Pesquisas apontam relação entre poluição sonora e casos de obesidade, insônia e hipertensão

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Um Projeto de Lei (PL) que tramita na Câmara dos Vereadores de São Paulo propõe aumentar o limite de ruído em algumas regiões. O texto prevê que nas Zonas de Ocupação Especial (ZOE), no entorno de estádios, arenas e casas de show esse limite seja de 85 decibels (dB), 30 a mais que o atual, de 55 dB. Audiências públicas foram realizadas para discutir o projeto que levanta o debate sobre a poluição sonora e a saúde pública: segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 10% da população mundial está exposta a níveis de ruído prejudiciais à saúde.

Poluição sonora e saúde

A pressão do som em altas intensidades prejudica o sistema auditivo e também o bem-estar da população. Ricardo Bento, professor de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP explica que a pressão do som em altas intensidades causa diversos danos ao sistema auditivo. “Esses lesionam e estragam as células que a gente tem dentro da cóclea, o órgão interno da audição”, diz.

Outro aspecto é o estresse e o bem-estar. “Às vezes o barulho não precisa ser alto. Basta ser um ruído ruim, por exemplo, uma britadeira na frente da sua casa, que vai irritando.” Além disso, algumas pesquisas apontam também relações entre a poluição sonora e casos de obesidade, insônia e pressão alta.

Na intensidade prevista pelo PL, de 85 dB, o ouvido humano suporta no máximo oito horas de duração. A partir disso, há perda auditiva. A medida, entretanto, propõe que o novo limite seja permitido por um total de 11 horas, do meio-dia às 23h. Por isso, Bento ressalta que, além da intensidade, o tempo de exposição é muito importante. “O ideal seria em torno dos 55 decibels, a esse nível você pode ficar exposto quanto tempo quiser. O nível máximo é diretamente ligado ao tempo”, afirma.

Diante desses fatores, a professora Ranny Michalski, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac), questiona a medida. “Esse Projeto de Lei nos pegou de surpresa. Esse nível por tanto tempo faz mal, é um nível absurdamente elevado.”

Ranny lembra que existem normas nacionais, como a ABNT NBR 10151, e uma legislação municipal: “De acordo com a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, temos limites máximos de 65 decibels para o período diurno e 55 decibels para o período noturno. E, de repente, surge um projeto querendo mudar isso”.

Os caminhos para uma cidade com menos ruído

Para reduzir a poluição sonora, a professora comenta que é possível atuar em três frentes: na fonte sonora, que é o que está gerando esse ruído; no caminho que esse ruído faz quando sai da fonte; e no ouvinte ou receptor desse som. “É sempre bom começar na fonte. E a última prioridade sempre é tratar no receptor, a gente quer que o ruído não chegue na pessoa. Tem que pensar de fora para dentro.”

Entre as possibilidades de intervenção, Ranny cita o controle do ruído do tráfego por meio da redução e do redirecionamento do trânsito, o uso de asfaltos que atenuem o ruído, ou a utilização de barreiras acústicas. Ela também lembra que, em breve, a cidade de São Paulo terá seu mapa de ruído, um diagnóstico de como está a questão do som na cidade.

“Tivemos um grande avanço com relação à poluição sonora em São Paulo. Em 2016, foi publicada a Lei 16.499, que estabelece a elaboração do mapa de ruído da cidade. Após a elaboração desse mapa, precisamos ter também planos de ação para o gerenciamento e o controle. Primeiro precisamos conhecer o ruído para depois tentar organizar melhor o que podemos fazer para melhorar a qualidade sonora na cidade.”

Por Rodrigo Tammaro

FONTE: Jornal da USP

Doença autoimune neurológica rara afeta principalmente mulheres

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Miastenia gravis é uma doença autoimune neurológica rara, cuja principal característica é a fadiga e fraqueza muscular. Segundo o Ministério da Saúde, sua incidência varia de cinco a 30 casos por milhão de habitantes por ano, com predomínio entre as mulheres. A doença se manifesta de duas formas, explica Caio Grava Simioni, médico neurologista do Ambulatório de Cefaleia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A forma ocular dificulta a visão. “O paciente tem uma visão dupla, borrada. Pode ter queda da pálpebra e dificuldade de expressão facial.”O neurologista lembra que a forma ocular pode evoluir para um quadro mais severo. Essa é uma situação incomum, mas afeta de maneira mais intensa seu portador. “O paciente tem fraqueza muscular nos braços, nas pernas e, numa situação mais grave, até na musculatura respiratória, apresentando dificuldade para respirar, precisando de um suporte de UTI.” Outra forma de manifestação da doença é a bulbar, em que a pessoa tem dificuldade para articular as palavras e engolir, ficando com a voz mais rouca e com dificuldade de deglutição. Isso prejudica a qualidade de vida e o convívio social.

