Fibromialgia pode causar depressão

Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia

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O especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, afirma que existem estudos cujos resultados mostram que até metade das pessoas que tem dor crônica pode desenvolver quadros depressivos por ter fortes dores.

Oliveira incentiva pacientes que costumam ter fortes dores com frequência a procurarem ajuda para ver se não é algo mais grave. “Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia, o que pode comprometer a qualidade de vida, pois a doença ocasiona fortes dores, o que afeta o humor”. O médico lembra que a doença não oferece risco de vida aos pacientes, mas é recomendável seguir corretamente o tratamento para diminuir as dores.

O programa Saúde sem Complicações é produzido pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Júlia Gracioli, da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e Luiz Fontana. Apresentação de Mel Vieira e direção de Rosemeire Soares Talamone.  Ouça acima, na íntegra, o programa Saúde sem Complicações com o especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira.

Por  Júlia Gracioli

FONTE: Jornal da USP

Sedentarismo, inatividade física e ansiedade são as principais comorbidades ligadas à asma

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com asma. Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Newcastle (Austrália), registrou, pela primeira vez, as comorbidades ligadas à asma. Dentre elas, inatividade física, sedentarismo e ansiedade se destacam como as principais. Os pesquisadores ainda publicaram outro estudo que aponta a prática regular de exercícios como fator positivo no tratamento da doença.

Cabe ressaltar que, de acordo com os pesquisadores, inatividade física difere de sedentarismo. Enquanto o primeiro termo se caracteriza por uma ausência total de exercícios físicos, o segundo se refere a pessoas que passam grande parte do tempo sentadas.

As conclusões fazem parte dos estudos Identification of asthma phenotypes based on extrapulmonary treatable traits, publicado pelo European Respiratory Journal, e A Behavior Change Intervention Aimed at Increasing Physical Activity Improves Clinical Control in Adults With Asthma: A Randomized Controlled Trial. O trabalho abre perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos que não levem em conta apenas a parte respiratória da doença, podendo envolver uma equipe multiprofissional para atingir o bem-estar do paciente.

O estudo é pioneiro em identificar grupos com base em características tratáveis extrapulmonares em pessoas com asma moderada a grave.

“Até hoje, pensava-se que inatividade física e sedentarismo fossem consequências na vida dos asmáticos porque muitos acreditam que a falta de exercícios ajuda a prevenir os ataques, mas descobrimos que é justamente o contrário”, diz ao Jornal da USP o professor Celso Carvalho, líder da pesquisa.

Comorbidades ligadas à asma

Para chegar aos resultados, a pesquisa envolveu 269 pacientes com asma moderada e grave, sendo 243 do Brasil e 53 da Austrália. Os participantes eram, em sua maioria, do sexo feminino, com sobrepeso, baixa atividade física, alto tempo de sedentarismo e leve obstrução das vias aéreas. Dentre os participantes, 68% tinham asma não controlada e 64% experimentaram — pelo menos — uma crise, nos últimos 12 meses.

A partir disso, 15 comorbidades foram identificadas: osteoporose, disfunção das cordas vocais, dislipidemia, doença intestinal, hipotireoidismo, diabete, dermatite, síndrome da apneia obstrutiva do sono, sinusite, comprometimento musculoesquelético, distúrbio psicológico, hipertensão, obesidade, doença do refluxo gastroesofágico e rinite. As seis últimas foram as comorbidades prevalentes.

O estudo mostrou que 98% dos participantes tinham pelo menos uma comorbidade e 50% tinham mais de três delas. Assim, os pesquisadores conseguiram classificá-los em quatro grupos, ou fenótipos.

Fisicamente ativos
25%

 A maioria mulheres, com sobrepeso, que tinha a asma controlada


Moderadamente inativos, obesos e ansiosos
23%

Em sua maioria mulheres, obesas e apresentando sintomas de asma não controlada


Pouco ativos
27,5%

Este grupo tinha menos pacientes do sexo feminino, estavam com sobrepeso, mas um número menor de pacientes obesos. Em sua maioria, apresentam sintomas de asma controlada


Fisicamente inativos, obesos e ansiosos
24%

A obesidade esteve presente em 64% dos participantes, todos eram fisicamente inativos e com alto volume de tempo sedentário. Os participantes apresentaram aumento dos sintomas de ansiedade e depressão. A maioria apresentava asma não controlada mesmo recebendo o tratamento medicamentoso adequado


De maneira geral, o que se viu foi que traços mais elevados de sedentarismo, o sexo feminino, obesidade e sintomas de ansiedade foram associados a maiores chances de risco de crises de asma. O estudo comprovou que a prática regular de atividades físicas é um fator protetor para a hospitalização por asma.

Exercícios físicos como tratamento

No segundo estudo, os cientistas trabalharam com um grupo de 51 pessoas, em sua maioria mulheres obesas, que aceitaram procurar elevar o nível de atividade física durante oito semanas. “Por aumentar a atividade física, estamos falando apenas em caminhar mais. Não foi preciso fazer exercícios físicos nem entrar numa academia”, explica Carvalho ao Jornal da USP. Cada participante recebeu um acelerômetro de pulso para monitorar a quantidade de passos diária.

A pesquisa partiu dos resultados do primeiro estudo para comprovar se uma intervenção para mudança de comportamento dos pacientes adultos com asma moderada a severa, com o objetivo de aumentar a atividade física, alteraria o controle clínico da asma. Os resultados mostraram que o aumento da atividade física serviu para melhorar a qualidade de vida, combater o sedentarismo e reduzir a ansiedade.

Observou-se também a redução das crises de asma e do uso de medicamentos para o controle da doença. A melhora no controle clínico da asma foi estatisticamente significativa e clinicamente importante. “Nossa descoberta foi que os participantes experimentaram menos crises e utilizaram menos corticosteroide oral ao longo do período de intervenção,” conclui Carvalho.

Mais informações: e-mail cscarval@usp.br, com o professor Celso Carvalho

Por Beatriz Azevedo
Arte: Moisés Dorado

FONTE: Jornal da USP

Frequência de atividades físicas pode ser mais importante do que quantidade

Em um estudo publicado no periódico Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, cientistas da Universidade Edith Cowan, na Austrália, em parceria com duas universidades japonesas, indicaram que atividades físicas de intensidade moderada, se praticadas diariamente, podem ser benéficas para a força muscular.

Durante o trabalho, pesquisadores analisaram três grupos de participantes. Ao longo de quatro semanas, foram realizados exercícios de resistência do braço em contração excêntrica, ou seja, quando o músculo está se alongando; nesse caso, abaixando um haltere pesado em uma rosca direta. “Um grupo fez 30 contrações em único dia na semana e outro fez as mesmas contrações cinco vezes na semana. Eles observaram que aqueles que dividiram essas contrações ao longo da semana, além do aumento da espessura, tiveram um aumento da força muscular em torno de 10%”, explica Tiago Fernandes, professor e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

Profissional com enfoque em bioquímica e biologia molecular do exercício, Fernandes esclarece que os músculos precisam de descanso para melhorar sua força e sua massa muscular. Por isso, é necessário adotar intervalos entre as atividades físicas para que elas sejam eficazes, pautando-se nos princípios do treinamento físico. “Se a gente fizer todas as repetições uma única vez na semana, o nosso sistema não entende que aquela adaptação vai promover feitos funcionais no nosso organismo. Então, geralmente faz-se um estímulo no organismo numa forma sistêmica. Isso é atrelado a um período de recuperação em que o sistema consegue recuperar, em média de 24 a 48 horas, para gerar um novo estímulo”, aponta.

O pesquisador destaca também que pesquisas como essa são necessárias para compreendermos a importância dos exercícios como fator diretamente relacionado à melhoria da nossa saúde e qualidade de vida. “O exercício físico, realizado ao longo dos anos, é capaz de reduzir diversas condições de doenças, índices de obesidade e, consequentemente, acúmulo no cômodo de gordura nas nossas principais artérias do coração, evitando a instauração de placas de ateroma, o infarto à pessoa e melhorando os níveis de diabete”, conta.

A partir dessa descoberta, será possível aprofundar as investigações relacionadas ao bem-estar e à prática de exercícios como uma atividade diária, em vez de uma meta semanal de uma vez por semana, por exemplo. “Você deve começar a se exercitar hoje, não deixe para amanhã. Qualquer tempo em movimento conta, porque movimento é vida”, conclui o professor.

Por Gabriele Koga

FONTE: Jornal da USP

Levantamento revela números da hérnia diafragmática congênita no Estado de São Paulo

Um estudo recém-publicado pela revista científica The Lancet Regional Health – Americas traça o panorama epidemiológico da hérnia diafragmática congênita (HDC) no Estado de São Paulo. A anomalia, que consiste em um defeito embrionário que impede o desenvolvimento normal do pulmão, não tinha, até então, dados sobre sua incidência na América Latina, incluindo o Brasil. A situação acaba de mudar graças a uma equipe de alunos de graduação da USP dos cursos de Medicina em Ribeirão Preto e em Bauru, liderada pelo professor Lourenço Sbragia Neto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).

