Como a tecnologia pode ajudar na experiência do paciente

Buscar aprimoramentos e solucionar problemas nos serviços de saúde promovem uma melhora não apenas para o paciente, mas também para os profissionais de saúde.

As tecnologias como a internet das coisas, 5G, inteligência artificial e telecomunicações estão mudando o mundo. Os serviços prestados à sociedade, hoje, precisam ser pensados nesses termos, que podem ser usados a favor de todos. O design de sites e interfaces, por exemplo, precisam ser pensados a partir da experiência do usuário e o que pode ser feito para melhorar os serviços prestados a eles.

Pensando nisso, o professor Clovis Alvarenga Netto, do Departamento de Engenharia de Produção e criador do Laboratório de Estudos em Design, Serviços e Sustentabilidade da Escola Politécnica (Poli) da USP, pensa em abordagens focadas em resultados e processos que visem a atender o cliente para resolver suas necessidades. Seu laboratório tem como principal objetivo idealizar tecnologias e soluções voltadas aos serviços de saúde.

Para melhorar a experiência do usuário em todas as etapas do atendimento, desde os exames iniciais até o diagnóstico final, é necessário “entender o ponto de vista do profissional da saúde, que pode ser médico, biomédico, da farmácia, bioquímica, psicologia, odontologia, assim por diante. É preciso entender do ponto de vista deles o que é estar na pele deles”, diz o professor.

Acima de tudo, é imprescindível pensar nas pessoas, que são clientes e pacientes. O desafio da inovação consiste em trazer esses profissionais para falar o que é estar na sua pele e quais são os problemas e dificuldades, para que possam ser melhorados e solucionados. “Quais são os problemas a serem resolvidos? Quais são as dificuldades que  têm? Quais são os processos, que até já existem, mas que podem ser melhorados? E até aqueles que ainda não estão desenvolvidos ou disponíveis aqui na nossa sociedade, mas que, se fossem desenvolvidos, fariam uma grande diferença, melhorando as dores e dificuldades dos pacientes”, pontua.

A jornada do paciente

Clovis Alvarenga aponta que o primeiro desafio no momento são os fatores críticos de sucesso na prestação de serviços em saúde. A jornada do usuário consiste em muita coisa além do contato presencial com o profissional da saúde: marcar a consulta, o deslocamento, atendimento, monitoramento da saúde, entre outros.

Telemedicina – Foto: Freepik

Dependendo da modalidade, é possível fazer parte dessas etapas previamente à consulta, como exames, pré-diagnóstico e anamnese, o que ganha tempo na hora do atendimento. Quando o paciente já vai ao atendimento com exames e material colhido e com informações sobre qual é o seu problema, a consulta fica mais produtiva e o profissional de saúde consegue atender mais pessoas. Como explica o professor, a jornada do cliente é mais abrangente que a consulta e pode ser trabalhada a favor do paciente.

Muita coisa que antes não era permitido fazer, por conta da pandemia, agora é normalizado. Um exemplo disso é a telemedicina: “A observação do comportamento do paciente, o retorno sobre as dificuldades ou dores que o paciente tem, a anamnese e o histórico do paciente, podem ser feitos a distância”, ressalta. A tecnologia ajuda em todo o processo e o paciente continua a ser bem atendido inclusive a distância, principalmente as pessoas que estão fora de grandes centros mas ainda têm necessidades específicas. Porém, lembra que “a tecnologia permite bastantes coisas, mas não está substituindo o contato presencial com o profissional da saúde”.

Desafios da inovação

“Cria-se um ambiente em que o pessoal mais focado em tecnologia pode dar contribuição relevante, gente do lado da saúde que vai dizer em alguns atendimentos ou modalidades o que é possível fazer e o que não é possível fazer, e o profissional da saúde propriamente dito, que vai dizer as dificuldades e dores. Tem que estar desenvolvendo o trabalho em equipe, se colocando na pele do outro profissional e entendendo o ponto de vista, também de clientes, de quais são as dificuldades que eles têm”, esclarece o professor.

O fomento dentro das universidades, com novas ideias sobre inovação e tecnologia, é de extrema importância. O professor ressalta que o envolvimento dos alunos em seu laboratório é excelente e que, além do trabalho em equipe, há um trabalho conjunto entre alunos da engenharia e de diversas áreas da saúde, incluindo profissionais já formados e atuantes.

O ponto principal é desenvolver empatia e entender o ponto de vista do profissional de saúde e quais são suas necessidades. “Equipes de alunos estão procurando soluções mais adequadas para problemas que eles têm identificado na fala dos profissionais da saúde”, explica o engenheiro.

FONTE: Jornal da USP

Cartilha orienta a mobilidade urbana de idosos

https://blog.50maissaude.com.br/wp-content/uploads/2022/06/CARTILHA-ORIENTATIVA-A-GESTORES-PUBLICOS_PROFa_KAREN-REGINA_EDITADA.mp3?_=1

A professora Karin Regina Marins comenta que a cartilha é voltada para gestores públicos municipais e está disponível gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP 

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Karin Regina de Castro Marins, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica (Poli) da USP, destrincha os principais pontos por trás da criação da cartilha orientadora, que visa a um melhor deslocamento de idosos nas áreas urbanas.

A valorização da condição das pessoas enquanto pedestres é premissa para a sustentabilidade urbana e saúde das pessoas. Pensando nisso, o Portal de Livros Abertos da USP criou uma cartilha com orientações para a melhoria do deslocamento da população idosa nas cidades. A intenção é repensar o desenho urbano para essa população, que cada vez mais tem sido uma parcela representativa da população mundial.

A relação entre o deslocamento nos centros urbanos e a população idosa é explicada pela professora Karin, que diz ser um conceito envolvendo o preparo de um determinado local, em que se estabelecem as condições necessárias para caminhar e aproveitar o espaço enquanto pedestre. Para ela, essas condições na população idosa são algo extremamente fundamental, uma vez que tratam da autonomia e da qualidade de vida do idoso.

Por ser benéfica para essa parcela da população, a reformulação das áreas pensadas na caminhabilidade atenderia bem também outras faixas etárias, porque os cuidados que são feitos nesse espaço também beneficiam outros. Pensando nisso, a professora ressalta alguns atributos que podem ser feitos para tornar o ambiente mais acessível e seguro: “Para ter uma travessia segura, você tem que ter sinalização de vários tipos, agregados à própria iluminação pública”.

Desenvolvimento da cartilha

Para atender a essas demandas, a cartilha inclui o trabalho de duas mestrandas de Engenharia Civil e é pensada na melhoria em políticas públicas, voltada não somente para pesquisadores nesse campo, como para gestores e usuários das cidades. “Portanto, é uma cartilha que a gente teve um cuidado de tentar trazê-la de uma forma mais didática, com elementos que facilitem a sua apropriação em projetos e planos de políticas públicas”, comenta Karin.

Ao elucidarem as estratégias a serem utilizadas pela cartilha, os pesquisadores trouxeram recortes técnicos e instrumentos específicos. Esses elementos trazem para a realidade urbana mecanismos diretos para os pontos que precisam ser melhorados em diversas cidades, na intenção de aprimorar a mobilidade urbana e a caminhabilidade da população.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP