Não importa a parte do corpo humano exposta à luz – cabelos, pele ou olhos – nem se a fonte luminosa é natural ou artificial, as consequências biológicas das reações de oxidação induzidas pela luz dependem em grande parte das propriedades fotoquímicas intrínsecas e da localização de fotossensibilizadores presentes naturalmente em tecidos biológicos, chamados de fotossensibilizadores endógenos, que são moléculas que transformam a energia da luz em reatividade química.
Quando nos expomos ao Sol, são os fotossensibilizadores endógenos na nossa pele que provocam transformações tanto benéficas quanto prejudiciais. Em um artigo de revisão publicado no periódico Chemical Reviews, os cientistas Erick Bastos, Frank Quina e Maurício Baptista, do Instituto de Química (IQ) da USP, apresentam uma análise abrangente dos fotossensibilizadores endógenos na pele humana, investigando as conexões entre a excitação de seus elétrons pela luz e subsequente ativação ou danos a biomoléculas. O trabalho indica as possíveis causas do aumento contínuo dos casos globais de câncer de pele e aponta as limitações das abordagens atuais de proteção solar.
A pele é formada por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A luz atinge profundidades diferentes, dependendo do comprimento da radiação, das características das espécies absorventes presentes e das propriedades ópticas da pele. Raios ultravioleta B (UVB), que representam cerca de 5% da radiação UV que chega à Terra, penetram apenas nas camadas mais superficiais (epiderme), mal alcançando a derme. Já os raios ultravioleta A (UVA) e a luz visível atingem a camada celular basal e a derme e são absorvidos por fotossensibilizadores endógenos.
Embora a radiação UVB seja considerada mais deletéria por ser absorvida diretamente pelo DNA, os pesquisadores afirmam que uma mensagem importante deste trabalho de revisão é que a fotossensibilização permite que a luz visível e a radiação UVA produzam grandes efeitos na pele. As oxidações fotossensibilizadas são reações provocadas pela interação da luz com uma molécula fotossensibilizadora na presença de oxigênio.
Os fotossensibilizadores estão presentes em concentrações e locais específicos e incluem tanto pequenas moléculas, como vitaminas, aminoácidos e cofatores, quanto macromoléculas, como proteínas, ácidos nucleicos e glicanos. Na presença de oxigênio molecular, eles absorvem a radiação e geram oxidantes reativos – quais são essas moléculas e em que reações se envolvem após absorção de radiação solar são questões discutidas com profundidade inédita nesta revisão. Desta forma, segundo os pesquisadores, o artigo pode se tornar uma fonte de consulta para informações que hoje se encontram espalhadas por centenas de artigos da literatura científica.
“Conseguimos posicionar a fronteira da fotoquímica que acontece na pele sob exposição solar. Mostramos os fotossensibilizadores e as reações. Falamos de proteínas, lipídios, carboidratos e tudo mais que tenha relevância no tema. É um artigo importante tanto pela abrangência quanto pela profundidade, e o formalismo químico está perfeito. Minha expectativa é que esse trabalho fomente mais pesquisas nessa área”, afirmou Maurício Baptista, que também é membro do Redoxoma – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
As respostas biológicas à exposição excessiva ao Sol, como apoptose (morte celular programada), queimadura solar, hiperproliferação e mutação, são iniciadas tanto por danos diretos nas nucleobases do DNA, quanto por danos indiretos causados pela oxidação dessas nucleobases ou de outras moléculas importantes para a sobrevivência celular.
De fato, as células sobreviverão ou morrerão dependendo da extensão do dano causado aos seus principais componentes intracelulares, como mitocôndria, retículo endoplasmático e lisossomo. Mesmo baixas concentrações de fotossensibilizadores eficientes desencadeiam diferentes formas de morte celular regulada ao afetar esses componentes celulares. Isto quer dizer que os efeitos da radiação dependem não somente das propriedades fotoquímicas intrínsecas dos fotossensibilizadores, mas também de sua localização.
A radiação UVA causa tanto dano direto quanto reações que podem comprometer a viabilidade de células localizadas muito mais profundamente na pele e nos olhos. Isso pode ocorrer por vários mecanismos, levando à disfunção celular, inflamação e risco potencialmente aumentado de distúrbios cutâneos e oculares, como ceratose actínica, fotoenvelhecimento, carcinoma basocelular, carcinoma de células escamosas, catarata e degeneração macular relacionada à idade.
