Cirurgia robótica, além de menos invasiva, traz mais segurança

Bruno Zilberstein e Paulo Manuel Pêgo Fernandes falam sobre algumas das vantagens da aplicação da cirurgia robótica que promete avanços futuros na área da medicina.

As cirurgias robóticas vêm ganhando cada vez mais espaço entre as cirurgias minimamente invasivas. Tecnologia que surgiu em 1985 com os braços robóticos Puma 560, foi utilizada pela primeira vez em uma biópsia neurocirúrgica. Em 2000, o robô atualmente mais utilizado no mundo, o Da Vinci, foi aprovado pela Food and Drug Administration, a FDA, nos Estados Unidos.

Cirurgia robótica e a liberdade motora

Diferentemente da laparoscopia, que também é uma cirurgia minimamente invasiva com uso de aparelhos robóticos, a cirurgia robótica destaca-se pela liberdade motora, imagem HD 3D e uma maior segurança na hora da cirurgia. Porém, não deve ser confundida com uma cirurgia performada por robôs, já que o cirurgião ainda comanda todos os movimentos por meio do console, de forma que apenas a execução é dos joysticks.

Como explica o diretor do Serviço de Cirurgia do Estômago e Intestino Delgado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Bruno Zilberstein, “a grande diferença é que quem faz a força, quem põe toda a força são os braços do robô. Então, o cirurgião tem maior precisão nos movimentos, porque ele não aplica nenhum tipo de força muscular. O robô que faz essa força”.

Por conta disso, movimentos antes feitos diretamente pelo cirurgião se tornam mais fáceis ou até possíveis graças ao robô. As pinças são mais maleáveis e auxiliam em partes da operação mais complicadas, como a separação das estruturas e a costura dos tecidos. O robô passa, então, a ser um mediador dos movimentos do médico, que não precisa aplicar toda sua força ou se preocupar com o tremor de suas mãos, já que o aparelho é estabilizado.

Em termos de segurança operacional, a utilização dos robôs confere ao paciente e ao cirurgião maior proteção. Como explica Zilberstein, o índice de complicações intraoperatórias e pós-operatórias e os índices de infecção são menores quando a gente utiliza o robô”. A longo prazo, porém, não há evidências de que as operações feitas por mediação do robô e aquelas feitas da forma tradicional se diferenciam nos resultados ou níveis de bem-estar pós-operatórios.

Capacitação profissional

Independentemente da formação profissional e das qualificações anteriores, para utilizar o robô é necessário estar capacitado. A cirurgia robótica é classificada como procedimento de alta complexidade e, por isso, mesmo que seja performada, utilizando-se um mediador, é imprescindível que o profissional tenha todas as habilidades exigidas para uma operação tradicional.

A certificação foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina apenas neste ano por meio da resolução nº 2.311/2022. Segundo o órgão, “o procedimento só pode ser realizado por médico que tenha Registro de Qualificação de Especialista registrado no CFM na área cirúrgica relacionada ao procedimento”.

Paulo Manuel Pêgo Fernandes, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Torácica e Cardiovascular da FMUSP, comenta que “o que o Conselho Federal de Medicina fez foi tentar regulamentar isso no sentido de proteger o paciente em primeiro lugar, para que não haja problemas de mau uso de uma tecnologia que é nova”. Além disso, fornece caminhos possíveis para os médicos que querem atuar com o robô.

Treinamento em cirurgia robótica

Também o cirurgião deve passar por treinamento em cirurgia robótica, podendo ser por meio de hospitais ou com mentoria de outro médico já especializado, os chamados proctores, que necessariamente devem ter feito pelo menos 50 cirurgias robóticas.

O uso do robô é indicação do médico e depende de qual área será operada, os procedimentos durante a cirurgia e quais seriam os benefícios da intermediação dessa tecnologia. Hoje, a área mais beneficiada pelas cirurgias robóticas é a de cirurgia de próstata, mas também pode ser aplicada na urologia, ginecologia, cirurgia digestiva, cirurgia cardíaca, cirurgia torácica, neurocirurgia e otorrinolaringologia.

