Deixar de fumar pode aumentar a qualidade de vida de hipertensos

O tabagismo é o responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas anualmente. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), quase 1,1 bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda e o fumo passivo é tão perigoso para a saúde quanto a exposição ativa ao cigarro.

Um estudo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas aponta que parar de fumar pode reduzir a pressão arterial de hipertensos em apenas 12 semanas. Pesquisadores avaliaram cerca de 360 pessoas, sendo 113 hipertensos. Segundo Jacqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo em Cardiologia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da USP, o estudo concluiu que o indivíduo hipertenso que abandona o tabagismo apresenta maior qualidade de vida.

Estudo

Para a compreensão do estudo é necessário entender que o tabagismo não é uma causa direta da hipertensão arterial. Contudo, é possível notar que o sujeito hipertenso, quando deixa de fumar, apresenta melhor nível de pressão arterial. “Existem pouquíssimos estudos que avaliam e acompanham o fumante ao longo do tempo. Parar de fumar é uma questão difícil, apenas dizer que o cigarro faz mal não faz com que as pessoas deixem de fumar”, explica Jacqueline.

Ela reforça que o estudo em questão comprovou que o paciente que realiza um tratamento para a hipertensão e deixa de fumar apresenta uma queda de 10 mm na pressão arterial. Segundo Jacqueline, “o paciente chega mais perto da meta de tratamento sem precisar adicionar mais um medicamento, ação que é realizada na maioria dos casos”.

Para a regulação da hipertensão arterial, o ideal seria uma pressão arterial diastólica menor que 85 mmHg e sistólica menor que 130 mmHg. “Quando estamos tratando um paciente que tem pressão alta, nós tentamos nos aproximar desses valores”, reforça a especialista. Jacqueline comenta também que, contrário à crença popular, o problema não é resolvido apenas por meio de medicamentos, mas é também necessário prevenir problemas futuros.

Tratamento 

Além disso, é necessário entender que parar de fumar não é apenas uma decisão, mas um processo para quem é viciado. A médica explica que são aplicadas técnicas comportamentais para a redução do consumo para indivíduos que desejam abandonar o tabagismo. Uma delas é a “técnica do castigo”, que consiste em pedir para que o paciente escolha uma área distanciada para fumar e que realize o consumo olhando para a parede. “Pedimos isso para que o ato de fumar qualifique-se apenas como uma necessidade química.”

Juntamente à medicação adequada, o método possui 70% de adesão e permite que o paciente deixe de fumar de forma adequada e confortável. Assim, o estudo aponta ganhos relevantes para a solução da questão.

FONTE: Jornal da USP