A luz visível, principalmente no intervalo do violeta ao azul, também atinge os fotossensibilizadores endógenos na derme e até tecidos e órgãos mais profundos do corpo, podendo gerar danos ao DNA. Mesmo a melanina, que é o pigmento responsável pela coloração da pele e pela proteção contra os raios UVB, pode causar estresse oxidativo e lesões indiretas ao DNA em reações de fotossensibilização induzidas pela luz visível. “Interessantemente, a luz pode ser também usada para tratar doenças e, por penetrar mais profundamente na pele, a luz visível hoje é usada para tratar muitas doenças”, conta Baptista.
Dois erros
“Em termos de saúde pública, há dois problemas principais nas orientações quanto à exposição ao Sol: é um engano dizer que as pessoas podem usar protetor solar e se expor ao Sol por muito tempo; e, por outro lado, também é um engano dizer que o Sol é perigoso sempre, em qualquer condição”, afirma o pesquisador.
Uso de protetor não anula riscos da exposição excessiva ao sol – Foto: Pexels
Sobre os aspectos benéficos do Sol para a saúde, ele menciona um estudo controlado com aproximadamente 30 mil suecas sem histórico de câncer, que descobriu que a baixa exposição ao Sol é um fator de risco para mortalidade por todas as causas.
“Poucas coisas estudadas aumentam ou diminuem a expectativa de vida com significância estatística. O Sol é uma delas.”
A ativação da vitamina D, por exemplo, depende de reações intracelulares iniciadas pela absorção de fótons UVB pelo 7-desidrocolesterol, um precursor do colesterol. Este processo tem uma infinidade de consequências biológicas benéficas, incluindo a regulação do cálcio e do metabolismo ósseo, a inibição da proliferação de células tumorais e a prevenção de doenças autoimunes e cardiovasculares. Além disso, principalmente a radiação UVB e UVA, mas também a luz azul com menor eficiência, podem promover a liberação de óxido nítrico, contribuindo para a redução da pressão arterial sistêmica por meio da vasodilatação; o controle de danos a células de defesa; e a estimulação da cicatrização de feridas.
Segundo os pesquisadores, o hábito de ficar em ambientes fechados e de evitar a exposição ao Sol resultaram em uma epidemia de deficiência de vitamina D, cujo impacto financeiro só nos EUA foi estimado em quase seis vezes mais do que o gasto com doenças relacionadas à superexposição ao Sol.
Saia do sol!
Exposição prolongada ao sol provoca vermelhidão ou eritema – Foto: Freepik
As estimativas do tempo ideal de exposição ao Sol variam, pois dependem da latitude, da estação do ano e das características individuais da pele. No entanto, é fácil saber quando a dose é excessiva: a pele fica vermelha. É a reação de eritema ou queimadura solar, um mecanismo de proteção natural selecionado durante a evolução humana para evitar as consequências do excesso de exposição solar. A vermelhidão da pele significa: saia do sol!
Por quê? Porque essa reação surge principalmente como uma resposta fisiológica à absorção da radiação UVB por bases do DNA nas células da pele, produzindo moléculas que ativam uma resposta inflamatória aguda. Essas moléculas, os fotoprodutos, também geram mutações que, dependendo das proteínas afetadas, aumentam o risco do desenvolvimento de câncer de pele.
O uso de protetor solar evita a vermelhidão, mas não as consequências de ser superexposto à radiação UVA e à luz visível. Além disso, o protetor bloqueia os efeitos benéficos da exposição aos raios UVB.
Aliás, o famoso FPS – fator de proteção solar – não é um parâmetro preciso, pois a medição é realizada em voluntários de pele clara e utiliza apenas fontes de irradiação UVB. Consequentemente, o FPS considera apenas a proteção contra as respostas agudas da pele, ignorando todas as outras consequências positivas e negativas da exposição ao Sol.
“Infelizmente, a crença de que o FPS define e quantifica adequadamente a eficácia da proteção solar não passa de outro equívoco, que ainda ilude os profissionais de saúde e o público em geral”, escrevem os autores.
Além disso, pessoas com tons de pele mais escuros dependem de resultados de testes que podem não ser totalmente aplicáveis a eles. Mesmo a classificação de Fitzpatrick, que varia do tipo I ao VI, da pele mais clara à mais escura, foi criada na década de 1970 para estimar a tolerância à radiação UV de pessoas de pele clara e só posteriormente incluiu outras tonalidades. A classificação se baseia nas respostas a um questionário simples sobre a experiência anterior da pessoa com exposição solar (queimadura solar, bronzeado, eritema, edema e desconforto e dor).