Telecirurgias e o futuro das cirurgias robóticas

Mesmo se tratando de um avanço na medicina, o custo dos robôs ainda é muito elevado, algo em torno de US$ 3 milhões para uma máquina Da Vinci. Adquiri-la, portanto, é um investimento e demanda uma boa avaliação do propósito e frequência de uso do aparelho. A boa notícia é que já existem empresas que estão entrando no mercado e que podem apresentar uma solução para a questão do custo.

Outra aplicação dos robôs é para as telecirurgias. Com a entrada do 5G no País, todas as operações feitas via internet têm a chance de se tornarem muito mais rápidas, executando os comandos em um menor intervalo de tempo. Porém, essa mínima diferença entre comando e execução, praticamente não notada em outras áreas profissionais, faz muita diferença em uma decisão que pode salvar uma vida.

“Mesmo com a tecnologia 5g, nós temos um delay de 16 milissegundos. Então esse delay dificulta a realização do ato. Por enquanto, ainda, a telecirurgia não é uma realidade”, diz Bruno Zilberstein.

As cirurgias robóticas têm, sim, um futuro promissor, ainda mais com as novas tecnologias disponíveis para o aprimoramento de aparelhos médicos. Mas isso não quer dizer que o processo deva ser priorizado: “Certamente isso não é uma prioridade de saúde pública em nenhum lugar do mundo e não teria nenhum cabimento se pensar em priorizar isso a nível de SUS, por exemplo, com tantas coisas mais básicas e essenciais, e com muito mais custo efetividade de vida salvas e de pessoas ajudadas com tecnologias muitíssimo mais baratas do que essa”, lembra Paulo Pêgo Fernandes.

Por Julia Estanislau

FONTE: Jornal da USP

Idade gestacional: pesquisa mostra como cada dia na barriga impacta no desenvolvimento do bebê

O Brasil possui um dos maiores números de partos antecipados por conta de cesarianas previamente marcadas e induções, resultando no encurtamento da gestação. Essa prática traz consequências negativas tanto para o bebê quanto para a mãe, seja no curto, médio ou longo prazos. Com esse cenário em mente, um grupo de pesquisa coordenado por Simone Diniz, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, criou uma nova medida para examinar os desfechos da saúde materno-infantil.

A partir do estudo Dias potenciais de gravidez perdidos (DPGP): uma medida inovadora da idade gestacional (IG) para avaliar intervenções e resultados de saúde materno-infantil, os pesquisadores fundamentam o entendimento de que cada dia de gestação, inferior a 40 semanas (ou 280 dias) completas, impacta negativamente na saúde dos bebês.

A nova variável, simples e com grande potencial explicativo, foi desenvolvida contando-se os dias faltantes entre o dia do nascimento até a duração média da gravidez, que é 280 dias (DPGP = IG – 280 dias). O indicador pode ser utilizado como variável preditora ou como variável dependente para construir coortes nacionais e internacionais e estudos de intervenção, afirmam os pesquisadores.

 

 

“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo brasileiro que analisa a idade gestacional em dias no período de termo para avaliar seus impactos na saúde de bebês e mães, mesmo considerando que este dado está disponível pelo menos para parte da base do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) desde 2011”, afirma a professora Simone.

A partir dos resultados, que são apresentados detalhadamente a seguir, os pesquisadores propuseram ao Ministério da Saúde uma pequena alteração nos campos 31/32 da Declaração de Nascido Vivo e no Sinasc para incluir a Idade Gestacional (IG) em dias, com base na data da última menstruação (DUM); na ultrassonografia (US) com IG acrescentando a respectiva data de 1º exame; e exame físico (feito ao nascer).

“Com essas três medidas, é possível construir curvas para comparar e complementar a precisão dos DPGP, mesmo em mulheres sem DUM ou US, e calcular a sub e a superestimação de IG e seus efeitos”, complementa a professora.

Encurtar a gestação e substituir o trabalho de parto traz complicações à saúde do bebê

Segundo Simone, hoje há uma maior preocupação de que os bebês cheguem ao máximo de sua maturidade fisiológica, ou seja, à sua prontidão para o nascimento. Com isto, cada vez mais há mudanças na classificação daquele longo período de 35 dias (chamado de termo), para aumentar a precisão da análise sobre esse amadurecimento fetal.

A literatura considera que a chamada gravidez  “a termo” (entre 37 e 42 semanas) pode ser subdividida em três fases: o termo precoce (entre 37 e 38 semanas e seis dias), o termo pleno (39 a 40 semanas e seis dias) e o termo tardio (41 a 42 semanas). Outra maneira de ver esses ciclos é simplesmente classificando-os por semanas.

A professora Simone Diniz chama a atenção ao fato de que o período “a termo” tem sido tratado como categoria homogênea, acreditando-se que o nascimento nesse intervalo poderia ser provocado de maneira segura e sem riscos adicionais. Mas não é bem assim. Isso porque os bebês nascidos com idade gestacional entre 37 e 39 semanas incompletas “têm características muito parecidas aos que nasceram pré-termo, ou seja, com menos de 37 semanas”, explica a professora Simone Diniz.

“O encurtamento do tempo de gestação traz maiores complicações e, inclusive, mais chances de morte. No curto prazo, podemos ter eventos como o maior número de neonatos internados em UTIs, icterícia, alterações da glicemia e dificuldades na amamentação. No longo prazo, temos maior impacto no desenvolvimento cognitivo, quadros de déficit de atenção e maiores fatores de risco para diversas doenças crônicas que poderão surgir ao longo da vida”, conta a professora.

 

 

Uma das explicações para tais consequências é que não só o encurtamento do período gestacional, mas também a substituição do trabalho de parto natural por intervenções como a cesariana, “queimam” etapas cruciais ao desenvolvimento.

“O processo de trabalho de parto mostra a maturidade gestacional e a prontidão para essa transição dramática da vida fetal para a neonatal. O trabalho de parto sinaliza ao corpo uma mudança epigenética (mudanças no fenótipo, que se perpetuam nas divisões celulares, sem alterar a sequência de DNA) necessária para ativar ou desativar os genes de uma etapa para a outra”, explica Simone.

Pesquisas também mostram que os bebês nascidos de parto vaginal têm a oportunidade de entrar em contato com o microbioma vaginal da mãe, o que faz com que a semeadura do microbioma do bebê seja mais apropriada. Já os que nascem de cesariana tomam contato em primeiro lugar com bactérias hospitalares, afirma.

“Há estudos robustos mostrando que os nascidos por cesárea possuem um perfil metabólico inflamatório e são mais vulneráveis a doenças crônicas em geral. Entre as doenças inflamatórias mais comuns estão asma, eczema, diabetes mellitus, além de maiores chances de desenvolver certos cânceres.”

O projeto contou com mais de 30 pesquisadores e consultores de mais de dez instituições diferentes. Em parceria com o Sinasc da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura Municipal de São Paulo (MSP) foram analisados dados de 1.525.759 nascidos vivos do município (2012-2019), sendo 504.302 com IG em dias, e em nível nacional, 8.854.727 nascidos vivos, 3.329.339 com IG em dias. Ambos os conjuntos de dados foram vinculados ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e, em nível municipal, também ao Sistema de Internação Hospitalar (SIH). Os registros sem informação da IG em dias foram analisados nas semanas de gestação e, alternativamente, foram desenvolvidos modelos de imputação de dados faltantes para a base municipal.

Os pesquisadores utilizaram recursos de machine learning para construir modelos preditivos e desenvolveram um aplicativo para corrigir os dados nos locais em que estes estão incompletos. Também promoveram treinamentos em serviços para melhorar a qualidade dos dados. O projeto foi aprovado na chamada Data Science Approaches to Improve Maternal and Child Health in Brazil, sendo financiado conjuntamente pelo CNPq e a Fundação Bill e Melinda Gates.

Principais resultados

  • No período de gestação, em nível nacional e municipal, todos os modelos apresentaram diferenças significativas na mortalidade neonatal de Hazard Ratio por DPGP, confirmando que “cada dia conta”;
  • A cesárea das mulheres ricas e a das pobres são diferentes em atributos de IG, obstétricos e clínicos, com as mais pobres com piores resultados, refletindo diferenças no acesso à tecnologia para compensar os efeitos dos DPGP (ex. admissão na UTI neonatal);
  • Mulheres com maior escolaridade, residentes em áreas de maior IDH, tendem a ter mais partos prematuros, e perdem mais dias no período a termo. Em todas as análises, foi encontrada uma “inversão da disparidade esperada” na IG, pois nas décadas anteriores era esperado o contrário;
  • Para mulheres com gestações a termo, o risco de longa internação e readmissão hospitalar é maior em mulheres com gestações mais curtas;
  • A análise dos grupos de Robson é útil não só para indicar o excesso de cesáreas e calcular a perda de dias por grupo, mas também para estudar o uso excessivo da indução ao parto. A qualidade da informação sobre a indução (por exemplo, distinguir “indução” de ”condução”) é variável em geral baixa;
  • O letramento em dados dos profissionais e gestores de saúde é variável e tende a ser baixo, por isso, o grupo produziu um sitepodcast Conversando sobre e um canal no YouTube com os vídeos sobre a pesquisa. Além disso, organizou o curso Lendo, Entendendo e Apresentando Dados em Saúde Pública (Data literacy) – LEADSP, ministrado em fevereiro de 2021 durante o programa de Cursos de Verão da FSP-USP. Também foi desenvolvido um aplicativo sobre mortalidade e tendências de IG;
  • Sugestão de uma pequena e promissora alteração nos campos 31/32 da Declaração de Nascido Vivo e no Sinasc, para incluir IG em dias, com base no último período menstrual (DUM), ultrassonografia (US) com IG acrescentando a respectiva data de 1º exame; e exame físico (feito ao nascer). Com três medidas, seria possível construir curvas para comparar e complementar a precisão dos DPGP, mesmo em mulheres sem DUM ou US, e calcular a sub e superestimação de IG e seus efeitos;
  • A pandemia de covid-19 acrescentou interrupções variáveis ao cuidado perinatal, como suspensão de consultas pré-natais, redução e deslocamento de leitos obstétricos de referência e riscos de infecção pelo coronavírus em mulheres e famílias na admissão hospitalar geral. Essas tendências de 2020 estão sendo mapeadas;
  • Criação de bancos de dados a partir de bases municipais e nacionais, com idade gestacional em dias e semanas, com e sem imputação, além da produção de uma ontologia das bases e vínculos Sinasc-SIM, que será disponibilizada para fins de pesquisa e ensino;
  • Publicação de artigo na Revista de Saúde Pública.

Sylvia Miguel/Assessoria de Comunicação da FSP

Mais informações: e-mail  sidiniz@usp.br, com Simone Diniz

FONTE: Jornal da USP

Movimento Velhice Cidadã luta por qualidade de vida e contra o preconceito

Um movimento criado no Brasil busca combater o idadismo, a discriminação baseada na idade, e promover mais respeito aos idosos. Com o avanço da ciência e o aumento da longevidade, o O idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento luta por um envelhecimento mais saudável e respeitoso.

A professora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e coordenadora do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe) no Município de São Paulo, conta ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que esse é um movimento crescente e ativo há alguns anos.

Sua atuação ganhou mais visibilidade em meio às discussões sobre a inclusão da velhice como uma doença na CID 11 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nós começamos um movimento para tirar, da CID 11, o código velhice”, afirma a professora. A mobilização surtiu efeito e a OMS desistiu de classificar a velhice como doença.

