-livre está em níveis normais) são mais frequentes nos pretos.

Outra informação relevante publicada em artigo científico foi que a levotiroxina, um hormônio sintético usado no tratamento de reposição hormonal quando há déficit de produção de tiroxina pela glândula tireoide, vem sendo largamente utilizada no Brasil por mulheres de classes sociais mais elevadas, possivelmente com prescrição off label. Ou seja, o medicamento vem sendo utilizado para perda de peso, tratamento da depressão e outros fins, o que, segundo a pesquisadora, não é diferente dos resultados encontrados em estudos de outros países.

Mais informações: e-mail isabensenor@gmail.com, com a professora Isabela M. Benseñor

Por: Ivanir Ferreira

FONTE: Jornal da USP

Insuficiência renal crônica pode ser identificada a partir de exames de rotina

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O crescente número de casos de insuficiência renal crônica tem alertado para os cuidados e prevenções com a saúde nefrológica. A doença, que já é considerada uma epidemia do milênio, acomete um em cada dez indivíduos e encontra entre as principais causas as doenças crônicas, como diabete e hipertensão, além do sedentarismo, obesidade e a dieta mal orientada.

Pela ausência de sintomas bem delimitados, a doença requer um acompanhamento constante, com exames de níveis de creatinina no sangue e a observação da presença de proteína na urina. Hugo Abensur, membro do Serviço de Hemodiálise do Hospital das Clínicas da FMUSP, diz que o que é possível identificar é um certo inchaço na região do rosto, um pouco de enjoo e uma leve anemia. Mas comenta que “a doença pode caminhar lentamente”, sem sintomas muito expressivos, o que explica o fato de alguns pacientes já chegarem aos hospitais em estágios avançados da insuficiência renal.

O marcador da doença renal é baseado na produção de creatinina no sangue. A depender do nível dessa substância na corrente sanguínea do paciente, a hemodiálise passa a ser necessária. Só que, em alguns casos, o transplante de rim pode ser uma solução mais imediata, não sendo preciso a “diálise”. A principal questão que envolve o transplante é a compatibilidade do órgão do doador com o receptor. Por isso, Hugo Abensur destaca a importância do monitoramento dos grupos de risco, a fim de retardar a progressão da doença.

Possíveis alternativas

Só no País, “30 mil pessoas esperam por um transplante de rim” e “140 mil pacientes diários consomem 5% do orçamento em saúde”. Com esses dados, Abensur diz ser necessário diminuir a chegada de pacientes nos hospitais, com a possibilidade da sobrecarga das máquinas de hemodiálise e com o crescimento da fila para o transplante de rim.

Tratamento da insuficiência renal

O  tratamento é conservador e varia a partir da porcentagem da função renal: medicamentos, se for abaixo dos 10%, e o transplante direto, nos casos que excedem esse índice. Abensur finaliza chamando a atenção para a preocupação com os exames envolvendo a creatinina no sangue, assim como a glicose e o colesterol, a partir de exames anuais, a fim de prevenir essa doença que pode “trazer muitos transtornos no dia a dia”.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Você sabe o que é neuroma de Morton?

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Hoje você vai conhecer um pouco mais sobre o neuroma de Morton. Essa doença é uma condição dolorosa que afeta a região plantar dos pés como a sensação de uma pedra no sapato ou de uma dobra na meia.

É muito frequente em mulheres, principalmente pelo uso de salto alto ou sapatos apertados. O bico fino dos calçados é o principal vilão dessa história por pressionar a ponta do pé, afetando  o nervo entre o terceiro e quarto dedo do pé.

O professor do Departamento de Ortopedia da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Serviço de Cirurgia de Tornozelo e Pé da USP, Alexandre Leme Godoy dos Santos, explica que  os nervos são atingidos, causando dores agudas na planta ou nos dedos do pé.

Thomas Morton

Descoberto em 1876 por Thomas Morton, o neuroma é um nódulo benigno que afeta o nervo existente entre os dedos, por isso o nome de neuroma de Morton. A dor causa um formigamento no local, câimbra, queimação, além de dormência na planta ou nos dedos do pé.

