Fibromialgia pode causar depressão

Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia

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O especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, afirma que existem estudos cujos resultados mostram que até metade das pessoas que tem dor crônica pode desenvolver quadros depressivos por ter fortes dores.

Oliveira incentiva pacientes que costumam ter fortes dores com frequência a procurarem ajuda para ver se não é algo mais grave. “Estima-se que de 2 a 4% da população mundial tenha quadro compatível com a fibromialgia, o que pode comprometer a qualidade de vida, pois a doença ocasiona fortes dores, o que afeta o humor”. O médico lembra que a doença não oferece risco de vida aos pacientes, mas é recomendável seguir corretamente o tratamento para diminuir as dores.

O programa Saúde sem Complicações é produzido pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Júlia Gracioli, da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e Luiz Fontana. Apresentação de Mel Vieira e direção de Rosemeire Soares Talamone.  Ouça acima, na íntegra, o programa Saúde sem Complicações com o especialista em reumatologia Rodrigo de Oliveira.

Por  Júlia Gracioli

FONTE: Jornal da USP

Frequência de atividades físicas pode ser mais importante do que quantidade

Em um estudo publicado no periódico Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, cientistas da Universidade Edith Cowan, na Austrália, em parceria com duas universidades japonesas, indicaram que atividades físicas de intensidade moderada, se praticadas diariamente, podem ser benéficas para a força muscular.

Durante o trabalho, pesquisadores analisaram três grupos de participantes. Ao longo de quatro semanas, foram realizados exercícios de resistência do braço em contração excêntrica, ou seja, quando o músculo está se alongando; nesse caso, abaixando um haltere pesado em uma rosca direta. “Um grupo fez 30 contrações em único dia na semana e outro fez as mesmas contrações cinco vezes na semana. Eles observaram que aqueles que dividiram essas contrações ao longo da semana, além do aumento da espessura, tiveram um aumento da força muscular em torno de 10%”, explica Tiago Fernandes, professor e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

Profissional com enfoque em bioquímica e biologia molecular do exercício, Fernandes esclarece que os músculos precisam de descanso para melhorar sua força e sua massa muscular. Por isso, é necessário adotar intervalos entre as atividades físicas para que elas sejam eficazes, pautando-se nos princípios do treinamento físico. “Se a gente fizer todas as repetições uma única vez na semana, o nosso sistema não entende que aquela adaptação vai promover feitos funcionais no nosso organismo. Então, geralmente faz-se um estímulo no organismo numa forma sistêmica. Isso é atrelado a um período de recuperação em que o sistema consegue recuperar, em média de 24 a 48 horas, para gerar um novo estímulo”, aponta.

O pesquisador destaca também que pesquisas como essa são necessárias para compreendermos a importância dos exercícios como fator diretamente relacionado à melhoria da nossa saúde e qualidade de vida. “O exercício físico, realizado ao longo dos anos, é capaz de reduzir diversas condições de doenças, índices de obesidade e, consequentemente, acúmulo no cômodo de gordura nas nossas principais artérias do coração, evitando a instauração de placas de ateroma, o infarto à pessoa e melhorando os níveis de diabete”, conta.

A partir dessa descoberta, será possível aprofundar as investigações relacionadas ao bem-estar e à prática de exercícios como uma atividade diária, em vez de uma meta semanal de uma vez por semana, por exemplo. “Você deve começar a se exercitar hoje, não deixe para amanhã. Qualquer tempo em movimento conta, porque movimento é vida”, conclui o professor.

Por Gabriele Koga

FONTE: Jornal da USP

Falta de sexo pode levar a sintomas de sofrimento físico e psicológico

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Tanto a falta quanto o sexo por quem não está interessado são problemas para a saúde e podem afetar a mente e o corpo, além de causar sintomas de sofrimento psicológico. É isso o que diz a fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da USP, Carmita Abdo, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Uma parcela da população sofre com a questão da continência sexual. São indivíduos “completamente desinteressados ou muito pouco interessados”, que têm esses sintomas associados a desbalanços hormonais, como a falta de hormônios sexuais e da tireoide, e acometidos por diabete ou pela depressão.

Em outros casos, essas pessoas podem se sentir pessoalmente desconfortáveis, ou encontram dificuldades em encontrar parceiros. A professora ressalta que “não podemos considerar esses indivíduos como problemáticos”, já que a falta de sexo nesses casos pode não causar quase nenhum mal-estar ou desconforto. E diz que mesmo aqueles que vivem em uniões estáveis podem sofrer com o afastamento das relações sexuais e da sua falta. Nesses casos, a libido é direcionada para outras “atividades”.

Efeitos da pandemia

A pandemia também acabou por tornar as relações sexuais mais difíceis: “A falta de oportunidade na pandemia levou muita gente a iniciar uma atividade virtual”, complementa Carmita, ao mencionar que a dinâmica da atividade sexual vai modificando ao longo do tempo. Além disso, o cuidado com determinadas regiões do corpo, com secreções e com as recomendações de distanciamento durante a pandemia impactaram a forma como as pessoas interagiam.

Ela destaca que a falta de sexo é mais sentida pelos jovens, já que a “frequência sexual é muito maior entre aqueles que estão com 18, 20 e 22 anos”. E, como o sexo envolve a liberação de uma série de substâncias positivas e a “sensação de troca”, essa ausência é sentida a níveis emocionais e biológicos. Os principais sintomas são um estado de irritabilidade e de um quadro depressivo, além da queda de imunidade. “O sexo traz benefícios se for satisfatório para ambos os lados”, como ressalta Carmita Abdo, e para todos esses sintomas há tratamento para a falta de desejo, ejaculação precoce ou dor durante as relações.

FONTE: Jornal da USP

Fórmula de guaraná ajuda a controlar oleosidade da pele e cabelos

Uma fórmula cosmética contendo extrato de guaraná, fruto típico da Amazônia, se mostrou eficaz na redução da oleosidade excessiva e promoção das condições normais de hidratação da pele e cabelos. O estudo Avaliação da pele e cabelos oleosos, desenvolvimento e eficácia clínica de formulações cosméticas contendo extrato de guaraná, que deu origem à formula, foi desenvolvido pela farmacêutica Marcella Gabarra Almeida Leite, com orientação da professora Patrícia Maia Campos, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.

O estudo, conta Marcella, mostra que o uso de produtos com extrato de guaraná em suas formulações, além de reduzir a oleosidade sem causar danos à fibra capilar ou à pele, promove diminuição do tamanho dos poros e de fatores associados à formação de espinhas. “Nós percebemos uma diminuição no número de porfirinas, que são metabólitos da bactéria Cutibacterium acnes, aquela relacionada à formação de espinhas e de outros problemas envolvendo a oleosidade.”

A professora Patrícia ainda informa que a fibra capilar continuou com a maleabilidade e sem ressecamento, bem como os níveis de oleosidade normais na pele, que mantiveram o equilíbrio. Quanto às propriedades que explicam o uso do guaraná em cosméticos, as pesquisadoras afirmam tratar-se de um fruto brasileiro rico em compostos como saponinas e taninos, que conferem atividade detergente e adstringente, além de trazer compostos fenólicos, como catequinas e epicatequinas, que possuem potente atividade antioxidante.

Desta forma, enfatiza a professora Patrícia, utilizar extrato de guaraná no combate da oleosidade representa um passo importante para o desenvolvimento sustentável, principalmente por conta da utilização de produtos da biodiversidade brasileira nos cosméticos na busca de produtos mais inovadores e efetivos.

O controle da oleosidade na qualidade de vida

Os problemas com a oleosidade de pele e cabelos dos brasileiros são considerados “muito relevantes” já que são o principal motivo de procura por dermatologistas no País. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a oleosidade é predominante em 56,5% da população, fato que, segundo as pesquisadoras, justifica os estudos e a busca por soluções.

Outro fato é o de que alterações capilares, em especial as causadas pela produção excessiva de sebo, podem afetar negativamente a imagem e influenciar diretamente na qualidade de vida. Marcella informa que, além dos desconfortos usuais causados pelo aspecto gorduroso e brilhante, a oleosidade pode causar alterações cutâneas como acnes, dermatites seborreicas e comprometimentos na eudermia (estado fisiologicamente normal da pele).

Em números, a oleosidade é considerada normal até atingir 150 microgramas por centímetro quadrado. Apesar disso, a pesquisadora explica que a quantidade de sebo é considerada anormal quando gera incômodo. Marcella conta que os níveis da oleosidade presente na pele são medidos através de um equipamento chamado Sebumeter. “Esse equipamento possui uma fita opaca que fica transparente quando ela está em contato com o sebo presente na pele e aí essa transparência é contabilizada por uma fotocélula que é quantificada”, explica.

