Neuropatias diabéticas podem ser tratadas ou prevenidas com fisioterapia

O Laboratório de Biomecânica e Postura Humana da Faculdade de Medicina da USP desenvolve pesquisa clínica para tratamento de neuropatias diabéticas. O objetivo é utilizar exercícios fisioterápicos para beneficiar pacientes acometidos pela doença e que sentem os sintomas, principalmente, nos pés e tornozelos. Segundo especialista, as neuropatias acometem cerca de 50% das pessoas diabéticas por volta de dez anos após o diagnóstico. O estudo é gratuito e abrange a faixa etária dos 18 aos 70 anos.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Isabel Sacco, do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Fofito) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), explica que as neuropatias diabéticas decorrem da flutuação de glicemia no sangue, ou seja, da oscilação da taxa de açúcar, e prejudica os nervos, geralmente nas extremidades, como pés e mãos. A deterioração dos nervos causa a perda de estímulos táteis, térmicos, causa formigamento, queimação, agulhadas e incômodo. Os pés perdem força e podem, inclusive, apresentar deformações e, “quando dorme, quem tem neuropatia começa a sentir muito calor à noite, não consegue deixar os pés cobertos. Então, se você sente tudo isso, desconfie que pode ter essa neuropatia”.

Antes do estudo, o tratamento mais comum para a neuropatia na região dos pés era a recomendação de uso de calçado especializado para evitar que o pé sofresse algum ferimento. O diabete afeta o processo de cicatrização, portanto, a preocupação primordial é evitar qualquer tipo de úlcera, porque a dificuldade no tratamento da ferida pode levar à amputação. Ao todo o pé tem 25 músculos, 33 articulações e 108 ligamentos. E, dentro de um calçado rígido, o membro pode atrofiar e perder a flexibilidade. Pensando nisso, os pesquisadores viram na fisioterapia uma forma de prevenir a neuropatia, mas também tratar os sintomas. “Os exercícios vão fazer o papel de preservar a saúde desses músculos, dessas articulações, e manter a função, mesmo que a pessoa tenha perda de sensibilidade. No início da doença, é possível prevenir esses tipos de lesões e manter a saúde dos pés”, afirma Isabel.

O projeto atende pessoas diabéticas entre 18 e 70 anos. Os pacientes passam por avaliação completa, são diagnosticados e, se confirmada a neuropatia, são convidados a participar do ensaio clínico. São sorteados para remanejo em dois grupos: os que receberão tratamento e os que não receberão na primeira fase. O grupo a ser tratado terá acompanhamento por oito ou 12 semanas com fisioterapeuta e uma tecnologia de habilitação, que pode ser uma cartilha com orientações ou um software, caso a pessoa tenha acesso a internet. Depois do acompanhamento, a equipe avalia como foi o progresso do tratamento. Para participar, basta entrar em contato pelo e-mail foca.rct@gmail.com ou pelos telefones (11) 98287-9811 ou (11) 98549-2016.

FONTE:  Jornal da USP

Parkinson, pesquisa identifica substância para evitar agravamento

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP traz uma perspectiva promissora para o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos para o tratamento da doença de Parkinson, caracterizada pela morte precoce ou degeneração das células na região da substância negra do cérebro, responsável pela produção de dopamina (um neurotransmissor.) A ausência ou diminuição da dopamina afeta o sistema motor, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. Há também sintomas não-motores, como alterações gastrointestinais, respiratórias e psiquiátricas, por exemplo. Não há cura, apenas controle dos sintomas.

Publicada na revista Molecular Neurobiology, a pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Neurobiologia Celular, sob a coordenação do professor Luiz Roberto G. Britto, em conjunto com pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da USP e da Universidade de Toronto, no Canadá. “Em camundongos, conseguimos diminuir cerca de 60% da morte celular inibindo o TRPM2 – um dos canais de entrada de cálcio nas células do cérebro. Isso foi feito com uma substância à base da molécula tirfostina, chamada de AG-490”, afirma Britto. “Os camundongos que não receberam a substância apresentaram um resultado 70% pior nos testes comportamentais”, acrescenta.

A estratégia, segundo ele, interferiu com uma das quatro vertentes conhecidas pela ciência pelas quais o Parkinson promove a morte dos neurônios. “Entre as causas estão algumas disfunções metabólicas e acúmulo anormal de proteínas, a neuroinflamação do cérebro, o estresse oxidativo provocado pelo acúmulo de espécies reativas de oxigênio e o aumento na atividade dos canais de entrada de cálcio — que nós conseguimos impedir ao menos em parte”, explica Britto. “Em todas as células do organismo, quando esses canais estão muito ativos, a tendência é que ocorra uma sobrecarga de cálcio. Isso ativa uma série de enzimas que degradam as estruturas das células, levando à sua morte”, complementa.

“Com o estudo, chegamos à conclusão de que quando bloqueamos o canal, a degeneração de neurônios, especificamente naquelas regiões onde os neurônios são mortos pela doença, diminuiu bastante. O mesmo aconteceu nos locais onde aqueles neurônios se projetam e têm contatos sinápticos, o que ajudou a preservar a dopamina, um neurotransmissor fundamental para os movimentos, entre outras funções”, explica.

Os testes foram realizados em camundongos que receberam injeção da toxina 6-hidroxidopamina, que simula os efeitos da doença de Parkinson. Os animais foram então divididos em dois grupos. Em um deles foi aplicada a substância AG-490; no outro, não. Após seis dias, passaram a ser realizados testes para avaliar a capacidade de equilíbrio e outros comportamentos motores dos animais. Depois de sacrificados, foi feita a contagem de neurônios que produzem dopamina na substância negra, que classicamente está envolvida com a doença. A região onde elas se conectam, o estriado, também foi estudada em termos da presença de sinapses dopaminérgicas. Em ambas as regiões, houve menor prejuízo com a administração do AG-490, tanto em termos comportamentais como em termos do número de células e terminais degenerados.

Próximos passos

Segundo Britto, antes de avançar para testes clínicos serão necessários muito mais estudos. “Para que tenhamos um fármaco à base de AG-490, precisamos ter certeza de que essa substância funciona depois da aplicação da toxina, já que, por enquanto, ela foi administrada ao mesmo tempo da injeção da toxina que produz o modelo de Parkinson. Vamos também testar animais geneticamente modificados para o TRPM2, esperando que eles sejam mais resistentes em termos da morte neuronal neste modelo. Além disso, é preciso estudar as possíveis consequências colaterais da injeção da substância.”

O estudo é fruto de uma linha de pesquisa de Britto, que investiga o assunto há mais de dez anos. Esta etapa da pesquisa foi desenvolvida

durante a tese de doutorado da bióloga Ana Flávia Fernandes Ferreira. Em um estudo anterior, feito pelo mesmo grupo, foi obtido um resultado similar com outra substância, o carvacrol, para bloquear outro canal celular, o TRPM7, que faz parte da mesma família de canais para o íon cálcio que o TRPM2.

Avanços nos estudos que buscam a cura da doença de Parkinson são urgentes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição atinge 1% das pessoas com mais de 65 anos e chega a 4% entre a população com mais de 80 anos. Um estudo publicado na revista Lancet mostra que entre 1990 e 2015 os casos de Parkinson dobraram em virtude do envelhecimento da população mundial, saltando de cerca de 26 mil para cerca de 62 mil a cada um milhão de habitantes.

“Neste sentido, as perspectivas para o futuro não são boas, porque imagina-se que até 2050 parte considerável dos idosos esteja vivendo até os 120 anos. As soluções então precisam ser imediatas para a segunda doença neurodegenerativa mais comum, atrás apenas da doença de Alzheimer. Hoje a Medicina trata apenas dos sintomas da doença para tentar melhorar a qualidade de vida do paciente, mas não impede que, com o tempo, eles progridam e que a degeneração das células do cérebro continue e agrave a doença.”

Da assessoria de comunicação do ICB

FONTE: Jornal da USP

Movimento Velhice Cidadã luta por qualidade de vida e contra o preconceito

Um movimento criado no Brasil busca combater o idadismo, a discriminação baseada na idade, e promover mais respeito aos idosos. Com o avanço da ciência e o aumento da longevidade, o O idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento luta por um envelhecimento mais saudável e respeitoso.

A professora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenadora do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe) no Município de São Paulo, conta ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que esse é um movimento crescente e ativo há alguns anos.