Tratamento do Neuroma de Morton

O tratamento vai desde uma simples troca de calçado até o uso de medicação. O neuroma de Morton normalmente não requer cirurgia, apenas quando a inflamação já está em estado avançado, e nesses casos  a recuperação ocorre em seis semanas. Godoy alerta que, se após o tratamento ou a cirurgia a pessoa continuar repetindo os mesmos atos, como o uso de sapatos inadequados, a doença pode voltar. Ele diz ainda que a obesidade também contribui para o agravamento do quadro. O neuroma de Morton é uma condição que atinge mais as mulheres, mas homens também podem ser acometidos pela doença.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Morte encefálica: Entenda porque o atraso no diagnóstico reduz doações

Conhecimento médico sobre os protocolos de diagnóstico de morte encefálica precisa ser ampliado. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto apontam que o conhecimento insatisfatório atrasa o diagnóstico e, consequentemente, reduz a identificação de possíveis doadores.

A rapidez e a aplicação correta do protocolo de diagnóstico de morte encefálica são aspectos fundamentais para a identificação de possíveis doadores de órgãos e tecidos. Entretanto, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP apontam que o conhecimento da comunidade médica é mediano em relação aos critérios de diagnóstico de morte encefálica definidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Desempenho Médico

O desempenho foi avaliado a partir da aplicação de um questionário com 12 questões específicas sobre o protocolo de morte encefálica e doação de órgãos do CFM, com a participação de 360 médicos de todas as regiões do Brasil. Além disso, eles preencheram informações relacionadas aos dados sociodemográficos, formação médica e informações profissionais, como: tempo de experiência na UTI e segurança para explicar à família sobre o diagnóstico.

“Os participantes tiveram um desempenho insatisfatório, com uma media de cinco acertos em uma escala de 0 a 10. O conhecimento baixo foi visto mesmo em profissionais que têm entre seis e dez anos de formação, são intensivistas, participaram de cursos de capacitação, trabalham em Unidade Terapia Intensiva (UTI) e que realizaram mais de dez diagnósticos de morte encefálica”, revela Tauana Fernandes Vasconcelos, que é enfermeira, mestra pela FMRP e primeira autora do estudo Assessment of physicians’ knowledge about brain death and organ donation and associated factors publicado na Medicine.

A preocupação dos pesquisadores em relação a esse baixo desempenho está diretamente relacionada à identificação de possíveis doadores de órgãos. “Quando o médico tem um conhecimento insatisfatório, ele vai demorar para diagnosticar pacientes com morte encefálica. É importante ressaltar que não existe possibilidade de doar órgãos sem o cumprimento dos protocolos exigidos para comprovação de morte encefálica. Ou seja, se as diretrizes não forem aplicadas, perdemos a chance de ajudar outras famílias com a doação”, explica Maria Auxiliadora Martins, que é médica, professora da FMRP e orientadora do estudo.

Tauana ainda ressalta que é necessário realizar mais estudos sobre a temática e promover cursos para o treinamento desses profissionais, porque se trata de um diagnóstico muito necessário para doação de órgãos e concretização dos transplantes. “Nós identificamos que o conhecimento é insatisfatório, consequentemente terá uma baixa identificação de possíveis doadores.”

Em 2019, o Brasil apresentou 11.400 notificações de potenciais doadores, mas pouco mais de 3.200 tiveram seus órgãos e tecidos transplantados, aponta o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Entre os possíveis doadores estão aqueles que tiveram morte encefálica, que podem salvar até oito vidas com o transplante de coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

Como é feito o diagnóstico da morte encefálica

“O conceito de morte vem sendo discutido e modificado ao longo do tempo, não sendo reconhecido como morte apenas quando o indivíduo evolui para a parada cardíaca, mas também quando há perda de atividade no tronco e córtex cerebral por causa conhecida e irreversível. Ou seja, é uma situação onde o cérebro não volta a funcionar novamente”, explica a professora Maria Auxiliadora.

Atualmente, o diagnóstico de morte encefálica segue critérios definidos pela resolução nº 2.173, de 2017, do CFM, como: realização do procedimento em todos os pacientes em estado de inconsciência permanente, com lesão encefálica de causa conhecida e irreversível, ausência de fatores tratáveis que confundiriam o diagnóstico, tratamento e observação no hospital por pelo menos seis horas, entre outros.

Para Maria Auxiliadora, o protocolo para diagnóstico é minucioso e os médicos precisam estar atualizados para que o processo seja rápido e correto. “Realizamos provas clínicas e um exame complementar para que a gente tenha certeza que há morte encefálica e, por isso, a educação continuada e campanhas de esclarecimento são pontos importantes para melhorar o conhecimento dos profissionais e aumentar as taxas de doação de órgãos”, ressalta.