A quantidade de melanina, pigmento selecionado pela evolução para proteger a pele humana da exposição solar, é o fator determinante para a absorção e dispersão da luz visível pela epiderme e, portanto, contribui para a cor da pele humana. Mas, ainda que menos suscetíveis à radiação UVB, pessoas com tons de pele mais escuros superexpostas ao Sol vão enfrentar problemas crônicos em longo prazo, porque a penetração da luz visível é apenas parcialmente reduzida.
Segundo os pesquisadores, a melhor maneira de aprimorar as estratégias de proteção solar passa pelo conhecimento das propriedades dos fotossensibilizadores descritos neste trabalho e das transformações químicas e biológicas induzidas pela luz, que podem ocorrer durante e após a exposição da pele humana ao Sol, com e sem aplicação dos bloqueadores solares atualmente utilizados.
“Uma compreensão mais profunda das interações entre a luz solar e a pele de diferentes tipos abrirá caminho para estratégias inovadoras de cuidados com a pele, que não envolvam somente evitar os efeitos maléficos mas também considerem os efeitos benéficos da exposição solar, e para o desenvolvimento de produtos de proteção solar adaptados a tipos específicos de pele”.
O artigo Endogenous Photosensitizers in Human Skin, de Erick L. Bastos, Frank H. Quina e Maurício S. Baptista, pode ser lido aqui.
*Da Assessoria de Comunicação do Cepid Redoxoma, com edição de Luiza Caires
**Estagiária sob orientação de Moisés Dorado
Mais informações: e-mail elbastos@iq.usp.br, com Erick Bastos
Está chegando o verão e, com ele, aquela prática tão característica da estação de tomar banho de sol. É nessa hora que as atenções e os cuidados com a pele devem ser redobrados. O aumento da radiação solar é um fenômeno muito comum e, em decorrência disso, a emissão dos raios ultravioleta, UVA e UVB, crescem e aumentam também os riscos de doenças da estação. A professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Cacilda da Silva Souza, especialista em dermatologia, explica que a proteção deve ser feita através do filtro solar, priorizando a face, e com a utilização de barreiras físicas, tais como roupas leves e de manga comprida, chapéus, bonés e sombrinhas.
“Atualmente já existe uma diversidade de vestimentas próprias para as atividades esportivas, a piscina, mar e também para as atividades diárias. Uma ideia muito simples e boa é o uso de mangas removíveis que o ciclistas e motociclistas utilizam”, recomenda. De acordo com a professora, a proteção deve ser maior em crianças, indivíduos de pele clara e que ficam muito vermelhos com a exposição solar, além de idosos, por possuírem uma pele mais sensível e um risco maior para o desenvolvimento de tumores.
Fator de proteção
No filtro solar é sempre indicado o fator de proteção que, segundo Cacilda, deve ser maior que 30. “O recomendado aqui na nossa região, com a intensidade da radiação ultravioleta, seria entre 50 e 60.” A professora ainda lembra que o filtro solar não deve arder os olhos e que uma opção é usar o filtro solar infantil.
Apesar de a pele clara exigir mais cuidados, a escura também sofre com as doenças da estação. “Enquanto a pele clara produz pouca melanina, que protege da radiação ultravioleta do sol, na pele escura essa produção da melanina é abundante. Os indivíduos de pele escura têm uma proteção natural contra o sol.” Mesmo assim, a professora reforça que o uso de filtro solar é indispensável.
Além da proteção contra o sol, que pode causar doenças de pele, a desidratação é outro problema recorrente e que precisa de atenção. “É essencial que haja um aumento da ingestão de água no verão, especialmente em atividades com exposição ao sol. Isso porque a falta de consumo de água, junto com a exposição solar excessiva, pode levar à desidratação e à insolação.”
E a insolação é uma condição comum nesta época do ano. É resultado de uma exposição intensa ao calor. A insolação acontece quando a temperatura corporal fica superior a 40º, o que causa uma falha no mecanismo de transpiração corporal.
