Cirurgia bariátrica, exercício físico reverte perda de massa muscular em mulheres

Cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade, mas tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família devem ter plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica, como a possibilidade de ganhar peso novamente.

O exercício físico atenua e reverte a perda de massa muscular, melhorando a força e o funcionamento dos músculos de mulheres obesas submetidas a cirurgia gastrointestinal para perda de peso (cirurgia bariátrica). O resultado foi obtido em pesquisa realizada pelo Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP com 80 mulheres que foram operadas em São Paulo. Por meio de análises moleculares, o estudo revela que o treino físico beneficiou os mecanismos do corpo que regulam a massa muscular, diminuindo a atividade de genes específicos relacionados à degradação de proteínas.

As conclusões do trabalho foram apresentadas em artigo publicado no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle no último mês de outubro.

O professor Hamilton Roschel, da EEFE, coordenador do grupo de pesquisa, explica que as técnicas de cirurgia bariátrica podem ser classificadas como restritiva, malabsortiva ou combinada. “A técnica restritiva reduz o tamanho do estômago e, consequentemente, a quantidade de alimento ingerido pela pessoa”, relata. “Na malabsortiva, o trajeto do alimento é alterado induzindo a um menor tráfego do alimento no intestino e, assim, a uma menor absorção dos nutrientes, e a técnica combinada associa os dois métodos.” De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos de cirurgia bariátrica no Brasil, número 7% superior às 63.969 cirurgias feitas em 2018.

Hamilton Roschel – Foto: Arquivo pessoal

Segundo o professor, a cirurgia bariátrica atenua a gravidade de uma série de complicações associadas à obesidade. “Por exemplo, quando comparada ao tratamento médico padrão para manejo da obesidade, ou seja, aconselhamento nutricional e atividade física, monitoramento dos níveis de glicose e uso de medicamentos para controle do peso, a intervenção cirúrgica promove uma maior redução dos valores de Índice de Massa Corpórea (IMC), açúcar no sangue, resistência à ação da insulina e o uso de medicamentos em indivíduos com obesidade diabéticos e não diabéticos.” O IMC é  um índice que avalia o estado nutricional do paciente, calculando se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação à altura.

No Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 2010, os critérios para o uso da cirurgia gastrointestinal como tratamento da obesidade mórbida são IMC igual ou superior a 40 kg/m2, ou maior que 35 kg/m2, quando associado a complicações como apneia do sono severa, diabete descontrolada e cardiomiopatia grave. “Em 2017, o CFM também reconheceu a cirurgia como opção terapêutica para pacientes diabéticos tipo 2 com IMC entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2”, diz Roschel, “desde que tenham idade entre 30 e 70 anos, resistência ao tratamento com antidiabéticos orais ou injetáveis, mudanças no estilo de vida e comprovem que compareceram ao endocrinologista por, no mínimo, dois anos”.

“Cabe ressaltar que o CFM considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal, e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”

Melhora muscular
Para a pesquisa, foram recrutados 80 pacientes no Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP). “Eram todas mulheres, com idade ao redor de 40 anos e IMC médio de 48 kg/m2. Um grupo realizou um programa de treinamento físico supervisionado três vezes por semana por seis meses, iniciado três meses após a cirurgia bariátrica, e outro recebeu apenas o atendimento pós-cirúrgico padrão, com atendimento médico e acompanhamento nutricional, mas que não engloba exercícios”, descreve Roschel. “As sessões de treinamento compreendiam exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, supervisionados por pesquisadores do grupo e conduzidos no nosso Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (Lacre) do HC.” “Cabe ressaltar que o CFM [Conselho Federal de Medicina] considera fundamental que tanto a pessoa que será submetida à cirurgia assim como a sua família tenham plena compreensão dos benefícios e riscos atribuídos à intervenção cirúrgica”, destaca o professor. “Sempre há possibilidade de reganho de massa corporal e, no caso da técnica combinada, há ainda a desvantagem de requerer o uso de suplementos vitamínicos por toda a vida.”

Nos dois grupos, os pesquisadores avaliaram a força muscular dos membros superiores e inferiores, funcionalidade, composição corporal, área das fibras musculares, parâmetros mionucleares e de capilarização do músculo. “Foi realizado, ainda, sequenciamento do RNA mensageiro (que transmite informações do DNA para as células realizarem a síntese de proteínas) e expressão de genes relacionados à síntese e degradação de proteínas”, acrescenta o professor. “Observamos uma redução importante da força muscular dos membros superiores e inferiores três meses após a cirurgia em ambos os grupos. Em contrapartida, o grupo treinado mostrou um aumento da força muscular ao final da intervenção, enquanto o grupo não treinado não apresentou nenhuma melhora.”

