Você sabe o que é encefalopatia traumática crônica?

A encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência do pugilista, é uma doença neurodegenerativa que é provocada ou desencadeada por repetidos traumatismos na cabeça ou no crânio. Alguns boxeadores famosos, como os brasileiros Maguila e Éder Jofre e o estadunidense Muhammad Ali, desenvolveram a doença ao longo de suas carreiras. Porém, não são apenas os lutadores que podem desenvolver esse tipo de encefalopatia e seus sintomas podem ser confundidos com outros tipos de doenças cerebrais.

O médico, professor e pesquisador Vitor Tumas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, especialista na área de Neurologia, especialmente nas áreas de Transtornos do Movimento e Neurologia Comportamental, explica que a encefalopatia traumática crônica foi inicialmente descoberta em lutadores de boxe no início do século 20, mas atletas de outros esportes que possuem repetitivos traumas na cabeça, como o rugby, o futebol americano e até mesmo o futebol, podem ser alvos da doença. Segundo Tumas, ela também foi descrita em veteranos militares que participaram de treinamentos em áreas de conflito ou propriamente em conflitos bélicos.

Tumas e outros especialistas no assunto acreditam que a encefalopatia traumática crônica seja causada pela exposição repetitiva ao traumatismo de crânio, como uma pancada, um golpe, uma sacudida violenta na cabeça, que faz com que o cérebro se mova bruscamente dentro da caixa craniana. “Esse tipo de movimento súbito de aceleração e desaceleração pode provocar estiramento das fibras nervosas, romper pequenos vasos e causar pequenas lesões no tecido cerebral. Esses traumatismos são mais evidentes na chamada concussão cerebral, quando, logo após o trauma, o paciente fica meio confuso, desorientado ou perde os sentidos por alguns segundos”, afirma o pesquisador.

Os repetitivos traumas, segundo Tumas, vão provocando um acúmulo de alterações que desencadeiam um processo inflamatório. A partir de um certo ponto, isso começa a provocar a deposição de diversas proteínas anormais no cérebro, sendo a principal a TAU fosforilada. Esse processo, a longo prazo, se torna irreversível e progressivo.

Sintomas, relações com outras doenças cerebrais e diagnóstico

Os sintomas gerais provocados pela demência do pugilista são tonturas e dores de cabeça crônicas. O paciente também pode desenvolver sintomas mentais como perda de memória e dificuldade de raciocínio, além de problemas motores como lentidão, rigidez dos músculos, alterações na fala e desequilíbrio. Segundo Tumas, as características principais são alterações comportamentais de depressão, ansiedade, agressividade, impulsividade e até paranoia.

“Os sintomas da doença podem imitar muito as doenças psiquiátricas, como o Alzheimer, em várias fases do acometimento, e os pacientes têm uma tendência muito forte ao suicídio. Esses sintomas começam leves e vão evoluindo progressivamente e o paciente vai ficando cada vez mais comprometido e dependente. Por causa dessa complexa combinação de sintomas e o histórico de traumatismos cranianos repetitivos, pode ser a chave para se pensar no diagnóstico”, explica Tumas.

O diagnóstico da doença ainda é complicado. Conforme explica o professor, ainda não existem exames que confirmem um diagnóstico clínico durante a vida do paciente, ele é totalmente baseado na suspeita clínica e no histórico de traumatismo de crânio repetitivo. “Geralmente, a doença costuma afetar adultos e idosos, com início dos sintomas ainda na fase adulta. Existem alguns casos também de jovens que desenvolveram a doença. A frequência ainda não é bem estabelecida, e depende do diagnóstico por autópsia”, explica o professor.

Prevenção e diminuição de sintomas

O principal fator, alerta Tumas, é a prevenção do problema, uma vez que a doença não tem cura. Quem pratica esportes de risco como lutas, rugby, futebol americano e o futebol deve ter atenção a esse problema e ser orientado a tentar reduzir o impacto desses traumas.

Um fato importante, por exemplo, é que há mais risco para desenvolver a encefalopatia traumática crônica se o intervalo entre um traumatismo e outro for muito curto, por exemplo, quando um jogador de futebol bate a cabeça, continua jogando e tem outro traumatismo no mesmo jogo. “Por isso hoje há uma recomendação para que sempre que algum jogador tenha um trauma na cabeça, mesmo que seja aparentemente discreto, ele precisa de atendimento imediato. Caso haja uma concussão nítida, ele deve sair do jogo para evitar um novo trauma em curto espaço de tempo”, explica o professor.

O médico e pesquisador alerta que é sempre importante que familiares, ou o próprio paciente que desenvolve sintomas característicos desse tipo de encefalopatia, procurem um médico e citem que foi exposto aos traumatismos de crânio durante um período da vida. A doença ainda não tem um tratamento específico ou maneiras de bloquear sua progressão, a intervenção é na tentativa de amenizar os sintomas.

Durante a fase inicial, segundo o professor, é mais fácil controlar a doença com o uso de medicamentos. Já nas fases avançadas, é um quadro de demência muito mais difícil de ser contido. “Veja que o mais importante é prevenir o problema, até porque não sabemos qual é o ponto de conversão, de virada, de quando aquele número de traumatismos  se transforma num quadro definitivo”, afirma Tumas.

Fatos curiosos sobre a doença

O professor Tumas conta uma história interessante, relacionada ao jogador de futebol Bellini, capitão da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo da Fifa de 1958, na Suécia. Bellini tinha sintomas da doença de Alzheimer, mas, por conta do histórico de ele ser futebolista, os médicos suspeitaram da hipótese da demência do pugilista. Quando Bellini faleceu, em 2014, sua família concedeu autorização para realização da autópsia, que confirmou o diagnóstico da encefalopatia traumática crônica. Segundo Tumas, ela pode acontecer simultaneamente a doenças degenerativas como o Alzheimer. No caso do jogador, houve dificuldade no diagnóstico.

Outro fato ainda em pesquisa, conta Tumas, é a questão das subconcussões. O estudo é para saber se, por exemplo, cabecear a bola no futebol, mesmo que não haja nenhum sintoma imediato, possa levar a microtraumatismos que, se repetitivos, eventualmente possam evoluir para um quadro de encefalopatia traumática crônica. “Não temos uma certeza sobre isso, porém sabe-se que jogadores de futebol têm uma chance de desenvolver essa doença. Mas, se cabecear a bola sem sentir nada é um fator de risco, supõe-se que sim. Por conta disso, nos Estados Unidos, existe uma recomendação para que crianças só iniciem treinamentos de cabeceio no futebol acima de dez anos de idade para evitar as subconcussões desde a juventude”, conclui Tumas.

Por Eduardo Nazaré

FONTE: Jornal da USP

Estudo revela novo mecanismo para instalação da dor neuropática

A famosa dor do nervo ciático, como é popularmente conhecida, é um entre muitos exemplos da dor neuropática, problema crônico que prejudica a qualidade de vida e para o qual ainda não existe medicação específica. Ao investigar a questão, um grupo de cientistas da USP e de instituições dos Estados Unidos descobriu um novo mecanismo, envolvendo células do sistema imunológico e as membranas do sistema nervoso central (meninges), ligado ao desencadear da dor neuropática. Os achados, publicados em artigo da revista The Journal of Clinical Investigation, abrem espaço para a pesquisa e desenvolvimento de terapias específicas contra o problema.

A principal descoberta do estudo, segundo Thiago Mattar Cunha, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo, é que as meninges, que são membranas que recobrem o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal, o SNC), têm células que participam do processo de cronificação da dor neuropática. Chamou a atenção dos pesquisadores o fato de que essas células, chamadas de dendríticas, integram o sistema imunológico.

Cunha conta que buscaram com o estudo trazer novos conhecimentos para ajudar a desenvolver terapias “não apenas para tratar os sintomas, mas atacar a dor na origem, impedindo que ela se cronifique”.

Meninges e células dendríticas

Para realizar o estudo,  foi utilizado modelo animal (camundongos) com lesão em um nervo periférico, o ciático, reproduzindo o mesmo tipo de lesão traumática que a de um ser humano, para investigar e entender os mecanismos envolvidos.

Cunha explica que, após a lesão, as células dendríticas presentes nas camadas exteriores do SNC “aumentam a produção de um determinado tipo de enzima, a indoleamina 2, 3-dioxigenase (IDO1), que produz vários metabólitos, substâncias biológicas com atividade pró-dolorosa, ou seja, que aumentam a dor”.

Com esses resultados, avalia o professor, foi possível demonstrar um papel ainda desconhecido para as meninges e também para as células dendríticas, o que abre portas para o desenvolvimento de fármacos que possam bloquear a produção desta enzima e impedir que ela produza metabólitos que estimulam a dor.

Novas moléculas

A identificação do novo mecanismo encoraja os pesquisadores a desenvolver novas moléculas, a partir das já existentes no mercado, e também a pesquisa com aquelas advindas de produtos naturais. A busca é por uma molécula que seja capaz de bloquear, seletivamente e com boa potência, a produção dos metabólitos que aumentam a dor neuronal. A tarefa que se inicia conta com a participação de pesquisadores da FMRP e do Laboratório Nacional de Biociências localizado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.

Estima-se que a dor neuropática afete em torno de 10% da população mundial. Cunha conta que o problema é causado por uma lesão em algum nervo, em especial os sensitivos, que leva a informação dolorosa para o sistema nervoso central (SNC).

Entre os diferentes estímulos que desencadeiam a dor neuropática, o professor cita traumas mecânicos, compressão ou lesão por um corte do nervo (cirurgias, por exemplo) e o uso de fármacos, como quimioterápicos. Ele cita ainda as doenças metabólicas, como diabete, e doenças autoimunes, como esclerose múltipla, entre aquelas que podem despertar a dor neuropática.

O professor Cunha avalia que a equipe ainda tem uma longa jornada pela frente, mas acredita que essa nova descoberta traz boas perspectivas para um futuro tratamento da dor neuropática, que atinge milhares de pessoas pelas mais diversas razões, e que ainda não tem tratamento.

Mais informações: e-mail thicunha@usp.br, com Thiago Mattar Cunha

Texto: Ana Beatriz Fogaça
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Vitamina D pode estar ligado a tumor da glândula adrenal

Resultados ainda são de testes em laboratório, mas podem explicar relação do controle genético da vitamina D no desenvolvimento e comportamento maligno do tumor da glândula adrenal em crianças.

Experimentos realizados na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP avançam no entendimento dos mecanismos de formação e crescimento de tumores adrenocorticais (da glândula suprarrenal ou adrenal) em crianças. A adrenal é responsável pela produção de diversos hormônios e o tumor que ataca essa glândula possui, no Brasil, a mais alta incidência do mundo em crianças.

Os estudos recém-publicados pela equipe da FMRP mostram relação do tumor com mudanças no padrão de metilação (processo bioquímico que ocorre no DNA e regula a expressão dos genes), de expressão do gene VDR, que codifica o receptor da vitamina D, e também no perfil de metilação global das células tumorais, que é uma informação sobre o status de metilação — positiva/aumentada ou negativa/reduzida — de múltiplas regiões do genoma das células tumorais, indicando um comportamento mais maligno.

Entre os principais mecanismos observados pelos pesquisadores está a menor quantidade do gene VDR quando comparado com pacientes normais. “Detectamos a redução de sua expressão, mas também buscamos entender o que causa essa expressão reduzida. Uma das possibilidades é a alta metilação do gene que decodifica o VDR, que é um processo biológico que silencia ou expressa genes do nosso DNA. Mas ainda não sabemos por que isso ocorre e, por isso, são necessários estudos complementares para ampliar a compreensão”, afirma Sonir Antonini, professor do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP e coordenador dos estudos.

Os achados sobre a quantidade desses genes, informa Antonini, foram obtidos de amostras de 108 pacientes pediátricos acompanhados em hospitais terciários no Estado de São Paulo, como o Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP) e Centro Infantil Boldrini em Campinas, e estão descritos no artigo Vitamin D receptor hypermethylation as a biomarker for pediatric adrenocortical tumors publicado em abril deste ano no European Journal of Endocrinology.

Já os resultados dos ensaios pré-clínicos in vitro (laboratoriais) e in vivo (modelo animal) foram relatados no artigo Vitamin D receptor activation is a feasible therapeutic target to impair adrenocortical tumorigenesis, publicado na Molecular and Cellular Endocrinology, e mostram o impacto da expressão do VDR sobre o crescimento das células tumorais. Neste estudo, avaliaram o padrão da metilação (processo de modificação química do DNA que impede a expressão do gene) do VDR em células de tumor adrenocortical.

Antonini afirma que o grupo observou ainda haver “íntima relação entre o VDR e o sistema da via Wnt/Beta-catenina”, outra via importante na formação destes tumores e foco de estudo do grupo. “Fomos capazes de, nos testes in vitro, modular a expressão do VDR e verificar sua associação com o crescimento de células tumorais”, continua o professor, afirmando que estes achados abriram caminhos para estudar modelo animal de xenoenxerto tumoral, que é a implantação de células e desenvolvimento do tumor humano em camundongos. E, nestes modelos animais, verificou-se que o estímulo do gene que regula a vitamina D (VDR) – com administração subcutânea de injeções de vitamina D ou análogos nos animais – foi capaz de reduzir significativamente o crescimento tumoral.

Estes estudos foram realizados por Ana Carolina Bueno de Queiroz Arruda, que é nutricionista, pós-doutoranda da FMRP e primeira autora dos artigos. “Estes achados pavimentam o caminho para, numa fase posterior, comprovar esses efeitos em humanos”, informa Ana Carolina.

Análise da metilação global do genoma tumoral

Outro estudo publicado pelo grupo de pesquisadores analisou o padrão de metilação de todos os genes do genoma humano e observou que é possível, a partir de ferramentas computacionais, identificar grupos de pacientes com tumor adrenocortical agressivo e também aqueles menos agressivos. A diferenciação, aponta Antonini, está na metilação, que é importante para expressão ou silenciamento de genes.

“Nossos dados obtidos nos pacientes brasileiros são muito robustos e mostram que o padrão de metilação é um preditor independente do comportamento tumoral. Para confirmar isto, replicamos nossos achados em um grupo de pacientes internacionais, principalmente dos Estados Unidos, e os resultados foram os mesmos. Além disso, identificamos possíveis novos genes que podem ser usados como prognóstico por estarem envolvidos na formação e crescimento desses tumores e que iremos continuar investigando em estudos futuros”, conta o professor.

O artigo DNA methylation is a comprehensive marker for pediatric adrenocortical tumors foi publicado na Endocrine-Related Cancer e sua primeira autora, Ana Carolina Bueno de Queiroz Arruda, recebeu uma das principais premiações nacionais da área de endocrinologia no Congresso Brasileiro de Metabologia (CBEM) realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) em setembro de 2022. O grupo recebeu a premiação de Melhor Estudo na Área Translacional e Básica apresentado no evento científico. Este trabalho também recebeu, em outubro, o Prêmio Slep de trabalho oral apresentado no congresso da Sociedade Latino-Americana de Endocrinologia Pediátrica (Slep).

Os três estudos integram o projeto temático Mecanismos fisiopatológicos e moleculares de tumorigênese: abordagem baseada em plataformas de sequenciamento em escala genômica. Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto é coordenado pela professora Margaret de Castro e tem como pesquisadores principais os professores Antonini e Léa Zanini Maciel, todos da FMRP. Além da colaboração com diversos pesquisadores da FMRP e do Centro Infantil Boldrini da Unicamp, estes estudos contam com análises de bioinformática realizadas em parceria com o professor Ricardo Vêncio, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Entenda o que são os tumores adrenocorticais

Os tumores adrenocorticais são neoplasias (tumores que surgem após um aumento anormal na quantidade de células) no córtex da glândula adrenal, que fica acima do rim. Ou seja, são tumores localizados em um componente do nosso sistema endócrino responsável pela produção de diversos hormônios, como cortisol, aldosterona, androgênios (hormônios masculinos) e as catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina).

A doença, explica a nutricionista Ana Carolina Arruda, tem causas genéticas ligadas ao gene TP53 e é rara, sendo responsável por cerca de 0,2% de todos os cânceres pediátricos. No Brasil, no entanto, “a incidência dos tumores adrenocorticais é até 18 vezes maior e, por isso, é importante continuarmos estudando, já que, até o momento, não há marcadores moleculares prognósticos robustos para a condição”.

A maioria das crianças com esta doença apresenta sinais de excesso hormonal, como puberdade precoce e ganho de peso com parada no crescimento. “A remoção cirúrgica do tumor é o único tratamento potencialmente curativo para pacientes com a doença localizada e o tratamento com quimioterápicos e droga adrenolítica têm efeito limitado na maioria dos pacientes com a doença avançada”, conclui o professor Antonini.

Mais informações: e-mail antonini@fmrp.usp.br ou acarolinabueno@usp.br

Texto: Giovanna Grepi e Rita Stella
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP

Infecções bacterianas ainda estão entre as doenças que mais matam no mundo

Pesquisa publicada na revista científica The Lancet, em novembro, demonstrou que mortes por infecções bacterianas ainda despontam como a segunda principal causa de morte no mundo. Em 2019, estima-se que ocorreram 13,7 milhões de mortes relacionadas com infecções. Mas o maior problema não mora aí: dessas, mais da metade foram causadas por apenas 33 patógenos.

Isso significa que 13,6% de todas as mortes em 2019 foram causadas por essas bactérias e, dentre essas, apenas cinco delas causaram quase metade de todas as mortes por bactérias investigadas. Elas também são responsáveis por 56,2% de todas as mortes relacionadas à sepse.

“As doenças infecciosas eram a principal causa de morte no mundo todo no início do século passado e isso foi se transformando em virtude das melhorias sanitárias, como o tratamento de água e esgoto, o controle da qualidade da produção dos alimentos e também o advento das vacinas e o desenvolvimento dos antibióticos, que passaram a ser produzidos em grande escala na década de 40”, diz Valéria Cassettari, médica infectologista e coordenadora do Controle de Infecções Hospitalares do Hospital Universitário.

Por que ainda tantos morrem?

O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Marcos Boulos, explica que o número elevado de mortes tem a ver com as características replicativas das bactérias. “Algumas bactérias, de modo geral, e alguns protozoários replicam muito rapidamente. Mais rápido e mais fatal, na maior parte das vezes”, diz.

Mesmo com esse avanço, as fatalidades poderiam ser bem menores. Dentre as causas para o ainda alto número de mortes por infecções bacterianas, destaca-se o atendimento tardio, diagnóstico não específico, maus hábitos alimentares e fragilidades de saúde, que implica na piora do quadro caso haja uma bactéria.

Valéria lembra também que, entre os patógenos que mais matam, dois deles, Staphylococcus aureus e Escherichia coli, estão entre os microrganismos que naturalmente habitam o corpo humano. “São bactérias que estão presentes no nosso organismo como colonizantes na pele e no trato gastrointestinal. Em algum momento ocorre uma fragilidade das nossas defesas e elas acabam causando doenças”, diz.

 

Staphylococcus aureus e  Escherichia coli – Fotos: Scientific Animations; NIAID/Wikimedia Commons

Não é difícil adquirir uma dessas bactérias, mas é complicado tratá-las. Por isso, apresentam-se como um problema mundial de saúde pública. Nilton Erbet Lincopan Huenuman, professor livre-docente do Departamento de Microbiologia no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, ressalta que muitas vezes as infecções são tratadas “empiricamente”, ou seja, um só protocolo é aplicado independentemente de exames certeiros ou bactérias diferentes. Isso pode levar à morte o paciente que não recebeu o tratamento adequado.

Problemas no sistema de saúde

Outro aspecto revelado pelo estudo é que países com uma maior renda per capita registraram as menores taxas de morte por infecções bacterianas, enquanto regiões com menores rendas foram as mais afetadas. Um exemplo é a região da África Subsaariana. Isso mostra a importância de um tratamento eficaz e de qualidade dentro de facilidades médicas públicas e privadas.

“Os maiores desafios do sistema de saúde para o atendimento adequado às doenças bacterianas são, em primeiro lugar, disponibilidade de equipe capacitada em número suficiente de profissionais para atendimento nos serviços de urgência, para que o diagnóstico seja feito rapidamente e com precisão”, pontua Valéria.

Exames de cultura de sangue e de urina, por exemplo, também estão entre os desafios: muitas vezes não há como fazer. Além disso, depois de coletados, devem ir a bons laboratórios para que um diagnóstico certeiro possa ser feito bem como a identificação correta das resistências a antibióticos. Por fim, a infectologista lembra que muitos pacientes com infecções necessitam de cirurgias de urgência, medicamentos vasoativos e monitoramento 24 horas por dia: “Nós temos esse problema que é uma carência permanente de leitos de UTI”.

