Ajustes no estilo de vida podem ser um dos mecanismos para a prevenção do câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença ocasiona uma a cada seis mortes no mundo. Dessas, algumas poderiam ser evitadas a partir de pequenas mudanças de hábitos e outros mecanismos, como a vacinação contra o HPV, uma alimentação equilibrada e, principalmente, com a prática de atividades físicas.
Em um breve levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Ministério da Saúde estabelece uma cartilha com orientações com quatro tópicos principais. Evitar o sedentarismo é ponto fundamental na prevenção de diversos tipos de câncer. A professora Patrícia Chakur Brum, titular da Faculdade de Educação Física e Esporte da USP, explica que é justamente o condicionamento corporal ocasionado pela prática esportiva, associado a outros hábitos saudáveis, o principal aliado na prevenção e diminuição das chances de se contrair a doença.
Para isso, são indicados entre 150 a 300 minutos de atividades por semana, alternando exercícios que combinem atividades de deslocamento e atividades de resistência: “As atividades físicas têm se mostrado muito eficientes. Então, é importante que elas sejam incorporadas como um hábito na rotina das pessoas”, adiciona a professora. Ela também salienta que a combinação a demais fatores, como diminuição do tabagismo e do consumo de álcool, alimentação equilibrada, redução do estresse e da ansiedade são fortes aliados às práticas esportivas na prevenção do câncer.
Os exercícios sugeridos pela professora envolvem a movimentação do corpo, atividades aeróbicas e de resistência muscular. Independentemente da intensidade ou nível de dificuldade desses exercícios, “o ideal é que as atividades sejam prazerosas”, destaca a professora.
Na reabilitação e reincidência
Há evidências de que a proteção por meio da atividade física seja mais efetiva entre os cânceres de bexiga, cólon, endométrio, esôfago, estômago, rins e mama. Este último tipo foi objeto de estudo da professora, que também acompanha o Projeto Remama (Remo para Reabilitação pós-Câncer de Mama) da USP. Nele, Patrícia acompanha de perto os efeitos da prática do remo em ex-pacientes que passam por uma reabilitação fisiátrica, sob observação de profissionais da educação física.
Este é um exemplo do uso de práticas esportivas na reabilitação do câncer, mas Patrícia também ressalta a importância destas para evitar a reincidência da doença. Para isso, é preciso que “os pacientes sejam liberados pelos oncologistas para a prática, porque, além de ajudar com os efeitos colaterais do tratamento, ela ajuda a prevenir a reincidência da doença”, complementa Patrícia, ao deixar claro que os exercícios são fundamentais não apenas para a prevenção como nas etapas posteriores à doença.
Estudo comparou cérebro de idosos ativos e inativos, detectando maior volume em 48 áreas e estruturas entre aqueles que acumularam tempo igual ou superior a 150 minutos de atividade física por semana.
O processo de envelhecimento é acompanhado por uma redução fisiológica do volume cerebral total. A atrofia cerebral, como também é chamada, é uma expressão usada para descrever a perda de tecido do cérebro que ocorre em todas as pessoas como parte natural do processo de envelhecimento, porém, essa condição também pode estar relacionada a problemas cognitivos e doenças neurológicas quando a perda é maior do que a esperada para a idade. Em geral, a diminuição neste volume é um marcador de referência para avaliação da saúde cognitiva em pessoas mais velhas.
Além de melhorar a capacidade cardiorrespiratória, promover o fortalecimento muscular e prevenir doenças associadas ao sedentarismo, a prática regular de atividade física faz bem ao cérebro de idosos. Uma pesquisa da USP feita com 45 pessoas recrutadas na rede básica de saúde, com idade entre 60 e 65 anos, mostrou que aqueles que se mantinham ativos apresentaram maior volume cerebral (considerada uma característica positiva para efeitos cognitivos) em comparação aos sedentários. Das 71 áreas cerebrais analisadas, houve diferença significativa no volume intracraniano em 48 áreas/estruturas entre os que, durante suas rotinas diárias, acumularam tempo igual ou maior que 150 minutos de atividade física por semana quando comparados àqueles que acumularam menos de 150 minutos. Uma das áreas impactadas foi o lobo frontal, responsável pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades individuais e emoção. A diferença dessa região foi em torno de 8%.
Os pesquisadores descobriram, também, que a aptidão cardiorrespiratória (ACR) é um preditor significativo dos volumes de, respectivamente, todo o cérebro, lobo frontal, lobo temporal, cerebelo e substância cinzenta cortical. A ACR mede como seu corpo absorve oxigênio e o distribui aos músculos e órgãos durante períodos prolongados de exercício. Quanto maior o nível de ACR, menor será o risco de desenvolver uma variedade de patologias, tais como doença cardiovascular e certos tipos de câncer.
“Quando a redução do volume cerebral é maior que o esperado para a idade, esta condição está associada à perda cognitiva e à demência”, explica ao Jornal da USP Lucas Melo Neves, autor da pesquisa de doutorado defendida na EEFE. “O auge do desempenho biológico do cérebro acontece por volta dos 20/30 anos mas, aos 60, as pessoas já tiveram redução significativa do cérebro. A partir dos 60 anos, a cada década, há uma redução em torno de 5% do volume cerebral”, diz.
Carlos Ugrinowitsch, orientador da pesquisa e professor do Laboratório de Adaptação ao Treinamento de Força, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, explica que outros trabalhos científicos já haviam mostrado a importância da atividade física para evitar a atrofia cerebral, porém, a pesquisa atual expandiu esse conhecimento. “Com auxílio de novas tecnologias e equipamentos mais precisos – a ressonância magnética, por exemplo – foi possível mapear todas as estruturas do encéfalo e verificar efeitos positivos generalizados da atividade física na preservação do volume de mais de 30 estruturas cerebrais”, diz.
Aumento do volume cerebral está ligado à saúde cognitiva
Um maior volume cerebral está associado a um melhor desempenho cognitivo, ou seja, processamento de informações, raciocínio, atenção e memória. A medição da massa encefálica é feita em centímetro cúbicos, porque trata-se de uma medida dos exames de ressonância magnética, um dos instrumentos utilizados para estimar o volume do cérebro e diagnosticar problemas de cognição e doenças como o Alzheimer e acidente vascular cerebral (AVC).