Além de Maria Auxiliadora e Tauana, o estudo conta com a autoria de Mayra Gonçalves Menegueti, Carlos Alexandre Curylofo Corsi, Jéssyca Michelon-Barbosa, Lucas Sato, Anibal Basile-Filho, Christiane Becari e Rosana Aparecida Spadoti Dantas, todos da USP. Maria Auxiliadora ressalta ainda que entre as principais colaborações está a professora Mayra Gonçalves Menegueti, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, “que auxiliou no desenvolvimento dos instrumentos metodológicos corretos que permitiram que os resultados fossem concluídos com qualidade”. O estudo pode ser acessado na íntegra no link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36197182/

Mais informações: tauanavascon@gmail.com e mamartins@fmrp.usp.br

Texto: Giovanna Grepi
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Câncer de tireoide em mulheres e a taxa de mortalidade

Renata Lorencetti informa que “65% da população pode ter câncer de tireoide, 90% deles são benignos e cerca de 3% a 4% são malignos“ e estes podem ser tratados com cirurgia.

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O câncer de tireoide é um câncer mais silencioso, já que não dá muitos sinais. Mas, mesmo assim, com alguns sintomas é possível identificá-lo.

O surgimento de nódulos na região do pescoço, sensação de aperto na área do colarinho, dificuldade de deglutir e rouquidão persistente podem indicar um problema oculto na tireoide, sendo este também a hipo ou hiperfunção da glândula: “São sinais que indicam que a gente tem que ser avaliado por um especialista para tentar chegar ao diagnóstico”, enfatiza Renata Lorencetti, médica cirurgiã de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

De ac0rdo com ela, “65% da população pode ter nódulos, 90% deles são benignos e cerca de 3% a 4% são malignos“, analisa a médica. Ela também comenta que essa alta porcentagem ocorre por conta da maior realização de exames de ultrassom, os quais são capazes de identificar esses inchaços.

Tratamento ouro do Câncer de tireoide

“O tratamento ouro desses tumores é a cirurgia. Em algumas situações, a gente precisa complementar com a radioiodoterapia”, pontua Renata. O câncer de tireoide tem uma mortalidade muito baixa e, desde que o tratamento seja bem-feito e no tempo certo, ele é muito eficaz, conforme a médica.

A maioria dos tumores benignos não tem necessidade de cirurgia, apenas em casos muito específicos e, para isso, é preciso analisar cuidadosamente cada diagnóstico.

A radioterapia e a quimioterapia comuns não costumam ser usadas, já que não funcionam tão bem com esse tipo de câncer, porém, podem ser cogitadas em alguns casos. “A imunoterapia também não é uma escolha de tratamento de primeira linha, apenas para casos bem mais avançados”, completa Renata. Assim, esses métodos não substituem a cirurgia.

Considerações 

O câncer de tireoide é três vezes mais comum em mulheres de 22 a 55 anos. Mas todos devem estar atentos aos sintomas, sobretudo aqueles que fizeram radioterapia na infância, foram expostos à radiação, têm disfunção tireoidiana e histórico familiar de câncer de tireoide. O ultrassom deve ser feito somente com indicação médica, segundo o protocolo.

O repouso do pós-operatório da cirurgia é de sete a dez dias e, quando precisa fazer a iodoterapia, ela é de dose única, o paciente fica internado de um a dois dias, e é usada para eliminar o resto de células tumorais. A pessoa deve tomar todos os dias um comprimido de hormônio tireoidiano e fazer o acompanhamento, pelo menos, duas vezes por ano.

FONTE: Jornal da USP

 

Se válido, testamento vital não pode ser contestado pela família

O testamento vital procura cumprir os desejos das pessoas, quando estas estão com doenças terminais e não têm mais condições de saúde. Criado nos Estados Unidos na década de 1960, só chegou ao Brasil em 2012. Levantamento do Colégio Notarial do Brasil mostra que cresceu o número de solicitações de testamentos vitais em nove anos. As DAV, como são conhecidas as Diretivas Antecipadas de Vontade, apresentaram um aumento de 235% em todo o País. São Paulo foi a cidade com mais solicitações, passando de 62 lavramentos em 2012 para 586 em 2021, uma alta de 845%.

José Luiz Gavião de Almeida, professor de Direito Civil da Faculdade de Direito da USP, explica que “esse instrumento foi criado para que as pessoas pudessem adoecer, decidir a respeito de uma morte sem dor, evitando aqueles tratamentos recessivos que às vezes acabam levando à pessoa um sofrimento muito grande”. No Brasil, não existe nenhuma lei tratando do Testamento Vital, então ele é uma espécie das chamadas Tratativas Antecipativas de Vontade, nas quais a pessoa trata do que ela quer que seja feito amanhã. Essas tratativas podem ser um Testamento Vital sobre o qual normalmente a pessoa vai decidir o tratamento da sua saúde ou um mandato duradouro em que a pessoa nomeia alguém para decidir por ela quando não tiver mais condições.

Decisão antes da morte

Segundo o professor Gavião, “teoricamente” esses dois documentos são  inaplicáveis no Brasil. “O testamento é um instrumento pelo qual eu decido alguma coisa e a validade dele é para depois da minha morte. O testamento vital é quando é decidido alguma coisa antes da minha morte. Em um momento em que eu não tenho mais consciência para decidir, mas antes da morte. O testamento é para depois da minha morte. O mandato duradouro também não seria difícil de ser aplicado no Brasil, porque também é um instrumento em que eu nomeio alguém para decidir por mim, mas ele só vale enquanto eu esteja vivo ou em plena consciência. No momento em que eu perca a minha capacidade, a minha consciência de decidir, o mandato também desaparece.” Por não ser proibido, algumas pessoas acreditam que tanto o testamento vital quanto o mandato duradouro têm validade no País. O professor Gavião explica que, no Direito brasileiro, quando não existe uma obrigatoriedade escrita na lei de uma determinada forma, qualquer forma pode ser utilizada para o ato. Assim, se isso fosse aplicado ao testamento vital, um escrito público, particular e até oral serviria. Um escrito público seria muito mais seguro, em termos de poder ser utilizado, porque um instrumento particular como o papel poderia ser perdido. Então, ele é mais seguro do que qualquer outro porque ficaria no cartório e poderia ser acessado a qualquer momento.

Revogação a qualquer momento

O testamento vital não tem prazo de validade, mas pode ser revogado a qualquer instante. Assim, a própria pessoa pode colocar uma cláusula informando que ele é irrevogável. Como não existe na lei uma determinação de como ele deve ser feito, ele é livre. Ele pode ser feito de forma oral ou escrita em casa, em um papel onde a pessoa coloca suas vontades, então não há a necessidade de ser produzido por um  advogado.

Não existe nenhuma lei a respeito do assunto, mas há a resolução n°1995/2012 do Conselho Federal de Medicina relacionada ao tema, como destaca o professor. “Ela não é lei, portanto não é obrigatória, mas ela determina aos médicos que cumpram essas diretivas antecipativas de vontade sob pena de descumprimento das regras do Conselho Federal de Medicina, mas são só regras de ordem profissional.” No caso dos familiares, se o testamento vital for reconhecido como válido, não é possível sua contestação. Ele só poderia ser contestado em relação à própria validade do ato. “A família poderia dizer que, quando ele foi feito, a pessoa já não estava, por exemplo, em plenas condições de entender o que estava fazendo. Aí então o ato vai ser invalidado”, explica o professor.

FONTE: Jornal da USP

Condições hormonais de atletas mulheres e as lesões no joelho

Lesões no joelho do Ligamento Cruzado Anterior é a causa mais comum de cirurgias no meio esportivo e afeta três vezes mais as mulheres que os homens.

Causa mais comum de cirurgias em atletas, a lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), que ocorre nos joelhos, afeta muito mais as mulheres que os homens; o risco dessas lesões chega a ser três vezes maior no sexo feminino, segundo o professor Fabricio Fogagnolo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e especialista em cirurgia do joelho e trauma ortopédico. “Entre os esportes em que o LCA é mais frequente estão futebol, basquete, vôlei, handebol e lutas”, afirma o professor.

Segundo Bruno Luiz de Souza Bedo, educador físico e especialista em reabilitação e desempenho funcional pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o sexo feminino é mais suscetível à lesão que os homens pelas características anatômicas, as diferenças na mecânica dos movimentos, no controle muscular e também nas condições hormonais. “O espaço intercondilar, conhecido como fossa intercondilar e onde fica o LCA, é classificado quanto ao formato cônico, circular e retangular. O que se vê nas lesões sugere que a largura da base da fossa e a largura do côndilo lateral, que é uma das duas projeções na extremidade inferior do fêmur, seriam fatores de risco importantes porque este espaço é menor nas mulheres em relação aos homens e, sendo mais estreito, limita a mobilidade de articulação durante os movimentos de torção, o que favorece o impacto entre o ligamento e a estrutura óssea ao redor do joelho, aumentando o estresse imposto no ligamento”, adianta.