Sua atuação ganhou mais visibilidade em meio às discussões sobre a inclusão da velhice como uma doença na CID 11 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nós começamos um movimento para tirar, da CID 11, o código velhice”, afirma a professora. A mobilização surtiu efeito e a OMS desistiu de classificar a velhice como doença.

Fase da vida

Yeda explica que essa classificação significaria que qualquer pessoa com mais de 60 anos no Brasil tem um problema de saúde simplesmente pela idade. “Isso não é verdade”, diz, “a velhice é uma fase da vida”. O tema também ganhou destaque após a Organização das Nações Unidas (ONU) declarar a Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030).

O movimento Velhice Cidadã também busca uma atuação efetiva especialmente neste ano eleitoral. “Ele é um movimento apartidário. É trabalhar com todos os partidos e candidatos para que, no seu plano de governo, esteja incluído tudo o que pode estar relacionado às melhores condições à velhice no País.”A professora lembra que o idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento. “Isso não se aplica mais hoje em dia, as pessoas estão envelhecendo melhor, ativas e trabalhando.”

No Brasil, o voto de pessoas com mais de 70 anos é facultativo, mas Yeda incentiva a participação desses eleitores. “As pessoas precisam ter consciência da sua importância nesse movimento”, conclui.

FONTE: Jornal da USP

Você sabe o que é Transtorno Disfórico Pré-Menstrual?

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) acomete mulheres alguns dias antes da menstruação e é uma forma mais grave da tensão pré-menstrual. Esse problema traz prejuízos na capacidade de trabalhar, de se relacionar com as pessoas e de cuidado próprio das mulheres, por gerar sintomas como vontade de se isolar, alta irritabilidade e tristeza.

Cristina Marta Del Ben, professora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, explica que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”. Além disso, pode ocorrer os sintomas somáticos, como “ter edema de membros inferiores — as pernas ficam mais inchadas —, pode haver dor de cabeça, aumento do volume da mama, maior sensibilidade ao toque”.

Cristina Marta Del Ben destaca que “a mulher pode se sentir mais triste, mais desesperançosa, também pode ter sintomas de ansiedade, choro fácil e perceber variações, flutuações do seu humor”

Por ter sintomas parecidos, o TDPM pode ser confundido com uma crise de ansiedade ou de depressão. Mas a professora ressalta que são duas condições médicas diferentes. “Num transtorno depressivo, os sintomas se mantêm por várias semanas sem interrupção.” Já o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual tem uma característica cíclica, surgindo nos dias que antecedem a menstruação. “Em geral, de cinco a sete dias antes da menstruação e tende a desaparecer dois ou três dias após o início do sangramento”, pondera.

Causas

As causas estariam associadas à queda abrupta, um pouco antes do período pré-menstrual, do hormônio progesterona e do estrógeno, que acaba atingindo um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar a ansiedade.

De acordo com Cristina, uma das hipóteses seria que o metabólito da progesterona, alopregnanolona, em menor quantidade, interage menos com o sistema gabaérgico — principal agente inibidor do sistema nervoso central. “Então, essa queda abrupta, ou seja, a falta repentina desse metabólito, o qual estaria ativando um sistema de neurotransmissão que ajuda a controlar sintomas de ansiedade, por exemplo, seria responsável por essas alterações clínicas”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

Cristina destaca que é importante registrar a ocorrência dos sintomas em diferentes ciclos. Isso facilita o entendimento da situação e ajuda o médico a escolher o melhor tratamento. Sabendo do quadro da paciente, o ginecologista ou, dependendo do caso, o psiquiatra, pode indicar o melhor tratamento para aquela situação. Para a especialista, o ideal “seria que a mulher, a princípio, discutisse com seu ginecologista, descrevesse seus sintomas e que buscasse a melhor alternativa”.

Há as medidas não farmacológicas como mudanças de hábitos de vida, dieta saudável, prática regular de atividade física e algumas intervenções psicoterápicas — as mais estudadas seriam terapia cognitiva ou comportamental. “Com relação ao tratamento farmacológico, uma das opções principais são os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, medicações que também são utilizadas para o tratamento de depressão e ansiedade, e o uso de contraceptivos”, completa Cristina.

É importante que as mulheres registrem o que sentem, principalmente no período pré-menstrual, para ajudá-las a entender sua situação e achar a melhor saída, diminuindo, assim, o sofrimento nesse período.