Com base em informações de livre acesso do DataSUS e do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil, os pesquisadores verificaram que, dos mais de 7,3 milhões de nascimentos ocorridos entre 2006 e 2017, em São Paulo, mais de 1.100 apresentavam algum problema relacionado à HDC.

O dado, avalia Sbragia Neto, mostra que a prevalência da anomalia no Estado é de um para cada seis mil nascimentos, não muito distante da realidade de países desenvolvidos (Canadá, Estados Unidos e Comunidade Europeia) que têm entre um caso em três mil a um caso em seis mil nascimentos, dependendo da região.

Os resultados da HDC em São Paulo, estado brasileiro com cerca de 45 milhões de habitantes, devem servir de base tanto para o restante do País quanto para outros países latino-americanos. Com as informações, “podemos pleitear políticas de atendimento perinatal, envolvendo a gestante, o nascimento e o cuidado pós-operatório” necessário para o tratamento da anomalia, informa Sbragia Neto.

O professor orientou os três graduandos da USP, Eduardo Pavarino e Victória Oliveira Maia, da FMRP, além de Leandro Tonderys Guidio, do campus de Bauru. Guidio destaca que “o principal resultado do estudo é mostrar um panorama epidemiológico sobre a HDC, trazendo uma estimativa da prevalência geral no Estado de São Paulo e também como essa prevalência está distribuída segundo algumas estratificações, como idade materna, escolaridade da mãe, idade gestacional, entre outras, e como esses fatores podem afetar a mortalidade de crianças”, diz. Espera-se que os dados fornecidos pelo estudo ajudem o sistema de saúde a oferecer um melhor atendimento a quem tem a anomalia.

O trabalho está descrito no artigo Crossing birth and mortality data as a clue for prevalence of congenital diaphragmatic hernia in Sao Paulo State: A cross sectional study.

Embora não seja muito comum, a hérnia diafragmática congênita está consideravelmente presente tanto em São Paulo quanto no restante do País, argumentam os pesquisadores. E não havia dados sobre a HDC para a sociedade brasileira e latino-americana. Autoridades e cientistas da área de saúde usavam “informações importadas e que, possivelmente, não refletiam nossa realidade”, afirma Pavarino.

Questionado sobre as causas da HDC, Sbragia Neto afirma que ainda são desconhecidas e ainda não existe forma de prevenção. Por isso, reforça a importância de planejamento antes da gravidez, sendo necessário “tomar as vitaminas, colher os exames prévios para o acompanhamento da gestação e fazer o ultrassom pré-natal, que pode identificar a anomalia”.

Tratamento é feito com ventilação e cirurgia

Apesar de menos frequente, o tratamento da hérnia diafragmática congênita é muito caro, “pelo uso do oxigênio, de antibiótico e de deixar muitas sequelas, com maiores danos para as crianças”, enfatiza Sbragia Neto. Com a malformação do músculo do diafragma, intestino, estômago e fígado sobem para o tórax e pressionam o pulmão. “Então a criança acaba morrendo de insuficiência respiratória, pelo fato de o pulmão não crescer”, informa.

A correção do problema é feita por cirurgia, que pode recuperar 85% dos casos leves (devolvendo vida normal às crianças) e 40% dos casos graves (em que os sobreviventes convivem com problemas pulmonares crônicos – como asma e enfisema – e até com lesão cerebral, dependendo do tempo que ficarem sem oxigênio).

O professor informa ainda que há casos em que a correção pode ser feita dentro do útero. Dependendo da gravidade, detectada por exames de ressonância, é possível a intervenção fetal, “colocando um balãozinho dentro da traqueia, para impedir que o líquido do pulmão saia” e possa crescer. O procedimento é realizado em Ribeirão Preto e outras localidades do Estado de São Paulo.

Impacto social e na formação de cientistas

Feliz com os resultados da pesquisa, Sbragia Neto destaca o impacto social dos dados e também do investimento na formação de cientistas. A ciência “pode mudar a realidade do nosso País, que sofre pela escassez de quem quer se dedicar e ser devotado a ela”, diz o professor.

Sobre a atuação de estudantes em atividades de pesquisa, Guidio diz que é “fundamental que se incentive a pesquisa já na graduação para que se forme novos pesquisadores”. Com conhecimentos em estatística adquiridos em sua primeira graduação, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA),  o estudante de medicina foi o responsável pelo preparo dos dados e análises estatísticas. Pavarino é graduado em Ciências da Computação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e se responsabilizou pelo processamento dos dados levantados pela colega Victória, usando ferramentas de tecnologia da informação.

Além de Victória, Guidio e Pavarino, também assinam o artigo na The Lancet Regional Health – Americas João Paulo Dias de Souza e Amaury Lelis Dal Fabbro, todos da FMRP, e Rodrigo Ruano e Augusto Frederico Schmidt, ambos da Escola de Medicina da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.

Texto: Rita Stella e Rosemeire Talamone
Arte: Guilherme Castro

FONTE: Jornal da USP

Pesquisa testa linfócitos T-CAR para o tratamento do câncer

A utilização dos linfócitos T-CAR como alternativa para o tratamento do câncer tem se mostrado promissora. A terapia apresentou uma eficácia alta em casos de leucemias e linfomas de células B, mas um êxito ainda limitado para outros tipos de tumores.

Nesse sentido, diversos centros de pesquisa têm trabalhado para ampliar as possibilidades no combate à doença, incluindo o Centro de Terapia Celular (CTC) da USP, primeira instituição a desenvolver tecnologia 100% brasileira para a produção de células CAR-T.

Uma dessas abordagens é a polarização dos linfócitos para o fenótipo Th17, alvo de estudo da engenheira biotecnológica Heloisa Brand, mestranda em Oncologia Clínica, Células-Tronco e Terapia Celular pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Os resultados desta investigação fazem parte da dissertação Caracterização funcional de linfócitos T-CAR anti-CD19 polarizados para o fenótipo Th17 através da superexpressão de RORγt, que será defendida em setembro, orientada por Lucas Eduardo Botelho de Souza, coordenador do Laboratório de Transferência Gênica do Hemocentro de Ribeirão Preto e pesquisador do CTC.

Saiba mais detalhes no vídeo produzido pela TV Hemocentro RP:

Por Centro de Terapia Celular da USP – CTC (Cepid)

FONTE: Jornal da USP

Saúde mental vulnerável? Conheça o portal InspirAção

Criado por pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, site InspirAção tem conteúdos baseados em estudos científicos

Entender as angústias e sofrimentos que sentimos, ajudar quem está passando por depressão ou mesmo profissionais interessados em informações científicas sobre saúde mental. O site InspirAção traz conteúdos sobre cuidado, apoio e bem-estar para a vida. As informações são baseadas em pesquisas e artigos publicados ou reunidos por especialistas da USP.

“A ideia foi criar um propósito diferente das postagens que tem na internet. Não só para quem precisa da ajuda, mas também para quem quer ajudar”, explica Kelly Graziani, professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

Ela coordenou a criação do site desenvolvido em parceria entre o Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS) e o Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio (LEPS), ambos da USP.

A plataforma conta com artigos de pesquisadores e professores envolvidos com a área de estudos da saúde mental. Há espaço para a publicação de histórias que inspiram e dão apoio à jornada de cuidados. O acesso a leituras dos textos e ensaios científicos é aberto. Mas, para publicar ou realizar enquetes (sempre de maneira anônima para dar segurança), é necessário fazer um cadastro.

“É uma produção de conteúdo e organização da participação social também. Damos segurança para quem vai postar alguma história. E tudo que criamos no site passa pela análise de especialistas, para evitar os ‘conteúdos pró-suicidas’”, comenta Aline Conceição, pesquisadora da USP e colaboradora do InspirAção.

O público tem acesso a cartilhas e e-books com orientações para profissionais e para pessoas da comunidade que queiram ajudar de alguma maneira. Há ainda vídeos, filmes e notícias sobre prevenção ao suicídio.

Camila Corrêa, pesquisadora da USP e colaboradora no projeto, destaca que é preciso ter respeito, cuidado e responsabilidade para lidar com a dor do outro. “Entender o suicídio no âmbito social e desestigmatizar como ele é visto hoje. O que fazemos no InspirAção é conhecimento teórico e científico alinhado ao conhecimento prático.”

Nos próximos meses, será lançado o Plano de Gestão de CriseUma ferramenta individual para a própria pessoa, amigos e familiares identificarem sensores que levam a crises.

A pessoa será atendida no momento em que tiver uma crise que pode desencadear uma situação suicida. Pelo site, serão respondidas questões que foram formuladas através de conhecimentos da literatura médica. No final, serão oferecidos nomes e telefones de profissionais do sistema de saúde e também atividades de psicoeducação. Quem buscar a ajuda não precisará se identificar.

Bruna Marques, aluna de Enfermagem da USP, colabora com o projeto e explica como é feita a escolha da informação disponível no site. “Cada participante pesquisa uma temática. Depois, dividimos com o grupo e discutimos. É um conhecimento científico para ter contato com a plataforma.”

Sabe o que é posvenção?

Farol é o logo do site, com a metáfora de ser um direcionamento de um novo caminho

Cuidar de quem perdeu alguém. Esse é o papel da posvenção. No site, o público também tem acesso a informações sobre o acolhimento de quem perdeu alguém através do suicídio.

Segundo a professora Kelly, o termo ainda é pouco usado aqui no Brasil. Mas tem que ser mais difundido. “A proposta é auxiliar no luto pós-suicídio. É uma dor extremamente complicada. As pessoas sentem muito e pensam que não se pode fazer mais nada. Mas é o contrário.”

Existe um risco nessa situação de gerar problemas de saúde mental para o núcleo de pessoas da família e de amigos. “A posvenção vem para recomeçar. Para ajudar a redescobrir uma vivência mais saudável para elas. E tem que ser de uma maneira humanizada e acessível”, conta a professora da EERP.

O InspirAção envolve pesquisadoras de doutorado e mestrado, além da graduação. O site foi construído com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Divulgar, aprender e entender

A estudante de Enfermagem da USP Isabelle Wengler e a pesquisadora da USP Larissa Castelo participam da divulgação da plataforma. Elas contam que, no Instagram do InspirAção, há tutoriais para explicar o cadastro e o login do site. “É mais acessível. Tivemos algumas devolutivas de alguns grupos, no sentido de ver as diferentes faixas etárias demonstrando interesse e curiosidade para acessar o conteúdo.”

A escolha da internet como principal canal de comunicação foi feita a partir de monitoramentos feitos no Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio. Eles identificaram blogs e postagens nas redes sociais de pessoas com quadros de depressão e conteúdo sobre o assunto.

No entanto, as informações contêm uma série de elementos negativos, como o estigma em relação à doença e a falta de um apoio real no mundo virtual.

“Fizemos estudos no Twitter, por exemplo. Vimos postagens de riscos e o comportamento suicida, muitas vezes. Essas postagens ganham uma potencialização no ambiente virtual, gerando um novo conteúdo nocivo a quem lê”, conta a professora Kelly.

Segundo a colaboradora Danielle Maria Nogueira, entre junho e setembro, foram mais de 4 mil acessos ao InspirAção de locais como São Paulo, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Japão e  Portugal. “A intenção é essa: criar multiplicadores envolvidos com a prevenção. E o site, para nós da academia, é de ampliar o horizonte. Chegar até a comunidade.”

Você pode seguir o InspirAção no Instagram: @inspiracaoleps, no Twitter do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio (LEPS), no Facebook ou entrar em contato através do e-mail cepsusp@gmail.com do Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS).

Por Pedro Ezequiel

FONTE: Jornal da USP

Falta de sexo pode levar a sintomas de sofrimento físico e psicológico

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Tanto a falta quanto o sexo por quem não está interessado são problemas para a saúde e podem afetar a mente e o corpo, além de causar sintomas de sofrimento psicológico. É isso o que diz a fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da USP, Carmita Abdo, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Uma parcela da população sofre com a questão da continência sexual. São indivíduos “completamente desinteressados ou muito pouco interessados”, que têm esses sintomas associados a desbalanços hormonais, como a falta de hormônios sexuais e da tireoide, e acometidos por diabete ou pela depressão.

Em outros casos, essas pessoas podem se sentir pessoalmente desconfortáveis, ou encontram dificuldades em encontrar parceiros. A professora ressalta que “não podemos considerar esses indivíduos como problemáticos”, já que a falta de sexo nesses casos pode não causar quase nenhum mal-estar ou desconforto. E diz que mesmo aqueles que vivem em uniões estáveis podem sofrer com o afastamento das relações sexuais e da sua falta. Nesses casos, a libido é direcionada para outras “atividades”.

Efeitos da pandemia

A pandemia também acabou por tornar as relações sexuais mais difíceis: “A falta de oportunidade na pandemia levou muita gente a iniciar uma atividade virtual”, complementa Carmita, ao mencionar que a dinâmica da atividade sexual vai modificando ao longo do tempo. Além disso, o cuidado com determinadas regiões do corpo, com secreções e com as recomendações de distanciamento durante a pandemia impactaram a forma como as pessoas interagiam.

Ela destaca que a falta de sexo é mais sentida pelos jovens, já que a “frequência sexual é muito maior entre aqueles que estão com 18, 20 e 22 anos”. E, como o sexo envolve a liberação de uma série de substâncias positivas e a “sensação de troca”, essa ausência é sentida a níveis emocionais e biológicos. Os principais sintomas são um estado de irritabilidade e de um quadro depressivo, além da queda de imunidade. “O sexo traz benefícios se for satisfatório para ambos os lados”, como ressalta Carmita Abdo, e para todos esses sintomas há tratamento para a falta de desejo, ejaculação precoce ou dor durante as relações.

FONTE: Jornal da USP

Sociedade de Dermatologia lança Guia de Cuidados e Higiene

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lança nesta segunda-feira (29) o Guia de Cuidados e Higiene, visando esclarecer a população em relação a hábitos simples, mas sobre os quais muitas pessoas têm dúvidas.

A publicação, que estará disponível gratuitamente no site da entidade, revela os cuidados básicos e diários com a higiene do corpo que podem evitar micoses e outras doenças contagiosas que afetam a pele, o cabelo e as unhas. O guia tem linguagem acessível e didática e traz esclarecimentos sobre informações falsas e, muitas vezes, distorcidas, que são veiculadas em redes sociais. A SBD preparou também dois podcasts (conteúdos em áudio) com orientações sobre os problemas causados por fungos na forma de micoses que afetam pele e unhas, principalmente.

Como maior órgão do corpo humano, a pele acaba sendo suscetível a doenças, como infecções causadas por fungos ou bactérias que, se não forem diagnosticadas e tratadas, podem se agravar e atingir  órgãos internos. Neste contexto, a higiene é o melhor caminho para uma pele saudável, adverte a entidade.

Banhos

Coordenadora do Departamento de Micologia da SBD e autora do guia, Rosane Orofino disse que, com a publicação, as pessoas vão saber, por exemplo, que tomar banho uma vez por dia é suficiente para a limpeza corporal. “Pelo menos uma vez. Tem gente que não toma nenhuma”, alerta.

Ela criticou, por outro lado, a mania de limpeza excessiva, que considera tão prejudicial como a falta de limpeza. “A mensagem é essa: não exagere nem para um lado, nem para o outro. Lavar o rosto compulsivamente várias vezes ao dia, tomar banho três, quatro vezes ao dia, isso não faz bem. Não é benefício à pele nem à saúde.”

Ainda em relação ao banho, ela afirma que o ideal é que seja com água morna, próxima de 37°C, a temperatura normal do corpo, uma vez que banhos muito quentes ressecam a pele. Se a intenção for tomar uma ducha antes de sair para fazer exercícios, o banho pode ter a temperatura de morna para fria. “Banhos mais frios podem ser tomados se a intenção é despertar o corpo para um exercício”, sugeriu.

Outra dica é secar bem, logo após o banho, as regiões da pele com dobras. Segundo a médica, fungos e bactérias gostam muito de ambiente quente e úmido e, por isso, infecções de pele são tão frequentes em países de clima tropical e subtropical.

“A gente deve manter todas essas regiões de dobras bem arejadas. É por isso também que não se deve repetir uma meia, antes de lavá-la. Suas escamas estão naquela meia e você vai se reinfectar. As escamas são invisíveis. A gente troca a pele diariamente, só que a gente não vê. E os fungos ficam ali, vivos, vamos dizer assim, por muito tempo, porque a pele é uma comidinha para o fungo. A queratina, camada mais superficial da pele, é comida para o fungo. Esses são chamados de queratinofílicos, eles gostam de queratina. E a queratina tem no solo, na vegetação, na pele dos animais e na pele do ser humano. Os fungos se alimentam disso também”.

Ambientes coletivos

Os cuidados com a higiene evitam que as pessoas tenham problemas como micoses que, em geral, são adquiridas em ambientes coletivos. A médica citou locais como vestiários, banheiros e piscinas públicas, em academias de ginástica onde a pessoa mistura escamas de sua pele, que são invisíveis, com as de outras pessoas que podem conter fungos ou bactérias. “O cuidado é importante. Não só os locais higienizarem os pisos, mas também a gente ter precaução.”

No entorno de uma piscina, deve-se usar chinelos de dedo. Quando for fazer ginástica ou pilates, em academias, é recomendável usar proteção para o pé, seja tênis ou meia antiderrapante. Em cadeiras utilizadas em piscinas, o ideal é que elas sejam higienizadas com frequência ou que a pessoa, na hora de deitar, coloque uma toalha sobre ela para que seu corpo não tenha contato direto com aquele móvel. “A micose ou a sarna podem ser pegas em locais onde a pessoa fica muito tempo, sem proteção, com a pele em contato direto com esses locais”.

O mesmo ocorre em relação a colchonetes ou aparelhos em academias de ginástica ou musculação. “A pele úmida já tirou a barreira. A barreira física dela vai embora. Por isso, a gente usa creme hidratante depois do banho. Se a gente está suando em um lugar onde uma pessoa tem uma micose, deixou as escamas ali e a gente está atritando com uma pele úmida, é capaz de adquirir uma doença de pele. A solução é higienizar os aparelhos e colchonetes com hipoclorito, colocar uma toalha ou estar vestido. A roupa também protege”.

Roupas

Roupas íntimas, como calcinhas e cuecas, devem ser lavadas diariamente. Deve-se trocar a roupa de cama pelo menos uma vez por semana, porque as pessoas suam e têm uma flora de bactérias. As colchas podem ser substituídas em intervalos maiores, de três em três meses. Para os travesseiros, a recomendação é que sejam usados protetores e que sejam lavados a cada três meses. O ideal, porém, é trocar os travesseiros a cada ano.

No caso de roupas, como blusas e camisas, vale usar uma vez e lavar. No caso de calças jeans, o correto seria lavar com frequência. Em dias muito quentes, no verão, por exemplo, como a umidade e o calor são alimentos para bactérias e fungos, é melhor lavar a peça após usar, por conta do suor.

Compartilhamento

Outro cuidado essencial para a saúde da pele é não compartilhar toalhas e sabonetes em barra. Os especialistas alertam: só é possível dividir produtos de higiene para o corpo quando não há contato direto da substância com as mãos, como em sabonetes líquidos ou em gel. Mesmo no caso de marido e mulher, esses itens não devem ser compartilhados. Rosane alertou que uma pessoa pode ter sarna e, se outra usar a mesma toalha, pode adquirir essa doença, que também é infecciosa. O mesmo deve ser feito em relação a escovas de dente. “A regra básica é que objetos de uso pessoal não devem ser compartilhados com ninguém, nem com a pessoa que é íntima sua”, ressaltou a dermatologista.

Ainda em relação a sabonetes, o guia da SBD destaca ser necessário cuidado com o tipo que é utilizado, porque o uso indiscriminado de produtos antissépticos provoca o ressecamento da pele e a remoção da camada protetora de gordura. Portanto, artigos desse tipo só devem ser utilizados sob recomendação médica, de preferência do dermatologista, e usados durante um tempo específico. “Eles são remédios, não são só sabonetes”.

Calçados

Em relação a calçados, se forem laváveis podem ir na máquina de lavar ou ficar de molho em balde com água e sabão. Já os não laváveis devem ser deixados em área arejada por 24 horas. Se a pessoa estiver tratando de micose nos pés ou nas unhas, o Guia aconselha o uso de desinfetante em spray, deixando depois em área arejada por 24 horas antes do próximo uso. O ideal é usar tênis e calçados fechados com meias, que podem ser lavadas normalmente sem contaminar o calçado.

Remédios

O Guia da SBD adverte ainda que a automedicação precisa ser evitada. Nenhum remédio deve ser usado sem indicação médica. O uso de antifúngicos ou outros medicamentos sem ter um diagnóstico correto pode mascarar a doença de base, havendo também risco de desenvolver alergia ao medicamento.

A orientação geral é que, quando surgirem irritações, incômodos ou coceiras, entre outros sintomas, a pessoa deve se consultar com um médico dermatologista o mais rápido possível. Essa ação proporcionará o melhor diagnóstico e o tratamento imediato, destacou o presidente da SBD, Mauro Enokihara

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil

Varizes esofágicas requerem atenção aos sintomas e aos riscos

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Você já ouviu falar em varizes esofágicas? Elas ocorrem quando os vasos sanguíneos do esôfago, que é o tubo que conecta a boca ao estômago, ficam dilatados, podendo provocar sangramento.  A gastroenterologista Fernanda Fernandes Souza, professora da Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explica que essas varizes surgem quando os vasos sanguíneos do esôfago se  rompem sob pressão na veia, em decorrência de  cirrose hepática.

As hepatites C e B , o consumo exagerado de álcool e a conhecida “gordura no fígado” são algumas das principais causas das varizes no esôfago. O sangramento digestivo é uma das piores complicações que a pessoa pode ter: os primeiros sintomas visíveis são vômitos com sangue e fezes escurecidas, segundo Fernanda.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é confirmado com exames de imagem e, quanto mais precoce, maior a possibilidade de evitar complicações.

O tratamento utilizado para prevenir o sangramento das varizes do esôfago depende da gravidade do problema, mas em geral são usados medicamentos betabloqueadores e, em casos mais graves, se recorre à cirurgia.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Estudo desvenda mecanismo de câncer pediátrico cerebral raro

Um estudo conduzido por pesquisadores de Brasil, Austrália, Áustria e Estados Unidos avançou no entendimento de um tipo de câncer pediátrico sem opções de tratamento farmacológico e com baixa taxa de sobrevivência. Os resultados, publicados na revista Neuro-Oncology, abrem caminho para a busca de terapias mais específicas.

“Os chamados ependimomas são tumores do sistema nervoso central bastante heterogêneos e sem muitas opções de tratamento além de cirurgia e radioterapia. Nosso estudo teve como foco o chamado ependimoma supratentorial com fusão entre os genes C11orf95 e RELA [ST-RELA, na sigla em inglês], um subgrupo frequente na população pediátrica, agressivo, de prognóstico ruim e sem tratamento específico”, esclarece Taciani de Almeida Magalhães, primeira autora do estudo, realizado durante seu doutorado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O trabalho integra um Projeto Temático coordenado por Luiz Gonzaga Tone, professor da FMRP, que orientou a pesquisa de doutorado e é um dos coautores do artigo.

Esse tipo de ependimoma afeta sobretudo crianças com idade em torno de 8 anos (no momento do diagnóstico). A taxa de sobrevivência de cinco anos após o tratamento é de aproximadamente 30%, particularmente nos pacientes em que a retirada total do tumor por meio de cirurgia não é possível.

Não há medicamentos específicos e, portanto, a única opção terapêutica disponível, além da cirurgia, é a radioterapia, que pode causar sérias sequelas cognitivas e motoras nas crianças.

Os pesquisadores descobriram, com o auxílio de diferentes técnicas, que nesse tumor a chamada via de sinalização celular Hedgehog (Hh) está bastante ativada. Por isso, em laboratório, trataram tumores com o Sonidegib – medicamento que inibe a via Hh e, atualmente, está em testes clínicos para outros tipos de câncer que afetam o sistema nervoso central.

Ao avaliar os tumores tratados, porém, os pesquisadores observaram que eles perderam determinadas estruturas conhecidas como cílios primários e, em decorrência disso, se tornaram resistentes à droga. Era preciso trazer os cílios de volta.

De volta à bancada, o grupo constatou que a formação dos cílios era regulada por uma proteína específica, a AURKA. Não por acaso presente em outros tumores, a proteína tinha também um inibidor específico em testes clínicos, o Alisertib.

Além do Sonidegib, os pesquisadores passaram então a tratar os tumores com o Alisertib. Os cílios primários não se perderam e o Sonidegib pôde atuar, promovendo a morte das células tumorais com sucesso, sem afetar as saudáveis.

À esquerda, células tumorais (em azul) com cílios preservados (em vermelho); ao centro, depois do tratamento com Sonidegib, cílios são perdidos; à direita, cílios recuperados após combinação de Sonidegib com Alisertib – Foto: Taciani Magalhães/USP

Com a combinação de drogas funcionando no modelo in vitro, coube aos pesquisadores fazer os testes em animais, por meio de uma colaboração com cientistas da Austrália. Camundongos que desenvolveram o tumor no cérebro foram tratados com a combinação. Para a surpresa dos pesquisadores, porém, os animais não tiveram nenhum aumento de sobrevida em comparação aos camundongos-controle, que não receberam tratamento.

O grupo acredita que a camada que recobre os vasos sanguíneos do cérebro para protegê-los do meio externo, a chamada barreira hematoencefálica, esteja impedindo o medicamento de chegar até o local a ser tratado.

“Outros estudos mostram que inibidores da proteína AURKA, aquela que promove a perda dos cílios primários, não chegam até o cérebro. É uma possível explicação para o fato de nosso tratamento não ter funcionado em animais”, explica Magalhães, que atualmente realiza estágio de pós-doutorado na Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Antes, a pesquisadora havia realizado parte do doutorado na mesma instituição.

Alternativas

Agora, os pesquisadores buscam outros medicamentos com a mesma ação que consigam ultrapassar a barreira hematoencefálica e, quem sabe, finalmente chegar mais perto de um tratamento inédito para esses tumores.

“Mesmo a combinação não tendo alcançado o sucesso esperado no modelo animal, agora conhecemos os mecanismos moleculares do tumor e, portanto, temos um caminho a seguir que até então não era conhecido”, afirma a pesquisadora.

Para Elvis Terci Valera, professor da pós-graduação do Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da FMRP, que também colaborou com o estudo, a descoberta abre perspectiva para estudos clínicos utilizando gerações mais modernas de drogas inibidoras da via Hh e da proteína AURKA, com melhor penetração no sistema nervoso central.

“Outra estratégia seria aplicar essas drogas mais modernas diretamente no liquor cefalorraquidiano, líquido que circula no cérebro e na medula espinhal. Opções como essa poderiam ser avaliadas a fim de reverter a resistência ao tratamento”, conclui Valera.

O estudo Activation of Hedgehog signaling by the oncogenic RELA fusion reveals a primary cilia-dependent vulnerability in supratentorial ependymoma pode ser lido em: https://academic.oup.com/neuro-oncology/advance-article-abstract/doi/10.1093/neuonc/noac147/6596001.

Este texto foi originalmente publicado por Agência Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

André Julião/Agência Fapesp

FONTE: Jornal da USP