Outro fator que faz com que as mulheres sejam mais suscetíveis à lesão do LCA é que o quadril no corpo feminino é mais largo que na estrutura óssea do corpo masculino. “Isso afeta o alinhamento dos joelhos e toda a musculatura do quadril e do próprio joelho, o que aumenta a carga imposta na articulação”, afirma o educador físico.

Quanto aos fatores hormonais, o ciclo menstrual merece ser destacado. Os hormônios que regulam o ciclo não alteram apenas o aparelho reprodutor, mas também diversas estruturas do corpo. O ciclo hormonal afeta o ligamento cruzado anterior, principalmente na fase pré-ovulatória. “Ou seja, a mulher, a atleta que está realizando uma prática esportiva tem o maior risco de se lesionar durante a primeira metade do ciclo menstrual”, ressalta Bedo.

Ainda segundo Bedo, existem também fatores neuromusculares. Um dos principais fatores, que aumentam a incidência de lesões em mulheres quando comparada aos homens é o desgaste ou a resistência à fadiga. “As mulheres sofrem mais com a fadiga muscular e isso faz com que seja mais comum a existência do valgo, quando o joelho está desalinhado e voltado para dentro e se torna um dos principais mecanismos de lesão do ligamento cruzado anterior”.

As lesões no joelho

Fogagnolo afirma que o ligamento cruzado anterior é muito importante, principalmente para a prática esportiva. O LCA “fica no centro do joelho e limita o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur, impedindo que a tíbia vá para a frente. Esse ligamento é importante restritor também dos movimentos rotacionais da tíbia em relação ao fêmur, particularmente da rotação interna da região mais lateral da tíbia em relação ao fêmur”, explica.

Nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção como os dribles, comuns no futebol, no handebol e no basquete, os atletas ficam mais expostos à lesão do LCA. “A lesão acontece justamente com esses movimentos mais súbitos e a ocorrência se dá 70% no pé de apoio, quando o atleta vai fazer uma mudança rápida de direção. Mas o movimento mais comum, sem dúvida, é o desvio do joelho para dentro, quando os dois joelhos apontam um para o outro, combinado com o movimento de rotação da tíbia”, informa o professor Fogagnolo, assegurando ser mais comum a lesão ocorrer quando o atleta está sozinho, contrariando o que muitos acreditam, que a lesão no LCA é resultado de colisão com o oponente.

Cirurgia e fortalecimento muscular

A recuperação da lesão nas mulheres e nos homens é praticamente a mesma. “O retorno às atividades esportivas se dá por volta de oito a dez meses após a cirurgia”, garante Fogagnolo. “Nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção e que são extremamente competitivos, a recomendação é fazer um protocolo de fisioterapia bastante adequado, com treinamento de fortalecimento para um retorno mais seguro às atividades”, alerta.

Saber se prevenir é fundamental. Fogagnolo recomenda que os atletas profissionais ou amadores procurem um ortopedista ou fisioterapeuta para o fortalecimento adequado da musculatura. Já os fatores de risco para a lesão, segundo Bedo, se dividem em intrínsecos e extrínsecos. Nos fatores intrínsecos, os riscos dependem inteiramente do atleta e seus desequilíbrios musculares, restrição articular, por exemplo. Já nos fatores extrínsecos, os riscos aparecem na carga de treino, no tipo de grama ou de quadra, no tipo de tênis ou chuteira que o atleta usa.

De toda forma, os números das lesões em mulheres assustam. Para se ter uma ideia, durante a preparação para a Copa do Mundo de Futebol Feminino, na França, em 2019, nada menos do que 17 das 39 jogadoras da seleção feminina do Brasil já haviam sofrido esse tipo de lesão. E quatro atletas já tinham se lesionado, inclusive, nos dois joelhos.

A maior jogadora brasileira de todos os tempos, Marta, teve a lesão no joelho esquerdo aos 36 anos, no fim de março deste ano, ficando de fora da Copa América. Outra atleta, Catarina Macario, brasileira naturalizada norte-americana, sofreu a mesma lesão em junho. A alemã Dzsenifer Marozsán fez a cirurgia em maio e a espanhola Alexia Putellas sofreu a lesão em julho, poucos dias antes do início da Eurocopa.

Por Rubens Avelar

FONTE: Jornal da USP

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