FONTE: Jornal da USP

Cerca de 1 milhão de brasileiros sofre de vitiligo, que tem tratamento e cura possível

Manchas com ausência total de coloração da pele. Essa é uma das principais características do vitiligo, doença que atinge mais de 1 milhão de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Uma estimativa da Fundação Internacional de Pesquisa em Vitiligo mostra que o número de pessoas no mundo com a doença fica entre 65 milhões a 95 milhões, atingindo em média de 0,5% a 2% da população. Quem tem a doença pode ter uma vida normal, diz a médica dermatologista Maria Cecília Rivitti Machado, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Qualquer pessoa pode ter a lesão, que costuma surgir durante a infância ou juventude. “Ele ocorre em pessoas que têm uma predisposição genética, além de diversos fatores que podem contribuir para o aparecimento do problema. O vitiligo ocorre quando há um ataque imunológico aos melanócitos, que são as células produtoras da cor. Seu portador também pode apresentar outras doenças autoimunes, como o hipotireoidismo.”

Segmentar ou vulgar

A moléstia tem tratamento e a cura é possível. Para isso, é necessário um diagnóstico e o tratamento precoce. Manchas brancas, com perda da cor, são um sinal de alerta. A melhor forma de confirmar as suspeitas se você é ou não portador da doença é consultando um dermatologista. O uso de maquiagem para tornar o tom da pele mais uniforme é uma alternativa para quem se sente incomodado com as manchas. O tratamento para conter ou reverter esse quadro é feito com medicamentos e banhos de luz ou fototerapia, que não é câmara de bronzeamento, destaca a dermatologista. É uma aparelhagem específica para uso médico. As palmas das mãos, planta dos pés e lábios não permitem a repigmentação por não possuírem folículos pilosos.O vitiligo pode se apresentar de duas formas: segmentar ou vulgar, diz a dermatologista. No primeiro caso, há o comprometimento de um lado do corpo, já o vulgar atinge as extremidades em locais onde há maior atrito da pele com os objetos, como os tornozelos, cotovelos e a face.  Maria Cecília lembra que, por ser assintomática, “é necessário mais cuidados, evitando traumatismo e lesões, porque podem ocorrer novos machucados. Também se deve prestar atenção à exposição ao sol, já que a pele é desprovida de pigmentação”.

FONTE: Jornal da USP

Sol que incide na Antártida causa altos níveis de lesões em DNA

Pesquisadores da USP e da Universidade de Havana, em Cuba,  realizaram medições do sol que incide sobre o continente antártico, em regiões onde se forma o buraco na camada de ozônio, e detectaram elevados níveis de lesões em amostras de DNA causadas pelos raios ultravioleta (UV). O estudo pioneiro envolvendo pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Química (IQ) mostrou que, quanto mais fina a camada de ozônio, mais lesões foram observadas. O índice de lesões foi tão alto quanto o observado em regiões tropicais, como São Paulo e HavanaOs resultados foram publicados em artigo na revista Photochemistry and Photobiology.

Os testes foram realizados em novembro e dezembro de 2017, na Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisa. Segundo o pesquisador Carlos Frederico Martins Menck, do ICB, que coordenou o estudo, as amostras de plasmídeos (fragmentos de DNA bacteriano) foram expostas ao sol durante quatro horas e a equipe mediu tanto as lesões no DNA quanto a incidência de radiação UV, comparando os resultados com a espessura da camada de ozônio em cada dia, medida em Unidades Dobsons (UD) pela Agência Aeroespacial Norte-Americana (Nasa) e pela base argentina vizinha. “A espessura varia ao longo do ano. Durante a pesquisa, variou de 360 a 270 UD [correspondente a 3,6 a 2,7 mm]. Nossos dados comprovaram que, quanto menor a espessura da camada, mais lesões são induzidas no DNA”, afirma.

Os cientistas compararam os dados obtidos na primavera da Antártida com medições feitas no verão de São Paulo e de Havana, regiões com clima tropical. Normalmente, o esperado é que locais com sol mais incidente apresentem um nível muito mais alto de lesões. No entanto, os danos no DNA ocorridos na Antártida foram quase tão altos quanto nas cidades tropicais (cerca de uma lesão a cada mil pares de bases). A diferença na temperatura – dois graus Celsius (2ºC) na Antártida e 30ºC em São Paulo e Havana – também não interferiu na quantidade de lesões. “Para ser considerado ‘buraco’, a camada deve estar abaixo de 200 UD. Mas mesmo a medida de 270 UD já foi suficiente para aumentar as lesões – e esse valor nós também observamos no Brasil. Isso é gravíssimo para a pele e evidencia a importância do uso do protetor solar.”