 

É de extrema importância procurar por atendimento médico assim que sintomas de infecção aparecerem  Foto: stefamerpik/Freepik

Cuidados

Por isso, é de extrema importância procurar por atendimento médico assim que sintomas de infecção aparecerem. Eles são: tosse, espirro, febre, inflamação, catarro, fadiga, entre outros. Boulos ainda lembra que hábitos saudáveis de alimentação são fundamentais para que as bactérias, principalmente as oportunistas, não encontrem terreno fértil para sua replicação.

Divulgação

Um curso para capacitar professores de ensino médio sobre resistência bacteriana aos antibióticos está sendo organizado por Valéria e Lincopan, uma parceria entre o Hospital Universitário e o Instituto de Biomédicas II. O curso será presencial, com seis aulas teóricas e duas aulas práticas em laboratório, e acontece do dia 3 a 25 de março de 2023: às sextas, as aulas vão das 19h às 21h e, aos sábados, das 9h às 11h. A parte teórica será no Hospital Universitário da USP e a prática será no Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

As inscrições estão abertas até o dia 17 de fevereiro. Basta preencher o formulário de inscrição e enviar o comprovante de professor de ensino médio com especificação da disciplina ministrada para o e-mail cecex@hu.usp.br.

Por Julia Estanislau

FONTE: Jornal da USP

Corpo humano possui mecanismos para se adaptar aos efeitos do calor

A tontura, a perda de apetite e o aumento da produção de suor são meios que o corpo humano possui para regular a temperatura corporal durante os dias mais quentes do ano.

Principalmente no final do ano, no término da primavera e início do verão, as temperaturas aumentam e a sensação de sempre estar com calor aparece. “A maior parte dos problemas por temperaturas ambientes muito elevadas é observada na primavera ou no início do verão, e não no pico dessas estações. Isso se dá porque a gente ainda não tem, no início, esses mecanismos de adaptação ao calor totalmente estabelecidos“, comenta o professor Luiz Guilherme Branco, do Departamento de Fisiologia, Morfologia e Parasitologia Básica da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da USP.

O calor não provoca somente sensações, mas também sintomas como falta de apetite, aumento da sudação e tontura em algumas pessoas. Mas como e por que isso acontece?

Funcionamento

A temperatura corporal tende a se manter em equilíbrio sempre, por volta de 36,5ºC, no frio ou no calor. Para controlar esse valor, o corpo humano possui ferramentas responsáveis por aferir qual o tamanho da regulação, como explica Branco: “A termorregulação se baseia na existência de termorreceptores que detectam variação da temperatura ambiente na pele. Essas informações são levadas até o sistema nervoso central e são processadas no hipotálamo, assim, ajustes termorregulatórios são finalmente feitos”.

O fato de pessoas de regiões mais quentes se adaptarem “melhor” quando comparadas às de outras pode ser explicado pela adaptação: “O sistema termorregulatório de indivíduos adaptados ao calor se torna um pouco mais eficiente tanto na geração de suor quanto no fluxo sanguíneo cutâneo, que se torna um pouco maior também. Essa adaptação leva o indivíduo a ter um estresse térmico relativamente menor frente à mesma temperatura ambiente em relação ao indivíduo não adaptado”, diz o professor.

Os sintomas semelhantes até mesmo aos de uma virose são os efeitos da manutenção da temperatura corporal em equilíbrio. Como esse controle é inevitável, existem apenas formas de auxiliá-lo, fazendo com que o organismo não precise de tanto esforço para regular a temperatura.

Efeitos

A tontura, a perda de apetite e o aumento da produção de suor são mecanismos para a regulação da temperatura corporal durante o calor. Branco analisa a ocorrência desses eventos: “A tontura, via de regra, é comum. Ela é relacionada à queda da pressão arterial causada tanto pelo aumento do aporte sanguíneo cutâneo, ou seja, o sangue vai para perto da pele a fim de aumentar a perda de calor, como pela desidratação que esses indivíduos apresentam”.

A questão do apetite, coloca Branco, é fruto de uma demanda metabólica menor, já que não há a necessidade de gastar energia para produzir calor nos dias quentes, logo, tem-se uma tendência de comer menos. Já o aumento do suor está relacionado com a perfusão cutânea: “Por meio da ativação de glândulas sudoríparas, que acontece com o aumento da perfusão cutânea (fornecimento de sangue à região próxima à pele), aumenta-se a capacidade de transferência de calor para o meio”, pontua o professor.

Para diminuir esses efeitos, Branco dá algumas dicas: “Ajustes comportamentais protegem a nossa saúde. Por exemplo, quando a gente está adaptado ao calor, passamos a aumentar a ingestão de água, a evitar alimentos muito pesados, a preferir alimentos ricos em água como frutas frescas, a usar roupas mais leves, a usar chapéus, a buscar sombra, a usar aparelho de ar condicionado, ventiladores, etc. São um conjunto de alterações comportamentais que acabam beneficiando a nossa saúde“.

FONTE: Jornal da USP

Ancestralidade africana pode amenizar risco genético do Alzheimer

A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência, síndrome caracterizada pela deterioração progressiva das funções cognitivas, que acarreta problemas na memória, atividades funcionais, pensamento e comportamento, tornando-se mais comum com o avanço da idade. Embora o conjunto completo de causas ainda seja desconhecido, é sabido que certos genes podem aumentar o risco de desenvolvimento do Alzheimer, e um novo estudo indica que um deles, o gene APOE, pode ter seu impacto relacionado à ancestralidade dos indivíduos.

Trata-se de uma pesquisa realizada em parceria entre o Laboratório de Fisiopatologia do Envelhecimento (Gerolab) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com o Departamento de Genética da USP. Nela, foi investigada a complexa interação entre genética, lesões no tecido do sistema nervoso e cognição funcional em uma amostra de 400 indivíduos afetados pela patologia do Alzheimer com diferentes níveis de gravidade.

“Os resultados dessa pesquisa nos ajudam a entender como o principal fator genético para a doença de Alzheimer, que é a apolipoproteína E, se associa a essa condição de forma diferente entre pessoas que têm ancestralidade africana e aquelas que não têm uma grande quantidade dessa ancestralidade”, diz Claudia Kimie Suemoto, professora da Disciplina de Geriatria da FMUSP e pesquisadora do Biobanco para Estudos em Envelhecimento da faculdade.

A apolipoproteína E é codificada pelo gene APOE, que desempenha papel-chave no metabolismo de lipídeos, e cuja variação APOE4 é um dos principais fatores genéticos reconhecidos para a predisposição ao desenvolvimento da demência.

“Já se sabia há anos que a APOE4 é uma das variantes comuns com maior efeito sobre Alzheimer”, diz Michel Naslavsky, professor do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP e primeiro autor do estudo. “O que tem se evidenciado recentemente, graças a estudos mais inclusivos com populações não europeias, é que o APOE4 pode ter um efeito atenuado a depender da ancestralidade.” Assim, embora esse gene aparente ter efeito danoso em todos os grupos populacionais, indivíduos com mais ancestralidade africana seriam menos suscetíveis ao seu impacto.

Ambiente e genética

Segundo a literatura médica, pessoas com ancestralidade africana costumam ter menor acúmulo de lesões no tecido do sistema nervoso associadas ao Alzheimer. No entanto, quando essas lesões estão em grande quantidade, essa ancestralidade se associa a uma pior habilidade cognitiva. Nos EUA, por exemplo, a incidência de demências é cerca de duas vezes maior em afro-americanos do que em brancos e outras minorias.

“Grande parte das diferenças se dá por conta de exposições ambientais variadas”, comenta o professor Naslavsky. “Ainda assim, sabemos que há distinções genéticas em indivíduos que se autodeclaram brancos e negros devido a múltiplas ancestralidades.” O pesquisador ressalta que a complexidade aumenta quando se analisa países mais miscigenados, a exemplo do Brasil, onde muitos possuem APOEs de diversas origens.

A aposta dos cientistas é que, ao se identificar o papel relativo do APOE em cada população, será possível entender melhor as alterações funcionais no corpo que ocorrem em decorrência da doença de Alzheimer.

O próximo passo da pesquisa, segundo a professora Claudia Suemoto, será “continuar coletando mais casos de Alzheimer para aumentar a amostra e fazer outros estudos genéticos, não só com a apolipoproteína E, mas com outros genes candidatos de risco para essa doença”.

O estudo foi publicado em 7 de setembro de 2022 no periódico Molecular Psychiatry e pode ser conferido em: https://www.nature.com/articles/s41380-022-01729-x

Da Assessoria de Comunicação da FMUSP

FONTE: Jornal da USP

Proteínas são essenciais para o bom funcionamento do organismo humano

Você  sabe exatamente por que as proteínas são importante para a alimentação? O que elas fazem no corpo? Quais seus benefícios? O que a deficiência delas causa?  As proteínas são formadas por aminoácidos que contribuem justamente para o crescimento dos tecidos.

A nutricionista Patrícia Campos Ferraz,  da Faculdade de Saúde Pública da USP e mestre em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, explica o quanto a proteína é importante na formação do nosso corpo.

Apesar de todos os seus benefícios, ela sozinha não completa uma alimentação saudável, por isso é importante o balanceamento com outros alimentos. Atletas que desejam ganhar massa magra e aumentar a definição muscular apostam em uma dieta rica em proteína.

Consumo diferenciado

A especialista explica como deve ser feito o consumo de  proteínas, principalmente por quem pratica esportes. Essa fórmula muda quando o assunto são idosos e crianças. Nesse caso, a alimentação é diferenciada. A deficiência de proteínas no organismo pode causar problemas sérios.

As pessoas que têm intolerância à proteína animal podem procurar um nutricionista para fazer um acompanhamento justamente para não ter problemas no futuro. A proteína também repõe a energia que foi perdida, auxilia a defesa do organismo, faz o transporte de substâncias pelo corpo e atua no sistema nervoso. Nosso cérebro precisa de uma quantidade de proteínas para que funcione bem, ativando as funções cognitivas.

FONTE: Jornal da USP

Insulina semanal pode trazer conforto a pacientes diabéticos num futuro próximo

Cem anos após o primeiro uso de insulina no tratamento do diabete, novidade substituiria dose diária, na visão de Maria Elisabeth Rossi da Silva.

O metabolismo humano controla variadas funções, inclusive a regulação da taxa de glicose (glicemia) no sangue. No corpo humano, o hormônio com essa função é a insulina. A escassez ou deficiência na atuação da insulina resulta em diabetes mellitus, uma doença que atinge 16,8 milhões de brasileiros, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Como tratamento, os pacientes são indicados a aplicar uma dose diária de insulina e, em alguns casos, uma dose extra. Contudo, o futuro do tratamento da doença é promissor, uma vez que está sendo desenvolvida uma insulina basal. “Temos hoje insulinas que a gente chama de  insulina basal, que mantém um nível constante de insulina durante todo o dia, mas essa insulina dura 24 horas. Então, o paciente tem que aplicá-la todos os dias, e a semanal vai trazer esse conforto”, esclarece Maria Elisabeth Rossi da Silva, chefe da Unidade de Diabetes do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Para o paciente do tipo 1 da diabetes mellitus, caracterizada pela origem autoimune – as células de defesa do corpo atacam o pâncreas, responsável pela produção da insulina –, “a insulina basal vai dar tranquilidade para o paciente, mas ele vai ter que continuar utilizando a [insulina] rápida nas refeições”, explica. No caso do tipo 2, presente em 90% dos diabéticos, a síndrome está relacionada ao envelhecimento das células do pâncreas, que podem diminuir a produção da insulina. “O paciente com diabete tipo 2 realmente vai se beneficiar e vai poder fazer o uso apenas dessa aplicação injetável uma vez por semana”, diz ela.

A novidade ainda está na fase três de pesquisa: “É uma confirmação da padronização da insulina [basal] e uma confirmação de que ela traz benefícios”, elabora Maria. Os resultados apresentados pela tecnologia têm atuação semelhante ou até mesmo superior à insulina diária, conta ela. A previsão de chegada ao mercado é até 2024.

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Como se prevenir?

Assim como uma vasta gama de doenças, o diabete também tem três principais causas a serem pontuadas. A primeira delas é o aspecto genético: “Alguns genes favorecem o aparecimento do diabete, mas talvez o mais importante não seja isso”, avalia Maria Elizabeth. Ela se refere aos outros dois fatores que favorecem o surgimento da doença, a obesidade e o sedentarismo.

Em comparação com 2006, a atual população obesa no Brasil dobrou em frequência, afirma ela: “Nós tínhamos 11% da população com obesidade [em 2006] e hoje nós temos 22%”. A relação direta deste dado com a porcentagem de diabéticos também é uma questão de preocupação. Quinze anos atrás, “tínhamos 5,3% da população com diabete e hoje nós temos quase 10%”.

Por sua vez, a prática de atividades físicas reduz a glicemia. Em altos níveis, a taxa de glicose no sangue pode levar a complicações na saúde, adverte. “O paciente com diabete tem o risco maior de hipertensão, doença cardíaca, angina, infarto, acidente vascular cerebral ou de doença renal e alguns pacientes podem até progredir para diálise”, exemplifica.

Para uma boa qualidade de vida, Maria sugere atividades físicas, o controle da taxa de glicose e cuidado com os níveis de lipídios, como colesterol e triglicérides. “E essa insulina nova que vai ajudar no controle. Mas, para a prevenção, o que nós temos de mais forte ainda é aquilo da atividade física e exercício”, conclui.

FONTE: Jornal da USP

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Por que ureia alta é ruim?

Assim como a creatinina, a ureia também é uma substância presente na corrente sanguínea e suas taxas são medidas pelo exame de sangue, principalmente quando é preciso fazer uma avaliação da função renal.

Você já ouviu falar de ureia antes? Tinha alguma ideia de que ela está associada à sua função renal? Pois é, no texto de hoje vamos falar um pouco mais sobre isso e sobre o teste de ureia e porque é importante realizá-lo.

A ureia e a importância da sua dosagem

Bom, como dito antes, a ureia é uma substância que quando identificada em níveis elevados pode significar alterações na sua função renal. Quando os rins começam a funcionar inadequadamente e não filtram o sangue da maneira correta, a concentração de ureia no sangue acaba se elevando. Quanto mais elevada, mais grave pode ser a doença renal.

A ureia compõe um metabólito nitrogenado derivado da desintegração de proteínas do organismo, 90% disso é eliminado pelos rins e o resto é eliminado pelo trato gastrointestinal e pela pele.

O ciclo para eliminar a ureia é:

É muito importante realizar a dosagem de ureia, uma vez que elevações nos níveis sanguíneos são um sinal de mau funcionamento dos rins. O método mais eficiente para se diagnosticar precocemente as doenças do rim é através da dosagem da creatinina

Além disso, algumas doenças podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de problemas renais:

  • Hipertensão;
  • Diabetes;
  • Doença policística renal;
  • Glomerulonefrites;
  • Infecção urinária de repetição;
  • Cálculos renais de repetição.

Um aviso importante: não é porque você não sente dor nos rins e urina bem que você não possa desenvolver uma doença renal.

As doenças renais nem sempre causam sintomas antes da sua fase avançada. A dor nos rins, por exemplo, pode estar relacionada apenas a algumas doenças. Assim como os sintomas, o fato de urinar bem não te garante uma boa saúde renal. Mesmo sem conseguir filtrar as toxinas, os rins ainda podem manter o controle de água corporal, eliminando a água sem nenhum problema.

Mais uma vez, a diminuição do fluxo urinário já pode ser um sinal tardio de que existe algo de errado com os seus rins.

Teste de ureia e seu preparo

O teste de ureia ou teste de nitrogênio ureico no sangue, é um exame de sangue comum para medir os níveis da ureia e entender melhor a sua função renal.

Esse nitrogênio é o responsável por indicar quando existe algo errado com os rins, se ele estiver acima dos níveis normais, fique em alerta. 

Por que o teste é pedido?

  • Quando se suspeita de uma doença renal não específica;
  • Para verificar como os rins estão funcionando.

Independentemente da idade, é possível fazer esse teste.

FONTE: Blog Programa FazBem

O que é acidente isquêmico transitório, AIT?

Um acidente ou ataque isquêmico transitório (AIT), como o sofrido pelo comediante Renato Aragão na última quarta-feira (7), é como um acidente vascular cerebral (AVC) que se encerrou antes de causar danos permanentes às células do cérebro. Sua ocorrência deve servir de alerta de que o risco de um AVC pode ser iminente.

Presidente da Rede Brasil AVC e da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), a neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins explica que o AIT é como um pré-AVC, porque indica que há um risco muito alto de acidente vascular cerebral em 48 ou 72 horas.

Assim como no AVC, no AIT, um coágulo ou placa de gordura chega aos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e causa um entupimento, fazendo com que as células daquela região cerebral parem de trabalhar. O resultado são sintomas como paralisia de um lado do corpo, dificuldade de fala e de compreensão, tontura e até perda de visão, que pode acometer um ou ambos os olhos.

No caso do AIT, a partícula que obstrui a artéria se dissolve ou se desloca em um tempo muito curto, fazendo com que a situação de isquemia seja transitória e termine sem deixar sequelas. A neurologista alerta que o perigo é achar que não há com o que se preocupar com o fim dos sintomas.

“É como a angina, no caso do coração, em que o paciente tem uma dor no peito e melhora, mas aquilo é sinal de que o vaso está entupido ou semientupido e pode ocorrer um infarto. O AIT é a mesma coisa. É um alerta de que alguma coisa não está bem e também uma chance de fazer o tratamento rápido e não ter um AVC.”

A médica explica que o AIT pode ser um episódio realmente rápido, com duração de menos de um minuto, mas também pode demorar mais de uma hora. Os sintomas chegam e vão embora subitamente, mas o risco de algo mais grave permanece.

“É um sinal de alto risco, se não houver tratamento. E a chance maior de ter um AVC é nos primeiros três dias. Por isso, deve-se ir ao hospital no mesmo dia e ser atendido de urgência”, afirma a médica, que acrescenta que o paciente deve ser internado para passar por exames e iniciar o tratamento preventivo.

Oportunidade de tratamento

Pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino , o neurologista Gabriel de Freitas ressalta que a busca de atendimento médico deve ser tão urgente quanto no caso de suspeita de um AVC, porque o trabalho de investigação das causas do AIT deve começar o quanto antes, para prevenir o risco de uma isquemia mais grave.

Diante de um caso de AIT, os médicos buscam entender qual foi a causa do ataque isquêmico, identificando a fonte do coágulo ou da placa de gordura. Ao mesmo tempo, é iniciado o tratamento preventivo com medicações que afinam o sangue e reduzem o colesterol.

De acordo com o neurologista, o AIT é menos comum que o AVC, pois, muitas vezes, a pessoa que sofre o AVC não foi alertada por um episódio de AIT anterior. Quando isso ocorre, o médico destaca que o paciente está ganhando uma oportunidade de se proteger.

“Se durou dois minutos, ou se durou uma hora, a importância é a mesma: tem alguma coisa no organismo que precisa ser investigada e tratada o mais rápido possível. Mesmo que a pessoa tenha melhorado totalmente, tem que procurar um serviço hospitalar, porque o risco de ter um AVC nas próximas 48 horas é muito alto”, acrescenta Freitas.

A Rede Brasil AVC alerta 90% dos casos de AVC são evitáveis, mesmo que o envelhecimento e fatores genéticos possam aumentar os riscos. Questões de saúde como hipertensão, diabetes e depressão podem ser tratadas e reduzir as chances de sofrer uma isquemia. Parar de fumar, não abusar do álcool, praticar atividades físicas, reduzir o consumo de açúcar, sais e gorduras e controlar o excesso de peso corporal também estão entre as mudanças capazes de minimizar o risco de doenças cérebro-vasculares.

Tipos de AVC

Os episódios classificados como AVC podem ser divididos em dois tipos: o isquêmico, em que o entupimento da artéria faz faltar sangue em alguma parte do cérebro; e o hemorrágico, quando o vaso sanguíneo se rompe e o sangue é derramado sobre o tecido cerebral. O primeiro tipo é o mais comum, correspondendo a algo entre 80% e 85% dos casos.

A busca rápida de atendimento médico é essencial porque, a cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios, o que, ao longo de horas, pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória e prejuízo à fala.

A Rede Brasil AVC recomenda prestar atenção aos sinais mais comuns de que alguém pode estar sofrendo um AVC ou AIT: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. A dor de cabeça intensa é mais comum nos casos de AVC hemorrágico e rara em casos de AIT.

FONTE: Agência Brasil