Essas medidas de oleosidade fizeram parte do experimento realizado com voluntárias mulheres de 18 a 40 anos com pele e cabelos oleosos. Após a seleção, que procurava por um padrão no nível de oleosidade, as participantes receberam uma formulação básica que foi usada por 15 dias para promover o wash out (tratamento para normalizar as condições do cabelo e pele das mulheres, evitando a influência de outros produtos). Na sequência, passaram por novas etapas de análises.

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Cosméticos, da FCFRP, como parte do doutorado da farmacêutica Marcella. Os pesquisadores estão preparando artigos científicos sobre os achados e, por enquanto, ainda não há perspectivas para o desenvolvimento de formulações comerciais com a fórmula.

Mais informações: e-mails pmcampos@usp.br (com Patrícia) ou marcellagabarra@hotmail.com (com Marcella)

Autora: Laura Oliveira
Arte: Ana Júlia Maciel

FONTE: Jornal da USP

Religião e espiritualidade influenciam índices de qualidade de vida

A influência da religiosidade e espiritualidade na saúde e qualidade de vida de indivíduos é foco de interesse da sociedade há décadas. Enquanto muitos acreditam em benefícios da crença como forma complementar de tratamentos, outros enxergam nela prejuízos para os métodos da medicina tradicional. Nos últimos anos aumentou o número de pesquisas que pretendem resultados mais específicos sobre o tema. Apesar de ainda ser uma área com escassez de publicações objetivas a respeito da aplicabilidade clínica de intervenções religiosas e espirituais, alguns resultados e conclusões já podem ser analisados e pretendidos como padrões.

Nesse contexto se insere o artigo, produzido na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Avaliação da Prática de Terapia Complementar Espiritual/Religiosa em Saúde Mental, de Juliane P. de Bernardin Gonçalves, Giancarlo Lucchetti, Frederico C. Leão, Paulo R. Menezes e Homero Vallada, que analisa estudos já publicados, a fim de encontrar semelhanças entre suas conclusões, juntar os resultados em uma técnica estatística e, então, contribuir para a evolução da pesquisa na área.

As publicações analisadas estudam as intervenções espirituais e religiosas – as IERs – e suas influências na saúde e qualidade de vida, principalmente de pacientes crônicos, mas também de profissionais da saúde e indivíduos saudáveis. Trata-se, porém, de estudos muito heterogêneos, o que, segundo a pesquisadora Juliane Gonçalves, dificulta a sumarização dos dados encontrados numa metanálise. Na maioria dos dados analisados – qualidade de vida, dor, sobrepeso – foi possível somente uma comparação descritiva dos resultados.

Por trabalhar com conceitos amplos, a pesquisa escolheu seguir uma linha de pensamento que define a espiritualidade como valores morais, crença em uma “força maior”, sem a necessidade de alguma filiação religiosa, podendo incluir grupos religiosos específicos e até indivíduos ateus e agnósticos; e a religião como “ligação com o sagrado ou transcendental através de um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos”, como o catolicismo, judaísmo ou islamismo.

 

 

As IERs analisadas se davam, entre outras formas, através de grupos de oração, troca interpessoal, discussões sobre valores morais e éticos, psicoterapia, intervenções com áudio ou vídeo e serviços pastorais. Os estudos comparavam, então, as IERs com técnicas complementares já reconhecidamente benéficas, como meditação tradicional, propostas educativas, yoga e tai chi chuan.

Os resultados obtidos revelaram que as intervenções têm, na maioria dos casos, efeitos ainda mais benéficos dos que os já conhecidos na qualidade de vida dos indivíduos. As IERs estão associadas a redução dos sintomas de ansiedade em pacientes e do nível de estresse e exaustão emocional em profissionais da saúde, diminuição na intensidade do consumo de drogas e nos sintomas de depressão.

Efeito placebo?

Questionada a respeito do “efeito placebo” dessas intervenções, ou seja, efeitos psicológicos que interferem nas respostas do organismo ao tratamento pela crença do paciente, Juliane disse que não é possível precisar a porcentagem desse efeito no resultado das intervenções. Isso porque se trata de ensaios clínicos nos quais há participação e consciência do paciente sobre a técnica aplicada em seu tratamento.

Em testes de efeito placebo em casos de hipertensão, por exemplo, o paciente não sabe qual intervenção recebeu (medicamento placebo ou com princípios ativos): é a prática chamada de “duplo cego”, impossível nos casos das IERs. Isso não diminui, porém, a validade da pesquisa, já que analisa artigos baseados em metodologias mundialmente reconhecidas. Ainda assim, a pesquisadora garante que esses efeitos existem e são importantes fatores de influência.

Juliane conta, ainda, que outras pesquisas publicadas validam os argumentos dos que veem a religiosidade e a espiritualidade como algo prejudicial.

Respostas negativas ao tratamento são observadas quando se encara a religião de forma punitiva, como se a doença fosse um castigo divino ou uma forma de pagar pelos pecados cometidos. Nesses casos, a crença pode contribuir para o aumento nos índices de ansiedade, depressão e até de mortalidade.

A literatura que trata da religião e da espiritualidade na saúde ainda dá seus primeiros passos. Muitas questões, inclusive metodológicas, seguem sem respostas. O que se sabe é que o campo avança nas pesquisas e que elas, via de regra, indicam para consequências positivas de intervenções desse tipo na qualidade de vida dos indivíduos.

Mais informações: e-mail juliane.pbg@usp.br

FONTE: Jornal da USP

Idosos devem adotar cuidados extras com a pele no inverno

A pele dos idosos é naturalmente mais seca e no frio fica ainda mais sensível

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O inverno provoca maior sensibilização da pele por ser um período de baixa umidade do ar, afetando em especial quem tem o subtipo mais seco. É o caso dos idosos, que possuem uma pele menos hidratada por conta da idade. Cuidados com o banho, as roupas e a hidratação são necessários para manter a saúde desse órgão, evitando coceiras e machucados.

A pele é uma barreira importante do corpo contra a entrada de microorganismos que possam causar infecções, além de controlar a perda de água para o meio ambiente e a temperatura. Com o passar dos anos, “nós temos uma diminuição na produção do suor e na lubrificação produzida por nossas glândulas sebáceas, nossas glândulas de gordura”, explica a dermatologista Andrezza Telles Westin, médica assistente do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

“Com isso, nós não temos uma formação de uma barreira adequada na pele, favorecendo com que ela tenha perda de água para o ambiente.” Os danos acumulados ao longo da vida da radiação solar e de hábitos como o tabagismo também aumentam a fragilidade da pele. “Toda vez que perdemos a barreira cutânea e a sua lubrificação”, alerta Andrezza, “ela se torna mais propensa ao desenvolvimento de alergias, de irritações, de dermatite no geral.”

O geriatra Paulo Fernandes Formighieri, também médico do HC-FMRP-USP,  complementa que a elasticidade da pele diminui com o envelhecimento. “A pele tende a ter uma redução da espessura da sua camada, do conteúdo de sustentação.” Nesse aspecto, as mulheres sentem um impacto maior pela queda dos níveis dos hormônios depois da menopausa.

No banho

A hidratação da pele deve ocorrer em todas as épocas do ano, “não só você ingerir adequadamente líquidos durante o dia e se manter com corpo bem hidratado, mas fazer uma hidratação tópica”, lembra Formighieri. No inverno, é preciso lidar com um fator extra: a irritação que a água mais quente do banho causa na pele.

Procurar tomar banhos rápidos, com água morna e sem uso de produtos abrasivos, como esfoliantes e buchas, é a recomendação de Andrezza. Os sabonetes devem ser neutros ou glicerinados, que se aproximam do pH da pele, evitando os antibacterianos, “porque eles mudam a nossa flora de microorganismos que estão protegendo nossa pele”.

Logo após o banho, faça a secagem da pele com uma toalha macia, “sem grandes atritos, para que não tenha ressecamento, até mesmo mais esfoliação pelo atrito com a toalha”, adiciona. Por último, hidrate a pele, principalmente pernas, joelhos, cotovelos e calcanhares.

Os produtos hidratantes disponíveis no mercado são de quatro tipos: os hidratantes propriamente ditos (trazem água até as camadas profundas da pele), os emolientes (deixam a pele com uma consistência mais macia, facilitando a entrada de água; geralmente são os óleos), os umectantes (promovem uma película de umidade na pele) e os oclusivos (diminuem a perda de água para o ambiente). Em geral, os cremes são uma mistura de todos, mas Andrezza ressalta que quem tem pele sensível deve buscar um dermatologista para receber a melhor indicação.

Nas roupas

Considerando o fato de usarmos várias camadas de roupa contra o frio, o que aumenta o atrito contra a pele, outra recomendação para atenuar a sensibilização de uma pele mais frágil é escolher tecidos mais respiráveis. Os naturais são a melhor opção, de acordo com Andrezza. “Os tecidos de algodão, por exemplo, permitem uma maior absorção do creme na superfície da pele, e também a correta transpiração, impedindo que o suor seja um fator irritante na pele do paciente.”

Para evitar a pinicação, busque tecidos macios, “não necessariamente amaciados por amaciantes, mas tecidos que tenham uma leveza, um toque mais agradável”.

Por Luísa Hirata

FONTE: Jornal da USP

Profissional de educação física pode aconselhar uso de suplementos

O Conselho Regional de Educação Física de São Paulo (4ª Região) reconheceu que o profissional do setor tem formação para “aconselhar, informar e esclarecer” praticantes de exercícios físicos sobre uso de suplementos alimentares. A aplicação da medida é válida apenas para o estado de São Paulo.

O reconhecimento vale somente para suplementos que estejam “exclusivamente relacionados” a esse tipo de prática, conforme descrito na Resolução nº 151, publicada no Diário Oficial da União de hoje (12).

Segundo a resolução, o profissional de educação física com formação em bacharelado ou licenciatura/bacharelado tem a formação exigida para aconselhar, informar e esclarecer sobre a área de suplementos alimentares.

De acordo com a resolução, informações e esclarecimentos sobre suplementos alimentares exigem “pleno conhecimento técnico do assunto”, e cabe ao profissional ter responsabilidade ética, civil e criminal quanto aos efeitos dos suplementos na saúde dos praticantes.

O texto diz também que é vedado a esses profissionais “prestar qualquer aconselhamento, informação ou esclarecimento” sobre produtos que usem via de administração que não seja a oral, bem como de medicamentos ou produtos que incluam em sua fórmula substâncias que não atendam às exigências para produção e comercialização regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“O aconselhamento e incentivo ao uso dos recursos ergogênicos farmacológicos por profissional de educação física representa infração ética e pode caracterizar crime contra a saúde pública”, informa a resolução, ao informar que não faz parte das atribuições desses profissionais qualquer proposição ou planejamento de dieta e plano alimentar.

Nesse sentido, diz ainda a resolução, o que pode ser feito pelo profissional de educação física é apenas indicar um “profissional habilitado” para a elaboração de dieta ou plano alimentar.

Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

FONTE: Agência Brasil

A busca excessiva pela juventude eterna é prejudicial para toda a sociedade

Esny Soares indica que a passagem do tempo e o envelhecimento devem ser mais valorizados e que a valorização da juventude é típica da cultura ocidental

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Uma das características da sociedade contemporânea é a busca intensa pela juventude. O passar da idade se tornou um tabu, de modo que as pessoas desejam parecer cada vez mais jovens para se adequar ao padrão de aparência imposto. O envelhecimento é rejeitado e as mudanças de características físicas são desvalorizadas e omitidas. A alta dos procedimentos e da comercialização de produtos estéticos é um exemplo disso.

Esny Soares, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP, analisa os motivos que levam à busca excessiva pela jovialidade: “Historicamente, a ideia de envelhecer sempre foi rechaçada, ficar velho é sinônimo de ficar ultrapassado. A sociedade, de um modo geral, mas especialmente a brasileira, associa o envelhecimento a uma perda, um prejuízo, e nisso está embutido um descrédito do potencial do idoso”.

Em uma sociedade que atrela a beleza à juventude, o envelhecimento é tratado como um enfeiamento ou ruptura com os padrões de beleza impostos. “Todos nós percebemos o preconceito. Para tentar fugir desses estereótipos de que a pessoa idosa é incapaz, ultrapassada, feia e desvalorizada, as pessoas procuram mudar a aparência, como se a aparência tivesse o poder de revelar o valor das pessoas”, aponta o pesquisador.

Envelhecimento

De acordo com Soares, o envelhecimento é visto com maus olhos mais em algumas culturas do que em outras: “No Ocidente, o preconceito contra o idoso é mais descarado. Em uma sociedade de consumo, que privilegia os meios de produção, o idoso é alguém que não tem nada a contribuir, é assim que as pessoas pensam. Todo o seu legado e sua contribuição na sociedade por tantos anos, tudo isso é renegado e o idoso passa a ser considerado como um estorvo para a sociedade”.

A fixação pela juventude também contribui para a prática do ageísmo — também chamado de idadismo, etarismo ou preconceito etário —, que consiste na discriminação por conta da idade. Relatório realizado pela Organização Mundial da Saúde indica que o preconceito relacionado ao envelhecimento atrapalha o processo de aceitação da velhice. Além disso, essa mentalidade pode se refletir em atitudes, políticas, leis e instituições, sendo prejudicial para toda a sociedade.

Existem culturas como as dos países do Oriente, que valorizam o idoso como um patrimônio da família e da sociedade. “Infelizmente, com a globalização, os países do Oriente estão experimentando o que se tem convencionado chamar de ocidentalização de valores. A competitividade, a individualidade e os valores de mercado, tão comuns no Ocidente, já passam a fazer parte das novas gerações orientais e isso pode indicar que a mesma desvalorização do idoso, ocorrida no Ocidente, em algum tempo também possa ser experimentada nas culturas orientais”, comenta o pesquisador.

Padrão imposto

A padronização presente nas redes sociais e meios midiáticos também tem influência nessa lógica. Soares diz que “a mídia supervaloriza a juventude e, mesmo diante do fenômeno do envelhecimento acelerado que nós estamos experimentando no Brasil, valores comerciais ditam os nossos comportamentos. Como consequência, os idosos vão sendo colocados para escanteio e a impressão que se tem é que o idoso é improdutivo, alguém que não contribui em uma sociedade tão dinâmica como a nossa”.

O pesquisador indica que um livro escrito por Oscar Wilde, no final do século 19, é uma obra-prima para falar da compulsão pela juventude: “Em O retrato de Dorian Gray, o personagem principal faz um pacto para não envelhecer e passa a vida toda com a mesma aparência de jovem. Claramente, esse fenômeno descrito por Oscar Wilde se repete nos dias de hoje e apresenta contornos patológicos que contaminaram toda a nossa sociedade”.

Soares sugere que a sociedade não sabe valorizar as fases da vida. “A ideia da fonte da juventude e a negação do envelhecimento traduzem uma sociedade que não aprendeu que cada uma das fases da vida traz consigo uma experiência de descobertas, desafios e realizações. Isso está sendo perdido por uma geração que investe o seu tempo em idolatrar a juventude e deixa passar sob os seus olhos a beleza do envelhecimento com qualidade. Envelhecer não é prejuízo, quem envelhece tem valor e essa fase da vida também pode ser apreciada pelo idoso e pela sociedade”, destaca.

Por João Dall’ara

FONTE: Jornal da USP

O sono é tão essencial para a vida quanto a alimentação

Álan Eckeli diz que a redução da qualidade, extensão ou regularidade do sono pode provocar diversos problemas à saúde e até mesmo risco de morte.

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Dormir é um hábito comum, mas de extrema importância para a vida humana. O sono saudável é essencial para a regulação do corpo, portanto, alterações em sua regularidade são determinantes e podem se refletir em diversos aspectos físicos e mentais de uma pessoa.

O professor de Neurologia e Medicina do Sono, Álan Eckeli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, analisa o papel do sono para o funcionamento do corpo humano: “O sono é essencial para a vida, ele é tão essencial para a vida quanto a alimentação. Se nós dormirmos mal, vamos adoecer e, se nós pararmos de dormir e interrompermos esse fenômeno natural, vamos falecer. Isso demonstra a importância vital do sono para a manutenção da vida”.

Eckeli diz que a redução da qualidade, extensão ou regularidade do sono pode provocar diversos problemas: “Repercute em todo o nosso metabolismo e no nosso funcionamento mental, pode trazer prejuízos quanto à nossa memória, nossa cognição, prejuízos quanto ao nosso humor, deixando-nos mais deprimidos e predispostos a ter fadiga. Também pode alterar nosso ciclo de fome e saciedade, ou seja, aumentando a fome e reduzindo a saciedade”.

O sono é imprescindível para a atividade cerebral, em especial por conta do líquido cefalorraquidiano, líquido que banha o cérebro. “Quando a gente adormece, ele penetra dentro do parênquima cerebral, ou seja, ele entra dentro do cérebro e tira as impurezas do metabolismo cerebral. Esse fenômeno de limpeza do nosso cérebro acontece quase que exclusivamente durante o sono”, aponta o professor.

Durante o sono, as substâncias que atrapalham o funcionamento do cérebro são descartadas. Eckeli cita, como exemplo, a substância neurotóxica beta-amiloide, que está associada ao Alzheimer: “Quando o líquido cefalorraquidiano penetra dentro do cérebro e faz essa limpeza, ele retira a beta-amiloide. Então, uma das funções do sono é promover essa limpeza cerebral, que está relacionada ao melhor metabolismo, à melhor homeostase dos neurônios, das células e de toda a estrutura do nosso sistema nervoso central”.

Dormir de forma irregular é prejudicial em diversos aspectos para a saúde humana. “A curto prazo, dormir pouco, uma, duas, três horas por noite vai trazer sintomas relacionados à sonolência, cansaço, fadiga, mau humor e redução da nossa capacidade de empatia. Essa redução aguda de sono também pode aumentar o apetite, porque altera alguns hormônios relacionados à fome e à saciedade”, indica o professor.

O sono é imprescindível para a atividade cerebral – Foto: Reprodução/Freepik

Outro problema é o aumento das chances de causar acidentes, dormir pouco compromete os estímulos e respostas psicomotoras, assim como pode afetar a memória, por vários motivos, como conta Eckeli: “Quando dormimos mal, ficamos desatentos e, se não prestamos atenção, não aprendemos. O sono é essencial para a consolidação da memória, porque se você estiver se expondo pouco ao sono o processo de consolidação da memória não vai ser tão efetivo”.

Regularidade do sono

O professor destaca o período considerado ideal para o sono. Dormir pouco ou dormir em excesso são situações nocivas para a saúde humana. “Os dois extremos estão associados à mortalidade, fortalecendo para a gente a ideia que existe uma faixa de tempo total do sono ideal ou próxima do ideal, algo entre seis e nove horas, pendendo mais para sete horas. É claro que isso é muito individual, mas do ponto de vista populacional, dormir pouco ou dormir demais pode estar associado à mortalidade”, descreve.

Eckeli comenta sobre os perigos da apneia do sono, doença recorrente no Brasil: “Essa doença pode causar infarto, AVC, arritmias cardíacas e pode ocasionar acidentes. As breves reduções na regularidade do sono vão produzir sintomas, mas não necessariamente doenças, que podem ser parcialmente recuperados se você dormir bem nas noites seguintes. Entretanto, se você ficar exposto a reduções prolongadas do tempo total e da qualidade do sono, você tem um aumento de risco de morte e de outras condições clínicas.”

Outro risco é a possibilidade do desenvolvimento de cânceres. ”A piora da qualidade do sono pode alterar a expressão de alguns oncogenes, que promovem mutações que podem gerar um câncer. Essas alterações no sono também podem inibir outros oncogenes, que seriam protetores para evitar os nossos cânceres, causando um desequilíbrio favorável à incidência de câncer”, salienta o professor.

Eckeli reitera a necessidade de um sono saudável: “Qualquer função cerebral importante o sono modula, ele é essencial para a cognição, ele é essencial para a memória. Não existe um bom funcionamento cognitivo se a pessoa não dorme bem, a gente precisa ter um bom sono, seja de qualidade, seja de quantidade ou regularidade. Isso volta à importância do sono como um agente homeostático que mantém o equilíbrio do organismo e o sono como uma função vital para a manutenção da vida”.

Texto: João Dall’ara
Arte: Adrielly Kilryann

FONTE: Jornal da USP

Chocolate com alto teor de cacau contribui no estado nutricional e conforto de idosos com câncer

Ao apontar associação entre o consumo do alimento e a melhora do estado nutricional, estudo destaca o papel da assistência nutricional – respeitando as preferências pessoais – para pacientes com câncer em cuidados paliativos.

Considerado um dos doces mais queridos em todo o mundo, o chocolate também pode oferecer benefícios para a saúde, especialmente para idosos com câncer em cuidados paliativos, ou seja, sem possibilidade de cura. É o que aponta um estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que sugere que o consumo de chocolate com maior teor de cacau pode contribuir para a melhora do estado nutricional, da funcionalidade e a diminuição de sintomas nesses pacientes.

“Nós queríamos fazer um trabalho de pesquisa que fosse útil para o público-alvo, promovendo melhora nos problemas nutricionais, conforto e prazer. Foi assim que pensamos em estudar o chocolate, que tem uma história antiga na sociedade e que é alvo de estudos na área cardiovascular”, comenta Nereida Kilza da Costa Lima, médica geriatra, professora da FMRP e orientadora do estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study.

A pesquisa foi realizada com 46 pacientes idosos com câncer em cuidados paliativos em tratamento no Serviço de Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP). Todos os voluntários receberam tratamento padrão e foram divididos em três grupos, um com pessoas que não receberam chocolate, outro de pessoas que consumiram 25 gramas diárias de chocolate com 55% cacau e, por último, aquelas que ingeriram a mesma quantidade de chocolate branco.

“Nós coletamos os dados sociodemográficos e informações do estado de saúde, com exames laboratoriais e da avaliação nutricional dos participantes antes e após quatro semanas da intervenção, usando ferramentas específicas e validadas na comunidade científica”, explica Josiane Cheli Vettori, que é nutricionista, doutora pela FMRP e primeira autora do estudo.

Os voluntários tinham média de 67 anos de idade e 43,5% estavam em risco de desnutrição ou estavam desnutridos antes do início do trabalho. “No final do estudo, observamos que os índices das avaliações nutricionais foram aumentados significativamente. A elevação teve significância clínica e não houve indivíduo classificado como desnutrido após a intervenção, evidenciando que, possivelmente, a intervenção nutricional pode ser capaz de reduzir a perda de peso em pacientes com câncer em estágio avançado melhorando o estado nutricional”, conta.

Alimentação como conforto em cuidados paliativos

O câncer é a segunda principal causa de mortes no mundo, com 9,6 milhões de vítimas em 2018, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde. “Diante desse cenário, cresce a preocupação com o impacto da nutrição em pacientes com câncer em cuidados paliativos. Assim, a alimentação como preservação do estado nutricional, prevenção da desnutrição e promoção de conforto são importantes”, conta a nutricionista Josiane.

Além de nutrir o corpo, a alimentação está associada às memórias, conexão com amigos, autonomia e prazer. “O suporte nutricional deve ser adaptado para atender às necessidades e desejos de cada paciente, pois eles são únicos quanto aos valores, história, desejos, lembranças e necessidades nutricionais e emocionais”, ressalta.

Ela ainda conta que a assistência nutricional é importante para o controle dos sintomas durante o tratamento oncológico e deve ser realizada pela equipe de saúde junto com o paciente, familiares e cuidadores. Para isso, é preciso que os profissionais de saúde tenham criatividade e sensibilidade para respeitar as preferências, verificar o acesso a determinado alimento e outras necessidades envolvidas no ato de se alimentar, como dentição e controle motor para segurar talheres.

“Antes de recomendar o chocolate, é importante observar as preferências alimentares, que são altamente pessoais, e pensar em conjunto com a equipe multiprofissional, familiares e paciente para entender se faz sentido no tratamento, se é algo que ele gosta e se tem acesso”, reforça a nutricionista.

Chocolate branco pode não ser um vilão

Há quem diga que o chocolate branco não é chocolate por ele ser produzido com a manteiga do cacau e não com a massa usada na fabricação do chocolate ao leite e daqueles com mais teor de cacau. Apesar do rótulo de vilão, cientistas buscam entender quais são os efeitos do alimento e quais propriedades podem ser benéficas.

“Nos surpreendeu que o chocolate branco, que é sempre visto como sem efeito, contribuiu para a melhora dos voluntários do nosso estudo. Ele demonstrou ter efeito benéfico no estresse oxidativo, que causa danos celulares; melhora na inflamação e nas reservas corporais. Agora a comunidade científica precisa continuar pesquisando quais são e os impactos de possíveis componentes positivos desse tipo de chocolate”, diz a professora Nereida.

O estudo Effect of chocolate on older patients with cancer in palliative care: a randomised controlled study foi publicado em janeiro na BMC Palliative Care. Além de Nereida e Josiane, o trabalho conta com autoria de Luanda G. da Silva, Karina Pfrimer, Alceu A. Jordão, Paulo Louzada Junior, Júlio C. Moriguti e Eduardo Ferriolli.

Texto: Giovanna Grepi
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP