Hospital de diagnóstico de câncer ganha espaço humanizado

O Hospital Municipal Jesus (HMJ), especializado em atendimentos pediátricos e referência para o diagnóstico de câncer infantil na rede pública do Rio de Janeiro, inaugurou hoje (22) duas novas salas de exames humanizadas. Com elas, é concluído o projeto de humanização do setor de radiologia daquela unidade, que faz cerca de 50 mil consultas por ano.

O projeto tem a assinatura do artista e arquiteto brasileiro Gringo Cardia e foi viabilizado pelo Instituto Desiderata, organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), em parceria com a Chevron Brasil. Os atendimentos no novo espaço serão iniciados ainda este mês.

O secretário municipal de Saúde, Rodrigo Prado, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que o ambiente humanizado ajuda a tranquilizar as crianças na hora dos exames. “E até reduz a necessidade de alguns exames das crianças”, disse. Ele considerou fundamental a realização de exames o mais cedo possível “para ter o diagnóstico mais precoce”.

Acrescentou que, ao entrar em um ambiente humanizado e lúdico, “com certeza as crianças vão se sentir bem fazendo exames e aceitando melhor o tratamento”.

O arquiteto Gringo Cardia transformou o setor de exames do HMJ em um ambiente lúdico e agradável, inspirado no fundo do mar. Esse ambiente humanizado permite que exames demorados e que, muitas vezes, exigem procedimentos invasivos, sejam feitos de maneira mais tranquila para acalmar os pacientes.

O setor recebeu também um aparelho telecomandado, doado ao hospital pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O equipamento permite a realização de estudos contrastados de maneira dinâmica, em tempo real, possibilitando a aquisição da imagem da escopia, muitas vezes submetendo a criança a uma exposição à radiação menor que a de uma radiografia convencional.

O HMJ é o único hospital da rede pública municipal a realizar exames contrastados e é referência no atendimento pediátrico, atendendo pacientes de zero a 18 anos.

Águas Vivas e Robôs

Por realizar procedimentos mais demorados e complexos que as demais salas, a nova Sala do Telecomando foi transformada em um universo carregado de luz e movimento, chamado Jardim das Águas Vivas.

Já a Sala de Raios X virou a Sala dos Robôs Abissais. Ali, os equipamentos são representados por robôs subaquáticos, seguindo uma proposta estética similar à da Sala dos Robôs Submarinos, inaugurada em 2020, no mesmo setor. Os equipamentos do hospital fazem um trabalho similar ao dos robôs subaquáticos, que é explorar e diagnosticar o paciente.

A diretora executiva do Instituto Desiderata, Renata Couto, informou que o projeto de humanização de espaço oncológico, tanto de diagnóstico como de tratamento, começou em 2012, no HMJ. Mas, desde 2007, já foram entregues espaços humanizados em mais quatro hospitais públicos do Rio de Janeiro. O 1º Aquário Carioca, sala de quimioterapia pediátrica, por exemplo, foi inaugurado no Hospital Federal dos Servidores do Estado, em 2007.

“A gente faz esse projeto porque tem muita confiança nessa metodologia, porque é um momento muito delicado para as crianças, as famílias e os cuidadores, pela descoberta de um câncer em fase infantil”, explicou.

Para ela, o câncer infanto juvenil tem 80% de chance de cura, embora seja mais agressivo do que o câncer em adultos porque evolui muito rapidamente. “Todo o trabalho do Desiderata é para garantir o diagnóstico precoce. O instituto é uma articulação em rede de vários serviços especializados, gestores de saúde e outras organizações civis para garantir o diagnóstico e o tratamento intenso. Porque o câncer infantil não pode esperar”, especificou.

Ansiedade

Nos outros espaços que o instituto já tem humanizado, a situação de ansiedade é minimizada. “As crianças se sentem menos ansiosas, com menos medo, têm menos dor. Já há registro, inclusive, do uso de menos anestésicos nesses locais porque, às vezes, só o diagnóstico pode ser um pouco invasivo, tem que colocar um cateter. Essas situações são necessárias, mas elas podem ser amenizadas”, disse Renata.

Segundo a diretora executiva do instituto, os pais e cuidadores relatam também que o espaço humanizado facilita o engajamento das crianças no tratamento, porque elas se sentem mais estimuladas a ir e a frequentar os locais. Do mesmo modo, os profissionais de saúde ficam mais motivados nesses ambientes de trabalho. “A gente só vê resultados positivos e acredita que a saúde deve ser mais acolhedora. Com o público infantil, a gente tem que ter mais cuidado”, observou.

A humanização realizada no HMJ teve aporte de cerca de R$ 400 mil do Instituto Desiderata e Chevron Brasil. Inaugurado em 1935 e localizado em Vila Isabel, zona norte do Rio, o Hospital Municipal Jesus faz parte da estratégia de diagnóstico precoce do câncer infantil “Unidos pela Cura”.

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

FONTE: Agência Brasil

Câncer de cabeça e pescoço: 90% poderiam ser curados se diagnosticados precocemente

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Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a estimativa é que o Brasil registre mais de 222 mil casos de câncer de cabeça e pescoço este ano, sendo que 90% deles poderiam ser curados, se diagnosticados precocemente. A criação da campanha Julho Verde foi pensada nisso e o mês foi dedicado à conscientização e prevenção da doença. Sobre o assunto, o professor doutor Flavio Hojaij, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, conversou com o Jornal da USP 1ª Edição.

Respondendo perguntas fundamentais na composição da campanha Julho Verde, o professor inicia dizendo que esse tipo de câncer pode ser evitado, quando as pessoas tomam consciência de que alguns  hábitos, como a prática do fumo e do consumo de álcool, são prejudiciais. Para ele, o “cuidado com a saúde da cavidade oral é uma das coisas fundamentais nos nossos cuidados”, para evitar a formação de “carcinomas de células escamosas”.

Médicos e dentistas fazem a detecção dos tumores, que podem ser resolvidos em 90% dos casos, se diagnosticados precocemente. No entanto, para os casos mais avançados, esse tipo de câncer “é um dos mais devastadores para um indivíduo”, complementa Hojaij. Por isso, é preciso estar atento a dores de garganta que perduram por mais de 15 dias, aftas e manchas brancas e vermelhas na cavidade oral por mais de duas semanas, nódulos na região do pescoço e rouquidão. O professor também destaca que o contato com o HPV, papilomavírus humano, pode induzir à formação de um carcinoma orofaríngeo, região da boca e da garganta.

Atenção aos sintomas

Após a detecção do problema, a medida a ser tomada, em um primeiro momento, é o contato com um otorrinolaringologista ou um cirurgião de pescoço e cabeça. Ainda que a evolução da doença costume ser mais demorada, já que se diferencia de casos no pâncreas ou intestino grosso, que se espalham com mais facilidade, por ter sua evolução nos gânglios do pescoço, o doutor Flávio destaca a importância da atenção aos sintomas persistentes, uma vez que o tratamento para os casos mais avançados costuma ser “mais agressivo”.

A reincidência do câncer de cabeça e pescoço costuma ocorrer em indivíduos com hábitos de fumo, pouca higiene bucal e consumo de bebidas alcoólicas. Nesses casos, o professor diz que “eles têm uma chance de 20% de ter o tumor novamente”, sendo proporcional ao tempo persistindo nessas atitudes. Um segundo caso é decorrente do tamanho do tumor, que pode ocasionar o “estadiamento”: “Quanto maior o grau do tumor, maior a chance, mesmo com bons tratamentos, de um tumor recidivar”, complementa ele.

O professor finaliza enfatizando que a educação e a conscientização, como a criação de uma cartilha para crianças, são dois dos principais caminhos para o combate à doença. “Nós acreditamos que a educação seja a maior prevenção em saúde. Quanto mais a população for orientada, mais rica será nossa população em saúde.”

FONTE: Jornal da USP

Chocolate com alto teor de cacau contribui no estado nutricional e conforto de idosos com câncer

Ao apontar associação entre o consumo do alimento e a melhora do estado nutricional, estudo destaca o papel da assistência nutricional – respeitando as preferências pessoais – para pacientes com câncer em cuidados paliativos.

Considerado um dos doces mais queridos em todo o mundo, o chocolate também pode oferecer benefícios para a saúde, especialmente para idosos com câncer em cuidados paliativos, ou seja, sem possibilidade de cura. É o que aponta um estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que sugere que o consumo de chocolate com maior teor de cacau pode contribuir para a melhora do estado nutricional, da funcionalidade e a diminuição de sintomas nesses pacientes.

“Nós queríamos fazer um trabalho de pesquisa que fosse útil para o público-alvo, promovendo melhora nos problemas nutricionais, conforto e prazer. Foi assim que pensamos em estudar o chocolate, que tem uma história antiga na sociedade e que é alvo de estudos na área cardiovascular”, comenta Nereida Kilza da Costa Lima, médica geriatra, professora da FMRP e orientadora do estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study.

A pesquisa foi realizada com 46 pacientes idosos com câncer em cuidados paliativos em tratamento no Serviço de Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP). Todos os voluntários receberam tratamento padrão e foram divididos em três grupos, um com pessoas que não receberam chocolate, outro de pessoas que consumiram 25 gramas diárias de chocolate com 55% cacau e, por último, aquelas que ingeriram a mesma quantidade de chocolate branco.

“Nós coletamos os dados sociodemográficos e informações do estado de saúde, com exames laboratoriais e da avaliação nutricional dos participantes antes e após quatro semanas da intervenção, usando ferramentas específicas e validadas na comunidade científica”, explica Josiane Cheli Vettori, que é nutricionista, doutora pela FMRP e primeira autora do estudo.

Os voluntários tinham média de 67 anos de idade e 43,5% estavam em risco de desnutrição ou estavam desnutridos antes do início do trabalho. “No final do estudo, observamos que os índices das avaliações nutricionais foram aumentados significativamente. A elevação teve significância clínica e não houve indivíduo classificado como desnutrido após a intervenção, evidenciando que, possivelmente, a intervenção nutricional pode ser capaz de reduzir a perda de peso em pacientes com câncer em estágio avançado melhorando o estado nutricional”, conta.

Alimentação como conforto em cuidados paliativos

O câncer é a segunda principal causa de mortes no mundo, com 9,6 milhões de vítimas em 2018, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde. “Diante desse cenário, cresce a preocupação com o impacto da nutrição em pacientes com câncer em cuidados paliativos. Assim, a alimentação como preservação do estado nutricional, prevenção da desnutrição e promoção de conforto são importantes”, conta a nutricionista Josiane.

Além de nutrir o corpo, a alimentação está associada às memórias, conexão com amigos, autonomia e prazer. “O suporte nutricional deve ser adaptado para atender às necessidades e desejos de cada paciente, pois eles são únicos quanto aos valores, história, desejos, lembranças e necessidades nutricionais e emocionais”, ressalta.

Ela ainda conta que a assistência nutricional é importante para o controle dos sintomas durante o tratamento oncológico e deve ser realizada pela equipe de saúde junto com o paciente, familiares e cuidadores. Para isso, é preciso que os profissionais de saúde tenham criatividade e sensibilidade para respeitar as preferências, verificar o acesso a determinado alimento e outras necessidades envolvidas no ato de se alimentar, como dentição e controle motor para segurar talheres.

“Antes de recomendar o chocolate, é importante observar as preferências alimentares, que são altamente pessoais, e pensar em conjunto com a equipe multiprofissional, familiares e paciente para entender se faz sentido no tratamento, se é algo que ele gosta e se tem acesso”, reforça a nutricionista.

Chocolate branco pode não ser um vilão

Há quem diga que o chocolate branco não é chocolate por ele ser produzido com a manteiga do cacau e não com a massa usada na fabricação do chocolate ao leite e daqueles com mais teor de cacau. Apesar do rótulo de vilão, cientistas buscam entender quais são os efeitos do alimento e quais propriedades podem ser benéficas.

“Nos surpreendeu que o chocolate branco, que é sempre visto como sem efeito, contribuiu para a melhora dos voluntários do nosso estudo. Ele demonstrou ter efeito benéfico no estresse oxidativo, que causa danos celulares; melhora na inflamação e nas reservas corporais. Agora a comunidade científica precisa continuar pesquisando quais são e os impactos de possíveis componentes positivos desse tipo de chocolate”, diz a professora Nereida.

O estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study foi publicado em janeiro na BMC Palliative Care. Além de Nereida e Josiane, o trabalho conta com autoria de Luanda G. da Silva, Karina Pfrimer, Alceu A. Jordão, Paulo Louzada Junior, Júlio C. Moriguti e Eduardo Ferriolli.

Texto: Giovanna Grepi
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

São Paulo lança programa de terapia celular para tratamento de câncer

O governo do estado de São Paulo lançou dia 14 um programa de tratamento avançado contra o câncer com a utilização de terapia celular. Dois novos centros de saúde, um na capital paulista e um em Ribeirão Preto, produzirão compostos para a terapia celular CAR-T, que utiliza células T para combater o câncer de sangue.

A capacidade inicial de tratamento é de até 300 pacientes por ano. O programa faz parte de um acordo de cooperação entre o Instituto Butantan, a Universidade de São Paulo (USP) e o Hemocentro de Ribeirão Preto.

De acordo com o governo do estado, esse tipo de terapia celular já se mostrou altamente eficaz no tratamento de alguns tipos de câncer de sangue, como linfoma e leucemia linfóide aguda. As novas unidades de São Paulo e de Ribeirão Preto serão equipadas com estruturas que permitirão a realização dos principais processos da nova tecnologia, como produção, desenvolvimento, armazenamento e aplicação da terapia celular.

As instalações incluem laboratórios de controle de qualidade, salas de criopreservação, salas de produção de vírus, salas limpas de produção de células CAR-T, salas de preparo de meios e soluções, e áreas destinadas ao armazenamento do produto final e dos insumos em tanques criogênicos.

“Curar uma pessoa que estava em situação quase terminal é uma emoção indescritível. Estes dois centros são fruto de anos de dedicação de uma grande equipe. Somos mais de 50 pesquisadores trabalhando há décadas em um único objetivo”, destacou o presidente do Instituto Butantan e coordenador do estudo, Dimas Covas.

A tecnologia celular CAR-T é um tipo de imunoterapia que utiliza linfócitos T, células do sistema imune responsáveis por combater agentes patogênicos e matar células infectadas. O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T do paciente, ativá-los, programá-los para conseguirem identificar e combater o câncer e, depois, inseri-los de volta no organismo do indivíduo. Todo o processo pode durar cerca de dois meses.

Por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

FONTE: Agência Brasil

Cientistas identificam genes associados à proliferação de tumores do câncer de pâncreas

Análises indicam genes ligados a características essenciais das células de tumores, como alta proliferação e capacidade de migração e invasão

No Instituto de Química (IQ) da USP, uma pesquisa identificou genes associados à proliferação de tumores do câncer de pâncreas, que apresenta grande resistência ao tratamento. Por meio de técnicas computacionais, os cientistas também conseguiram atribuir possíveis funções aos genes, como crescimento e migração das células de tumores, para serem confirmadas em experimentos de laboratório. Os resultados do trabalho ajudarão a definir novos alvos para a terapia do câncer, além de marcadores de doença residual ou reincidente em pacientes tratados. As conclusões do estudo são apresentadas em artigo publicado na revista científica Cellular Oncology no último dia 14 de maio.

“O câncer de pâncreas é a sétima causa de morte por câncer no Brasil e no mundo, e um dos mais letais: a sobrevida dos pacientes cinco anos após o diagnóstico é menor do que 5%. Atualmente o único tratamento curativo é a remoção cirúrgica em estágios iniciais da doença”, relata ao Jornal da USP o professor Eduardo Moraes Rego Reis, que coordenou o estudo. “Porém, o diagnóstico precoce é difícil devido à ausência de sintomas e, quando é detectado, frequentemente já se espalhou para outros locais do corpo. É ainda um câncer resistente às quimioterapias e imunoterapias.”

A pesquisa teve como objetivo gerar um catálogo com alta resolução dos genes ativos em tumores pancreáticos, com foco na identificação de RNAs não codificadores longos (IncRNAs, sigla em inglês para long noncoding RNAs). “As funções dos IncRNAs ainda são pouco conhecidas pelos cientistas, ao contrário, por exemplo, dos RNAs mensageiros, responsáveis pela síntese de proteínas que irão expressar as informações genéticas contidas no DNA”, explica o professor. “Identificamos genes de lncRNAs que desempenham um papel oncogênico, ou seja, contribuem para a célula tumoral manifestar características associadas à malignidade do tumor, como alta proliferação, capacidade de crescimento independente do substrato, migração e invasão”, explica o professor.

O estudo analisou o conjunto de genes expressos (transcriptoma) de 14 tumores pancreáticos e tecido pancreático não tumoral, a partir de amostras extraídas de pacientes. “Para isso, foi feito o isolamento de todos os RNAs, seguido da preparação de bibliotecas para o sequenciamento com alta capacidade”, descreve Reis. “Os dados obtidos no sequenciamento foram submetidos a análises bioinformáticas para reconstruir a sequência dos RNAs expressos no pâncreas e identificar lncRNAs com expressão aberrante nos tumores em relação ao tecido normal.”

Funções

“A partir do sequenciamento com alta resolução dos RNAs ativos em tumores e no tecido pancreático normal, identificamos ‘assinaturas’ de lncRNAs que geram expressão aberrante nos tumores, centenas deles inéditos, não descritos na literatura. Vários deles têm correlação com a sobrevida de pacientes e valor para fazer prognósticos da doença na clínica”, relata o professor. “A análise funcional de um conjunto de lncRNAs em linhagens celulares de tumor de pâncreas mostrou que o silenciamento destes RNAs reduziu características tumorais, como proliferação, migração e invasão, confirmando se tratarem de lncRNAs oncogênicos.”

Imagem mostra processo de identificação de genes de RNAs não codificadores longos (na sigla em inglês, IncRNAs) que desempenham um papel oncogênico, isto é, contribuem para a célula tumoral manifestar características associadas à malignidade do tumor, como alta proliferação, capacidade de crescimento independente do substrato, migração e invasão – Imagem: cedida pelo pesquisador

 

Usando uma abordagem computacional baseada em redes de coexpressão gênica, a pesquisa atribuiu função para diversos lncRNAs oncogênicos, indicando os prováveis processos biológicos onde atuam e que podem ser confirmados experimentalmente. “Validamos essa abordagem mostrando que um desses RNAs, o lncRNA UCA1, é necessário para o reparo de DNA em células tumorais expostas à radiação ionizante”, destaca Reis.

O estudo terá sequência com a investigação do efeito do silenciamento individual e combinado dos lncRNAs oncogênicos descritos no trabalho, usando agora modelos tumorais in vivo. “Para isso utilizaremos uma coleção de xenotumores já disponível em nosso laboratório, gerada a partir de tumores de pâncreas removidos de pacientes e implantados em camundongos imunossuprimidos”, aponta o professor. “Também pretendemos avaliar a presença dos lncRNAs em exossomos, vesículas secretadas pelas células tumorais, e em fluidos biológicos de pacientes com câncer de pâncreas ao longo do tratamento.”

“Esses experimentos serão importantes para avaliar o potencial dos lncRNAs como alvos terapêuticos ou como marcadores para a detecção de doença residual ou reincidente em pacientes com câncer de pâncreas submetidos a tratamento”, salienta Reis. “Dessa forma, além de avançar o conhecimento sobre a biologia desses RNAs, o trabalho também contribui com novos alvos moleculares para o diagnóstico e possíveis intervenções terapêuticas para o controle da doença.”

A pesquisa foi realizada no Departamento de Bioquímica do IQ, com a colaboração de uma equipe multidisciplinar com bioquímicos, biólogos moleculares e celulares, especialistas em bioinformática e médicos de diferentes unidades da USP, e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As amostras clínicas analisadas no estudo foram obtidas no biobanco do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, que também contribuiu com a atuação de médicos da instituição.

Mais informações: e-mail emreis@iq.usp.br, com o professor Eduardo Moraes Rego Reis

Autor: Júlio Bernardes
Arte: Ana Júlia Maciel

FONTE: Jornal da USP

Exposição itinerante de conscientização sobre mieloma múltiplo

A Amgen, que é uma empresa independente de biotecnologia, lançou no dia 11/05, na capital paulista, em parceria com a International Myeloma Foundation, a campanha Mais Próximos Mais Fortes, um movimento de conscientização sobre o mieloma múltiplo.

No Espaço Mieloma Múltiplo – Mais Próximos Mais Fortes, montado no Museu da Casa Brasileira, o público poderá visitar a exposição itinerante. A mostra segue para o Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Brasília (DF) nos próximos meses.

O circuito é composto por três ambientes. Um deles tem um ambiente imersivo, em que imagens gigantes são projetadas em telões e monitores, para que o visitante conheça e entenda, de forma didática, o que é o mieloma, quais são os sinais e sintomas característicos da doença.

A exposição conta também com oficinas de mandalas terapêuticas, ministradas por um instrutor a partir de uma abordagem holística e complementar ao mieloma múltiplo, e um espaço para palestras. Haverá ainda uma abordagem em 360º sobre o mieloma múltiplo, a partir do ponto de vista de quem tem a doença.

Doença

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer do sangue que afeta o sistema hematológico, resultando em complicações principalmente renais e esqueléticas. A doença também acarreta problemas no sangue, como anemia, coagulação anormal, imunossupressão e hiperviscosidade, fadiga, infecção e tromboembolismo venoso, e nos rins, como quadros de proteinúria, hipercalcemia e insuficiência renal, podendo levar à dependência de diálise.

São comuns ainda comprometimentos ósseos, como lesões líticas, osteopenia e hipercalcemia (geralmente os ossos mais afetados são a coluna vertebral, a pélvis e a caixa torácica) além de episódios de dor e imobilidade, o que resulta em dor e impacto na mobilidade.

De acordo com a Amgen, estima-se que o mieloma múltiplo atinja quatro a cada cem mil brasileiros, o que representa, aproximadamente, 7.600 novos casos por ano. Já nos EUA, são 19 mil diagnósticos registrados no mesmo período.

Pesquisa

Dados de uma pesquisa recente realizada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) mostram que, após os primeiros sintomas, 26% dos pacientes levam até um ano para procurar o médico. Também após os primeiros sintomas, 33% e 29% dos pacientes com mieloma múltiplo demoram de seis meses e um ano, respectivamente, para receberem o diagnóstico.

“O espaço itinerante sobre mieloma múltiplo tem o objetivo de mostrar o impacto deste tipo de câncer de sangue, que muitas vezes apresenta sintomas que são confundidos com doenças mais conhecidas por parte das pessoas. Mais do que entender a doença, a ideia da ação itinerante, que estará em outras capitais e será disseminada nas redes sociais da Amgen e dos demais parceiros do projeto, é alertar sobre a conscientização das pessoas em relação à importância do diagnóstico precoce, a partir dos primeiros sinais e sintomas, e da evolução no tratamento, principalmente com a chegada recente de terapias mais modernas”, explicou o diretor-médico da Amgen, Alejandro Arancibia.

Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

FONTE: Agência Brasil

Radiofármacos, congresso aprova fim de monopólio estatal

O Presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, promulgou dia 26/04 a Emenda Constitucional 118, que trata da quebra de monopólio na produção de todos os tipos de radiofármacos ou radioisótopos de uso médico. Até então, o monopólio pertencia à União. A emenda teve a última etapa de aprovação no dia 5 de abril, na Câmara.

“A emenda à Constituição que promulgamos é de vital importância para garantir a universalização da oferta de procedimentos de medicina nuclear a todo território nacional, por meio da autorização de entes privados para, sob regime de permissão, produzir, comercializar e utilizar para pesquisa e uso médicos radioisótopos de meia-vida superior à duas horas”, disse Pacheco durante solenidade de promulgação, ocorrida no plenário do Senado.

Atualmente, a produção e a comercialização desses fármacos são realizadas por intermédio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e seus institutos, como o de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. A quebra do monopólio se dá apenas aos materiais radioativos de uso médico. O monopólio estatal continua para a produção de radioisótopos necessários à agricultura e indústria.

Radiofármacos ou Radioisótopos

Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação e são usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um exemplo é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide.

“O radiofármaco é uma substância radioativa. Quando ela é injetada no paciente para fazer o exame, ela permite uma qualidade do exame muito mais precisa. Possibilita que diagnósticos e tratamento do câncer, diagnósticos cardíacos, diagnósticos da tireoide e outros possam ser analisados e verificados com uma atividade muito mais precoce”, afirmou o deputado General Peternelli (União Brasil-SP), relator da matéria na Câmara.

Na agricultura, os isótopos radioativos são aplicados aos adubos e fertilizantes a fim de se estudar a capacidade de absorção desses compostos pelas plantas. Na indústria, esses elementos são utilizados na conservação de alimentos, no estudo da depreciação de materiais, na esterilização de objetos cirúrgicos e na detecção de vazamentos em oleodutos.

Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil

Tratamento contra o câncer hematológico pode avançar com medicamento aprovado pela Anvisa

O desenvolvimento de uma nova geração de imunoterapias tem feito avançar o tratamento contra o câncer. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro registro sanitário no Brasil para um medicamento que se baseia na coleta e na modificação genética de células imunes. Essa é uma nova opção de produto com tecnologia inovadora que pode complementar os outros métodos já existentes para o tratamento de mielomas e leucemias.

Jornal da USP no Ar 1ª Edição conversou sobre o assunto com o professor Vanderson Rocha, titular da Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador da área de terapias genéticas.

Rocha explica que o medicamento aprovado utiliza células chamadas CAR-T, que são coletadas dos próprios pacientes e modificadas para combater os tumores. “Esse tipo de terapia é uma nova esperança para aqueles pacientes em que todas as armas terapêuticas já foram utilizadas”, afirma.

Primeiro, linfócitos (células de defesa) são retirados do paciente e enviados para uma fábrica nos EUA. Em seguida, essas células são modificadas por meio de um vetor viral, que modifica seu núcleo. Após cerca de quatro semanas, elas retornam como um medicamento infundido nos pacientes.

Foram cerca de 12 anos de pesquisa para a criação desse produto, que também é autorizado em países da Europa, Estados Unidos e Japão. Entretanto, o caráter personalizado e o processo de produção fazem com que esse medicamento seja muito caro. “Raramente será possível utilizá-lo em grande escala no SUS [Sistema Único de Saúde].”

De acordo com o professor, esse medicamento pode custar até R$ 2 milhões, por isso é quase impossível a adoção pelo sistema público. Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto estão trabalhando em um produto próprio para, de alguma forma, baratear a utilização dessas células.

Pesquisas

Segundo Rocha, as perspectivas com a adoção desse medicamento são enormes, não só para o câncer, mas também para outras doenças como lúpus e fibrose. Atualmente, recorre-se a essa terapia somente quando todas outras alternativas já foram utilizadas. “O futuro é trazer essas células um pouco mais na frente do tratamento”, avalia o professor, ao comentar que o melhor momento para o uso do medicamento ainda está sendo pesquisado.

A eficácia do produto nos chamados tumores sólidos (neurológicos, câncer de mama e do pâncreas, por exemplo) ainda está sendo avaliada. O professor lembra que essas pesquisas são muito importantes, mas também muito custosas. “Eu faço um grande apelo para a sociedade e as associações para apoiarem as pesquisas, não só na USP, mas em todas as universidades públicas, para que isso se torne viável para o SUS também.”

FONTE: Jornal da USP

Doenças do coração matam mais mulheres que o câncer de mama

De acordo com Walkiria Ávila, as doenças do coração afetam mais mulheres que homens e possuem fatores agravantes como hipertensão, tabagismo e obesidade

As doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e síndrome do coração partido, são um grande desafio para a saúde feminina e mais da metade das mortes de mulheres são causadas por problemas no sistema cardiovascular. A cardiologista e coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Cardiopatia, Gravidez e Aconselhamento Reprodutivo do Hospital das Clínicas da USP, Walkiria Ávila, fala sobre as causas desse problema e como evitá-lo em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Walkiria constata que, mesmo havendo uma diminuição dessas doenças nas mulheres, elas continuam sendo a principal causa de morte e afetam menos os homens. “A mulher, de forma geral, acha que infarto é coisa de homem. Em 850 mulheres que nós perguntamos ‘Do que você acha que vai morrer?’, 60% achavam que iriam morrer de câncer de mama e somente 18% achavam que seria por doença do coração. E é exatamente o contrário”, revela. Segundo a cardiologista, somente 14% das mortes de mulheres têm como causa o câncer de mama. Isso se deve aos programas para prevenção à doença, os quais são mais escassos no que diz respeito às doenças cardiovasculares.

Sintomas diferentes

A cardiologista também alerta para as diferenças nos sintomas sentidos por homens e mulheres, fator que pode retardar a procura por profissionais da saúde e prognósticos: “Na mulher, os sintomas de infarto são minimizados. No homem, [pode haver] uma dor no peito, na mulher pode não [haver]. A mulher pode ter uma dor na mandíbula, dor nos braços e até uma dor nas costas. E isso passa como se fosse uma dor na lombar”.

Walkiria também alerta para a falta de conhecimento das mulheres sobre sua saúde. Ela informa que hipertensão, tabagismo, obesidade e depressão contribuem para acelerar essas condições e que dietas e atividades físicas são os pilares preventivos das doenças do coração e até cânceres. A cardiologista ainda fala sobre gravidez e questões hormonais: “Isso já começa na puberdade. O uso dos anticoncepcionais, quando não são formulados ou receitados de formas adequadas. A gravidez é um teste à saúde da mulher e nós temos a pré-eclâmpsia, que é a hipertensão da gestação e é a principal causa de morte obstétrica”. “A menopausa, que perde o estrógeno, o protetor cardiovascular, e as doenças começam a se somar”, completa.

A médica incentiva a realização de exames precocemente para o tratamento adequado das doenças cardiovasculares. “Isso aqui é um programa de saúde pública, inclusive trazendo o alerta a essas mulheres à prevenção, e a gente tem uma visão e uma esperança de que futuramente essas doenças tendam a diminuir no sexo feminino também”, afirma.

FONTE: Jornal da USP

Estudo avalia se substância contida em vieiras pode combater metástase

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras investigam se um composto presente em vieiras pode ser usado no combate a metástase.

Com financiamento do Ministério da Saúde, a pesquisa conseguiu estabelecer uma cadeia de produção do molusco – parente das ostras e mexilhões – e uma unidade produtiva piloto para isolar a substância. A próxima etapa é a realização de testes pré-clínicos e clínicos para confirmar a segurança e a eficácia do medicamento proposto em animais e seres humanos.

Segundo o professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ Mauro Pavão, testes feitos em laboratório com ratos e camundongos indicaram que o composto heparán sulfato, presente na massa visceral das vieiras, tem potencial para ajudar na prevenção das metástases, processo em que as células cancerosas se espalham pelo corpo e formam novos tumores.

Pavão explica que, quando as células se desprendem do tumor inicial e circulam pela corrente sanguínea, interagem com as plaquetas, que se colam a elas, protegendo-as da ação do sistema imune. Nos testes com roedores, a substância foi capaz de inibir essa interação em casos de câncer de pele, próstata e pulmão, deixando as células cancerosas mais expostas às defesas do organismo.

A partir desses resultados, já publicados, o biólogo marinho e doutor em bioquímica, em parceria com a Uerj e o Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai Cetiqt), obteve financiamento do governo federal para estruturar toda a linha de produção que permitirá a fabricação do fármaco em quantidade necessária para a etapa de testes, da criação da vieira até o isolamento do composto em laboratório.

Pavão ressalta que, no caminho que o possível novo medicamento pode trilhar até estar disponível nas farmácias, o próximo passo são mais testes com animais e, ainda, experimentos com seres humanos, que precisam ser autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e realizados por uma instituição credenciada pela agência.

“A primeira coisa que a gente tinha que provar é que esse composto podia ser obtido de forma escalonada. Mesmo que tivesse alto valor terapêutico, se não fosse capaz de ser produzido em larga escala, de nada adiantaria. E, com esse estudo, a gente pode dizer que consegue produzir”, explica Mauro Pavão.

O pesquisador destaca que, além dos potenciais benefícios para a saúde, a comprovação da eficácia desse medicamento poderia agregar valor à produção das vieiras na aquacultura, gerando emprego e renda para famílias de comunidades costeiras. “Tem um resultado prático muito importante em um contexto tanto de sustentabilidade quanto de economia social, porque as vieiras podem ser cultivadas em fazendas marinhas por pescadores.”

Produção

Diretor da Faculdade de Oceanografia da UERJ, o oceanógrafo Marcos Bastos participa da pesquisa e acrescenta que a criação de vieiras depende de um meio ambiente preservado, já que esses moluscos precisam de água marinha de alta qualidade para se desenvolver. Bastos explica que, como a substância estudada está presente na massa visceral das vieiras, e essa parte é descartada antes do consumo desses moluscos, o cultivo visando fármacos não representa concorrência com a oferta das vieiras como alimento.

“Essa parte, que chamamos de bainha, sempre foi considerada um resíduo. Às vezes, se utilizava como ração para os peixes, mas muitas vezes era descartada”, acrescenta. “É uma oportunidade que não é só de negócio. Trabalhamos em um alimento que pode ser produzido por comunidades locais, e em um fármaco que a gente espera que pode ser muito importante para mitigar todas essas questões da metástase.”

As vieiras usadas na pesquisa são reproduzidas no Laboratório de Maricultura Sustentável da Uerj em Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro, e, então, enviadas a fazendas marinhas de produtores locais para o manejo e engorda, que dura mais de um ano. Quando prontas para a comercialização, os produtores separam a massa visceral da parte comestível, e essa bainha passa por um processo de ressecamento para ser enviada ao laboratório onde o composto é isolado.

O segundo laboratório envolvido na pesquisa foi criado com o apoio do Senai Cetiqt em uma unidade modular no Parque Tecnológico da UFRJ. De acordo com o coordenador da Engenharia de Processo e Transformação Química no Instituto Senai Inovação em Biossintético e Fibras, João Bruno Valentim, a unidade produtiva foi montada em um contêiner para evitar que ficasse dentro do hospital universitário da UFRJ, onde a pesquisa teve início.

Valentim explica que a unidade modular pode ser operada por apenas duas pessoas e que, caso o medicamento tenha sua eficácia comprovada, uma das possibilidades seria instalá-la em locais próximos da produção das vieiras, o que poderia reduzir custos logísticos, já que cada quilo da bainha ressecada gera apenas 4 gramas do composto ao ser processada.

O coordenador do Senai ressalta que países desenvolvidos, principalmente os europeus, têm se engajado em explorar os oceanos de forma sustentável para gerar matérias-primas renováveis, o que é proposto na pesquisa. “Essa é uma tendência, e o Brasil tem um potencial muito grande por razões óbvias. É só olhar o tamanho da nossa costa.”

Por Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

FONTE: Agência Brasil