O grupo treinado apresentou melhora da funcionalidade em comparação ao não treinado após a intervenção. “A cirurgia comprometeu a massa magra e a área de secção das fibras musculares de ambos os grupos, porém, o exercício atenuou de maneira importante a perda de massa magra e reverteu a perda ao nível da fibra muscular no grupo exercitado”, destaca Roschel. “O exercício melhorou parâmetros mionucleares e de capilarização em relação ao grupo não exercitado e o sequenciamento de RNA revelou supressão de genes relacionados à degradação proteica.”

“Nossos resultados mostram que mulheres obesas submetidas à intervenção cirúrgica e a um programa de treinamento físico adquirem um perfil de expressão gênica e características musculares, isto é, área de secção transversa da fibra muscular, capilarização, força e funcionalidade, comparáveis a um grupo controle de mulheres com condições físicas normais”, enfatiza o professor. “Esses resultados, analisados em conjunto, nos permitem recomendar a inserção de programas de treinamento físico sistemático no tratamento pós-operatório de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica a fim de contrapor os efeitos adversos da perda de massa muscular.”

A pesquisa foi realizada no Grupo de Fisiologia Aplicada e Nutrição da EEFE e FMUSP. O trabalho foi coordenado pelo professor Hamilton Roschel e teve a participação de Saulo Gil, Carlos Merege-Filho, Sheyla Fellau e Bruno Gualano, pesquisadores do grupo e membros do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Igor Murai e Rosa Pereira, do Laboratório de Metabolismo Ósseo do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Fabiana Benatti, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp; Ana Lúcia de Sá-Pinto e Fernanda Lima, do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Departamento de Reumatologia da FMUSP; Samuel Kinjo e Walcy Teodoro, do Departamento de Reumatologia da FMUSP; e Roberto de Cleva e Marco Aurélio Santo, do Departamento de Cirurgia do Aparelho Digestivo da FMUSP. Também integraram o grupo de pesquisa John Kirwan, Wagner Dantas e Sujoy Gosh, do Pennington Biomedical Research Center.

Mais informações: e-mail hars@usp.br, com o professor Hamilton Roschel

Por Júlio Bernardes

FONTE: Jornal USP

Câncer, audiência debate prevenção e tratamento

No Dia Mundial do Câncer, representantes de entidades que atuam na prevenção e tratamento da doença fizeram um alerta para a necessidade de mais recursos para as ações que garantam maior equidade no diagnóstico e tratamento da doença no país. Eles argumentam que a distância entre o diagnóstico e o início do tratamento é um dos principais gargalos nas políticas de saúde. Com cerca de 600 mil novos casos e mais de 230 mil mortes por ano, o câncer é uma das principais causas de mortes no país.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, a oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, disse que estudos mostram que a desigualdade social influencia diretamente no acesso aos diagnósticos e tratamento do câncer.

Pacientes com maior escolaridade e poder aquisitivo conseguem obter um diagnóstico da doença na maior parte das vezes em estados iniciais, o que aumenta as chances de cura e de a doença não voltar, disse a oncologista.

Uma pesquisa realizada pelo instituto mostrou que os tratamentos oferecidos no país não são os mesmos para todos os brasileiros. Segundo o estudo, 44% dos pacientes com escolaridade até o ensino fundamental são diagnosticados com câncer em estado avançado. No caso de pessoas negras, o início do tratamento ocorre cerca de 80 dias após o diagnóstico da doença.

“Não podemos mais aceitar que essas desigualdades sociais se coloquem entre o paciente e a prevenção. Hoje as pessoas que morrem mais são as que não sabem ler, as pretas, as que não têm dinheiro para pagar uma condução e ir ao médico, muitas vezes que têm que escolher entre ir ao médico e dar comida aos seus filhos, que não têm acesso a um serviço de saúde perto ou longe delas”, afirmou Luciana.

Segundo a médica, essas desigualdades se refletem diretamente na possibilidade de tratamento do câncer. Dos cerca de 600 mil novos casos notificados por ano, 40% das pessoas já descobrem o câncer em estágios avançados.

“O câncer é a doença das diferenças e infelizmente das desigualdades”, afirmou.

Os participantes do debate também lembraram que a pandemia do novo coronavírus (covid-19) tornou a situação ainda mais preocupante. De acordo com a presidente da Associação Presente de Apoio a Pacientes com Câncer, Priscila Bernardina Miranda Soares, a pandemia dificultou ainda mais o acesso das pessoas a exames para diagnóstico e também ao tratamento.

“O momento é extremamente desafiador. Já era antes e, com a pandemia, nós ganhamos ainda muito mais desafios e dificuldades. As taxas de rastreamento dos tumores mais frequentes como mama, próstata, boca e pele caíram drasticamente. O número de biópsias ainda continua muito tímido em relação ao que era na pré-pandemia, o acesso aos exames de imagens também diminuiu”, apontou Priscila.

A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene de Oliveira, disse que é necessário investir mais em ações de diagnóstico precoce da doença. Segundo Marlene, esse tipo de diagnóstico oferece melhores condições de cura. “Para mim, acesso é a palavra mágica quando a gente olha para o câncer”, disse.