A medição foi feita através de um dispositivo desenvolvido e patenteado pela equipe de Menck: um dosímetro de lesões no DNA que permite fazer o experimento no meio ambiente em vez de no laboratório, como normalmente é feito em outros estudos da área. “Trata-se de um gel onde inserimos o plasmídeo para ser feita a análise. A substância permite a passagem de luz ultravioleta e preserva a estrutura molecular do DNA, diferente de quando ele é irradiado a seco, em uma lâmina”, explica o professor. A equipe do ICB e da Universidade de Havana pretende retornar à Antártida em outubro de 2021 para fazer novas medições. Nesse mês, a espessura da camada de ozônio costuma chegar a 100 UD (quando de fato ocorre o buraco) e deve resultar em uma quantidade muito elevada de danos no DNA. Além disso, os pesquisadores devem analisar as lesões em organismos vivos, como algas e musgos.

Nascer do sol na Antártica – Foto: ESA / IPEV / PNRA – S. Thoolen

Desafios da Antártida

Durante a viagem de um mês na estação brasileira da Antártida, os pesquisadores viram poucos dias de sol e conseguiram realizar oito medições, feitas em um local próximo à base. Para Carlos Menck, o trabalho representou uma grande conquista – acompanhada de muitos desafios. “O clima é uma das maiores dificuldades. Você sai da base, está tudo bem e de repente começa uma ventania de 80 quilômetros por hora. Nós fomos de avião de Punta Arenas, Chile, e, de lá, até a base chilena (Presidente Eduardo Frei), depois pegamos um navio até a base brasileira. Na volta, tivemos que ir de navio direto até Punta Arenas, cruzando o Estreito de Drake (entre o Continente Antártico e o sul do Chile). Não é uma viagem fácil.”

Para fazer as medições, a equipe também precisou lidar com algumas adversidades: o equipamento, batizado de “rodo-dosímetro”, teve que ser preso a um rodo na neve, para não ser “roubado” pelas skuas, aves da região. Esse suporte também permitiu corrigir a posição do dosímetro em relação ao ângulo do sol. Após sofrer um acidente e quebrar o pé, o professor teve que finalizar os testes na varanda da base brasileira.

“Isso é um desafio que eu busco há pelo menos 20 anos. Eu quero medir as lesões no DNA no nível mais baixo da camada de ozônio, ou seja, na época que chega a 100 UD. Ainda voltaremos lá para isso, mas estamos muito satisfeitos com esse resultado.”

Estação brasileira

Localizada na Ilha do Rei George, próxima ao sul do Chile, a Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada em 1984 e hoje possui 4.500 metros quadrados, com 17 laboratórios de pesquisa e capacidade para abrigar 65 pessoas. O local recebe pesquisadores das áreas de oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar).A base estava fechada desde 2012, após um incêndio que destruiu cerca de 70% das instalações. Na época do estudo, Menck e sua equipe ficaram em uma base provisória. A estação foi reinaugurada em janeiro de 2020 com um investimento de aproximadamente R$ 400 milhões.

Aline Tavares/Acadêmica Agência de Comunicação

Mais informações: e-mail cfmmenck@usp.br com o professor Carlos Frederico Martins Menck ou e-mail aline@academica.jor.br,com Aline Tavares

FONTE: Jornal da USP

Alopecia areata pode ser desencadeada por fatores emocionais

A alopecia areata é uma doença autoimune que causa queda de cabelos, mas qualquer pessoa pode ter após uma crise emocional, por exemplo. A forma mais comum da doença é a localizada, com pequenas falhas, e mais raramente a que se espalha pela cabeça, por isso é importante procurar um especialista assim que as falhas aparecem, segundo o médico dermatologista Marcelo Arnone, da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. https://50maissaude.com.br/wp-content/uploads/2022/04/ALOPECIA-AREATA-SANDRA-CAPOMACCIO-1.mp3?_=1

 

A boa notícia é que existe tratamento para a alopecia areata, seja ela crônica ou transitória. Outro ponto positivo é que a doença pode ser tratada no serviço público e não apenas nos consultórios particulares. Marcelo Arnone ressalta que, por ser uma doença de pele, que mexe com a aparência de seus pacientes, muitas vezes afeta a pessoa de forma negativa, trazendo problemas psicológicos.  A alopecia não é contagiosa, é uma doença inflamatória, e fatores emocionais podem desencadear esse distúrbio. A queda acentuada de fios de cabelo pode estar relacionada a vários fatores, como emocionais, condições  inflamatórias e doenças autoimunes. A alopecia, em geral, pode afetar  ambos os sexos, mas é mais  frequente nos homens. O risco de desenvolver a doença é de 2%. A doença pode se manifestar em qualquer faixa de idade. O diagnóstico é feito pelo dermatologista de forma clínica, ou seja, sem necessidade de exames ou biópsias.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Artrose, doença que tende a aumentar com o envelhecimento da população

A população brasileira irá apresentar um envelhecimento constante e acelerado nos próximos anos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Consequentemente, o corpo, muitas vezes, sente o “peso da idade”, podendo apresentar problemas. A artrose é um deles. Por causar muitas dores nas articulações, dificulta as atividades do dia a dia. Devemos lembrar que nossas pernas e pés, e mais especificamente os joelhos, suportam todo peso do nosso corpo, processo que pode provocar desgaste nas articulações. Mas não é somente nesses casos que a artrose pode surgir.

 Marcos Demange, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que “a dor surge porque  a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro. Isso pode ocorrer por uma lesão, torção, fratura, sobrecarga pela vida toda com muita atividade física intensa, sobrepeso ou situações que sobrecarregam demais as articulações ou um fator genético associado”. O especialista lembra que o joelho é uma articulação de carga que funciona como uma região de absorção de impacto entre os pés e o tronco. Ele destaca que, ao avaliar a população na terceira idade como um todo, após os 70 anos, foi verificado que “mais de um terço ou até metade das pessoas têm algum grau de artrose do joelho relevante”.      

Dor                                                                             

A dor surge porque a cartilagem começa a diminuir e há o contato de um osso com o outro

 

Os portadores da doença sofrem com muita dor, o que dificulta os movimentos, e pode ocorrer uma modificação do eixo do membro, é como se o joelho entortasse. Mas um tratamento amplo e múltiplo pode resolver ou minimizar esse mal-estar. Reduzir o peso, impactos excessivos, aumentar a força muscular do joelho, o uso de medicamentos para reduzir a dor, infiltrações articulares e técnicas de tratamento em fases iniciais são alguns métodos utilizados para lidar com o problema. Em casos mais graves, a solução é a cirurgia, chamada artroplastia. No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) realiza a cirurgia, assim como o sistema privado e a medicina de saúde suplementar. A artroplastia consiste na colocação de um revestimento novo do joelho, uma prótese que tira a dor, devolvendo a mobilidade e a estabilidade. Os riscos são os mesmos de qualquer outra cirurgia, além da rejeição do implante, que, após o tratamento, pode ser trocado para a colocação de um novo.

FONTE: Jornal da USP

“Sexo com Parkinson: precisamos falar sobre isso”

Esse é o lema da campanha lançada pela Rede Amparo, projeto do CEDIP Neuromat, lançou uma nova campanha, Sexo com Parkinson a partir de conversas com portadores da doença, que se queixavam de que não tinham espaço para falar sobre sua vida sexual.

Rede Amparo, projeto do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP, lançou uma nova campanha, Sexo com Parkinson: Precisamos Falar Sobre Isso, tema de uma grande pesquisa nacional. A professora Maria Elisa Pimentel Piemonte, do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da FMUSP e do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (Cepid Neuromat), discorre sobre a importância da saúde sexual em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

De acordo com a professora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ciência de forma geral têm chamado atenção para isso: “Alguns artigos muito provocativos têm sido trazidos ao público no sentido do porquê os recursos para financiamento em pesquisa em saúde sexual são limitados, porque a quantidade de informação produzida não tem o crescimento esperado como outras áreas. Então, a Organização Mundial da Saúde, em 2019, antes da pandemia, chamou atenção para esse ponto, definindo saúde sexual como o estado de bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado à saúde, que é direito de todo ser humano no mundo”.

Dopamina

do domínio do desejo, dentro do domínio da recompensa. Então, primariamente, a doença afeta exatamente pela alteração na produção de dopaminas. Mas, secundariamente, a saúde sexual é afetada pelos próprios sintomas, por exemplo, a rigidez muscular, a dificuldade de mobilidade e o tremor interferem durante a atividade sexual, a depressão, a apatia e a redução da autoestima”, relata Maria.

A campanha foi pensada a partir de uma discussão que ocorreu em um projeto da instituição, a caravana Rede Amparo. A professora comenta que são realizadas rodas de conversa em viagens por todo o País: “Não é para nós falarmos, é muito mais para nós ouvirmos as pessoas com Parkinson por todo o Brasil, tentando identificar questões regionais. Dentro de uma roda de conversa em Macapá, no Amapá, esse assunto foi trazido inicialmente por homens e seguiu para uma grande discussão que também envolveu mulheres. Daí, a gente observou que, na verdade, era um tema latente, que eles não tinham espaço, não tinham uma escuta segura para falar sobre isso”.

O objetivo da campanha é expor que a saúde sexual também é fundamental para pessoas com Parkinson. “A gente precisa falar sobre isso, a gente precisa começar a treinar as equipes de saúde para terem espaço para isso. Eu sou fisioterapeuta, por exemplo, o quanto os fisioterapeutas, que estão prestando cuidado com as pessoas com Parkinson, incluem esse aspecto dentro das suas demandas? A rigidez de tronco, a rigidez pélvica, é uma das marcas da doença, os órgãos sexuais estão na região pélvica, então obviamente é importante você manter a mobilidade dessa região.”

FONTE: Jornal da USP

Contraceptivo masculino em estudo inibe a mobilidade do espermatozoide sem uso de hormônio

Segundo Jorge Hallak e Erick José Ramo da Silva, a pesquisa, ainda em andamento, é revolucionária ao diferenciar-se das que focam na inibição do reconhecimento do espermatozoide pelo óvulo

Apesar dos diversos métodos contraceptivos femininos disponíveis nos dias atuais, cerca de metade das gestações no mundo não é planejada, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Jorge Hallak, e Erick José Ramo da Silva, pesquisador de medicamento à base da proteína Eppin, conversam em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre um novo método contraceptivo masculino, em estudo que pode reduzir entre 15% a 20% as taxas de gestação não planejadas.

Silva explica que o método inibe a mobilidade do espermatozoide após a ejaculação e se difere dos métodos hormonais, os quais focam na inibição do espermatozoide através do bloqueio da produção de hormônios sexuais. “[O método hormonal] é muito semelhante ao que acontece com a mulher, com a diferença que se leva meses para que esse efeito contraceptivo se estabeleça”, afirma ele.

Um grande avanço

Para Hallak, o estudo é revolucionário por se diferenciar das pesquisas que focavam na inibição do reconhecimento do espermatozoide pelo óvulo e, assim, não conseguiam ser sustentáveis, pois 100% dos gametas masculinos achavam um caminho alternativo para concluir a fecundação. Além disso, ele atenta para os efeitos adversos do bloqueio hormonal: “O testículo produz hormônios diariamente. A questão de você inibir o homem com uma sobrecarga hormonal sempre tem um efeito contrário, ou seja, você acaba inibindo o testículo e ele acaba se atrofiando. Então, quando ele parar de usar aquele hormônio, ele não vai ter a mesma capacidade”.

Ele informa ainda que toda a pesquisa se encontra em fase pré-clínica, no nível de estudos em animais, e que futuramente o desejo é migrar para os testes em humanos: “Na próxima etapa, vamos seguir desenvolvendo, conhecendo melhor como ela [proteína Eppin] funciona, na tentativa de identificar onde na motilidade ela atua, para que a gente possa chegar no estágio de ter algumas moléculas que a gente possa testar como inibidores da mobilidade espermática”. Ambos os entrevistados reconhecem a paternidade responsável como um dos objetivos do estudo. “Quando a gente fala de contracepção masculina, nós estamos pensando além da questão reprodutiva do homem, mas da família. Um método masculino vai não só contribuir para reduzir esse número grande de gestações não planejadas como colocar o homem numa posição de contribuir com o planejamento familiar e com sua parceira nessa ação que hoje é toda focada na mulher”, afirma Silva.

FONTE: Jornal da USP