Julia Gatto, estudante de 21 anos, conta que teve insolação depois de uma uma sessão de bronzeamento artificial, quando não foram tomados os cuidados necessários com a pele. “No momento em que saí da clínica já estava com muita febre, porque o meu corpo estava muito quente, acabei ficando com bolhas, febre e ânsia por uns três dias e tive que faltar na faculdade e no estágio.”
A professora lembra que a insolação e a desidratação são problemas que podem impactar diretamente o aproveitamento da estação. “A adoção das medidas preventivas vai ajudar a se proteger e aproveitar melhor e com menor risco este período de férias e de lazer”, conclui.
Desenvolvido para proteger a ruptura da pele, a família de curativos AQUACEL Foam Pro, atuam diretamente nos danos causados por microclima, fricção e forças de cisalhamento, cuidando, protegendo e defendendo a pele potencialmente danificada.
Microclima, fricção e cisalhamento
Microclima, é a junção de umidade com temperatura, o aumento desses fatores colaboram para a pele ficar mais vulnerável à lesões. Quando ocorre a diminuição da umidade a pele torna-se excessivamente seca proporcionando mais danos. O Microclima também influencia no surgimento das lesões por pressão superficiais.
Ações isoladas causadas por excesso de Fricção possibilitam maiores danos à epiderme e a derme, a lesão resultante asemelhasse a uma queimadura leve com maior frequência em pacientes agitados. O quadro torna-se mais grave quando a fricção é associada ao cisalhamento.
O Cisalhamento é a combinação de gravidade e fricção. Quando o paciente encontra-se na cama com a cabeceira elevada a gravidade empurra o corpo para baixo e a pele adere-se ao leito da cama, mesmo o esqueleto empurrando o corpo para baixo, como mostra a figura abaixo. Isso faz com que os vasos sanguíneos sejam esticados dificultando ou interrompendo o fluxo sanguíneo e causando danos por isquemia.
Lesão ou úlcera por Pressão
São áreas de necrose em que as partes moles são comprimidas entre as proeminências ósseas e superfícies duras externas. Elas são causadas por pressão não aliviada em combinação com fricção, forças de cisalhamento e umidade. Lesão por pressão é uma terminologia recomendada pelo National Pressure Injury Advisory Panel (NPIUAP) em vez de úlcera por pressão para descrever essas lesões crônicas porque graus mais baixos de danos cutâneos devidos à pressão podem não estar associados à ulceração da pele.
Fatores de risco mais comuns
Em pessoas com mais de 65 anos de idade quando ocorre a redução do tecido adiposo subcutâneo e a diminuição do fluxo sanguíneo capilar;
Perda ou diminuição da mobilidade causadas por longo período de internação ou repouso no leito;
Lesão medular, sedação, ou fraqueza bem como a diminuição da movimentação espontânea e/ou deficiência cognitiva;
Exposição a irritantes cutâneos ocasionados por incontinência urinária e/ou incontinência fecal;
Dificuldade na cicatrização de feridas por desnutrição, diabetes ou perda de sensibilidade;
Tratamentos
Redução da pressão;
Tratamento direto das lesões;
Tratamento da dor;
Controle da infecção;
Avaliação das necessidades nutricionais;
Terapia concomitante ou cirurgia;
Aplicação do AQUACEL Foam Pro
Como funcionam os curativos AQUACEL Foam Pro
A camada superior protetora possui uma película lisa, respirável e impermeável, que atua minimizando o cisalhamento e a fricção entre a roupa de cama e o curativo. Contudo a facilidade de higienização e a limpeza reduzem a quantidade de troca do curativo. Em suma possui uma espuma macia proporcionando maior conforto entre a camada de ligação e a camada com Hydrofiber®, tecnologia multicamadas siliconadas que ajudam a promover um microclima ideal, absorvendo e bloqueando o excesso de umidade da pele. A camada adesiva dos curativos AQUACEL Foam Pro também possui silicone e as perfurações permitem aplicação e remoção de maneira ágil e fácil, e ainda não deixam que o adesivo grude em si mesmo.
Benefícios dos curativos AQUACEL Foam Pro
Projetado para ajudar a reduzir os efeitos das forças de cisalhamento e fricção;
Proporciona uma barreira bacteriana e viral que protege de contaminantes externos;
É à prova d’água e é possível tomar banho de chuveiro com o curativo;
Promove um microclima saudável da pele, absorvendo e bloqueando o excesso de umidade;
Camada de silicone adesiva perfurada proporciona uma aderência segura e favorável à pele;
Permite que o curativo seja reposicionado após a avaliação da pele.