Fase da vida

Yeda explica que essa classificação significaria que qualquer pessoa com mais de 60 anos no Brasil tem um problema de saúde simplesmente pela idade. “Isso não é verdade”, diz, “a velhice é uma fase da vida”. O tema também ganhou destaque após a Organização das Nações Unidas (ONU) declarar a Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030).

O movimento Velhice Cidadã também busca uma atuação efetiva especialmente neste ano eleitoral. “Ele é um movimento apartidário. É trabalhar com todos os partidos e candidatos para que, no seu plano de governo, esteja incluído tudo o que pode estar relacionado às melhores condições à velhice no País.”A professora lembra que o idadismo é um preconceito formado a partir de uma visão equivocada do que é o envelhecimento. “Isso não se aplica mais hoje em dia, as pessoas estão envelhecendo melhor, ativas e trabalhando.”

No Brasil, o voto de pessoas com mais de 70 anos é facultativo, mas Yeda incentiva a participação desses eleitores. “As pessoas precisam ter consciência da sua importância nesse movimento”, conclui.

FONTE: Jornal da USP

Síndrome de Burnout é reconhecida como fenômeno ocupacional pela OMS

A síndrome de Burnout passou a ser reconhecida como um fenômeno relacionado ao trabalho pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A assunção dessa condição passou a valer neste mês de janeiro, com a vigência da nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11).

A síndrome é definida pela OMS como “resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”. Conforme a caracterização da entidade, há três dimensões que compõem a condição.

A primeira delas é a sensação de exaustão ou falta de energia. A segunda são sentimentos de negativismo, cinismo ou distância em relação ao trabalho. A terceira é a sensação de ineficácia e falta de realização.

A OMS esclarece que a síndrome de Burnout se refere especificamente a um fenômeno diretamente vinculado às relações de trabalho e não pode ser aplicada em outras áreas ou contextos de vida dos indivíduos.

Segundo o advogado trabalhista Vinícius Cascone, no Brasil, o Ministério da Saúde reconhece desde 1999 a síndrome como condição relacionada ao trabalho.

Caso um trabalhador reconheça os sintomas, deve buscar um médico para uma análise profissional. O médico avalia se o funcionário deve ou não ser afastado de suas funções. A empresa deve custear o pagamento caso o afastamento seja de até 15 dias.

Depois deste período, o empregado será submetido a uma perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para que o órgão analise e, confirmando o diagnóstico, arque com o custeio do afastamento durante mais tempo. É preciso também abrir uma comunicação de acidente de trabalho.

Cascone explica que se o empregador não der o encaminhamento em caso de afastamento, o trabalhador pode buscar diretamente o INSS ou entrar com ação judicial caso ocorra uma negativa do órgão.

À Agência Brasil, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) informou que o início da vigência da nova lista de doenças demandará uma atualização de normativos internos, o que ocorrerá “aos poucos”.

Conforme o órgão, o direito a benefícios associados ao afastamento temporário é garantindo a quem comprovar incapacidade de realizar o trabalho.

Ambiente de trabalho

A advogada Lívia Vilela teve a síndrome diagnosticada em 2019. Ela trabalhava em uma empresa pública desde 2011. Segundo Lívia, ocorreu um processo de sucateamento da companhia e o ambiente de trabalho não era bom.

Lívia conta que após assumir o cargo encontrou um espaço desestruturado, com alta carga de trabalho e grande responsabilidade, sem apoio dentro da direção da empresa. Essa situação gerou muito desgaste a ela. Além disso, havia uma disparidade salarial expressiva entre os trabalhadores da área que ela integrava.

“O burnout veio em 2018. Eu percebi que não estava bem. Comecei a ter problemas para dirigir, pois associava ao ambiente do trabalho. Fiquei desmotivada e não queria estar lá. Comecei a ter fortes crises de depressão e de ansiedade, insônia”, relata.

A advogada foi levada ao médico e foi afastada do trabalho. Em seguida, passou a atuar de forma remota, o que seguiu em razão da pandemia. Com a privatização da empresa pública, ela decidiu largar a carreira. 

Por Jonas Valente – Repórter Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil