Atividade física preserva cognição durante envelhecimento

Estudo comparou cérebro de idosos ativos e inativos, detectando maior volume em 48 áreas e estruturas entre aqueles que acumularam tempo igual ou superior a 150 minutos de atividade física por semana.

O processo de envelhecimento é acompanhado por uma redução fisiológica do volume cerebral total. A atrofia cerebral, como também é chamada, é uma expressão usada para descrever a perda de tecido do cérebro que ocorre em todas as pessoas como parte natural do processo de envelhecimento, porém, essa condição também pode estar relacionada a problemas cognitivos e doenças neurológicas quando a perda é maior do que a esperada para a idade. Em geral, a diminuição neste volume é um marcador de referência para avaliação da saúde cognitiva em pessoas mais velhas.

Além de melhorar a capacidade cardiorrespiratória, promover o fortalecimento muscular e prevenir doenças associadas ao sedentarismo, a prática regular de atividade física faz bem ao cérebro de idosos. Uma pesquisa da USP feita com 45 pessoas recrutadas na rede básica de saúde, com idade entre 60 e 65 anos, mostrou que aqueles que se mantinham ativos apresentaram maior volume cerebral (considerada uma característica positiva para efeitos cognitivos) em comparação aos sedentários. Das 71 áreas cerebrais analisadas, houve diferença significativa no volume intracraniano em 48 áreas/estruturas entre os que, durante suas rotinas diárias, acumularam tempo igual ou maior que 150 minutos de atividade física por semana quando comparados àqueles que acumularam menos de 150 minutos. Uma das áreas impactadas foi o lobo frontal, responsável pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades individuais e emoção. A diferença dessa região foi em torno de 8%.

Os pesquisadores descobriram, também, que a aptidão cardiorrespiratória (ACR) é um preditor significativo dos volumes de, respectivamente, todo o cérebro, lobo frontal, lobo temporal, cerebelo e substância cinzenta cortical. A ACR mede como seu corpo absorve oxigênio e o distribui aos músculos e órgãos durante períodos prolongados de exercício. Quanto maior o nível de ACR, menor será o risco de desenvolver uma variedade de patologias, tais como doença cardiovascular e certos tipos de câncer.

“Quando a redução do volume cerebral é maior que o esperado para a idade, esta condição está associada à perda cognitiva e à demência”, explica ao Jornal da USP Lucas Melo Neves, autor da pesquisa de doutorado defendida na EEFE. “O auge do desempenho biológico do cérebro acontece por volta dos 20/30 anos mas, aos 60, as pessoas já tiveram redução significativa do cérebro. A partir dos 60 anos, a cada década, há uma redução em torno de 5% do volume cerebral”, diz.

Carlos Ugrinowitsch, orientador da pesquisa e professor do Laboratório de Adaptação ao Treinamento de Força, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, explica que outros trabalhos científicos já haviam mostrado a importância da atividade física para evitar a atrofia cerebral, porém, a pesquisa atual expandiu esse conhecimento. “Com auxílio de novas tecnologias e equipamentos mais precisos – a ressonância magnética, por exemplo – foi possível mapear todas as estruturas do encéfalo e verificar efeitos positivos generalizados da atividade física na preservação do volume de mais de 30 estruturas cerebrais”, diz.

O trabalho foi descrito no artigo Objective physical activity accumulation and brain volume in older adults: An MRI and whole brain volume study publicado na The Journals Gerontology em julho de 2022.

Aumento do volume cerebral está ligado à saúde cognitiva

Um maior volume cerebral está associado a um melhor desempenho cognitivo, ou seja, processamento de informações, raciocínio, atenção e memória. A medição da massa encefálica é feita em centímetro cúbicos, porque trata-se de uma medida dos exames de ressonância magnética, um dos instrumentos utilizados para estimar o volume do cérebro e diagnosticar problemas de cognição e doenças como o Alzheimer e acidente vascular cerebral (AVC).

O termo massa cerebral é evitado porque diz respeito ao peso, que só poderia ser obtido retirando a caixa craniana e a colocando em uma balança.