Mais informações e especificações
A família de curativos AQUACEL® Foam Pro, desenvolvido pela Convatec, está disponível em 2 tamanhos, 24×21,5 cm e 20×16,9, em embalagens unitárias ou caixas com 5 unidades.
Em suma os curativos AQUACEL Foam Pro são a melhor solução para todos os casos de fricção com vermelhidão, inflamação e, às vezes, bolhas, e também para deformações da pele e tecidos, oclusão de vasos sanguíneos e dano induzido por isquemia.
Fontes:
Site Convatec, fabricante do AQUACEL® Foam pro Grupo de Estudos e Pesquisa em Segurança do Paciente, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Manual MSD When used as part of a protocol of care.*As demonstrated in-vitro. In-vitro Performance Characteristics of AQUACEL® Foam pro WHR14536MS129,2015. Data on file. Convatec. Walker M.Hobot JA, Newman GR, Bowler PG. Scanning electron microscopic examination of bacterial immobilisation in a carboxymethlcellulose (AQUACEL®) and alginate dressings. Biomaterials. 2013:24(5):883-890. All advertisements shown on this page are for cleared Class I & II products by the FDA.
Uma fórmula cosmética contendo extrato de guaraná, fruto típico da Amazônia, se mostrou eficaz na redução da oleosidade excessiva e promoção das condições normais de hidratação da pele e cabelos. O estudo Avaliação da pele e cabelos oleosos, desenvolvimento e eficácia clínica de formulações cosméticas contendo extrato de guaraná, que deu origem à formula, foi desenvolvido pela farmacêutica Marcella Gabarra Almeida Leite, com orientação da professora Patrícia Maia Campos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
O estudo, conta Marcella, mostra que o uso de produtos com extrato de guaraná em suas formulações, além de reduzir a oleosidade sem causar danos à fibra capilar ou à pele, promove diminuição do tamanho dos poros e de fatores associados à formação de espinhas. “Nós percebemos uma diminuição no número de porfirinas, que são metabólitos da bactéria Cutibacterium acnes, aquela relacionada à formação de espinhas e de outros problemas envolvendo a oleosidade.”
A professora Patrícia ainda informa que a fibra capilar continuou com a maleabilidade e sem ressecamento, bem como os níveis de oleosidade normais na pele, que mantiveram o equilíbrio. Quanto às propriedades que explicam o uso do guaraná em cosméticos, as pesquisadoras afirmam tratar-se de um fruto brasileiro rico em compostos como saponinas e taninos, que conferem atividade detergente e adstringente, além de trazer compostos fenólicos, como catequinas e epicatequinas, que possuem potente atividade antioxidante.
Desta forma, enfatiza a professora Patrícia, utilizar extrato de guaraná no combate da oleosidade representa um passo importante para o desenvolvimento sustentável, principalmente por conta da utilização de produtos da biodiversidade brasileira nos cosméticos na busca de produtos mais inovadores e efetivos.
O controle da oleosidade na qualidade de vida
Os problemas com a oleosidade de pele e cabelos dos brasileiros são considerados “muito relevantes” já que são o principal motivo de procura por dermatologistas no País. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a oleosidade é predominante em 56,5% da população, fato que, segundo as pesquisadoras, justifica os estudos e a busca por soluções.
Outro fato é o de que alterações capilares, em especial as causadas pela produção excessiva de sebo, podem afetar negativamente a imagem e influenciar diretamente na qualidade de vida. Marcella informa que, além dos desconfortos usuais causados pelo aspecto gorduroso e brilhante, a oleosidade pode causar alterações cutâneas como acnes, dermatites seborreicas e comprometimentos na eudermia (estado fisiologicamente normal da pele).
Em números, a oleosidade é considerada normal até atingir 150 microgramas por centímetro quadrado. Apesar disso, a pesquisadora explica que a quantidade de sebo é considerada anormal quando gera incômodo. Marcella conta que os níveis da oleosidade presente na pele são medidos através de um equipamento chamado Sebumeter. “Esse equipamento possui uma fita opaca que fica transparente quando ela está em contato com o sebo presente na pele e aí essa transparência é contabilizada por uma fotocélula que é quantificada”, explica.
Essas medidas de oleosidade fizeram parte do experimento realizado com voluntárias mulheres de 18 a 40 anos com pele e cabelos oleosos. Após a seleção, que procurava por um padrão no nível de oleosidade, as participantes receberam uma formulação básica que foi usada por 15 dias para promover o wash out (tratamento para normalizar as condições do cabelo e pele das mulheres, evitando a influência de outros produtos). Na sequência, passaram por novas etapas de análises.
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Cosméticos, da FCFRP, como parte do doutorado da farmacêutica Marcella. Os pesquisadores estão preparando artigos científicos sobre os achados e, por enquanto, ainda não há perspectivas para o desenvolvimento de formulações comerciais com a fórmula.
Mais informações: e-mails pmcampos@usp.br (com Patrícia) ou marcellagabarra@hotmail.com (com Marcella)
O inverno provoca maior sensibilização da pele por ser um período de baixa umidade do ar, afetando em especial quem tem o subtipo mais seco. É o caso dos idosos, que possuem uma pele menos hidratada por conta da idade. Cuidados com o banho, as roupas e a hidratação são necessários para manter a saúde desse órgão, evitando coceiras e machucados.
A pele é uma barreira importante do corpo contra a entrada de microorganismos que possam causar infecções, além de controlar a perda de água para o meio ambiente e a temperatura. Com o passar dos anos, “nós temos uma diminuição na produção do suor e na lubrificação produzida por nossas glândulas sebáceas, nossas glândulas de gordura”, explica a dermatologista Andrezza Telles Westin, médica assistente do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
“Com isso, nós não temos uma formação de uma barreira adequada na pele, favorecendo com que ela tenha perda de água para o ambiente.” Os danos acumulados ao longo da vida da radiação solar e de hábitos como o tabagismo também aumentam a fragilidade da pele. “Toda vez que perdemos a barreira cutânea e a sua lubrificação”, alerta Andrezza, “ela se torna mais propensa ao desenvolvimento de alergias, de irritações, de dermatite no geral.”
O geriatra Paulo Fernandes Formighieri, também médico do HC-FMRP-USP, complementa que a elasticidade da pele diminui com o envelhecimento. “A pele tende a ter uma redução da espessura da sua camada, do conteúdo de sustentação.” Nesse aspecto, as mulheres sentem um impacto maior pela queda dos níveis dos hormônios depois da menopausa.
No banho
A hidratação da pele deve ocorrer em todas as épocas do ano, “não só você ingerir adequadamente líquidos durante o dia e se manter com corpo bem hidratado, mas fazer uma hidratação tópica”, lembra Formighieri. No inverno, é preciso lidar com um fator extra: a irritação que a água mais quente do banho causa na pele.
Procurar tomar banhos rápidos, com água morna e sem uso de produtos abrasivos, como esfoliantes e buchas, é a recomendação de Andrezza. Os sabonetes devem ser neutros ou glicerinados, que se aproximam do pH da pele, evitando os antibacterianos, “porque eles mudam a nossa flora de microorganismos que estão protegendo nossa pele”.
Logo após o banho, faça a secagem da pele com uma toalha macia, “sem grandes atritos, para que não tenha ressecamento, até mesmo mais esfoliação pelo atrito com a toalha”, adiciona. Por último, hidrate a pele, principalmente pernas, joelhos, cotovelos e calcanhares.
Os produtos hidratantes disponíveis no mercado são de quatro tipos: os hidratantes propriamente ditos (trazem água até as camadas profundas da pele), os emolientes (deixam a pele com uma consistência mais macia, facilitando a entrada de água; geralmente são os óleos), os umectantes (promovem uma película de umidade na pele) e os oclusivos (diminuem a perda de água para o ambiente). Em geral, os cremes são uma mistura de todos, mas Andrezza ressalta que quem tem pele sensível deve buscar um dermatologista para receber a melhor indicação.
Nas roupas
Considerando o fato de usarmos várias camadas de roupa contra o frio, o que aumenta o atrito contra a pele, outra recomendação para atenuar a sensibilização de uma pele mais frágil é escolher tecidos mais respiráveis. Os naturais são a melhor opção, de acordo com Andrezza. “Os tecidos de algodão, por exemplo, permitem uma maior absorção do creme na superfície da pele, e também a correta transpiração, impedindo que o suor seja um fator irritante na pele do paciente.”
Para evitar a pinicação, busque tecidos macios, “não necessariamente amaciados por amaciantes, mas tecidos que tenham uma leveza, um toque mais agradável”.