O termo massa cerebral é evitado porque diz respeito ao peso, que só poderia ser obtido retirando a caixa craniana e a colocando em uma balança.
Estudos anteriores já mostraram que diminuições de até 30% no fluxo sanguíneo cerebral em adultos de meia-idade até a idade avançada parecem estar correlacionadas com a atrofia cerebral. A redução do fluxo sanguíneo no cérebro limita a disponibilidade de oxigênio e aumenta o estresse oxidativo e a inflamação nos neurônios, que estão relacionados à morte dos neurônios e diminuição de sinapses (região responsável por realizar a comunicação entre dois ou mais neurônios). Além disso, fatores de risco relacionados à saúde, como condições mentais (por exemplo, transtorno depressivo maior, comprometimento cognitivo leve e demência), obesidade e outras doenças não transmissíveis, parecem exacerbar a perda neuronal, a atrofia cerebral e o declínio cognitivo em ambos os sexos entre adultos de meia idade e idosos.
Foi com base nessas informações que os pesquisadores levantaram a hipótese para delinear o estudo: idosos que acumulam 150 minutos ou mais de atividade física por semana devem ter um volume maior das áreas e estruturas cerebrais avaliadas do que seus colegas que acumulam menos de 150 minutos de atividade física por semana; além disso, a aptidão cardiorrespiratória deve estar positivamente associada ao volume cerebral.
“Até onde sabemos”, escrevem os autores, “não está claro como todas as áreas cerebrais que apresentaram maior volume afetam as atividades diárias dos idosos. No entanto, uma revisão recente sugeriu que a diminuição do volume de várias áreas e estruturas cerebrais está relacionada ao deslocamento do equilíbrio, pois o equilíbrio é uma habilidade que ativa a maioria das áreas e estruturas cerebrais.”
“Os resultados da pesquisa da USP sugerem que o tempo de prática de atividade física seja uma ferramenta importante para mitigar o declínio do volume cerebral e para preservar a cognição durante o processo de envelhecimento, relata Ugrinowitsch ao Jornal da USP . O exercício físico regular aumenta o fluxo sanguíneo para a cabeça e estimula o crescimento de novas células cerebrais e as conexões entre elas, resultando em cérebros mais eficientes, maleáveis e adaptáveis, explica o estudo.
A pesquisa
Os 45 voluntários, divididos em dois grupos – sedentários e ativos – eram compostos por 38 mulheres e 7 homens. Eles foram recrutados em Unidades Básicas de Saúde (UBS), na região do Campo Limpo, na Capital paulista, e um dos critérios estabelecidos pela pesquisa foi que eles não poderiam ter participado nos últimos seis meses de nenhum programa estruturado de atividade física. Em ambos os grupos – tanto no de ativos quanto no de sedentários – algumas pessoas tinham diabetes, eram hipertensas, fumantes ou com glicemia elevada.
Neves explica a diferença entre exercício físico e atividade física. A primeira categoria se trata de atividade planejada, estruturada e acompanhada ou não por um profissional de educação física. Exemplos: musculação, natação, hidroginástica, pular corda, ginástica localizada, etc. A segunda, é qualquer movimento corporal que resulte em gasto energético (situação em que se encaixavam os idosos ativos da pesquisa). Por exemplo, varrer a casa, cuidar do jardim, subir ou descer escadas, levar o cachorro para passear, caminhar para pegar transporte público, entre outros.
Para comparar o volume das áreas e estruturas cerebrais, os pesquisadores utilizaram um acelerômetro, um dispositivo fixado à cintura dos voluntários, que registrava os níveis de atividade física realizados durante sete dias, por, no mínimo, dez horas diárias. Os participantes foram divididos em dois grupos: um ativo, com 25 pessoas, que durante suas rotinas diárias na semana acumulavam igual ou mais de 150 minutos de tempo de prática de atividade física; e outro sedentário, com 20 pessoas, que acumularam menos de 150 minutos de atividade física semanal. Lembrando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, para manter-se saudável, um idoso deve praticar, por semana, de 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercícios intensos.
Após uma semana, os voluntários foram submetidos a exames de ressonância magnética dos cérebros para obter imagens 3D de alta resolução das áreas e estruturas avaliadas. Os resultados apurados mostraram que os idosos que estavam no grupo de ativos apresentaram volume maiores em 39 áreas e nove estruturas cerebrais quando comparados aos sedentários. As áreas que apresentaram maior volume foram: encéfalo total (7%), lobo frontal (8%), lobo temporal (10%), lobo parietal (9%), lobo occipital (9,5%) e substância cinzenta cortical (9%). As estruturas com maior diferença percentual foram o cortex entorrinal (12,5%), parahipocampo (16%), hipocampo (8%) e lingual (10%).
Limitações
No artigo, são citadas algumas limitações do estudo, como o número modesto de idosos avaliados e a inexistência de coleta de informações relacionadas a fatores sociais, ambientais, culturais e comportamentais que influenciam ações e experiências individuais.
A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Mais informações: e-mail ugrinowi@usp.br, com Carlos Ugrinowitsch, e e-mail lucasmeloneves@uol.com.br, com Lucas Melo Neves
Lesões no joelho do Ligamento Cruzado Anterior é a causa mais comum de cirurgias no meio esportivo e afeta três vezes mais as mulheres que os homens.
Causa mais comum de cirurgias em atletas, a lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), que ocorre nos joelhos, afeta muito mais as mulheres que os homens; o risco dessas lesões chega a ser três vezes maior no sexo feminino, segundo o professor Fabricio Fogagnolo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e especialista em cirurgia do joelho e trauma ortopédico. “Entre os esportes em que o LCA é mais frequente estão futebol, basquete, vôlei, handebol e lutas”, afirma o professor.
Segundo Bruno Luiz de Souza Bedo, educador físico e especialista em reabilitação e desempenho funcional pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o sexo feminino é mais suscetível à lesão que os homens pelas características anatômicas, as diferenças na mecânica dos movimentos, no controle muscular e também nas condições hormonais. “O espaço intercondilar, conhecido como fossa intercondilar e onde fica o LCA, é classificado quanto ao formato cônico, circular e retangular. O que se vê nas lesões sugere que a largura da base da fossa e a largura do côndilo lateral, que é uma das duas projeções na extremidade inferior do fêmur, seriam fatores de risco importantes porque este espaço é menor nas mulheres em relação aos homens e, sendo mais estreito, limita a mobilidade de articulação durante os movimentos de torção, o que favorece o impacto entre o ligamento e a estrutura óssea ao redor do joelho, aumentando o estresse imposto no ligamento”, adianta.
Outro fator que faz com que as mulheres sejam mais suscetíveis à lesão do LCA é que o quadril no corpo feminino é mais largo que na estrutura óssea do corpo masculino. “Isso afeta o alinhamento dos joelhos e toda a musculatura do quadril e do próprio joelho, o que aumenta a carga imposta na articulação”, afirma o educador físico.
Quanto aos fatores hormonais, o ciclo menstrual merece ser destacado. Os hormônios que regulam o ciclo não alteram apenas o aparelho reprodutor, mas também diversas estruturas do corpo. O ciclo hormonal afeta o ligamento cruzado anterior, principalmente na fase pré-ovulatória. “Ou seja, a mulher, a atleta que está realizando uma prática esportiva tem o maior risco de se lesionar durante a primeira metade do ciclo menstrual”, ressalta Bedo.
Ainda segundo Bedo, existem também fatores neuromusculares. Um dos principais fatores, que aumentam a incidência de lesões em mulheres quando comparada aos homens é o desgaste ou a resistência à fadiga. “As mulheres sofrem mais com a fadiga muscular e isso faz com que seja mais comum a existência do valgo, quando o joelho está desalinhado e voltado para dentro e se torna um dos principais mecanismos de lesão do ligamento cruzado anterior”.
As lesões no joelho
Fogagnolo afirma que o ligamento cruzado anterior é muito importante, principalmente para a prática esportiva. O LCA “fica no centro do joelho e limita o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur, impedindo que a tíbia vá para a frente. Esse ligamento é importante restritor também dos movimentos rotacionais da tíbia em relação ao fêmur, particularmente da rotação interna da região mais lateral da tíbia em relação ao fêmur”, explica.
Nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção como os dribles, comuns no futebol, no handebol e no basquete, os atletas ficam mais expostos à lesão do LCA. “A lesão acontece justamente com esses movimentos mais súbitos e a ocorrência se dá 70% no pé de apoio, quando o atleta vai fazer uma mudança rápida de direção. Mas o movimento mais comum, sem dúvida, é o desvio do joelho para dentro, quando os dois joelhos apontam um para o outro, combinado com o movimento de rotação da tíbia”, informa o professor Fogagnolo, assegurando ser mais comum a lesão ocorrer quando o atleta está sozinho, contrariando o que muitos acreditam, que a lesão no LCA é resultado de colisão com o oponente.
Cirurgia e fortalecimento muscular
A recuperação da lesão nas mulheres e nos homens é praticamente a mesma. “O retorno às atividades esportivas se dá por volta de oito a dez meses após a cirurgia”, garante Fogagnolo. “Nos esportes que envolvem mudanças rápidas de direção e que são extremamente competitivos, a recomendação é fazer um protocolo de fisioterapia bastante adequado, com treinamento de fortalecimento para um retorno mais seguro às atividades”, alerta.
Saber se prevenir é fundamental. Fogagnolo recomenda que os atletas profissionais ou amadores procurem um ortopedista ou fisioterapeuta para o fortalecimento adequado da musculatura. Já os fatores de risco para a lesão, segundo Bedo, se dividem em intrínsecos e extrínsecos. Nos fatores intrínsecos, os riscos dependem inteiramente do atleta e seus desequilíbrios musculares, restrição articular, por exemplo. Já nos fatores extrínsecos, os riscos aparecem na carga de treino, no tipo de grama ou de quadra, no tipo de tênis ou chuteira que o atleta usa.
De toda forma, os números das lesões em mulheres assustam. Para se ter uma ideia, durante a preparação para a Copa do Mundo de Futebol Feminino, na França, em 2019, nada menos do que 17 das 39 jogadoras da seleção feminina do Brasil já haviam sofrido esse tipo de lesão. E quatro atletas já tinham se lesionado, inclusive, nos dois joelhos.
A maior jogadora brasileira de todos os tempos, Marta, teve a lesão no joelho esquerdo aos 36 anos, no fim de março deste ano, ficando de fora da Copa América. Outra atleta, Catarina Macario, brasileira naturalizada norte-americana, sofreu a mesma lesão em junho. A alemã Dzsenifer Marozsán fez a cirurgia em maio e a espanhola Alexia Putellas sofreu a lesão em julho, poucos dias antes do início da Eurocopa.
Em um estudo publicado no periódico Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, cientistas da Universidade Edith Cowan, na Austrália, em parceria com duas universidades japonesas, indicaram que atividades físicas de intensidade moderada, se praticadas diariamente, podem ser benéficas para a força muscular.
Durante o trabalho, pesquisadores analisaram três grupos de participantes. Ao longo de quatro semanas, foram realizados exercícios de resistência do braço em contração excêntrica, ou seja, quando o músculo está se alongando; nesse caso, abaixando um haltere pesado em uma rosca direta. “Um grupo fez 30 contrações em único dia na semana e outro fez as mesmas contrações cinco vezes na semana. Eles observaram que aqueles que dividiram essas contrações ao longo da semana, além do aumento da espessura, tiveram um aumento da força muscular em torno de 10%”, explica Tiago Fernandes, professor e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.
Profissional com enfoque em bioquímica e biologia molecular do exercício, Fernandes esclarece que os músculos precisam de descanso para melhorar sua força e sua massa muscular. Por isso, é necessário adotar intervalos entre as atividades físicas para que elas sejam eficazes, pautando-se nos princípios do treinamento físico. “Se a gente fizer todas as repetições uma única vez na semana, o nosso sistema não entende que aquela adaptação vai promover feitos funcionais no nosso organismo. Então, geralmente faz-se um estímulo no organismo numa forma sistêmica. Isso é atrelado a um período de recuperação em que o sistema consegue recuperar, em média de 24 a 48 horas, para gerar um novo estímulo”, aponta.
O pesquisador destaca também que pesquisas como essa são necessárias para compreendermos a importância dos exercícios como fator diretamente relacionado à melhoria da nossa saúde e qualidade de vida. “O exercício físico, realizado ao longo dos anos, é capaz de reduzir diversas condições de doenças, índices de obesidade e, consequentemente, acúmulo no cômodo de gordura nas nossas principais artérias do coração, evitando a instauração de placas de ateroma, o infarto à pessoa e melhorando os níveis de diabete”, conta.
A partir dessa descoberta, será possível aprofundar as investigações relacionadas ao bem-estar e à prática de exercícios como uma atividade diária, em vez de uma meta semanal de uma vez por semana, por exemplo. “Você deve começar a se exercitar hoje, não deixe para amanhã. Qualquer tempo em movimento conta, porque movimento é vida”, conclui o professor.
Hoje (24/06) é o Dia Mundial de Prevenção de Quedas e o assunto será discutido no Hospital Universitário (HU) da USP. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Maria Elisa Pimentel Piemonte, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina (FMUSP), informa que fraturas decorrentes de quedas são responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas acima de 75 anos.
Maria Elisa alerta que um indivíduo com fratura pode ficar acamado e, em função da imobilidade, passar a sofrer complicações renais e respiratórias que podem levar a óbito. Ela também informa sobre as consequências psicológicas acarretadas pela primeira queda: “Se é uma queda com injúria ou mesmo uma queda, por exemplo, num ambiente público, em que a pessoa se sinta muito constrangida, ela desencadeia o que se chama Síndrome do Medo de Cair. A pessoa começa a se autorrestringir por causa do medo de cair”.
Possíveis riscos
Segundo a professora, os riscos de queda são divididos conforme a funcionalidade do idoso. Os idosos saudáveis, normalmente, caem por problema ambientais, como irregularidades no piso e tapetes escorregadios. Mas também há outras condições, como fraqueza muscular, tontura, vertigem e uso de vários fármacos. “Sedativos, ansiolíticos e remédios para dormir, tudo isso aumenta o risco de queda. E a gente não pode esquecer também que, ao lado do declínio físico, há o declínio cognitivo”, reitera Maria Elisa. Ela completa: ”Por exemplo, a atenção está relacionada com o aumento de risco de queda, e um estudo mostra que testes cognitivos podem prever o risco até cinco anos antes da primeira queda”.
A especialista ainda fala sobre a influência do sexo nessa questão. De acordo com ela, mulheres caem mais que homens, devido às alterações hormonais da menopausa. Assim, pessoas do sexo feminino possuem um declínio mais abrupto no sistema motor.
Prevenção
Ao contrário do senso comum, idosos com escadas em casa caem menos que aqueles que não as têm, pois as escadas auxiliam no exercício diário e no fortalecimento dos músculos nos idosos que as utilizam regularmente. Como a fraqueza muscular em função da idade afeta o equilíbrio e ocasiona quedas, exercícios físicos são uma forma de preveni-las.
A indicação da professora são exercícios variados, os quais combinam força, elasticidade, coordenação e equilíbrio. Ela reforça que as atividades precisam ser de longa duração: “Não é uma coisa para curto prazo. Não adianta esperar que você vai começar a fazer esse exercício e daqui um mês vai notar efeito. Tem que descobrir alguma coisa que você faça com prazer para que isso perdure bastante”.
No Dia Mundial de Prevenção de Quedas, às 9h, o anfiteatro do HU avaliará o risco de queda em pacientes de toda a comunidade. Serão dois testes motores rápidos para que qualquer pessoa possa identificar seu risco. Para saber mais, acesse www.hu.usp.br.
Em pouco mais de dez anos, o número de idosos no Brasil aumentou em 11 milhões de pessoas. Em 2010, o país tinha 19 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade. Em 2021, esse número chegou a 30,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa para as próximas décadas é que esse número continue aumentando. Projeções estimam que, em 2060, três em cada dez brasileiros serão idosos.
Para o gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Minamiguchi, o aumento do número de idosos vem acompanhado de uma mudança de perfil dessa parcela da população ao longo dos anos.
“Aqueles idosos que hoje em dia chegam a idades mais avançadas, certamente, vão ter um tempo de vida maior e mais saudável em comparação com o passado. Ser idoso agora é bem diferente do que há algumas décadas.”
Atualmente, a expectativa de vida no Brasil é de quase 77 anos – em 2010, era de 73 anos.
Confira na TV Brasil:
Segundo a geriatra Roberta França, o aumento da longevidade está relacionado com uma série de fatores como: a prática de exercícios, a alimentação saudável e o avanço da ciência que permitiu a descoberta de novos tratamentos.
“Nós começamos a compreender melhor o processo do envelhecimento e, com os diagnósticos mais precisos, criamos mecanismos para melhorar a qualidade de vida”.
O aumento da expectativa de vida provocou uma mudança no perfil dos pacientes que procuram o consultório da geriatra.
“Há 30 anos, ter um paciente centenário era muito pouco comum. Atualmente, eu atendo dezenas de pessoas com mais de 100 anos de idade, e quem chegou aos 60 anos continua tendo uma vida ativa com trabalho, viagens e namoro.”
O avanço da medicina é um dos fatores que permite a Antonio Aiex uma vida saudável, aos 86 anos, depois de ter superado um tumor no cérebro, um câncer de pele e um tumor na coluna.
O primeiro câncer foi diagnosticado quando ele tinha 60 anos. Já o último tumor, detectado há 11 anos, está estabilizado devido ao tratamento.
Antonio acredita que a herança genética e os hábitos saudáveis são os segredos da longevidade. “Eu sempre tive uma vida sem grandes excessos, com uma alimentação regrada e praticando exercícios. Além disso, o tratamento eficiente fez toda a diferença.”
Médico do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Gélcio Mendes diz que em diversos tipos de câncer as chances de cura são consideradas altas, mesmo em pacientes idosos, e superam os 90% nos tumores na pele, mama, testículo, próstata e útero.
“Hoje em dia, entendemos melhor os tumores e temos tecnologias mais apropriadas para avaliar a extensão de cada tumor, mas o sucesso dos tratamentos está sempre relacionado com o diagnóstico precoce que é fundamental para aumentar as chances de cura.”
A medicina também avançou nos tratamentos das doenças cardiovasculares, embora elas ainda sejam a principal causa de morte em todo o mundo. No Brasil, anualmente, cerca de 230 mil pessoas morrem devido a problemas relacionados ao coração.
O coordenador do setor de medicina nuclear do Hospital Pró-Cardíaco, Cláudio Tinoco, diz que as pessoas devem procurar sempre controlar a glicose, a pressão arterial e o colesterol para evitar o agravamento das doenças.
“Este controle deve ser preventivo. Os pacientes devem procurar os médicos pelo menos uma vez por ano para realizar um check up completo. Isso é ainda mais importante depois dos 60 anos de idade.”
O aposentado José Alves, 73 anos, segue esses conselhos à risca e vai ao médico periodicamente para checar a saúde. Os resultados dos últimos exames foram ótimos, e José leva uma vida com muita disposição. Recentemente, ele começou a fazer aula de dança e faz planos para um futuro bem longo. “Eu me sinto bem e quero chegar aos 120 anos de idade”.
Edição: Lílian Beraldo
Por Maurício de Almeida – Repórter da TV Brasil – Rio de Janeiro
Comemorado dia 18 de março, o Dia Mundial do Sono é uma oportunidade para refletir sobre a importância de uma boa e tranquila noite de sono para a saúde física e mental. No entanto, hábitos aparentemente inofensivos do cotidiano, como mexer no celular ou ver televisão na hora de dormir, contribuem para roubar preciosas horas de sono e prejudicar a saúde.
Para a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl-CCF), a data serve de alerta sobre a necessidade do sono saudável para garantir qualidade de vida. A associação lembra que a falta do sono pode interferir nas taxas de mortalidade e contribuir para o aumento da prevalência de doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, síndrome metabólica, ansiedade, depressão, síndromes metabólicas.
“O sono é parte integrante do nosso processo fisiológico. Precisamos dormir para reparar a energia gasta em um dia todo de trabalho, para consolidar nossa memória”, disse à Agência Brasil o coordenador do Departamento de Medicina do Sono da entidade, Danilo Sguillar.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Sono, a população está dormindo menos nos últimos anos. Em 2018, a média foi de 6 horas e 36 minutos, e, em 2019, caiu para 6 horas e 24 minutos.
Sguillar lembra que ronco e insônia também são indicativos de problemas no sono que podem prejudicar a saúde da pessoa. O especialista destaca ainda a apneia obstrutiva do sono, caracterizada pela obstrução completa ou parcial do fluxo de ar nas vias respiratórias, enquanto a pessoa dorme.
Quando isso acontece, a pessoa pode roncar alto ou causar ruídos sufocantes enquanto tenta respirar, uma vez que o corpo está privado de oxigênio. Se não for tratada, a apneia obstrutiva do sono é fator de alto risco para o aparecimento de problemas como hipertensão arterial, doenças cardíacas e diabetes tipo 2, entre outras.
“Quem ronca e tem apneia não descansa o quanto deveria, não tem um sono reparador e tende a ficar sonolento durante o dia, ter dificuldade de concentração, irritabilidade e prejuízo na memória, o que afeta o rendimento profissional. Dependendo da gravidade do problema, essa má qualidade do sono pode acarretar hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além de depressão, ansiedade e maior risco para acidentes, ou seja, a doença não tratada diminui a expectativa de vida”, esclarece o médico otorrinolaringologista.
Em razão disso, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial lançou uma campanha, com camisas, cartazes e postagens em redes sociais. O tema da campanha, Ronco Não É Piada, visa conscientizar a sociedade de que esse distúrbio precisa ser levado a sério.
“Estamos com uma campanha com o tema ronco, porque ronco é um sintoma muito frequente que ocorre na maioria dos lares e, muitas vezes, é tido como chacota, como brincadeira. Muitos se esquecem de que, por trás do ronco, existe uma importante patologia que é a apneia obstrutiva do sono”, alertou Sguillar.
Um estudo publicado em 2018 na revista científica The Lancet estimou que mais de 936 milhões de pessoas têm apneia obstrutiva do sono no mundo. O número é quase 10 vezes maior do que a estimativa da Organização Mundial da Saúde em 2007, de mais de 100 milhões de pessoas com a doença.
Prevalência
O distúrbio é mais frequente entre pessoas do sexo masculino, a partir dos 50 anos de idade, com obesidade e alterações faciais, como o queixo mais recuado, língua volumosa, amígdalas aumentadas e desvios de septo nasal.
Um passo importante para quem tem contato alguém que ronca, principalmente quando o barulho é alto, estridente ou interrompido por pausas na respiração, é alertar e aconselhar a pessoa a procurar um especialista para verificar possíveis problemas, diz Sguillar. “Quem está vendo a pessoa dormir e roncar tem que fazer o alerta para que ela vá procurar ajuda médica.”
Criado pela World Sleep Foundation, o Dia Mundial do Sono, é lembrado como oportunidade para celebrar a importância do sono e chamar a atenção global de problemas de saúde que tenham relação direta com o sono, desde a saúde até aspectos sociais ou educacionais.
A data é móvel e ocorre sempre na última sexta-feira antes do equinócio de outono, para o Hemisfério Sul, e o de primavera para o Hemisfério Norte.
As dicas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial para ajudar as pessoas a dormir melhor e ter sono de qualidade são:
● Fazer atividade física regular.
● Ter alimentação adequada, com comidas leves no jantar, para ter uma noite de sono mais tranquila e sem interrupções.
● Não consumir alimentos à base de cafeína, como chá preto, café e refrigerante à base de cola.
● Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
● Não fumar.
● Perder peso, no caso de pacientes com obesidade.
● Adotar práticas de higiene do sono, como evitar telas durante a noite. Celulares, tablets e televisores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar.
● Ler fora da cama, pois ajuda a embalar o sono.
● Dormir no quarto escuro.
● Praticar meditação pode facilitar a preparação para o sono.
Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade, mas tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família devem ter plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica, como a possibilidade de ganhar peso novamente.
O exercício físico atenua e reverte a perda de massa muscular, melhorando a força e o funcionamento dos músculos de mulheres obesas submetidas a cirurgia gastrointestinal para perda de peso (cirurgia bariátrica). O resultado foi obtido em pesquisa realizada pelo Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP com 80 mulheres que foram operadas em São Paulo. Por meio de análises moleculares, o estudo revela que o treino físico beneficiou os mecanismos do corpo que regulam a massa muscular, diminuindo a atividade de genes específicos relacionados à degradação de proteínas.
As conclusões do trabalho foram apresentadas em artigo publicado no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle no último mês de outubro.