Estudos anteriores já mostraram que diminuições de até 30% no fluxo sanguíneo cerebral em adultos de meia-idade até a idade avançada parecem estar correlacionadas com a atrofia cerebral. A redução do fluxo sanguíneo no cérebro limita a disponibilidade de oxigênio e aumenta o estresse oxidativo e a inflamação nos neurônios, que estão relacionados à morte dos neurônios e diminuição de sinapses (região responsável por realizar a comunicação entre dois ou mais neurônios). Além disso, fatores de risco relacionados à saúde, como condições mentais (por exemplo, transtorno depressivo maior, comprometimento cognitivo leve e demência), obesidade e outras doenças não transmissíveis, parecem exacerbar a perda neuronal, a atrofia cerebral e o declínio cognitivo em ambos os sexos entre adultos de meia idade e idosos.

Foi com base nessas informações que os pesquisadores levantaram a hipótese para delinear o estudo: idosos que acumulam 150 minutos ou mais de atividade física por semana devem ter um volume maior das áreas e estruturas cerebrais avaliadas do que seus colegas que acumulam menos de 150 minutos de atividade física por semana; além disso, a aptidão cardiorrespiratória deve estar positivamente associada ao volume cerebral.

“Até onde sabemos”, escrevem os autores, “não está claro como todas as áreas cerebrais que apresentaram maior volume afetam as atividades diárias dos idosos. No entanto, uma revisão recente sugeriu que a diminuição do volume de várias áreas e estruturas cerebrais está relacionada ao deslocamento do equilíbrio, pois o equilíbrio é uma habilidade que ativa a maioria das áreas e estruturas cerebrais.”

“Os resultados da pesquisa da USP sugerem que o tempo de prática de atividade física seja uma ferramenta importante para mitigar o declínio do volume cerebral e para preservar a cognição durante o processo de envelhecimento, relata Ugrinowitsch ao Jornal da USP . O exercício físico regular aumenta o fluxo sanguíneo para a cabeça e estimula o crescimento de novas células cerebrais e as conexões entre elas, resultando  em cérebros mais eficientes, maleáveis e adaptáveis, explica o estudo.

A pesquisa

Os 45 voluntários, divididos em dois grupos – sedentários e ativos – eram compostos por 38 mulheres e 7 homens. Eles foram recrutados em Unidades Básicas de Saúde (UBS), na região do Campo Limpo, na Capital paulista, e um dos critérios estabelecidos pela pesquisa foi que eles não poderiam ter participado nos últimos seis meses de nenhum programa estruturado de atividade física. Em ambos os grupos – tanto no de ativos quanto no de sedentários – algumas pessoas tinham diabetes, eram hipertensas, fumantes ou com glicemia elevada.

Neves explica a diferença entre exercício físico e atividade física. A primeira categoria se trata de atividade planejada, estruturada e acompanhada ou não por um profissional de educação física. Exemplos: musculação, natação, hidroginástica, pular corda, ginástica localizada, etc. A segunda, é qualquer movimento corporal que resulte em gasto energético (situação em que se encaixavam os idosos ativos da pesquisa). Por exemplo, varrer a casa, cuidar do jardim, subir ou descer escadas, levar o cachorro para passear, caminhar para pegar transporte público, entre outros.

Para comparar o volume das áreas e estruturas cerebrais, os pesquisadores utilizaram um acelerômetro, um dispositivo fixado à cintura dos voluntários, que registrava os níveis de atividade física realizados durante sete dias, por, no mínimo, dez horas diárias. Os participantes foram divididos em dois grupos: um ativo, com 25 pessoas, que durante suas rotinas diárias na semana acumulavam igual ou mais de 150 minutos de tempo de prática de atividade física; e outro sedentário, com 20 pessoas, que acumularam menos de 150 minutos de atividade física semanal. Lembrando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, para manter-se saudável, um idoso deve praticar, por semana, de 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercícios intensos.

Após uma semana, os voluntários foram submetidos a exames de ressonância magnética dos cérebros para obter imagens 3D de alta resolução das áreas e estruturas avaliadas. Os resultados apurados mostraram que os idosos que estavam no grupo de ativos apresentaram volume maiores em 39 áreas e nove estruturas cerebrais quando comparados aos sedentários. As áreas que apresentaram maior volume foram: encéfalo total (7%), lobo frontal (8%), lobo temporal (10%), lobo parietal (9%), lobo occipital (9,5%) e substância cinzenta cortical (9%). As estruturas com maior diferença percentual foram o cortex entorrinal (12,5%), parahipocampo (16%), hipocampo (8%) e lingual (10%).

Limitações

No artigo, são citadas algumas limitações do estudo, como o número modesto de idosos avaliados e a inexistência de coleta de informações relacionadas a fatores sociais, ambientais, culturais e comportamentais que influenciam ações e experiências individuais.

A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Mais informações: e-mail ugrinowi@usp.br, com Carlos Ugrinowitsch, e e-mail lucasmeloneves@uol.com.br, com Lucas Melo Neves

Por Ivanir Ferreira

Fonte: Jornal da USP

A importância do exercício físico na prevenção do câncer de mama

Um estudo feito na Universidade Charles, na República Checa, concluiu que o exercício físico é fundamental para a diminuição do câncer de mama, o tipo de maior incidência no sexo feminino. Foram analisadas 130 mil mulheres de ascendência europeia, sendo que, destas, 70 mil tinham tumores que se espalharam.

Já é consenso e existem evidências desde a década de 1990 de que a atividade física faz bem e tem impacto na redução do risco de câncer – com dados coletados é possível quantificar quanto é possível reduzir. Para o câncer de mama, estima-se que a redução é de 40%. A recomendação é praticar qualquer exercício físico.

O sedentarismo, por sua vez, aumenta em 104% o risco para a evolução e desenvolvimento da doença. Por isso, para evitá-la, não basta apenas praticar exercícios, mesmo que todos os dias. É imprescindível que o sedentarismo diminua, por meio da redução do tempo que ficamos sentados, por exemplo.

É melhor fazer pouco exercício físico do que não fazer

O ideal são 150 minutos de atividade física moderada distribuídos na maior parte dos dias da semana. Os exercícios melhoram o funcionamento do sistema imune, ajudam a reduzir a inflamação sistêmica, o inchaço, o sobrepeso e a obesidade e modulam a ação hormonal, que ajuda na redução do tecido gorduroso. A frequência, portanto, é muito importante: é melhor fazer pouco do que não fazer.

“Essa recomendação internacional com as atividades físicas preconiza que você reduza o seu tempo sentado, fazer o máximo de atividades que você puder de pé e introduzir no seu dia a dia mais atividade”, explica Christina May Moran de Brito, coordenadora médica do serviço de reabilitação do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). Ela ainda lembra que nosso dia a dia atual é muito sedentário e precisamos contrapor essa realidade.

“O exercício não só auxilia de forma significativa na prevenção do câncer de mama, mas a gente sabe também que reduz a recorrência do câncer de mama para quem já tem a doença ou para quem já teve a doença. Aumenta a sobrevida, então atua como um remédio efetivamente”, relata a médica. Não apenas o câncer de mama diminui, mas o de cólon e o de próstata também. “O câncer de cólon a gente sabe que o exercício físico também reduz: melhora o hábito intestinal, então diminui a exposição do tecido intestinal aos carcinógenos”, diz.

Exercício físico é apenas parte da prevenção

Os exercícios físicos têm um papel importante na prevenção e na redução dos riscos, mas isso não substitui a detecção precoce, que é fundamental. Christina May evidencia que só 10% do câncer de mama tem a ver com hereditariedade, o restante são fatores ambientais e individuais que aumentam a predisposição: etilismo, exposição hormonal, histórico de menstruação muito cedo e menopausa muito tarde, quantas gestações ao longo da vida e histórico familiar de câncer de ovário são alguns deles.

“Existem evidências sugestivas de que o tabagismo aumenta o risco de câncer de mama. Por enquanto ainda não são conclusivas, mas existem evidências”, comenta Christina.