Os investimentos em ações de prevenção também foram apontados pela médica Maira Caleffi como uma das ações mais eficazes no enfrentamento ao câncer. A presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) alerta que é preciso se estabelecer uma gestão do cuidado no tratamento do câncer, para tornar mais eficaz o enfrentamento da doença.

“A gente precisa saber onde estão os pacientes fazendo o processo de diagnóstico; segundo, saber quando ele foi diagnosticado, e terceiro, quando ele entrou em tratamento”, defende Maira.

A médica atentou para a necessidade de se fazer valer a legislação voltada para a notificação compulsória dos casos de câncer, que, segundo ela, ajudaria a melhorar o atendimento. “Como é que ela [a notificação compulsória] funciona para covid-19, mas não funciona para câncer?”, questionou.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) lembrou que o Congresso aprovou duas leis para tentar reduzir o tempo entre o diagnóstico e o tratamento da doença, as leis dos 30 e dos 60 dias.

A primeira, que entrou em vigor em 2019, é voltada para o diagnóstico precoce, e estabelece que exames para a confirmação do diagnóstico de câncer devem ser realizados em até um mês.

Já a chamada Lei dos 60 dias, começou a valer antes, em 2013, e diz que o paciente com câncer tem direito a se submeter ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 dias contados a partir do dia em que for assinado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único.

Segundo a deputada, é preciso fazer valer as leis para garantir o tratamento adequado aos pacientes. “Ela [Lei dos 60 dias] tem uma relação direta com Lei dos 30 dias que garante que, na suspeita de diagnóstico, os exames precisam ser feitos até em 30 dias e na confirmação, após a biópsia. Não é marcar a consulta, é realmente fazer o procedimento prescrito pelo médico”, disse Zanotto.

O deputado Weliton Prado (Pros-MG) disse que o enfrentamento ao câncer precisa ser priorizado com maior investimento em promoção e prevenção, investimento em diagnóstico precoce, novas tecnologias, medicamentos com comprovada eficácia, além de ampliação e modernização da rede pública.

Entre outros pontos, Prado citou um projeto que tramita na Câmara dos Deputados que cria o Fundo Nacional de Combate ao Câncer e de Assistência a Portadores, para custear programas, ações e projetos de prevenção, controle, rastreamento, diagnóstico e tratamento da doença.

“É fundamental aprovar esses projetos de leis, garantir a criação do fundo nacional para ter recursos suficientes para dar dignidade para que os pacientes tenham acesso ao diagnóstico precoce”, disse. “Não dá para o paciente esperar um ano para ter um diagnóstico, para iniciar realmente o tratamento”, acrescentou.

FONTE: Agência Brasil

Alimentos enriquecidos com vitamina B9 produzida por bactérias podem ser alternativa natural ao ácido fólico

As vitaminas são micronutrientes essenciais para a saúde: ajudam a fortalecer o sistema imune e garantem o funcionamento correto do metabolismo. No caso das gestantes, a vitamina B9 (ou folato) tem um papel muito importante, pois auxilia nos processos de replicação celular – fundamentais para o desenvolvimento embrionário – e para a formação de células e proteínas do sangue. Por esse motivo, é indicada a suplementação com ácido fólico, forma sintética da vitamina produzida em laboratório. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a recomendação de consumo diário para as grávidas é de 355 microgramas (µg).

Com o objetivo de ampliar as opções de alimentos suplementados com folato, duas pesquisadoras do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), conseguiram desenvolver produtos que contêm até 20% da necessidade diária desse nutriente, utilizando a sua forma natural em vez da sintética. Isso porque o consumo excessivo de ácido fólico está associado a alguns efeitos indesejados, como mascarar a deficiência de vitamina B12. A descoberta tardia dessa deficiência pode levar a pessoa a ter problemas neurológicos e anemia.

“O que está descrito na literatura é que, pelas formas naturais da vitamina, não existe esse problema. Mas a forma sintética demora mais para ser processada, pois precisa ser metabolizada no fígado para chegar a sua forma bioativa no organismo”, afirma Marcela Albuquerque, pós-doutoranda do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

Fermentação natural

Para produzir a vitamina B9, as pesquisadoras utilizam cepas de bactérias lácticas que são seguras para o consumo humano e que já são empregadas pela indústria de alimentos. “Após serem submetidas a determinadas condições, dependendo dos nutrientes disponíveis no meio, do pH e da temperatura, as bactérias que possuem os genes relacionados à biossíntese de folatos, podem produzir a vitamina. Depois, selecionamos as cepas com maior produtividade e aplicamos para o desenvolvimento de um produto fermentado, como leite ou iogurte”, explica Ana Clara Cucick, doutoranda da FCF.

Segundo ela, muitos países aderiram a programas de fortificação obrigatória de alimentos para combater a deficiência de folato, como o Brasil, por exemplo, onde as farinhas de trigo e milho são fortificadas com ferro e ácido fólico para prevenir a anemia e a má-formação dos fetos. Tal estratégia trouxe benefícios, como a redução de aproximadamente 30% na ocorrência de doenças do tubo neural em bebês, segundo relatório divulgado em janeiro de 2021 pela Anvisa, porém tem sido alvo de preocupação devido aos possíveis efeitos colaterais advindos da ingestão em excesso do ácido fólico.

Produtos desenvolvidos

Em seu estudo, Ana Clara conseguiu um leite fermentado que fornecia 20% da recomendação diária de ingestão de vitamina B9 em uma porção de 250 mililitros (ml). O produto também foi testado em animais para avaliar a biodisponibilidade do nutriente, ou seja, o quanto da vitamina contida no leite fermentado poderia ser aproveitado pelo organismo. Os animais que consumiram o alimento tiveram um aumento de hemácias (glóbulos vermelhos) e hemoglobinas (proteínas que transportam o oxigênio), mostrando que ele pode ser uma alternativa promissora para aumentar a ingestão de folato.

Já a pesquisadora Marcela Albuquerque desenvolveu um produto de soja fermentado que alcançou 14% da indicação diária de consumo da vitamina, além de conter microrganismos probióticos. Os dados, já publicados em um artigo científico, mostram que a combinação do subproduto do maracujá (descartado pela indústria) e de frutooligossacarídeos (ativos prebióticos) foi capaz de estimular a cultura de micro-organismos probióticos a produzirem folato. O produto também foi submetido a estresse gastrointestinal in vitro e mostrou uma maior bioacessibilidade de folato em relação aos controles.

Embora ainda faltem parcerias para possibilitar a transferência de tecnologia e a disponibilidade no mercado, os resultados são promissores e abrem caminho para novos produtos bioenriquecidos com a forma natural da vitamina B9.

Da Assessoria de Comunicação do FoRC

FONTE: Jornal da USP

Desinformação é maior entrave para controle do câncer do colo do útero

A desinformação, envolvendo muitos mitos e fake news (notícias falsas), é a principal barreira para o controle do câncer do colo do útero no Brasil segundo estudo divulgado hoje (3) pela Fundação do Câncer, dentro da campanha da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) alusiva ao Dia Mundial do Câncer, que se comemora amanhã (4). A pesquisa inédita Conhecimento e Práticas da População sobre Prevenção do Câncer do Colo do Útero tomou por base estudos publicados entre 2003 e 2020 na literatura científica nacional e internacional.

O objetivo foi identificar as barreiras e as lacunas existentes sobre a vacinação contra o vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus humano) e o rastreamento para o câncer do colo do útero, responsável pela morte de mais de 6 mil mulheres por ano no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer atingir, até 2030, metas que visem erradicar o câncer de colo do útero, causa de morte de mais de 331 mil mulheres por ano, em todo o mundo.

O médico epidemiologista Alfredo Scaff, consultor da Fundação do Câncer, disse que o câncer do colo do útero é evitável porque as pessoas já dispõem de uma vacina contra o vírus HPV, que causa a doença. O levantamento vem contribuir, segundo ele, para diminuir os buracos existentes entre os cuidados disponíveis para o controle desse câncer no mundo e no Brasil, devido à constatação de um distanciamento muito grande entre o acesso e a oportunidade do tratamento da doença entre pessoas, dependendo da região onde moram, se têm ou não plano de saúde ou acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Esse câncer é uma das maiores iniquidades que nós temos na oncologia hoje. É no mundo inteiro mas, no Brasil, isso é muito evidente. O câncer do colo do útero é o primeiro câncer que tem uma vacina”, disse Scaff, que acrescentou que 99% dos cânceres do colo do útero são causados pelo vírus chamado HPV, que tem uma vacina. “Tem que vacinar”.

Scaff estima que, em uma geração, pode-se controlar esse tipo de câncer. Ele reconheceu, entretanto, que existem problemas para se alcançar uma imunização completa da população-alvo, que são meninas entre 9 e 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos.

Conhecimento sobre o câncer de útero

A médica Flávia Miranda Corrêa, doutora em saúde coletiva, pesquisadora da Fundação do Câncer e responsável pela pesquisa, esclareceu que a primeira parte do levantamento, divulgado hoje, se refere ao conhecimento e práticas da população sobre a prevenção do câncer do colo do útero, tendo como público-alvo 7.712 crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos; 3.335 pais e responsáveis entre 18 e 82 anos; e 54.617 mulheres na faixa etária de 14 a 83 anos.

A segunda parte, envolvendo o conhecimento e práticas dos profissionais de saúde sobre prevenção e rastreamento, deverá ser liberada no final do próximo mês. Serviram de base à pesquisa 68 estudos, sendo 16 sobre vacinação e 52 sobre rastreamento da doença.

Resultados

Os primeiros resultados em relação às barreiras sobre a vacinação contra o HPV entre crianças e adolescentes mostram que entre 26% e 37% dos consultados não sabiam que a vacina previne contra o câncer do colo do útero; entre 53% e 76% ignoravam que a vacina diminui a incidência de verrugas nos órgãos genitais. Flavia afirmou que isso demonstra que a maioria das crianças e dos jovens ignora para que serve a vacina.

Entre os entrevistados, 82% acharam que a vacina protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Esse é um problema muito importante, porque a gente sabe que não é verdade. A vacina é específica para o HPV e pode dar uma sensação de falsa proteção. Esse desconhecimento tem que ser desconstruído”, apontou a médica.

Além disso, entre 36% e 57% das crianças e adolescentes ouvidos acham que a vacina pode ser prejudicial à saúde. Flávia contra-argumentou que a vacina é segura, está no mercado desde 2006 e há um monitoramento constante. A médica considerou que essa ideia apurada é errônea e pode ser um impeditivo muito grande para a vacinação.

Entre 35% e 47% acreditam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce. “Não é verdade. Inclusive no contexto do Brasil, nós sabemos que não induz a uma atividade sexual mais precoce”. Entre 32% e 50% não sabiam o número correto de doses. A vacina contra HPV é tomada em duas doses, no intervalo de seis meses, informou a pesquisadora da Fundação do Câncer.

Pais e responsáveis

O desconhecimento continua entre os pais e responsáveis: 17% não sabiam que a vacina previne câncer do colo do útero; 33% não tinham ideia sobre a prevenção de verrugas anais e genitais; 74% imaginavam que a vacinação previne outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); 20% achavam que o imunizante pode ser prejudicial à saúde; entre 34% e 61% não conheciam a população-alvo que deve ser imunizada contra o HPV; e 22% acreditavam que a vacina pode incentivar a iniciação sexual precoce dos filhos.

Flávia Corrêa disse que a vacina é cada vez mais eficaz quando usada em quem não tem atividade sexual ainda. Ela esclareceu que a vacina tem a função específica de evitar os danos do HPV, como verrugas, lesões precursoras e o próprio câncer de colo do útero. Advertiu que doenças como sífilis, contágio por HIV (Aids) e demais DSTs não são contempladas nessa imunização.

Rastreamento do câncer de útero

Os estudos para identificar se as mulheres conheciam os exames preventivos de rastreamento do câncer do colo do útero (Papanicolau) constataram conhecimentos e práticas inadequadas entre 40% e 71% do público consultado, respectivamente. Os motivos apontados pelas mulheres que nunca realizaram o exame preventivo foram: “não achavam necessário” (45%), “não foram orientadas” (15%), “tinham vergonha” (13%) e “nunca tiveram atividade sexual” (8,8%).

A conclusão da pesquisa da Fundação do Câncer é que o conhecimento deficiente e práticas equivocadas sobre a vacinação contra HPV e o rastreamento do câncer do colo do útero estão associados à baixa renda, menor escolaridade, cor da pele parda ou negra, residência em áreas urbanas pobres e rurais, o que reforça a importância da luta contra a iniquidade.

É preciso ainda esclarecer a população quanto a problemas relacionados a falsas informações e fake news divulgadas pela internet sobretudo, que facilitam práticas equivocadas. A Fundação do Câncer pretende atuar para passar informações corretas e de qualidade para toda a população.

Vacinação gratuita

Alfredo Scaff destacou que o Brasil é um dos poucos países do mundo em que a vacinação contra o HPV é universal, pública e gratuita pelo SUS, integrando o Programa Nacional de Imunização (PNI). O problema, reiterou, é a falta de informação para a vacinação. A imunização contra o HPV é menor entre meninos do que entre as meninas. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi 36,4%.

Além de a vacina para meninos ter sido iniciada dois anos depois que a das meninas, a médica Flávia Corrêa explicou que há desconhecimento de que a vacina é importante para os garotos não só para que eles não transmitam o HPV para as meninas mas, também, para protegê-los de doenças relacionadas ao vírus HPV, como câncer de pênis, câncer anal e de orofaringe (parte da garganta localizada atrás da boca).

No dia 4 de março, no Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV, a Fundação do Câncer mobilizará a população sobre o tema, com postagens em suas redes sociais. Em 26 de março, Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, a entidade abrirá inscrições para um curso voltado aos profissionais de saúde, com foco na atenção primária, cujo início está previsto para abril.

FONTE: Agência Brasil

Qualidade da gordura da dieta materna pode interferir no peso de bebês ao nascer

Estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sugere que a gordura ingerida pela mãe está associada ao peso do recém-nascido

A dieta materna está diretamente associada à saúde do bebê durante a gestação e cientistas já avançam no entendimento dos fatores que contribuem para essa relação. Estudo realizado por pesquisadoras da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra que a qualidade da gordura ingerida pela mãe está associada com o peso do recém-nascido de acordo com a idade gestacional.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima, primeira autora do artigo publicado pela Nutrition em novembro e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da FMRP.

O estudo contou com 734 pares de mães com boa saúde e bebês que realizaram pré-natal em Unidades Básicas de Saúde em Ribeirão Preto, entre os anos de 2011 e 2012. “Nós empregamos dois formulários com o objetivo de registrar tudo o que foi consumido pelas entrevistadas nas últimas 24 horas. Depois, avaliamos o peso ao nascer, sexo e duração da gestação com dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Por fim, avaliamos a qualidade da gordura na dieta materna”, explica.

Para entender a qualidade da ingestão de gordura das mães, as pesquisadoras trabalharam na análise de três tipos de gordura, que também podem ser chamadas de ácidos graxos: saturadas, monoinsaturadas e poli-insaturadas. As saturadas podem ser encontradas em alimentos de origem animal: carnes vermelhas e brancas, pele de aves, leite, queijo, manteiga e creme de leite. Além de origem vegetal como coco, dendê e o babaçu.

“Nascer maior para a idade gestacional significa que a criança pode ter mais risco de desenvolver doenças na vida adulta e até de complicações durante o parto. Neste sentido, a pesquisa contribui para o entendimento de como a qualidade da gordura da dieta materna interfere no desenvolvimento fetal”, conta Maria Carolina de Lima.

Já os monoinsaturados são encontrados em alimentos como abacate, castanhas, azeite de oliva e óleo de canola. O consumo desse tipo de gordura pode diminuir o LDL, que é chamado de colesterol ruim, e estimular o HDL, que é conhecido como colesterol bom. O último tipo de gordura avaliada foram as poli-insaturadas, que podem ser encontradas em ovos, óleos de soja e girassol, sardinha, salmão e azeite de oliva.

Entretanto, engana-se quem pensa que as gorduras têm apenas impacto negativo. “Os ácidos graxos tem um impacto positivo desde que consumidos em quantidade, qualidade e proporção adequadas. Dessa forma, as diretrizes internacionais preconizam a retirada da gordura trans, redução do consumo da gordura saturada e inclusão em quantidade adequada das gorduras insaturadas, que são as monoinsaturadas e poli-insaturadas”, afirma Maria Carolina.

Dessa forma, o estudo observou que a ingestão de alguns ácidos graxos apresenta um fator protetor se consumidos de forma equilibrada. “Gestantes tiveram 48% menos chance de ter filho grande para a idade gestacional com o consumo de gorduras poli-insaturadas na quantidade adequada. Os dados reforçam a importância de avaliar a qualidade da gordura ingerida e do acompanhamento do nutricionista durante a gestação”, completa.

Além de Maria Carolina, o estudo A better quality of maternal dietary fat reduces the chance of large-for-gestational-age infants: A prospective cohort study conta com autoria de Izabela da Silva Santos e de Lívia Castro Crivellenti sob orientação da professora Daniela Saes Sartorelli, todas da FMRP.

Mais informações: e-mail mariacarolina017@usp.br

Por Giovanna Grepi

FONTE: Jornal da USP

Asma no verão: saiba como evitar crises

O ano já começou, o solzão está aí e as tão esperadas viagens de férias com a família e amigos em um lugar incrível também. Você também já está animado com tudo isso? Sabemos que essa época do ano é amada e esperada por muitas pessoas, mas não podemos esquecer de todos os cuidados que precisamos manter e carregar na mala para onde for. No calor as crises de asma podem se tornar frequentes por conta do uso de ventiladores e ar-condicionado.1 Precisando tomar ainda mais cuidado, afinal, ninguém quer que a viagem seja atrapalhada por conta disso.

Se você está nessa turma que não quer ter as férias interrompidas por conta da asma, hoje vamos ajudar você a entender melhor como evitar crises de asma no verão.

Por que eu posso ter crise de asma no verão? 

A asma é uma doença pulmonar crônica com milhões de portadores no mundo, e o Brasil não está fora dessa. Pode aparecer em crianças, ao longo da vida e até em idosos. Ou seja, ela não escolhe idade. 2

É possível controlar a asma e os seus sintomas com o tratamento e orientações do seu médico. Comparecer em suas consultas de rotina é muito importante para que você possa estar sempre administrando cada vez melhor a sua respiração.

Mas a pergunta que não quer calar é: por que a asma pode piorar no verão? A resposta é mais simples do que você pensa e vamos explicar.

No calor, algumas pessoas costumam reclamar de crises mais frequentes de asma. Isso acontece porque usamos, com mais frequência, aparelhos como ventiladores e ar-condicionado para refrescar o ambiente. 1

Além disso, as variações de temperatura nessa época, a diminuição da umidade do ar e a maior quantidade de poeira e outros componentes que poluem o ar, podem causar crises de asma por aumentarem os riscos de inflamação nos brônquios. 1

Como se cuidar e evitar as crises no verão?

Para aproveitar o verão sem que a asma atrapalhe os seus planos, vamos dar algumas dicas de como você pode se cuidar ainda mais nessa época do ano.

A melhor opção para manter sua asma controlada é continuar usando corretamente a sua medicação e se hidratar MUITO bem. A hidratação já é muito importante diariamente e, durante o verão, nem se fala, mas se você tem asma, capriche ainda mais nesse aspecto. 3

Se você usa ar-condicionado é essencial que o filtro esteja com a manutenção em dia porque pode acumular bactérias e fungos. Caso contrário, é melhor suspender o seu uso. Os ventiladores são bem-vindos, mas o ambiente precisa estar limpo e sem poeira, evitando que a mesma entre pelas vias aéreas. 3

Caso você vá praticar esportes, escolha um horário e um ambiente com menos exposição ao sol, roupas finas e confortáveis. A prática de esportes e atividades físicas aumenta a frequência respiratória, podendo gerar falta de ar e uma nova crise. 4

Claro que além de todos esses cuidados específicos, é importante que você siga as orientações médicas, mantenha uma boa alimentação e uso correto da medicação. Se precisar de ajuda médica, não hesite em buscá-la onde estiver.

Respire sem crise

Depois de todas essas dicas, ainda temos mais uma para ajudar você com a asma não só no verão, mas ao longo da vida também!

Além dos conteúdos que disponibilizamos em nosso blog, o FazBem tem um podcast exclusivo para falar sobre asma, inclusive com a participação do embaixador da Campanha Respire Sem Crise, Diego Hypólito, ginasta olímpico e portador de asma.

O intuito do podcast é ajudar você a lidar cada vez melhor com a asma e a receber dicas para controlar melhor. Além disso, os episódios contam com a participação de especialistas para trazem informações confiáveis e enfatizar a importância de sempre seguir o seu tratamento.

Ouça aqui!

Conseguiu entender o porquê é importante tomar ainda mais cuidado com a asma no verão? Se proteger contra as crises é a melhor forma de tomar cuidado nessa época do ano. Além disso, é, também, a melhor maneira de aproveitar as festas, as férias e o sol sem imprevistos.

Aproveite suas férias e se cuide!

Referências:
BR-15977. Material destinado a todos os públicos. Dez/2021

Saúde após os 60: a importância do acompanhamento médico no envelhecimento

Você já pensou sobre o envelhecimento?

Para muitas pessoas o envelhecimento é um tabu. Temos a ideia de que, chegados os 60 anos, a vida acaba ficando mais monótona. Entretanto, cada vez mais, os 60 são considerados os novos 40 e se você chegou ou está chegando a essa idade, definitivamente, não é velho.

Certamente, você está experimentando aquela sensação de que é cedo demais para ser rotulado como idoso e aderir ao time da terceira idade. Isso porque a terceira idade ainda possui muitos estigmas e rótulos que já não cabem para a população do século XXI.

Basta lembrar que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou em 31,1 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma pessoa nascida no Brasil em 2019 tem uma expectativa de vida de em média, até 76,6 anos. 1

Vale ressaltar, também, que segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) publicado no portal de notícias Agência Brasil, dos 210 milhões brasileiros 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. Dessa população 15% ainda trabalham e 75% contribuem para a renda da casa. 2

Os dados mostram que a população acima de 60 anos está saudável é independente e continua contribuindo para o bem-estar da família e da comunidade. O envelhecimento saudável é um processo contínuo que requer mudanças de hábitos para melhorar a saúde física, mental e social. 3

Quer saber como cuidar da sua saúde após os 60 anos? Então, você está no lugar certo. Confira algumas informações sobre a importância dos hábitos saudáveis e acompanhamento médico na terceira idade.

Envelhecimento: Saúde após os 60 anos

Preservar a saúde é uma das principais preocupação das pessoas, principalmente quando chegam na terceira idade. Isso porque ela é fundamental para mantermos uma vida saudável, com qualidade de vida e bem-estar. 4

O processo de envelhecimento, naturalmente, provoca mudanças no corpo e na mente. Por mais que a gente não queira, com o passar dos anos, nosso corpo já não responde aos estímulos da mesma forma que nos nossos 20 anos. 4

Segundo Caderno de Atenção Básica Sobre o Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, parte das dificuldades encontradas nessa fase da vida estão relacionadas a uma cultura que desvaloriza e limita pessoas na terceira idade. Isso sem falar das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que também podem afetar a funcionalidade dos idosos. 4

Mas isso não quer dizer que não há como ter saúde após os 60 anos. Uma vida saudável não tem a ver com idade, mas, sim, com os hábitos que adotamos no dia a dia. Manter-se ativo fisicamente e mentalmente é um desafio grande para muitos idosos, mas completamente possível. 4

O mais importante é saber que é possível lidar com essas limitações, ter um envelhecimento saudável e quebrar alguns tabus que a sociedade possui em relação à terceira idade.

Confira alguns dos tabus que precisamos começar a quebrar!

Envelhecimento: Pessoas idosas são todas iguais

Certamente, ao longo da vida você deve ter ouvido que somos todos iguais. Em parte, isso é verdade, possuímos os mesmo direitos e deveres na sociedade, mas isso não quer dizer que como seres humanos individuais somos iguais.5

Cada pessoa tem sua personalidade, individualidade, ou seja, características que fazem dela única, como forma de agir, pensar, sentir, valores morais, traços emocionais entre outros aspectos. Agora, se vivemos com essas características únicas a vida toda, por que temos a ideia de que ao chegar aos 60 anos perdemos essa individualidade? 5

Pensar que pessoas idosas são todas iguais é um equívoco muito comum. O erro está em ter uma visão homogênea sobre a velhice, quando, na verdade, ocorre justamente ao contrário. Essa é uma das fases da vida mais diversa que existe, já que a velhice envolve múltiplos aspectos e variáveis que resultam em indivíduos com características, necessidades e objetivos de vida diferentes.5

Ao rotularmos as pessoas idosas, contribuímos para a criação e fortalecimento de estereótipos que tornam a rotina desses indivíduos mais difícil. 5

Pessoas com mais de 60 anos não fazem sexo

Sexo é um tema que causa reações diversas nas pessoas. Alguns encaram com naturalidade, já outros ficam envergonhados ou agem com repulsa só de ouvir falar sobre. 5,6

Se apenas o tema sozinho causa diversas reações, imagina se inserimos ao tema faixa etárias, como sexo na terceira idade. Algumas pessoas certamente se perguntam: existe isso?

O fato é que sexo na terceira idade existe e falamos pouco sobre esse tema. Enxergar a pessoa idosa como um ser humano que não possui mais desejos sexuais também é um estereótipo amplamente difundido na sociedade, mas é importante ter em mente que amor e desejo não têm idade. 5,6

O desejo existe enquanto há vida e pode ser (re)descoberto ao longo das fases da vida. Viver a sexualidade independentemente da idade melhora a autoestima, o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde. 6

Por isso, quebrar esse estereótipo de que idosos não fazem sexo é importante para que o tema seja discutido e fique cada vez mais naturalizado para toda a sociedade. 5,6

A importância do acompanhamento médico

Outro tabu muito difundido para a população da terceira idade é de que velhice é sinônimo de doença. Esse é um grande equívoco.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o envelhecimento está associado a mudanças nos processos biológicos, fisiológicos, ambientais, psicológicos, comportamentais e sociais do ser humano. 7

Mas é importante ressaltar que o envelhecimento não é sinônimo de doença, muito menos, um processo igual para todos. Para algumas pessoas, as mudanças relacionadas a idade são positivas, já outras resultam em declínio em função dos sentidos e atividades da vida cotidiana. 7

O avanço da idade é um fator de risco para o surgimento de doenças crônicas e degenerativas, mas isso não quer dizer que todos teremos doenças ou até mesmo que não haverá qualidade de vida caso desenvolva uma doença crônica como pressão alta, por exemplo. 7

Com mudanças de hábitos, é possível ter um envelhecimento saudável. Uma boa saúde proporciona mais qualidade de vida aos anos. Esses anos adicionais com boa saúde contribuem para que a pessoa continue participando e sendo parte integrante de suas famílias e comunidades.8,9

Por isso, o acompanhamento médico é tão importante para essa fase da vida. Após os 60 anos, o corpo passa por mudanças e fazer o acompanhamento médico especializado é uma forma de ajudar seu corpo e mente a passar por esse processo e garantir saúde e qualidade de vida. 8,9

Não deixe para amanhã o que você pode começar hoje. Faça acompanhamento médico regular e garanta mais saúde e bem-estar para sua vida. 8,9

Que tal, daqui para frente, começarmos a quebrar alguns desses estereótipos? Você pode ajudar outras pessoas a se conscientizarem sobre a importância da quebra dos tabus e cuidados com a saúde compartilhando esse conteúdo. 8,9

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Referências:
  1. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29502-em-2019-expectativa-de-vida-era-de-76-6-anos7
  2. https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-10/dia-nacional-do-idoso-conheca-politicas-publicas-para-essa-populacao
  3. https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-da-pessoa-idosa
  4. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_saude_pessoa_idosa.pdf
  5. https://institutodelongevidademag.org/longevidade-e-saude/autonomia/master-mitos-e-verdades-60-anos
  6. https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2019/09/26/interna_bem_viver,1087673/desejo-na-terceira-idade-existe-e-precisa-ser-encarado-de-forma-natura.shtml
  7. https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2020/10/D%C3%A9cada-do-Envelhecimento-Saud%C3%A1vel-2020-2030.pdf
  8. https://sbgg.org.br/envelhecimento-e-longevidade/
  9. https://sbgg.org.br/confira-3-mitos-sobre-o-envelhecimento/
BR-16049. Material destinado a pacientes. Dez/2021