O professor Hamilton Roschel, da EEFE, coordenador do grupo de pesquisa, explica que as técnicas de cirurgia bariátrica podem ser classificadas como restritiva, malabsortiva ou combinada. “A técnica restritiva reduz o tamanho do estômago e, consequentemente, a quantidade de alimento ingerido pela pessoa”, relata. “Na malabsortiva, o trajeto do alimento é alterado induzindo a um menor tráfego do alimento no intestino e, assim, a uma menor absorção dos nutrientes, e a técnica combinada associa os dois métodos.” De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos de cirurgia bariátrica no Brasil, número 7% superior às 63.969 cirurgias feitas em 2018.
Hamilton Roschel – Foto: Arquivo pessoal
Segundo o professor, a cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade. “Por exemplo, quando comparada ao tratamento médico padrão para manejo da obesidade, ou seja, aconselhamento nutricional e atividade física, monitoramento dos níveis de glicose e uso de medicamentos para controle do peso, a intervenção cirúrgica promove uma maior redução dos valores de Índice de Massa Corpórea (IMC), açúcar no sangue, resistência à ação da insulina e o uso de medicamentos em indivíduos com obesidade diabéticos e não diabéticos.” O IMC é um índice que avalia o estado nutricional do paciente, calculando se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação à altura.
No Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 2010, os critérios para o uso da cirurgia gastrointestinal como tratamento da obesidade mórbida são IMC igual ou superior a 40 kg/m2, ou maior que 35 kg/m2, quando associado a complicações como apneia do sono severa, diabete descontrolada e cardiomiopatia grave. “Em 2017, o CFM também reconheceu a cirurgia como opção terapêutica para pacientes diabéticos tipo 2 com IMC entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2”, diz Roschel, “desde que tenham idade entre 30 e 70 anos, resistência ao tratamento com antidiabéticos orais ou injetáveis, mudanças no estilo de vida e comprovem que compareceram ao endocrinologista por, no mínimo, dois anos”.
“Cabe ressaltar que o CFM considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal, e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”
Melhora muscular
Para a pesquisa, foram recrutados 80 pacientes no Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP). “Eram todas mulheres, com idade ao redor de 40 anos e IMC médio de 48 kg/m2. Um grupo realizou um programa de treinamento físico supervisionado três vezes por semana por seis meses, iniciado três meses após a cirurgia bariátrica, e outro recebeu apenas o atendimento pós-cirúrgico padrão, com atendimento médico e acompanhamento nutricional, mas que não engloba exercícios”, descreve Roschel. “As sessões de treinamento compreendiam exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, supervisionados por pesquisadores do grupo e conduzidos no nosso Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (Lacre) do HC.” “Cabe ressaltar que o CFM [Conselho Federal de Medicina] considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”
Nos dois grupos, os pesquisadores avaliaram a força muscular dos membros superiores e inferiores, funcionalidade, composição corporal, área das fibras musculares, parâmetros mionucleares e de capilarização do músculo. “Foi realizado, ainda, sequenciamento do RNA mensageiro (que transmite informações do DNA para as células realizarem a síntese de proteínas) e expressão de genes relacionados à síntese e degradação de proteínas”, acrescenta o professor. “Observamos uma redução importante da força muscular dos membros superiores e inferiores três meses após a cirurgia em ambos os grupos. Em contrapartida, o grupo treinado mostrou um aumento da força muscular ao final da intervenção, enquanto o grupo não treinado não apresentou nenhuma melhora.”
O grupo treinado apresentou melhora da funcionalidade em comparação ao não treinado após a intervenção. “A cirurgia comprometeu a massa magra e a área de secção das fibras musculares de ambos os grupos, porém, o exercício atenuou de maneira importante a perda de massa magra e reverteu a perda ao nível da fibra muscular no grupo exercitado”, destaca Roschel. “O exercício melhorou parâmetros mionucleares e de capilarização em relação ao grupo não exercitado e o sequenciamento de RNA revelou supressão de genes relacionados à degradação proteica.”
“Nossos resultados mostram que mulheres obesas submetidas à intervenção cirúrgica e a um programa de treinamento físico adquirem um perfil de expressão gênica e características musculares, isto é, área de secção transversa da fibra muscular, capilarização, força e funcionalidade, comparáveis a um grupo controle de mulheres com condições físicas normais”, enfatiza o professor. “Esses resultados, analisados em conjunto, nos permitem recomendar a inserção de programas de treinamento físico sistemático no tratamento pós-operatório de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica a fim de contrapor os efeitos adversos da perda de massa muscular.”
A pesquisa foi realizada no Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da EEFE e FMUSP. O trabalho foi coordenado pelo professor Hamilton Roschel e teve a participação de Saulo Gil, Carlos Merege-Filho, Sheyla Fellau e Bruno Gualano, pesquisadores do grupo e membros do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Igor Murai e Rosa Pereira, do Laboratório de Metabolismo Ósseo do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Fabiana Benatti, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp; Ana Lúcia de Sá-Pinto e Fernanda Lima, do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Samuel Kinjo e Walcy Teodoro, do Departamento de Reumatologia da FMUSP; e Roberto de Cleva e Marco Aurélio Santo, do Departamento de Cirurgia do Aparelho Digestivo da FMUSP. Também integraram o grupo de pesquisa John Kirwan, Wagner Dantas e Sujoy Gosh, do Pennington Biomedical Research Center.
Mais informações: e-mail hars@usp.br, com o professor Hamilton Roschel
Evento foi realizado no último dia 30 de março, em São Paulo
Que a população está envelhecendo e que o tempo, esperamos, passa para todo mundo, você já sabe.
Mas quais são e serão os desafios que vamos enfrentar para envelhecermos bem como sociedade, em família e pessoalmente?
O que fazer e como olhar para um futuro que todos vamos viver (e cada vez mais anos)?
É para isso que a InterAção – Projeto e Consultoria organizou a II Jornada Interdisciplinar em Envelhecimento no último dia 30 de março, em São Paulo.
Com o tema “Longevidade: Novos Olhares?” o evento trouxe uma gama diversa e capacitada de especialistas em envelhecimento, cidadania e cuidados para que possamos discutir e aprender como viver mais e melhor.
Confira alguns dos destaques da II Jornada Interdisciplinar em Envelhecimento:
Dr. Marcelo Valente, geriatra da Santa Casa e presidente da SBGG-SP
Ele falou sobre as diferenças de expectativa de vida durante as décadas no Brasil, tanto regionalmente como nacionalmente, e em outros países.
Disse ainda que até 2040 – ou seja, daqui a 20 anos -, de 13% da população, a porcentagem de idosos projeta um aumento para 23% da população no Brasil.
Dr. Marcelo destacou também as projeções para as idades médias e proporções populacionais até 2100, garantindo que a expectativa de vida no Brasil atingirá 88 anos até lá.
E encerrou falando dos hábitos que fazem das Blue Zones, ou Zonas Azuis – regiões do mundo onde há maior concentração de centenários vivos -, e como podemos adaptar às nossas rotinas para vivermos mais e com melhor qualidade de vida.
Conversa de Sofá – Longevidade: novos olhares?
Um bate papo animado e divertido com três convidados e intermediado por Lilian Lang, jornalista da Revista Aptare.
Debate animado sobre envelhecimento intermediado pela jornalista Lilian Lang (à direita)
Os convidados foram a Profª Marli Feitosa – presidente do grande conselho municipal do idoso, a senhora Vera Caovilla – membro fundadora da ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) e o Dr. Helio Nogueira – Urologista e ex-reitor da UNIFESP.
Em uma roda de amigos, os três debateram como o idoso é ou não respeitado na sociedade pelos parentes, amigos, médicos e políticos.
Dr. Helio destacou: “Os médicos também têm que lembrar que do outro lado existe um ser humano”, arrancando aplausos da platéia.
A autocrítica também não ficou de lado: “Nós temos que aprender a mexer com as novas tecnologias, nos celulares, mandar coraçõezinhos para as nossas amigas no WhatsApp”, disse Marli.
Além disso, o preconceito e a falta de paciência entre as pessoas mais velhas também foi lembrado.
O debate ainda falou de políticas públicas como forma de evitar o isolamento e criar atividades para idosos, especialmente os já aposentados.
Estereótipos: até quando?
Já a Profª Dra. Valmari C Aranha – docente do Centro Universitário São Camilo e especialista em gerontologia – trouxe uma grande reflexão sobre os problemas que os estereótipos trazem ao envelhecer.
Ótimas reflexões trazidas pela Profª Dra. Valmari Aranha sobre esteriótipos no envelhecimento
Começou analisando o que sustenta um clichê direcionado aos idosos:
Medos, doenças, fragilidade, perda, mudanças físicas e sociais;
Solidão e carência
Negação
Fragilidade
Descuido e Negligência
Rigidez e Não adaptação
Também falou sobre a diferença entre o Ageism – processo de estereotipagem e discriminação sistemáticos contra as pessoas devido à sua idade (Butler, 1969) – e o Velhicismo – conjunto de atitudes negativas, socialmente estereotipadas, que trazem prejuízo:
O Ageism é, portanto, algo contra o envelhecimento do corpo, quase um inimigo (“não se combate o que é natural”). Já o Velhicismo é quando os idosos têm comportamentos que prejudicam os outros, não sendo necessário (furar fila, ser mal educado etc).
Antigamente o idoso era visto como sábio, experiente, professor, guardião das tradições, da história de da cultura do seu povo.
A professora Valmari destaca que um dos motivos pelos quais o estereótipo ainda existe é porque não temos conhecimento complexo, flexível e crítico do envelhecimento.
Para finalizar, a professora aconselha para a nova geração de velhos:
Se sentir confortável no mundo e se faz ouvir
Reinventando a forma de viver e perceber a velhice
Saber que é um processo individual e com múltiplas oportunidades
Resiliência
Autocuidado
Um envelhecimento ativo e atuante (além das aparências)
E ainda dá exemplos: Xuxa (56 anos) e Paul McCartney (76 anos).
Outros destaques da II Jornada
A Dra. Cláudia M. Beré, promotora de justiça, deu a palestra “O Futuro da Políticas Públicas” e deu alguns bons exemplos dos desafios na esfera pública para idosos. Ela contou casos, a burocracia que os projetos de lei enfrentam para se tornarem realidade e deu dicas sobre direitos dos idosos.
Dra. Myrian Najas falando sobre a importância da nutrição no envelhecer
No Painel “Longevidade bem-sucedida”, a nutricionista e coordenadora do InterAção apresentou as palestras:
Qual a influência da atividade física – apresentada por Neide Alessandra S. P. Nascimento, profissional de Educação Física da Gerência de Estudos e Programas Sociais (GEPROS) do SESC de São Paulo
Como a Nutrição pode contribuir – da Dra. Myrian Najas, nutricionista da UNIFESP e especialista em gerontologia.
Também foi destaque a palestra “Longevidade e as Promessas de vida eterna”, da geriatra da UNIFESP, Dra. Maisa Kairalla, falando sobre os possíveis avanços na medicina e até quando o ser humano pode viver.
Além disso, o Painel: “Novas Perspectivas para o Futuro”, coordenada pela Dra. Monica Rodrigues Perracini (fisioterapeuta e especialista em gerontologia) e com as especialistas Jullyanne Marques (gerontóloga), falando sobre qualidade de vida, e a Dra. Naira Lemos (assistente social da UNIFESP – SBGG) dando mais dicas sobre o cuidado com os idosos.
A 50+ SAÚDE estava presente apresentando a empresa e produtos para qualidade de vida
Medicina Integrativa é uma especialidade que visa estudar o metabolismo de cada indivíduo como um todo, para que a saúde seja a melhor possível e doenças sejam evitadas.
Quando já instaladas, o tratamento pode ajudar a reduzir a quantidade de medicações, uma vez que a causa dos problemas está sendo investigada, não apenas a consequência final.
“Ela propõe um resgate das práticas mais antigas sem negar os avanços da medicina convencional”, define o médico Paulo de Tarso Lima, coordenador do Grupo de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein.
“A medicina integrativa é um tratamento além da doença. Tratamos o paciente como um todo, desde o seu estilo de vida, até a forma como ele se relaciona com o ambiente. A interação com o paciente é muito importante. Vemos hoje muitos médicos que sequer olham nos olhos de seus pacientes. Acredito que se conseguirmos agir preventivamente, antes da doença levar a pessoa ao hospital, então teríamos mais o que fazer para melhorar a medicina”, disse o Prof. Dr. Chin An Lin, chefe do Ambulatório Geral Didático do HCMFUSP.
A Dra. Paula Bandeira de Mello fez um vídeo (transcrito abaixo) para mostrar a importância da ciência na vida das pessoas.
Confira a explicação e preencha o formulário para verificar como a Medicina Integrativa pode ajudar você a ter mais energia:
Veja o vídeo da Dra. Paula Bandeira de Mello sobre Medicina Integrativa
Oi, tudo bem com você?
Tô aqui para falar um pouco sobre Medicina Integrativa e de que forma e ela pode ajudar você a melhorar a sua saúde.
A Medicina Integrativa é uma abordagem médica que visa deixar o seu metabolismo em níveis ideais.
O melhor que o seu metabolismo pode ser por você:
Com os nutrientes adequados, com os hormônios em níveis ótimos, para que sua saúde seja a melhor possível e você consiga até prevenir doenças para quais a sua genética não te deixava favorável.
Vamos ver como é isso?
Prevenção
O primeiro conceito da Medicina Integrativa é que a prevenção é melhor do que a cura.
E a gente vê hoje em dia algumas doenças sendo tratadas para todo o sempre, certo?
Medicação diária, de uso contínuo, para sempre.
Será que não existe uma outra forma de tratar isso?
Será que a gente não consegue dar ao organismo aquilo que ele realmente precisa?
O nutriente que o organismo precisa para que aquela doença seja curada (ou nem apareça) e tratada na sua causa?
Melhore o terreno
O outro conceito é: melhorar o seu terreno.
Cuidar do corpo como se cuida da terra: nutrir e hidratar
Nosso organismo precisa estar bem nutrido, bem hidratado, precisamos pensar no que a gente está comendo para que seja algo funcional.
Precisamos que a alimentação dê os nutrientes que a gente precisa para construir os hormônios, os neurotransmissores e substâncias essenciais para a nossa saúde.
Não adianta a gente esperar que em um terreno seco e sem nutrientes, por exemplo, surjam frutos e flores, certo?
Você precisa adubar, expor ao sol e regar para que as coisas aconteçam.
Melhorar o metabolismo
A etapa seguinte é otimizar o seu metabolismo.
Não adianta você ver só a glicose (no sangue) ano após ano.
Às vezes a pessoa já está até acima do peso ideal, sabe disso, mas apenas dosa a glicemia e isso não é o suficiente para você se manter saudável.
Exemplo de medidas de glicose
Como na imagem, apenas um resultado de glicemia saiu do considerado normal.
Será que isso quer dizer que o corpo está funcionando tranquilamente?
Ou será que a insulina dessa mesma pessoa, que o laboratório diz que está dentro dos níveis normais, quer dizer que a pessoa está dentro da saúde ideal?
Esses níveis da imagem abaixo, são todos níveis de pré-diabetes.
Niveis de Insulina durante 2016 e 2017
Apenas o “Resultado atual” que não, já que teve uma melhora na alimentação.
Então será que a gente não tem uma forma melhor de cuidar da gente do que só esperar o diagnóstico de doença?
A melhor solução
Como a gente pode fazer isso?
Nutrindo o organismo.
Dando para a tireóide os nutrientes que ela precisa para fazer o hormônio;
Dando para os rins: ÁGUA.
Água não é chá, não é suco, não é refrigerante.
Água!
Tomar de duas em duas horas.
Não beba dois litros de uma vez que vai tudo para o xixi. Você tem que se hidratar ao longo do dia
Você também precisa de magnésio para não ser hipertenso.
Então será que antes de tomar um remédio para pressão, que tal emagrecer e fazer uma suplementação de magnésio com um profissional capacitado?
Antes de tomar um antidepressivo, será que não é melhor deixar o seu intestino apto a captar os nutrientes que você precisa para fazer o que o seu cérebro necessita para não entrar em depressão?
A importância dos hormônios
Qual hormônio, por exemplo, que ajudaria você a ter uma boa saúde sexual, boa saúde óssea – tanto nos dentes como prevenindo Osteopenia e Osteoporose?
Você é capaz de fazer exercício para ganhar e manter massa magra, prevenir câncer de próstata (no caso dos homens), prevenção de depressão…
Afinal, que hormônio é esse?
Aqui foram listados apenas alguns dos benefícios da testosterona.
Ela não é um hormônio apenas de homem.
A testosterona é importante para todo mundo. É preciso que a testosterona esteja em níveis ideais para prevenir tudo isso.
É importante também para a saúde cardiovascular (coração).
E é por isso que homens, a partir dos 50 anos, tem mais chance de infarto. Porque a testosterona cai de uma forma mais relevante.
Não precisa ter medo de hormônios.
Se forem orientados por um profissional capacitado e não forem usados derivados intéticos, que realmente trazem riscos para a saúde, você estará previnindo problemas que o avançar da idade naturalmente lhe trariam.
A gente realmente precisa de hormônios, vitaminas e nutrientes para alcançar a melhor saúde possível.
Você precisa apenas de um profissional capacitado para te ajudar a chegar nesse nível.
Hábitos para evitar doenças
Então eu convido você a melhorar os seus hábitos para “descontruir” doenças:
Respeitar o horário de sono;
Escolher com carinho o que comer – não pense apenas em não ter fome, pense em nutrir o seu corpo;
Praticar exercícios físicos.
Os dois primeiros são essenciais para que você seja capaz e possa nutrir o seu corpo para o terceiro: fazer exercícios físicos.
Com tudo isso – e eu não disse que ia ser fácil -, você pode ter um caminho para uma nova vida e um novo estilo de vida.
Saiba mais sobre a sua saúde
Eu formulei um questionário para que você possa entender um pouco mais da sua saúde e saber por onde começar a melhorar.
Entre no formulário, responda as perguntas e comece a mudar a sua saúde e a sua vida.
Dra. Paula Bandeira de Mello
Dra. Paula Bandeira de Mello, médica pós-graduada pela Escola Paulista de Medicina, em Nutrologia e Estética Avançada. Atende atualmente em São Paulo.
Você pode saber mais sobre Medicina Integrativa e sobre a Dra. Paula Bandeira de Mello em sua página no Facebook ou no Instagram.
Ou ainda pelos telefones: (11) 96747-7777 e (11) 3865-0200