Por fim, a médica reforça a importância da mamografia, que é indicada anualmente para mulheres acima dos 50 anos. Também quem possui histórico familiar da doença deve procurar o médico o mais cedo possível, para que a detecção seja precoce, além de sempre estar atenta a alterações locais.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

A importância do sono saudável na vida das pessoas

Comemorado dia 18 de março, o Dia Mundial do Sono é uma oportunidade para refletir sobre a importância de uma boa e tranquila noite de sono para a saúde física e mental. No entanto, hábitos aparentemente inofensivos do cotidiano, como mexer no celular ou ver televisão na hora de dormir, contribuem para roubar preciosas horas de sono e prejudicar a saúde.

Para a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF), a data serve de alerta sobre a necessidade do sono saudável para garantir qualidade de vida. A associação lembra que a falta do sono pode interferir nas taxas de mortalidade e contribuir para o aumento da prevalência de doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, síndrome metabólica, ansiedade, depressão, síndromes metabólicas.

“O sono é parte integrante do nosso processo fisiológico. Precisamos dormir para reparar a energia gasta em um dia todo de trabalho, para consolidar nossa memória”, disse à Agência Brasil o coordenador do Departamento de Medicina do Sono da entidade, Danilo Sguillar.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Sono, a população está dormindo menos nos últimos anos. Em 2018, a média foi de 6 horas e 36 minutos, e, em 2019, caiu para 6 horas e 24 minutos.

Sguillar lembra que ronco e insônia também são indicativos de problemas no sono que podem prejudicar a saúde da pessoa. O especialista destaca ainda a apneia obstrutiva do sono, caracterizada pela obstrução completa ou parcial do fluxo de ar nas vias respiratórias, enquanto a pessoa dorme.

Quando isso acontece, a pessoa pode roncar alto ou causar ruídos sufocantes enquanto tenta respirar, uma vez que o corpo está privado de oxigênio. Se não for tratada, a apneia obstrutiva do sono é fator de alto risco para o aparecimento de problemas como hipertensão arterial, doenças cardíacas e diabetes tipo 2, entre outras.

“Quem ronca e tem apneia não descansa o quanto deveria, não tem um sono reparador e tende a ficar sonolento durante o dia, ter dificuldade de concentração, irritabilidade e prejuízo na memória, o que afeta o rendimento profissional. Dependendo da gravidade do problema, essa má qualidade do sono pode acarretar hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além de depressão, ansiedade e maior risco para acidentes, ou seja, a doença não tratada diminui a expectativa de vida”, esclarece o médico otorrinolaringologista.

Em razão disso, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial lançou uma campanha, com camisas, cartazes e postagens em redes sociais. O tema da campanha, Ronco Não É Piada, visa conscientizar a sociedade de que esse distúrbio precisa ser levado a sério.

“Estamos com uma campanha com o tema ronco, porque ronco é um sintoma muito frequente que ocorre na maioria dos lares e, muitas vezes, é tido como chacota, como brincadeira. Muitos se esquecem de que, por trás do ronco, existe uma importante patologia que é a apneia obstrutiva do sono”, alertou Sguillar.

Um estudo publicado em 2018 na revista científica The Lancet estimou que mais de 936 milhões de pessoas têm apneia obstrutiva do sono no mundo. O número é quase 10 vezes maior do que a estimativa da Organização Mundial da Saúde em 2007, de mais de 100 milhões de pessoas com a doença.

Prevalência

O distúrbio é mais frequente entre pessoas do sexo masculino, a partir dos 50 anos de idade, com obesidade e alterações faciais, como o queixo mais recuado, língua volumosa, amígdalas aumentadas e desvios de septo nasal.

Um passo importante para quem tem contato alguém que ronca, principalmente quando o barulho é alto, estridente ou interrompido por pausas na respiração, é alertar e aconselhar a pessoa a procurar um especialista para verificar possíveis problemas, diz Sguillar. “Quem está vendo a pessoa dormir e roncar tem que fazer o alerta para que ela vá procurar ajuda médica.”

Criado pela World Sleep Foundation, o Dia Mundial do Sono, é lembrado como oportunidade para celebrar a importância do sono e chamar a atenção global de problemas de saúde que tenham relação direta com o sono, desde a saúde até aspectos sociais ou educacionais.

A data é móvel e ocorre sempre na última sexta-feira antes do equinócio de outono, para o Hemisfério Sul, e o de primavera para o Hemisfério Norte.

As dicas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial para ajudar as pessoas a dormir melhor e ter sono de qualidade são:

● Fazer atividade física regular.

● Ter alimentação adequada, com comidas leves no jantar, para ter uma noite de sono mais tranquila e sem interrupções.

● Não consumir alimentos à base de cafeína, como chá preto, café e refrigerante à base de cola.

● Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

● Não fumar.

● Perder peso, no caso de pacientes com obesidade.

● Adotar práticas de higiene do sono, como evitar telas durante a noite. Celulares, tablets e televisores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar.

● Ler fora da cama, pois ajuda a embalar o sono.

● Dormir no quarto escuro.

● Praticar meditação pode facilitar a preparação para o sono.

Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil

Máscaras não afetam respiração ou trazem risco à prática de exercícios

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo aponta que o uso de máscaras não afeta a respiração ou traz riscos para pessoas saudáveis na prática de exercícios físicos. Para o estudo foram avaliados 17 homens com idade média de 30 anos e 18 mulheres com faixa etária média de 28 anos, todos saudáveis.

“A gente fez com o objetivo de investigar se o uso das máscaras durante o exercício atrapalhava o desempenho, o funcionamento do corpo em pessoas que fazem atividade física regular, mas não são atletas”, explica o professor Bruno Gualano, responsável pelo estudo. Para isso, os participantes da pesquisa correram em uma esteira com e sem máscara de proteção, com monitoramento da respiração, oxigenação do sangue e função cardíaca.

Para o trabalho, os participantes usaram uma máscara de pano com três camadas, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Os exercícios foram realizados em diversas intensidades.

Nos níveis de esforço moderado e intenso foi verificada apenas uma pequena alteração no esforço de inspiração. “Nós observamos, especificamente, com o uso da máscara um aumento na capacidade inspiratória. O indivíduo tinha que inspirar mais com a máscara do que sem ela”, explica Gualano. Fora isso, porém, o corpo se adapta ao item de proteção e não houve mudanças na resposta do corpo das pessoas. “Não alterou débito cardíaco ou saturação de oxigênio, que era uma preocupação que se tinha”, acrescenta o professor.

No esforço considerado crítico, que é a máxima carga de exercício que a pessoa consegue desenvolver, o estudo apontou que houve perda de desempenho. De acordo com Gualano, ao contrário do que acontece nas outras intensidades, o corpo não consegue compensar a dificuldade adicional que a máscara impõe à respiração. Assim, as pessoas acabam chegando ao limite mais rápido do que chegariam sem o uso da proteção facial.

Porém, nem mesmo nesse nível de esforço foram constatadas alterações significativas na oxigenação do sangue ou na função cardíaca. “Não tem nenhuma alteração fisiológica sugestiva que possa incorrer em risco à saúde do praticante”, enfatiza o professor da Faculdade de Medicina.

O nível chamado de crítico de esforço é quando, explica Gualano, a pessoa que está se exercitando é incapaz de falar durante a tarefa. Nos níveis moderado e intenso, o praticante conseguiria falar, ainda que ofegante.

Para manter a boa saúde e até por razões estéticas, os níveis moderado e intenso são, segundo o professor suficientes. “Essa intensidade é suficiente para promover todos os benefícios que a gente conhece do exercício físico”, ressalta.

Apesar dos resultados dos testes mostrarem que o uso de máscara afeta pouco fisicamente os praticantes de exercício, no questionário aplicado aos participantes foram registradas diversas queixas em relação ao item de proteção.

“No geral eles se sentiam muito mal com o uso da máscara. As pessoas reclamavam que com a máscara sentiam mais calor, desconforto, maior fadiga, resistência”, enumera o pesquisador.

Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Fonte: Agência Brasil