Sintomas flutuantes 

Os sintomas da miastenia são flutuantes, ou seja, o paciente pode ter períodos em que está bem e outros em que está mais afetado pela doença. É comum, ao final do dia, o portador da miastenia perceber que os sintomas estão piores e isso ocorre porque os músculos foram exercitados durante longo período. Segundo Simioni, a miastenia gravis é uma doença autoimune que poderia, de uma maneira simplificada, ser comparada a um reumatismo do sistema nervoso, uma falha da comunicação do nervo com o músculo. Qualquer pessoa pode sofrer com o problema. A idade de início da miastenia é bimodal, ou seja, as mulheres, mais afetadas pela doença, podem ter o início da deficiência entre a segunda e terceira década de vida e os homens entre a sétima e oitava.

A identificação da doença deve ser feita por um neurologista, que irá solicitar exames de sangue que farão a detecção dos anticorpos, quadro clínico e estudo eletromiográfico. Eles irão confirmar a miastenia gravis e sua intensidade, uma vez que há diferentes níveis de deficiência para seu portador. “Temos pessoas que vão ter uma doença leve, sutil. Em geral, a piora ocorre nos primeiros anos de vida, até o sétimo ano. Depois tem uma fase mais estável e, em alguns casos, pode até remitir, o paciente pode até tirar a medicação, mas é necessário um controle. O tratamento é voltado para os sintomas da doença e para diminuir a autoimunidade”, diz o neurologista.

Por Simone Lemos

FONTE: Jornal da USP

Cientistas identificam genes associados à proliferação de tumores do câncer de pâncreas

Análises indicam genes ligados a características essenciais das células de tumores, como alta proliferação e capacidade de migração e invasão

No Instituto de Química (IQ) da USP, uma pesquisa identificou genes associados à proliferação de tumores do câncer de pâncreas, que apresenta grande resistência ao tratamento. Por meio de técnicas computacionais, os cientistas também conseguiram atribuir possíveis funções aos genes, como crescimento e migração das células de tumores, para serem confirmadas em experimentos de laboratório. Os resultados do trabalho ajudarão a definir novos alvos para a terapia do câncer, além de marcadores de doença residual ou reincidente em pacientes tratados. As conclusões do estudo são apresentadas em artigo publicado na revista científica Cellular Oncology no último dia 14 de maio.

“O câncer de pâncreas é a sétima causa de morte por câncer no Brasil e no mundo, e um dos mais letais: a sobrevida dos pacientes cinco anos após o diagnóstico é menor do que 5%. Atualmente o único tratamento curativo é a remoção cirúrgica em estágios iniciais da doença”, relata ao Jornal da USP o professor Eduardo Moraes Rego Reis, que coordenou o estudo. “Porém, o diagnóstico precoce é difícil devido à ausência de sintomas e, quando é detectado, frequentemente já se espalhou para outros locais do corpo. É ainda um câncer resistente às quimioterapias e imunoterapias.”

A pesquisa teve como objetivo gerar um catálogo com alta resolução dos genes ativos em tumores pancreáticos, com foco na identificação de RNAs não codificadores longos (IncRNAs, sigla em inglês para long noncoding RNAs). “As funções dos IncRNAs ainda são pouco conhecidas pelos cientistas, ao contrário, por exemplo, dos RNAs mensageiros, responsáveis pela síntese de proteínas que irão expressar as informações genéticas contidas no DNA”, explica o professor. “Identificamos genes de lncRNAs que desempenham um papel oncogênico, ou seja, contribuem para a célula tumoral manifestar características associadas à malignidade do tumor, como alta proliferação, capacidade de crescimento independente do substrato, migração e invasão”, explica o professor.

O estudo analisou o conjunto de genes expressos (transcriptoma) de 14 tumores pancreáticos e tecido pancreático não tumoral, a partir de amostras extraídas de pacientes. “Para isso, foi feito o isolamento de todos os RNAs, seguido da preparação de bibliotecas para o sequenciamento com alta capacidade”, descreve Reis. “Os dados obtidos no sequenciamento foram submetidos a análises bioinformáticas para reconstruir a sequência dos RNAs expressos no pâncreas e identificar lncRNAs com expressão aberrante nos tumores em relação ao tecido normal.”

Funções

“A partir do sequenciamento com alta resolução dos RNAs ativos em tumores e no tecido pancreático normal, identificamos ‘assinaturas’ de lncRNAs que geram expressão aberrante nos tumores, centenas deles inéditos, não descritos na literatura. Vários deles têm correlação com a sobrevida de pacientes e valor para fazer prognósticos da doença na clínica”, relata o professor. “A análise funcional de um conjunto de lncRNAs em linhagens celulares de tumor de pâncreas mostrou que o silenciamento destes RNAs reduziu características tumorais, como proliferação, migração e invasão, confirmando se tratarem de lncRNAs oncogênicos.”

Imagem mostra processo de identificação de genes de RNAs não codificadores longos (na sigla em inglês, IncRNAs) que desempenham um papel oncogênico, isto é, contribuem para a célula tumoral manifestar características associadas à malignidade do tumor, como alta proliferação, capacidade de crescimento independente do substrato, migração e invasão – Imagem: cedida pelo pesquisador

 

Usando uma abordagem computacional baseada em redes de coexpressão gênica, a pesquisa atribuiu função para diversos lncRNAs oncogênicos, indicando os prováveis processos biológicos onde atuam e que podem ser confirmados experimentalmente. “Validamos essa abordagem mostrando que um desses RNAs, o lncRNA UCA1, é necessário para o reparo de DNA em células tumorais expostas à radiação ionizante”, destaca Reis.

O estudo terá sequência com a investigação do efeito do silenciamento individual e combinado dos lncRNAs oncogênicos descritos no trabalho, usando agora modelos tumorais in vivo. “Para isso utilizaremos uma coleção de xenotumores já disponível em nosso laboratório, gerada a partir de tumores de pâncreas removidos de pacientes e implantados em camundongos imunossuprimidos”, aponta o professor. “Também pretendemos avaliar a presença dos lncRNAs em exossomos, vesículas secretadas pelas células tumorais, e em fluidos biológicos de pacientes com câncer de pâncreas ao longo do tratamento.”

“Esses experimentos serão importantes para avaliar o potencial dos lncRNAs como alvos terapêuticos ou como marcadores para a detecção de doença residual ou reincidente em pacientes com câncer de pâncreas submetidos a tratamento”, salienta Reis. “Dessa forma, além de avançar o conhecimento sobre a biologia desses RNAs, o trabalho também contribui com novos alvos moleculares para o diagnóstico e possíveis intervenções terapêuticas para o controle da doença.”

A pesquisa foi realizada no Departamento de Bioquímica do IQ, com a colaboração de uma equipe multidisciplinar com bioquímicos, biólogos moleculares e celulares, especialistas em bioinformática e médicos de diferentes unidades da USP, e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As amostras clínicas analisadas no estudo foram obtidas no biobanco do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, que também contribuiu com a atuação de médicos da instituição.

Mais informações: e-mail emreis@iq.usp.br, com o professor Eduardo Moraes Rego Reis

Autor: Júlio Bernardes
Arte: Ana Júlia Maciel

FONTE: Jornal da USP

Depressão: brasileiro demora 39 meses para procurar ajuda

Espera ocorre por falta de consciência de se tratar a depressão

Brasileiros demoram, em média, 39 meses – ou seja, 3 anos e 3 meses – para procurar ajuda médica para tratamento de depressão. O dado faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, que ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 estados brasileiros.

Apesar de os pensamentos suicidas terem incomodado cerca de 4 em cada 10 respondentes antes de buscar o diagnóstico, a demora em procurar ajuda especializada ocorreu, principalmente, pela falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), por resistência (13%) e medo do julgamento, da reação dos outros ou vergonha (13%).

Os dados foram apresentados em um workshop realizado na manhã de hoje (14), em São Paulo, onde especialistas no assunto falaram sobre a “Urgência da saúde mental: um outro olhar sobre a depressão”.

Segundo a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC Cintia de Azevedo Marques Périco, a demora na busca por tratamento para a depressão pode trazer sérias consequências ao paciente.

“O agravamento dos sintomas, a diminuição da eficácia dos tratamentos, a perda de anos produtivos, o impacto econômico e a severa diminuição da produtividade, e ainda prejuízo em seu convívio familiar e social são consequências da doença. A depressão precisa ser levada à sério”, afirmou Cíntia que também é integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Dados da pesquisa demonstram ainda que há falta de entendimento das pessoas sobre a gravidade da doença e sobre seu impacto na vida do paciente e de todos ao seu redor. Apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo). Outros 35% acham que a enfermidade não pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que, para superar a doença, é preciso força de vontade.

Outro estudo recente, publicado na revista The Lancet, aponta que até 80% das pessoas afetadas pela doença no mundo sequer sabem de seu diagnóstico.

Emergência psiquiátrica

Atualmente, a depressão é considerada uma emergência psiquiátrica devido a sua relação com casos de suicídios e tentativas de autoextermínio.

Estudos apontam que cerca de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão.

Apenas no estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros contabiliza, em média, sete tentativas de suicídio diárias.

“Esses números são ainda mais altos, pois não estamos levando em conta as ocorrências do Samu e da Política Militar. Em muitos casos, suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem um olhar mais humanizado, reconhecendo a depressão como um transtorno mental que precisa de atendimento urgente e especializado”, disse o major Diógenes Munhoz que trabalha na corporação há 22 anos e atuou diretamente em 57 ocorrências de tentativas de suicídio.

O major é ainda idealizador da Técnica Humanizada de Abordagem a Tentativas de Suicídio admitida e usada em mais de 17 estados pelo Corpo de Bombeiros.

Depressão resistente ao tratamento

Em todo o mundo, especialistas têm estudado o crescimento de casos de pacientes com depressão resistente ao tratamento (DRT). Isso ocorre quando não há resposta satisfatória para, pelo menos, dois tratamentos anteriores administrados em dose e tempo adequados. Em geral, esses pacientes também apresentam ideação suicida.

A depressão resistente ao tratamento (DRT) é um transtorno que impacta cerca de 40% dos pacientes brasileiros, segundo dados do estudo observacional TRAL (Treatment-Resistant Depression in America Latina), realizado na América Latina com quase 1,5 mil pacientes. Estudos apontam que pacientes com depressão podem ter um custo direto de 30% a 250% superior aos dos pacientes sem o transtorno, em casos de DRT, esse custo pode ser ainda superior, chegando a um valor 400% maior.

Durante o workshop, os especialistas destacaram um novo medicamento para os casos resistentes que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de 2019. De uso intranasal, o Spravato atua em uma nova via de neurotransmissores e deve ser aplicado em um ambiente hospitalar, segundo o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Humberto Corrêa, que liderou a condução de um dos estudos com o medicamento no Brasil.

“Pode ser um hospital dia, uma clínica de infusão ou um hospital propriamente. O paciente não tem acesso direto ao medicamento, não sai com uma receita do consultório para ir à farmácia comprar. É a instituição hospitalar que providencia o medicamento e o profissional de saúde aplica no paciente que volta para casa após a aplicação”.

O Brasil é o quinto país com mais incidência de depressão no mundo, apresentando um número de casos superior ao de diabetes, segundo Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.

De 2011 a 2019, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) calculou um aumento de 167% na utilização de serviços relacionados à saúde mental.

Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

FONTE: Agência Brasil

Herpes-zóster, popularmente conhecido como cobreiro, pode ser combatido com vacina

Ana Marli Sartori conta que a Herpes-zóster compromete bastante a qualidade de vida da pessoa por conta da dor que causa

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O herpes-zóster, também conhecido como cobreiro, é uma doença viral com alta prevalência especialmente entre a população mais idosa: 30% dos maiores de 80 anos se infectam. Uma nova vacina contra a doença acaba de chegar ao Brasil. O imunizante tem vantagens em relação à vacina anterior, pois possui maior eficácia e cobre um público-alvo maior.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Ana Marli Sartori, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e infectologista do Centro de Vacinação do Hospital das Clínicas, responde questões sobre o herpes-zóster e a nova vacina disponível.

Ana explica que o cobreiro é causado pelo vírus varicela-zóster. Na primeira vez que a pessoa entra em contato com ele, desenvolve a catapora. A resposta imune do organismo controla a doença, mas o vírus permanece na medula espinhal em estado de latência. “Durante esse período de latência, esse vírus não se manifesta porque é controlado pela imunidade adquirida pela infecção”, afirma a professora. “Porém, se a pessoa tiver algum comprometimento imunológico como um câncer, infecção por HIV e o uso de imunossupressores, ou por conta da idade, esse vírus pode se reativar por diminuição da resposta imune a ele”, acrescenta. Então, a doença se manifesta na forma do herpes-zóster.

Essa é uma doença bolhosa, que acompanha o trajeto dos nervos, por isso costuma ser localizada. Segundo Ana, o mais frequente é que ela se manifeste na região torácica. Primeiro são formadas manchas avermelhadas, que se transformam em vesículas que se aglomeram e evoluem para crostas na pele. Além de muito dolorido e incômodo, esse quadro pode desencadear uma neurite pós-herpética, “um quadro doloroso mantido mesmo após a regressão das lesões”. “É uma doença que compromete bastante a qualidade de vida da pessoa por conta da dor que ela causa”, diz a professora.

Vacina

O novo imunizante chega ao Brasil disponível apenas na rede privada, sem previsão para ser disponibilizada no SUS. A vacina é destinada a pessoas a partir de 50 anos e especialmente àquelas com mais de 60 anos, justamente o público com maior risco de contrair a doença. A nova vacina também tem outra vantagem: é recomendada para pessoas com algum tipo de imunossupressão, como transplantados, e pessoas com infecção por HIV, que não poderiam utilizar a vacina anterior.

A professora lembra ainda que a vacina contra o herpes-zóster pode ser utilizada de forma concomitante com outros imunizantes, como o da gripe ou da covid-19. “Não há nenhuma restrição de uso.” As reações, assim como em outros casos, incluem dor no local da aplicação e mal-estar.

FONTE: Jornal da USP

Fungo têm potencial para proteção solar e combate a larvas e parasitas

A descoberta gerou patente e é o passo inicial para que as substâncias extraídas do fungo “Penicillium echinulatum” sejam usadas na produção de cosméticos e medicamentos.

O fungo Penicillium echinulatum, isolado da alga Adenocystis utricularis, encontrada em locais de clima frio, como a Antártida, é o protagonista de uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. O estudo, realizado a partir do cultivo deste fungo em laboratório, levou à descoberta de substâncias que podem proteger a pele humana contra raios ultravioleta, além de matar parasitas, como o causador da leishmaniose e o da malária, além de larvas, como as do mosquito da dengue.

A pesquisa da farmacêutica Thaiz Rodrigues Teixeira buscava, em extratos de fungos, substâncias que demonstrassem ação fotoprotetora, mecanismo que evita danos provocados pela luz solar à pele humana, carro-chefe das pesquisas do grupo liderado pela professora Hosana Maria Debonsi, orientadora do estudo.

A escolha da alga Adenocystis utricularis para este estudo, diz Hosana, “está associada à alta incidência de radiação dos raios ultravioleta, UVA e UVB, no Continente Antártico”. A descoberta é o primeiro passo para que as substâncias encontradas no fungo Penicillium echinulatum sejam usadas na produção de cosméticos e medicamentos tanto de uso humano quanto veterinário.

Testes em peles artificiais

Para o estudo, foi necessário determinar quais dos vários fungos encontrados na alga possuíam maior potencial biológico. “Para isso realizamos experimentos piloto, cultivamos esses fungos separadamente, identificamos e estudamos os extratos de cada um, ou seja, avaliamos o perfil químico e o perfil biológico”, conta a professora.

Os resultados do piloto indicaram as substâncias produzidas pelo fungo Penicillium echinulatum com o melhor potencial para uso em cosméticos, na proteção contra os raios UVA e UVB, que não se decompõe com a luz ou que apresenta potencial tóxico.

Após esse estudo inicial, os pesquisadores fizeram os testes em pele artificial, reconstituída a partir de células humanas. Essa fase foi feita em colaboração com a professora Lorena Gaspar Cordeiro, também da FCFRP. “Nessa etapa, verifica-se se a substância possui efeitos tóxicos e irritantes na pele. Com base nos ensaios, o fungo pode ser cultivado em escala ampliada, servindo para obter mais substâncias para os próximos testes.”

O próximo passo, diz Hosana, foi o depósito de patente, para que as metodologias e aplicações das substâncias possam ser protegidas e, ainda, virem a ser objeto de outros estudos em parceria com empresas da área cosmética e dermatológica, inclusive, na realização de ensaios clínicos para comprovação da segurança e eficácia, conforme exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Desafios: pandemia e falta de biorreatores

A pandemia da covid-19 foi um obstáculo para o andamento da pesquisa, informa a professora, com muitos dos trabalhos interrompidos na faculdade. Mesmo assim, os testes avançaram e, agora, avalia Thaiz Rodrigues Teixeira, a equipe deve enfrentar sua maior dificuldade: o cultivo em larga escala no laboratório. É que para os testes clínicos serão necessárias quantidades muito maiores das substâncias extraídas do fungo.

Thaiz comenta que nem sempre essas substâncias podem ser obtidas através de síntese química por envolverem várias etapas, além de ser algo muito caro. Assim, uma alternativa é utilizar o processo biológico de crescimento do fungo, podendo ser reproduzido em laboratório. Porém, isso depende de biorreatores, equipamentos robustos e caros que “esbarram em outra dificuldade, que é o financiamento”.

O estudo Prospecção química, avaliação biológica e uso de redes moleculares como ferramenta na busca por substâncias bioativas de microrganismos marinhos foi desenvolvido no doutorado da farmacêutica Thaiz Rodrigues Teixeira, sob orientação da professora Hosana, e defendido no último mês de maio. Foi realizado em colaboração com professores da FCFRP da USP, do Instituto de Química da Unesp, em Araraquara, da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e de professores e pesquisadores internacionais, sendo que uma parte da tese foi realizada em um estágio-sanduíche no Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, com supervisão do professor William Gerwick.

Mais informações: e-mails hosana@fcfrp.usp.br, com a professora Hosana, ou thaizrt@gmail.com, com a pesquisadora Thaiz.

FONTE: Jornal da USP

Cartilha orienta a mobilidade urbana de idosos

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A professora Karin Regina Marins comenta que a cartilha é voltada para gestores públicos municipais e está disponível gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP 

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Karin Regina de Castro Marins, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica (Poli) da USP, destrincha os principais pontos por trás da criação da cartilha orientadora, que visa a um melhor deslocamento de idosos nas áreas urbanas.

A valorização da condição das pessoas enquanto pedestres é premissa para a sustentabilidade urbana e saúde das pessoas. Pensando nisso, o Portal de Livros Abertos da USP criou uma cartilha com orientações para a melhoria do deslocamento da população idosa nas cidades. A intenção é repensar o desenho urbano para essa população, que cada vez mais tem sido uma parcela representativa da população mundial.

A relação entre o deslocamento nos centros urbanos e a população idosa é explicada pela professora Karin, que diz ser um conceito envolvendo o preparo de um determinado local, em que se estabelecem as condições necessárias para caminhar e aproveitar o espaço enquanto pedestre. Para ela, essas condições na população idosa são algo extremamente fundamental, uma vez que tratam da autonomia e da qualidade de vida do idoso.

Por ser benéfica para essa parcela da população, a reformulação das áreas pensadas na caminhabilidade atenderia bem também outras faixas etárias, porque os cuidados que são feitos nesse espaço também beneficiam outros. Pensando nisso, a professora ressalta alguns atributos que podem ser feitos para tornar o ambiente mais acessível e seguro: “Para ter uma travessia segura, você tem que ter sinalização de vários tipos, agregados à própria iluminação pública”.

Desenvolvimento da cartilha

Para atender a essas demandas, a cartilha inclui o trabalho de duas mestrandas de Engenharia Civil e é pensada na melhoria em políticas públicas, voltada não somente para pesquisadores nesse campo, como para gestores e usuários das cidades. “Portanto, é uma cartilha que a gente teve um cuidado de tentar trazê-la de uma forma mais didática, com elementos que facilitem a sua apropriação em projetos e planos de políticas públicas”, comenta Karin.

Ao elucidarem as estratégias a serem utilizadas pela cartilha, os pesquisadores trouxeram recortes técnicos e instrumentos específicos. Esses elementos trazem para a realidade urbana mecanismos diretos para os pontos que precisam ser melhorados em diversas cidades, na intenção de aprimorar a mobilidade urbana e a caminhabilidade da população.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Pipoca de micro-ondas pode causar alterações cerebrais

A ingestão do diacetil, um composto contido em alimentos como algumas marcas de pipoca de micro-ondas e responsável por dar o aroma e gosto amanteigado ao alimento tem sido foco de investigações. Uma pesquisa do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP traz novos indícios de que, em excesso, ele poderia ser nocivo à saúde – ao menos de ratos e em uso prolongado. No estudo, os cientistas identificaram proteínas associadas ao Alzheimer no cérebro de ratos que consumiram durante 90 dias seguidos o composto.

“Das 48 proteínas cerebrais que avaliamos após a exposição dos animais ao produto, 46 sofreram algum tipo de desregulação ou modificação em sua estrutura por conta do consumo prolongado do composto. Durante as análises, nós identificamos o aumento da concentração de proteínas beta-amiloides”, explica Lucas Ximenes, doutorando do IQSC e autor da pesquisa. Apesar dos mecanismos da doença ainda não estarem bem esclarecidos, essas proteínas normalmente são encontradas em pacientes com Alzheimer.

Como próximos passos do estudo, os pesquisadores do IQSC pretendem realizar novos testes com um número maior de animais visando a ampliar o entendimento a respeito destes resultados prelimimares.

Claro que comer esporadicamente certos alimentos não tem problema, e alguns prazeres em excesso podem fazer mal. Mas por mais que a gente coma o produto, nós temos muito menos contato com o diacetil do que os trabalhadores que lidam ou até inalam diariamente o composto nas fábricas”, exemplifica.

Análises

Segundo o cientista, o diacetil afetou tanto os cérebros de ratos machos como os de fêmeas, sendo que algumas regiões do órgão foram mais comprometidas, como o hipotálamo. “Até então, não se sabia exatamente quais os possíveis efeitos e modificações que o composto poderia gerar no cérebro de organismos vivos, existem poucos estudos nesse sentido, ainda é um universo pouco explorado. Além disso, alguns trabalhos utilizam quantidades absurdas do composto, até 50 vezes maiores que a nossa, o que facilita o aparecimento de problemas. O que nós fizemos foi utilizar concentrações de diacetil mais próximas do que seria um consumo diário normal”, revela Ximenes, que é orientado pelo professor Emanuel Carrilho, do IQSC, e co-orientado pelo professor Nilson Assunção, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os cérebros dos ratos foram avaliados com a ajuda de dois equipamentos. Um deles, chamado espectrômetro de massas, faz a leitura e gera mapas de calor dos órgãos, formando uma espécie de impressão digital dos cérebros. Com isso, é possível observar como e em quais regiões certas proteínas e o diacetil estão distribuídos. Em uma segunda etapa, outro aparelho, chamado cromatógrafo, ajuda a determinar se essas proteínas sofreram alterações, como o aumento de sua concentração ou alguma mudança estrutural preocupante. Os testes foram realizados com um total de 12 ratos, sendo que metade foi o grupo controle (que tomou placebo) e a outra metade ingeriu o diacetil.
Amplamente empregado nos mais variados ramos da indústria, o diacetil ganhou destaque no setor alimentício, principalmente por seu uso como conservante e flavorizante (substância que confere sabor e aroma). Podendo ser encontrado naturalmente na composição de cafés, cervejas, chocolates, leites e iogurtes, o diacetil é utilizado na pipoca de micro-ondas como um aditivo, em concentrações maiores. Apesar de seu consumo ser aprovado pelas agências reguladoras, a exposição prolongada ao produto poderia ser prejudicial à saúde e, por estar presente no cotidiano da população, diferentes estudos buscam compreender a influência do composto em organismos vivos e como ele pode alterar funções biológicas.

Imagem à esquerda mostra o cérebro de ratos que não consumiram o diacetil. Já a da direita exibe o cérebro dos animais que ingeriram o composto, indicando forte presença de proteínas beta-amiloides (pontos em vermelho) – Foto: Lucas Ximenes

O estudo contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

FONTE: Jornal da USP

Atraso no diagnóstico do TOC traz prejuízos para seu portador e para a família

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Conforme pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) da USP, pessoas com TOC, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, podem levar pelo menos quatro anos para receber tratamento. Mais de 500 pacientes foram avaliados em oito centros de pesquisa de diferentes regiões do Brasil, especializados no transtorno, e o estudo aponta que as pessoas demoram muito tempo para buscar ajuda.

O que é o TOC?

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Daniel Costa, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do HC (IPq), atesta que o TOC acomete ao menos 2% da população e se caracteriza pela presença de dois principais sintomas: as obsessões e as compulsões. As primeiras são preocupações, pensamentos e imagens desagradáveis que invadem a consciência do paciente e se repetem. Já as compulsões são comportamentos repetitivos realizados com o objetivo de aliviar o desconforto provocado pelas obsessões.

“[O TOC] está associado a algum tipo de prejuízo, de impacto. As pessoas acabam se atrasando frequentemente para compromissos e progridem com muita dificuldade nos estudos e na carreira profissional”, informa Costa. Ele também diz que há impactos nos relacionamentos com outros indivíduos.

Ele diz que os aspectos genéticos hereditários são bem definidos no TOC e a doença se agrega à família. Além disso, há um fenômeno chamado acomodação familiar, que é quando a família, que convive intimamente com o portador da doença, desenvolve mudanças de comportamento ou do ambiente de modo a evitar com que ele entre em contato com situações desagradáveis. “Quando a gente fala que é uma doença incapacitante e grave, a gente sabe que isso impacta não só a vida do portador, mas também a dos seus familiares e de pessoas próximas”, declara.

Um prejuízo associado ao TOC não tratado é o desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos, como a depressão e o Transtorno de Ansiedade Generalizada. Segundo Alice de Mathis, psicóloga e coordenadora do projeto de pesquisa no IPq sobre eficácia da Terapia Cognitivo Comportamental pela internet para tratamento do TOC, existem duas linhas de tratamento, a medicação e a terapia cognitiva comportamental, e é importante fazer uma avaliação para decidir o tipo de tratamento mais adequado para o paciente: “Se for um caso leve, só a terapia comportamental tem um bom resultado. Se o caso for de moderado a grave, aí seria interessante a associação tanto do remédio quanto da terapia”.

A doutora também fala sobre os gatilhos que as pessoas com a doença podem identificar: “Ela [pessoa com o transtorno] sabe que se vai em um lugar cheio de pessoas, ela vai ter mais preocupação, mais sintomas”. Alice cita o sintoma de evitação, o qual se dá quando o paciente evita ir a determinados locais pois sabe que, se ele for, alguns pensamentos podem ser desencadeados. Isso contribui para que ele fique recluso em casa e outras doenças psiquiátricas sejam desenvolvidas.

Diagnósticos e tratamentos

Alice afirma que, dependendo da gravidade dos sintomas da doença, ela passa despercebida pela família. Isso colabora para a demora na busca pela ajuda. Ela ainda diz que o transtorno começa na infância e na adolescência e, observados os sintomas pelos pais, o tratamento deve ser iniciado cedo.

Costa acrescenta a vergonha dos sintomas como um fator determinante para o atraso no diagnóstico: “A grande maioria dos pacientes reconhece os pensamentos como exagerados, absurdos, sem sentido”. “Eles falam ‘Eu sei que a possibilidade, por exemplo, de eu pegar uma doença se eu encostar nessa maçaneta é mínima, mas ainda assim eu não consigo evitar esse pensamento e não consigo evitar ter uma reação emocional desconfortável’”, completa.

Para finalizar, ele  chama a atenção aos projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos no IPq e para os quais portadores de TOC e seus irmãos estão sendo recrutados para participar. O e-mail do projeto é protoc.projeto@gmail.com, para os interessados em colaborar com os estudos. Alice também comunica sobre o projeto online de Terapia Cognitivo Comportamental, o qual recebe diagnósticos da doença pelo e-mail protoctcc@gmail.com.

Autor: Redação
Arte: Guilherme Castro

FONTE: Jornal da USP

Adolescentes do sexo feminino são as mais afetadas pela escoliose

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A escoliose é uma doença caracterizada por um desvio progressivo na coluna lombar, que atinge milhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 4% da população é acometida por essa doença no mundo. No Brasil, são 6 milhões de pessoas, especialmente adolescentes do sexo feminino.

Em junho é celebrado o Dia Mundial da Escoliose; para conscientizar sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoce, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição Alexandre Fogaça, especialista em coluna do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da FMUSP, comenta as causas e cuidados com a doença.

Fogaça explica que existem vários tipos de escoliose, como a congênita, em que a pessoa já nasce com essa deformidade. O principal tipo, entretanto, é a escoliose idiopática, sem causas conhecidas. “Não é nada que ela faça ou deixa de fazer que está causando aquilo”, afirma, ao dizer que não há relação entre a postura ou no fato de a pessoa ficar muito tempo em frente ao computador ou usando o celular.

Segundo o médico, quando o quadro de escoliose progride, ele causa uma deformidade que pode diminuir o espaço que seria ocupado por um dos pulmões, o que causa dificuldades para respirar. O funcionamento do estômago e do intestino também pode ser prejudicado. Nos casos mais graves, a medula é afetada e pode acarretar em problemas neurológicos como dor e dormência.

Diagnóstico precoce

Com o diagnóstico precoce e o tratamento, “o maior objetivo é não deixar essa curva progredir e chegar nos graus que podem causar problemas complicados”, diz Fogaça. Ele conta que normalmente quem percebe as deformidades são os pais e os professores, especialmente os de atividades físicas. Assimetrias nos ombros e cintura são sinais de curvatura na coluna que podem indicar um quadro de escoliose.

Nos graus mais leves, o tratamento pode ser feito com exercícios e o uso de um colete. Nos casos mais graves, entretanto, é necessária a intervenção cirúrgica. Segundo Fogaça, o grau de complexidade dessas cirurgias é menor quanto mais cedo o problema for identificado e tratado, também por isso a importância do diagnóstico precoce.

Essas cirurgias, de acordo com o especialista, “são grandes, mas hoje têm uma taxa de sucesso enorme e corrigem a deformidade e impedem que ela progrida”. O mais comum é que uma haste fixada na coluna seja utilizada para corrigir essa deformidade e fixar as vértebras na posição adequada. A recuperação pode durar até um ano, “mas depois disso é vida normal”, destaca Fogaça.

Ele reforça as orientações aos pais e professores, que devem estar atentos: “Se perceber essa deformidade na coluna da criança no começo de sua adolescência, ela deve ser encaminhada para a atenção médica, normalmente um ortopedista. Será feita uma radiografia para medir o tamanho dessa deformidade e instituir o tratamento mais precoce possível, para que tenha mais chance de funcionar e, se for o caso de uma cirurgia, que consiga operar com um grau pequeno, em que ela é menos complicada”.

Autor: Redação
Arte: Guilherme Castro

FONTE: Jornal da USP