Novo medicamento para tratamento de câncer de tireoide

Incorporado recentemente ao rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS), Lenvima (mesilato de lenvatinibeé o novo medicamento para câncer de tireoide destinado a pacientes que já passaram por iodoterapia e não obtiveram sucesso no combate à doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma patologia da tireoide e aproximadamente 60% desse número não sabe que tem problemas na glândula. No Estado de São Paulo, são cerca de 8 mil casos por ano.

Problemas comuns da tireoide

De acordo com Marco Aurélio Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o problema mais comum da tireoide é o hipotireoidismo, uma inflamação na tireoide que pode acontecer após um processo viral ou períodos de longo estresse. O problema do hipotireoidismo é seguido dos nódulos no pescoço: “A maior parte deles são benignos e os que são malignos são a menor parte dos nódulos, são menos de 20%. Na ergonomia do ser humano, o câncer de tireoide representa 3%”.

Esses problemas, bem como o câncer de tireoide, podem ser identificados em exames de rotina. Kulcsar também ressalta que eles são curáveis e possuem diversas opções de tratamento à disposição do paciente.

Identificação do câncer 

Como parte fundamental da descoberta da doença, está o papel do médico ao saber examinar seus pacientes: “Quando faz o exame da tireoide, o importante é o médico da unidade básica de saúde saber examinar o pescoço, apalpar um pescoço, não fazer ultrassonografia aleatória”, diz Kulcsar. A partir dessa primeira análise do médico, se encontrado um nódulo, ele deve encaminhar o paciente para ultrassonografia e, se o nódulo for suspeito na ultrassonografia, deve-se fazer a punção. Na identificação do câncer é necessário fazer cirurgia.

“A cirurgia é fundamental. Há exceções que vão usar lenvatinibe. É o caso daquele doente que tem uma doença mais grave desde o começo. Provavelmente, esse doente tinha um nódulo pequeno que cresceu muito rápido, deu metástase para pulmão ou mesmo para osso e que não responde ao tratamento tradicional para essa metástase a distância. No pulmão e osso o radioiodo funciona muito bem ou às vezes até a radioterapia externa, principalmente para osso, mas quando não tem resposta e continua evoluindo, essas drogas imunobiológicas vão lá e bloqueiam por uma atividade imunitária”, explica.

A incidência de câncer de tireoide é maior em mulheres. No entanto, quando acomete homens, pode ser mais agressivo. Para Kulcsar, mais importante do que aprovar drogas como tratamento é aprovar testes moleculares para medir a gravidade das doenças, mudando a forma de tratamento ou até antecipando o uso de medicamentos como o Lenvima. Esse seria o próximo passo para o avanço dos tratamentos de câncer.

Lenvima e expectativa de vida 

O novo medicamento não proporciona a cura, mas diminui o avanço do câncer. “Tem pacientes que fizeram um tratamento cirúrgico, às vezes voltou a doença, às vezes faz um segundo tratamento cirúrgico, fez uma ou duas vezes iodo radioativo. Quando você já fez essa dose e essa doença pulmonar ou alguma doença do pescoço, apesar de operada, continua crescendo, você usa essa droga, o lenvatinibe ou Lenvima, e ela bloqueia o crescimento da doença”.  Kulcsar explica que ao fazer esse bloqueio tem-se um aumento da qualidade de vida do paciente e o medicamento não causa tantos efeitos colaterais quanto outros medicamentos utilizados anteriormente.

FONTE: Jornal da USP

Cuidados paliativos precisam avançar para oferecer qualidade de vida a um maior número de pessoas

O papel dos cuidados paliativos para pessoas que chegam ao final da vida sem o devido bem-estar e dignidade é fundamental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), das cerca de 56,8 milhões de pessoas que precisam de cuidados paliativos em todo o mundo, incluindo 25,7 milhões que estão no último ano de vida, apenas 14% são atendidas de forma a receberem tratamento que proporcionem melhoria na qualidade de vida do paciente, dos familiares e amigos próximos.

Considerar a morte um processo natural ainda é um tabu. No entanto, a medicina, alinhada a outros pilares como a psicologia e a espiritualidade, reconstroem essa cultura ao implementar os cuidados paliativos para proporcionar bem-estar de pacientes terminais ou com uma doença crônica potencialmente fatal.

A professora Marysia Prado De Carlo, do curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP explica que se trata de uma abordagem interprofissional para poder compreender os processos vividos pelos pacientes em todas as suas dimensões, sendo elas físicas, emocionais, sociais e espirituais.

Além disso, a especialista avalia que existe um equívoco sobre quando o cuidado paliativo deve ser aplicado e a quem. Segundo ela, a abordagem pode ser oferecida em qualquer etapa do desenvolvimento da doença. “Estudos internacionais têm mostrado que quanto mais precocemente for oferecido o cuidado paliativo melhor a resposta do paciente e melhores condições de vida ele vai ter enquanto houver vida”, explica.

A terapeuta defende que, desde o diagnóstico de uma doença potencialmente fatal, o portador tenha o acesso necessário a todo tipo de cuidado paliativo de modo a melhorar sua qualidade de vida, o seu bem-estar, o correto manejo da dor, dos sintomas e do sofrimento espiritual existencial. “Então é sempre importante destacar que o cuidado paliativo não é falar de morte o tempo todo, é falar de vida, de qualidade de vida”, pontua.

Segundo a OMS, os cuidados paliativos são necessários para uma ampla gama de doenças. As mais comuns entre os adultos são as doenças cardiovasculares (38,5%), o cancro (34%), as doenças respiratórias crônicas (10,3%), aids (5,7%) e diabete (4,6%).

Além disso, a organização aponta que muitas outras condições podem exigir cuidados paliativos, incluindo insuficiência renal, doença hepática crônica, esclerose múltipla, doença de Parkinson, artrite reumatoide, doença neurológica, demência, anomalias congênitas e tuberculose resistente a medicamentos.

Pilar essencial 

Durante o recebimento dos cuidados paliativos a família do paciente exerce um papel fundamental e, para isso, essa rede de apoio também precisa ser cuidada pelos profissionais. “A família também sofre muito quando há um diagnóstico de uma doença potencialmente fatal, ela tem que ser cuidada também”, declara Marysia.

De acordo com a professora, os familiares do paciente participam da definição de todos os processos relacionados ao tratamento, desde as opções em relação ao que a pessoa deseja para o seu final de vida até o local de morte. “A família tem que ter um papel ativo nesse processo, não só para ajudar a pessoa adoecida a viver de uma forma melhor, como para ela ser acolhida dentro das próprias necessidades.”

Tratamentos clínicos

Por mais que a abordagem dos cuidados paliativos permita que os pacientes tenham maior qualidade de vida, bem-estar e alívio de sintomas, o médico generalista Vinicius Akio Suzuki destaca que isso não exclui os tratamentos clínicos. Para ele, é de extrema importância o entendimento de que se complementam. “Essa noção é fundamental para a quebra do principal paradigma que nos deparamos no dia a dia: a culpa e o abandono por parte da família”, reflete.

Diferentemente de outros países já desenvolvidos, os latino-americanos têm uma cultura própria de abordagem sobre valores de vida e sua terminalidade. “Quando o doente já está crítico e no leito de terapia intensiva, nos deparamos com a fragilidade dele e de muitas famílias também. Acolher as necessidades daqueles que estão de partida como também daqueles que ficam é fundamental para que tenhamos mais humanidade no mundo”, argumenta Suzuki.

“Dentro da perspectiva paliativa a estratégia terapêutica é importante, ter alicerces em seu pilar, mas as necessidades humanas acabam por ser muito mais complexas, tendo que lidar não somente com físico, mas também com mental, emocional, social e espiritual”, finaliza.

FONTE: Jornal da USP

A importância da reposição de colágeno para a pele e para as articulações

O colágeno é essencial para homens e mulheres que, a partir dos 45 anos, deveriam fazer sua reposição no organismo. Essa é uma proteína que forma a matriz da pele junto com outras proteínas e tem uma importância na função das juntas e da estética. Patrícia Campos Ferraz, nutricionista, mestre em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, cita que “o colágeno é muito importante e estrutural, apesar de ser nutricionalmente de baixa ou menor qualidade e de não ter todo o perfil de aminoácidos que nosso corpo não consegue produzir, conhecidos como aminoácidos essenciais”.

Por volta dos 50 anos, o colágeno deixa de ser produzido ou acontece uma grande redução de sua produção no corpo, o que torna a pele madura, com menos hidratação e mais rugas. A nutricionista destaca que a proteína, “de acordo com pesquisas que a gente vê, pode ter algum efeito, ainda que pequeno, na questão da hidratação, na diminuição de rugas e também na melhora da mobilidade das articulações. É importante salientar que suplementos de colágeno que possuem esse efeito, documentados em vários artigos científicos, sempre estão associados à vitamina C, que entra também na síntese do colágeno, um nutriente importante, e ao silício, que é um mineral bastante importante para síntese da proteína, além de outros antioxidantes associados”.

Suplementos orais a partir dos 45 anos

Evidências científicas demonstram que, a partir dos 45 anos, é indicado usar suplementos orais de colágeno, porque os alimentos não conseguem suprir sua deficiência. “Os efeitos positivos descritos com suplementação de colágeno são muito variáveis, mas, grosso modo, entre 2,5 g a 10 g de colágeno por dia. Na alimentação é um pouco difícil a gente conseguir colágeno peptídeo, de colágeno isolado nessa quantidade, mas existem suplementos no mercado comercializados com essa quantidade padrão de mais ou menos 10 gramas por envelope”, destaca Patrícia.

A princípio, a proteína do colágeno é segura. Não apresenta efeitos colaterais, além de fazer parte do nosso corpo. Ela está muito presente na nossa alimentação através de gelatina ou de várias fontes proteicas. “As pessoas comem proteína em grande quantidade e os aminoácidos de todas as proteínas teoricamente também podem servir para aumentar ou propiciar a síntese de colágeno. Acontece que a maior oferta de hidróxido e prolina, que são os aminoácidos contidos nos peptídeos de colágeno, além de outros nutrientes, parece ter um efeito um pouco diferente das proteínas da dieta em si.” A reposição de colágeno sempre deve ser feita com acompanhamento de um profissional de saúde. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto existe um grupo que estuda os efeitos de suplementos de colágeno e outros nutrientes na firmeza da pele.

FONTE: Jornal da USP

Inteligência artificial auxilia desenvolvimento de antibiótico contra superbactéria

Inteligência artificial (IA) ajuda a criar antibiótico contra superbactéria mortal, a Acinetobacter baumannii, segundo os pesquisadores dos EUA e do Canadá. Esse avanço mostra como a tecnologia pode ser aliada na criação de novos medicamentos mais rapidamente.

O professor Max Igor Banks, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), ressalta o trabalho de estudiosos no desenvolvimento do modelo matemático responsável por testar os compostos para o antibiótico. “Esse trabalho foi superimportante ao tentar mostrar caminhos para a seleção e desenvolvimento de compostos que possam ser ativos contra bactérias de alta resistência”, comenta.

Desafios do tratamento

De acordo com Banks, o enfrentamento de doenças bacterianas é um desafio, uma vez que se torna difícil o desenvolvimento de antibióticos que sempre funcionem. Essa problemática tem relação com o mecanismo de escape desses seres, ou seja, um processo natural de criação de resistências das bactérias. “O que acontece é que, com o tempo, esses antibióticos passam a não funcionar porque as bactérias vão desenvolvendo o mecanismo de resistência e isso acaba, por vezes, limitando as opções de tratamento”, alerta o professor. Além da Acinetobacter baumannii, outras bactérias como Pseudomonas aeruginosa e a Staphylococcus aureus são denominadas superbactérias.

Todavia, Banks esclarece que não se trata de microrganismos necessariamente muito agressivos, o termo “super” está relacionado com o tratamento difícil devido à sua alta resistência a medicamentos. Assim, apesar de existir um meio de combate dessas, há uma certa dificuldade de curar a infecção.

Uso do medicamento

“Podemos colocar, por vezes, o antibiótico como um mal necessário”, declara o professor, uma vez que, mesmo combatendo a doença, a droga também pode selecionar uma bactéria resistente. Banks explica que essa seleção ocorre inevitavelmente por conta de remédios ativos que combatem um grande número de seres e não só o responsável pela infecção.

Dessa forma, o trabalho desenvolvido tenta buscar medicamentos que enfrentem microrganismos específicos, a fim de evitar uma disbiose, ou seja, um desequilíbrio nas bactérias boas. “Então, se você conseguir ter um antibiótico que mata só aquela bactéria que está causando problema e conseguir identificar, seria positivo”, discorre o professor.

Contribuição da IA

O auxílio da tecnologia foi importante para o desenvolvimento desse medicamento com ação específica no que tange o processo de descoberta e testagem. Segundo Banks, primeiramente, é necessário a população entender como se dá o processo de criação do antibiótico.

“Você vai procurando sinais de atividade nos vários compostos químicos que existem. Então você cultiva bactéria juntamente ao composto para ver se a bactéria cresce frente a ação dele. Vai testando até achar alguma coisa que possa ter utilidade”, explica. Assim, a partir de uma base de dados de inúmeros testes com diversos compostos, criou-se um modelo matemático para que a IA tentasse prever se algumas combinações funcionariam ou não diante de determinadas bactérias.

Com esse modelo, o processo de pesquisa e testes é acelerado, visto que, com a triagem de compostos com maior potencial de sucesso, o número de possibilidades é reduzido. Banks relata que existe uma importante relação entre os conhecimentos do ser humano e os meios disponibilizados pelas tecnologias.

FONTE: Jornal da USP

Nova perspectiva para pessoas com atrofia muscular espinhal

Estudo da USP constatou que pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME) conseguem se adaptar às limitações decorrentes da doença; atividades descritas podem auxiliar profissionais a enxergarem estratégias dos pacientes como ‘capacidade eficiente’

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença progressiva que tem como sintoma principal a fraqueza muscular. Ela pode ocasionar problemas de mobilidade, respiração, na fala e deglutição. A causa da doença é hereditária e está relacionada a um defeito no gene produtor da proteína SMN, responsável pela sobrevivência dos neurônios motores. Mesmo diante das limitações impostas pela condição, um estudo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP constatou que pessoas com a doença são capazes de realizar adaptações nos movimentos corporais para executar tarefas motoras.

A pesquisa foi realizada por Ana Angélica Ribeiro de Lima, sob orientação do professor Edison de Jesus Manoel. O estudo contou com a participação de nove pessoas diagnosticadas com AME, com diferentes níveis de competência motora. A cada quatro meses, durante um ano, os participantes enviavam vídeos realizando uma tarefa de mudança de postura: de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente.

Ao final, foram observadas adaptações para que a tarefa fosse concretizada mesmo com as limitações motoras presentes. Essas adaptações envolviam, principalmente, a utilização dos membros superiores para se puxar pela roupa, coxa ou borda da cama, ou empurrar o colchão para auxiliar na transferência de posição. No entanto, cada participante realizou uma estratégia diferente para transferir-se para a postura sentada.

Tarefa realizada pelos voluntários consistia em transferir-se da postura de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente – Fotos: Reprodução/EEFE

Ana Angélica explica que esses comportamentos já são amplamente relatados em outras doenças, como nas distrofias musculares, mas sempre são vistos e descritos como movimentos compensatórios. Sob essa nova perspectiva, foi possível considerar que essas adaptações são como uma capacidade eficiente e inteligente do organismo para superar as limitações impostas pela doença.

Segundo a pesquisadora, os resultados trazem uma nova perspectiva para o desenvolvimento motor de pessoas com AME: a importância de enxergar esses corpos como capazes e criativos, tanto quanto os de pessoas sem deficiência. O estudo também permite enxergar aqueles com doenças progressivas como corpos capazes de explorar o ambiente de maneiras diversas.

“É crucial compreender que não existe um ‘modo correto’ de se movimentar, uma vez que essas pessoas apresentam variações consideráveis entre si e encontram diferentes estratégias para solucionar problemas motores. Além disso, os profissionais podem se beneficiar ao ter acesso a descrições detalhadas dessas diversas estratégias, a fim de aplicá-las no tratamento de seus pacientes”, conclui a pesquisadora.

A tese, intitulada Adaptação motora em pessoas com atrofia muscular espinal em relação à gravidade da doença, foi apresentada à EEFE, na área de concentração de Estudos Socioculturais e Comportamentais da Educação Física e Esporte. O trabalho completo encontra-se disponível no banco de teses da USP e pode ser acessado on-line.

*Com texto da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE

FONTE: Jornal da USP

Um a cada três diagnosticados com anorexia nervosa é do sexo masculino

Embora ainda seja um tabu na sociedade, a ocorrência de transtornos alimentares entre pessoas do sexo masculino é uma realidade e um problema em ascensão. Apesar disso, algumas das histórias relacionadas a essa condição mais conhecidas ainda envolvem mulheres, como o caso Terri Schiavo. A norte-americana passou 15 anos em estado vegetativo após sofrer uma parada cardíaca, o que gerou uma batalha judicial entre seu marido e seus pais sobre a realização da eutanásia, até sua morte, em 2005. O motivo do fatídico desmaio de Terri, em 1990, foram os baixos níveis de potássio no sangue, em função de uma dieta restritiva, motivada pela bulimia.

Apesar de histórias como as de Terri e de supermodelos que colocavam a saúde em risco pelo tão sonhado corpo ideal, os transtornos alimentares ficam cada vez mais evidentes como uma condição unissex. “Recentemente, foi publicada uma revisão sistemática, com estudos do mundo inteiro, e os autores concluíram que a prevalência de transtornos alimentares foi de, aproximadamente, 19% no sexo feminino e 14% no masculino. Um outro dado interessante é que de 20% a 30% dos pacientes com anorexia nervosa são homens. Isso significa que, a cada três pacientes diagnosticados, um é do sexo masculino”, revela Maria Fernanda Laus, docente do curso de Nutrição na Unaerp, doutora e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Ela afirma que, além da evolução nos diagnósticos, esse número se deve a “um aumento na incidência dos transtornos mentais de forma geral, além das questões socioculturais, como a supervalorização da aparência e o uso muito frequente de redes sociais, o que acaba influenciando diretamente o corpo e a mente”. Maria Fernanda alerta que homens homossexuais e bissexuais, inclusive, são mais afetados pela condição, e que os transtornos não são apenas em busca de um corpo magro, mas também musculoso.

De acordo com a especialista, os primeiros indícios começam a surgir logo na adolescência, com o chamado comer transtornado, que envolve ações comuns no cotidiano de muitas pessoas. “Isso inclui uma série de comportamentos como a prática de contar calorias, de pesar os alimentos, utilizar suplemento alimentar para aumentar a massa muscular, entre outros comportamentos que desviam do que é considerado uma alimentação normal.”

Entretanto, a professora destaca que um leva ao outro, mas a recíproca não é, necessariamente, verdadeira. “Nem todo mundo que tem comer transtornado tem um transtorno alimentar, mas o transtorno alimentar sempre começa na forma de comer transtornado”, explica.

Um grande tabu

A primeira barreira a romper rumo à saúde é psicológica. Conseguir falar sobre o problema pode ser a diferença entre a recuperação e o agravamento da condição. “É importante lembrar que os transtornos alimentares podem afetar todos os sistemas orgânicos do corpo, e as pessoas que lutam contra um transtorno alimentar precisam procurar ajuda profissional”, afirma Maria Fernanda.

O crescimento na quantidade de pessoas do sexo masculino diagnosticadas gera, em um primeiro momento, preocupação, mas ainda pode significar evolução, e está relacionado, justamente, a uma abertura para debater o assunto. Com mais segurança e liberdade, maior tende a ser, consequentemente, o número de ocorrências registradas e menor será a quantidade de pessoas que sofrem em segredo ou que sequer sabem que precisam enfrentar um problema.

Apesar do progresso conquistado, a luta contra a descriminação promete ser longa, com vitórias, derrotas, altos e baixos. Como ressalta a professora, “apesar das estatísticas, os homens são, frequentemente, ridicularizados, menosprezados ou ignorados, numa cultura que vê o transtorno alimentar como uma doença que afeta só as mulheres”.

A luta contra dois adversários – o preconceito e o próprio transtorno – não é fácil, mas precisa ser feita para que os homens, e também as mulheres acometidas, conquistem o corpo perfeito: o que ostenta saúde. “Quanto mais cedo a pessoa com transtorno alimentar procurar tratamento, maior a probabilidade de recuperação física e emocional”, conclui a professora.

FONTE: Jornal da USP

Vacinação na terceira idade contribui para longevidade

A vacinação em larga escala tem sido um marco crucial no Brasil e no mundo, resultando em longevidade e até mesmo na erradicação de diversas doenças que antes representavam sérios problemas de saúde pública. Doenças como poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche, que já foram frequentes no passado, são agora apenas lembranças distantes para as novas gerações. O Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde desempenha um papel fundamental nessa conquista, pois representa um esforço contínuo para proteger a saúde pública e conter a propagação de doenças.

Uma ênfase especial tem sido dada à imunização dos idosos, uma vez que, devido à idade avançada e às condições de saúde que caracterizam essa faixa etária, se torna uma população mais vulnerável, sujeita a complicações. O assunto é importante porque a população brasileira está envelhecendo rapidamente, com pessoas com mais de 60 anos representando 14,7% da população, segundo dados do IBGE. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% entre 2012 e 2021.

Mas a vacinação nem sempre fez parte da cultura brasileira. Foi a partir do Brasil Império, com a imunização compulsória contra a varíola, que as vacinas entraram em destaque. Oswaldo Cruz, diretor-geral de saúde pública do Brasil em 1903, exerceu um papel essencial no combate às doenças, tendo estruturado a primeira campanha de vacinação nacional.

O infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, destaca a importância do calendário de vacinação em todas as faixas etárias. “O conceito de que a vacina é para criança é uma ideia do passado. Hoje, o Programa Nacional de Imunização tem vacinas recomendadas para todos os períodos da vida”.

Bellissimo ainda ressalta que as vacinas não só prolongam, mas melhoram a qualidade de vida das pessoas em qualquer faixa etária, pois previnem doenças graves, como difteria, tétano, hepatite B, sarampo, entre outras.

Intrínseco à importância da vacinação está a importância de uma campanha de vacinação. O Brasil tem uma história de sucesso em diversas campanhas de vacinação, como a Campanha de Erradicação da Varíola, realizada entre 1966 e 1973, a Campanha Nacional de Imunização contra a Poliomielite, que resultou na interrupção da transmissão do vírus no País e em um certificado emitido pela OMS que atesta o Brasil como livre da doença. A Campanha de Vacinação contra o Sarampo, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza (gripe) e a Campanha de Vacinação contra a covid-19 também são destaques.

Mas Bellissimo faz uma ressalva: “Não existem muitas campanhas voltadas para o público adulto e idoso em relação à necessidade de vacinação, o que pode ser considerado uma falha. A vacinação da covid-19 teve uma campanha de conscientização robusta para a terceira idade, mas não é uma precedência comum.”

Importância do calendário de vacinação

Apesar de não existir muitas campanhas com o enfoque na população idosa, há um calendário que informa as vacinas que devem ser tomadas. “O calendário para a população idosa compreende uma série de vacinas recomendadas, incluindo a dose anual contra a covid-19 e a gripe”, relata o professor.

Bellissimo acredita ser importante esclarecer que a vacinação contra a gripe é fundamental para o grupo da terceira idade, pois, embora possa parecer uma doença banal na maioria das vezes, para os idosos pode desencadear complicações graves, como pneumonia, diabetes, insuficiência cardíaca, derrame e até mesmo infarto.

A vacinação contra a covid-19 foi essencial para conter o avanço da doença no Brasil – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Além dessas, Bellissimo informa sobre a vacina dupla (DT), que protege contra difteria e tétano, a vacina contra hepatite B, a vacina contra a febre amarela, a SCR, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, e a pneumocócica 23-valente. “Essas quatro vacinas são recomendadas para todos os adultos e idosos, independentemente de possuírem ou não alguma doença”.

Para idosos com doenças crônicas, existem indicações de outras vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É o caso da vacina contra a varicela, meningite, pneumonia, febre tifóide, raiva e a meningocócica, que não estão amplamente disponíveis no SUS, mas são gratuitas para aqueles que as necessitam”, comenta Bellissimo.

A importância da vacinação para o público idoso é refletida em dados e percentuais emitidos durante a pandemia da covid-19. Um estudo realizado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) de São Paulo concluiu que, entre os idosos, a vacinação de reforço foi capaz de diminuir em 95% a incidência de óbito na terceira idade.

O infectologista ainda compara a eficiência da vacinação em relação à sua ampla abrangência e seu baixo custo. “Pouquíssimas intervenções têm o potencial de impacto da saúde pública que as vacinas têm, considerando o baixo custo investido. A vacinação com esquema completo, em especial quando acrescida do reforço, é fundamental e é a forma mais efetiva da população se proteger”.

Contactada pelo Jornal da USP no ArEdição Regional, a Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto não respondeu às solicitações feitas para esclarecimentos sobre as campanhas de vacinação destinadas à terceira idade no âmbito do município.

FONTE: Jornal da USP

Cirrose é a sétima maior causa de morte em adultos no mundo

A cirrose tem como consequência a insuficiência hepática crônica, porém, o senso comum coloca o álcool como sua principal causa. “Muita gente associa a cirrose puramente ao consumo de álcool, mas isso não está correto. Existem duas outras causas que são tão ou mais importantes: as hepatites virais e o fígado gorduroso”, explica o professor Alberto Farias da Gastroenterologia e Hepatologia da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital das Clínicas.

As hepatites virais B e C podem ser testadas gratuitamente nos postos de saúde. Para a B, existe vacina e tratamento e a C tem um tratamento muito eficaz. Farias comenta que, antigamente, o fígado gorduroso (esteatose hepática) era considerado uma condição de quem estava acima do peso e que não havia problema; hoje, sabe-se que ele pode causar cirrose e câncer de fígado. “Se as três principais causas — o álcool, as hepatites virais e o fígado gorduroso — fossem reconhecidas e tratadas, teríamos uma drástica redução do número de mortes por essa condição no País”, ressalta o especialista.

Estudo

A cirrose é colocada como a sétima maior causa de morte em adultos no mundo e, por conta disso, grandes estudos são feitos a respeito dessa problemática. “Foram avaliados 1.274 pacientes internados por descompensação aguda da cirrose, em 44 hospitais universitários de 27 cidades de sete países latino-americanos”, coloca Farias, que é coautor do artigo Genetic Ancestry, Race, and Severity of Acutely Decompensated Cirrhosis in Latin America.

Esse estudo faz parte de uma iniciativa da Fundação Europeia para o Estudo do Fígado, que busca entender a cirrose em diferentes partes do mundo. O objetivo é identificar essas diferenças e estabelecer tratamentos personalizados para cada pessoa. “A ideia é evitar uma fórmula geral, cada paciente tem a sua singularidade e essa identificação é muito importante para um planejamento individualizado para o tratamento”, explica o especialista.

Porém, ao analisar as diferenças, o estudo com o recorte latino-americano notou uma relação entre a ancestralidade genética e a ocorrência da cirrose: “Nossa principal descoberta foi em relação à ancestralidade. Nós estudamos a carga genética e descobrimos que pacientes que tinham uma ancestralidade nativo-americana (indígena), mesmo sem saber, genética e não puramente aparência física, tinham um risco muito maior de desenvolver cirrose grave”. Em números, seria como que a cada 10% de carga genética indígena existisse um aumento de cerca de 8% no risco de ter uma forma grave da doença.

Cuidados

“Isso tem uma implicação enorme, porque eu creio que, no futuro, a ancestralidade pode entrar como critério na medicina personalizada, de precisão. As pessoas, apesar de terem a mesma doença, no mesmo grau, são diferentes e vão reagir de forma diferente. Temos que propor tratamentos diferenciados”, pontua o professor.

Porém, além da questão genética ancestral ser um adicional na equação, a prevenção é possível, como diz Farias: “A questão do uso do álcool passa pela educação, pelo consumo moderado e seguro; o fígado gorduroso, pelo controle do peso, alimentação saudável e práticas de exercícios, e as hepatites, pela testagem e pelo tratamento”.

O ideal é que não se chegue ao transplante, mas, quando a doença está numa fase avançada, muitas vezes essa é a única solução. Existem duas modalidades: com o doador falecido, pela doação de órgãos, e a com ele vivo, que se oferece como doador e parte do órgão é utilizado — mais usado para casos mais urgentes. O estudo mostrou também a dificuldade do acesso ao transplante nos países analisados.

FONTE: Jornal da USP

Medicamento reduz mortes de pacientes com câncer de pulmão

O Osimertinibe, que trata um tipo específico de câncer de pulmão, permitiu uma sobrevida de cinco anos para voluntários do estudo, além de ter reduzido pela metade o risco de morte em pacientes já operados

Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que um novo fármaco reduz pela metade o risco de morte de pacientes de câncer de pulmão já operados. Além disso, o medicamento, chamado Osimertinibe, permitiu sobrevida de cinco anos para cerca de 88% dos voluntários da pesquisa. O câncer de pulmão é o mais letal dos cânceres e mata cerca de 3 milhões de pessoas por ano, no mundo todo. A pesquisa foi divulgada em Chicago durante a maior conferência anual de especialistas em câncer, organizada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco).

Gilberto Castro, oncologista e chefe do grupo de Oncologia Clínica de Tórax, Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), explica as condições para ser tratado com o Osimertinibe: “Não é todo mundo que vai se beneficiar desse tipo de tratamento, são somente aqueles pacientes que têm esse tipo específico de câncer de pulmão que se chama adenocarcinoma e que apresenta a mutação do EGFR”.

EGFR é a sigla para Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico, uma proteína presente num gene que sofre mutação durante o câncer de pulmão e é também um dos requisitos para o tratamento com o fármaco: “É um medicamento que já é utilizado há vários anos no tratamento de um tipo específico de câncer de pulmão, que é o câncer de pulmão que apresenta uma mutação, uma alteração lá no DNA do tumor, num gene que é responsável pela proteína EGFR; 25% dos pacientes com um tipo específico de câncer de pulmão, o adenocarcinoma, apresenta essa alteração molecular, a mutação do EGFR”.

A descoberta do Osimertinibe não anula a necessidade de cirurgia nem da quimioterapia. “O que a gente já sabia anteriormente do tratamento dessa doença não deixou de ser válido. Ou seja, é preciso operar quando dá para operar, precisa fazer quimioterapia quando tem que fazer quimioterapia. A informação nova foi justamente esse ganho de sobrevida.” Nem todos os pacientes vão precisar desse tipo de tratamento. Apenas com a detecção da mutação do EGFR, via exame, é que o medicamento deve ser recomendado pelos médicos.

Descobrindo o câncer de pulmão

O médico destaca que o câncer de pulmão normalmente demora a ser percebido por quem o tem e que isso prejudica as chances de cura. “Infelizmente, nos estágios iniciais, o paciente não apresenta sintomas que a gente observa naqueles pacientes que têm câncer de pulmão avançado. Os sintomas que os pacientes apresentam são sintomas gerais, como emagrecimento, perda de apetite e perda de energia para fazer as coisas. São sintomas muito discretos que as pessoas confundem com alguma pequena infecção, algum resfriado, uma gripe.”

Por isso, a atenção e os cuidados com a saúde devem ser constantes. “Recomendações gerais de atenção à saúde, como ter uma dieta saudável, prática de exercício físico, evitar fazer sexo desprotegido são medidas de saúde que vão acabar prevenindo de outros cânceres. Além desses, deve-se evitar o tabagismo, que é o principal fator de risco para câncer de pulmão.

FONTE: Jornal da USP

Suplemento pode reduzir pressão arterial e níveis de colesterol

Um dos suplementos mais comercializados no mundo, o trans-resveratrol, é conhecido por uma suposta ação antioxidante, anti-inflamatória e inibidora da agregação plaquetária, sendo capaz de reduzir o colesterol, a pressão arterial e, consequentemente, a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes das artérias). No entanto, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – Forc), sediado na USP, ainda são necessários estudos clínicos para realmente atestar seu poder antioxidante. Já os demais efeitos, comprovados cientificamente, dependem muito da forma de administração, ou da dose e tempo de uso. Publicado na revista Complementary Therapies in Clinical Practice,  o artigo de revisão analisou os resultados de 27 estudos clínicos, nos quais foram testados 32 tratamentos diferentes em humanos.

Segundo a coordenadora do estudo, Inar Castro Erger, pesquisadora associada ao Forc e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, os principais problemas apontados foram a ausência de padronização dos marcadores avaliados e a automedicação, tendo em vista que os suplementos não necessitam de prescrição médica.

Assim como a maioria dos suplementos, o trans-resveratrol pode ser adquirido nas farmácias sem receita médica, o que leva a maioria das pessoas a não consultar um médico antes de consumi-lo, podendo tornar nulos os benefícios do suplemento, ou consumir os medicamentos com doses e períodos não adequados em relação aos seus objetivos

Além disso, ela complementa, “os resultados variam muito de acordo com os protocolos receitados pelos médicos, conforme observamos nos estudos”.

Os pesquisadores dividiram os resultados em três grupos, separando os estudos de acordo com diferentes protocolos: doses maiores em um período de tempo menor; doses intermediárias por um período intermediário; e doses menores por um período maior de tempo. “Os estudos caracterizados por uma dose média de 454 miligramas (mg) ao dia, durante 74 dias, apresentaram maior redução da concentração de triglicerídeos e da pressão arterial, enquanto os que aplicaram doses em torno de 274 mg ao dia, por cerca de 175 dias, apresentaram aumento de HDL-colesterol [conhecido como colesterol ‘bom’], importante para redução da aterosclerose”, aponta Inar Castro Erger.

Dosagem

“Assim, concluímos que a dose e o tempo de intervenção devem ser definidos por um profissional de saúde de acordo com a necessidade do paciente”, detalha Tamires Santana, mestre em Alimentos e Nutrição Experimental pela FCF e primeira autora do estudo. Para chegar a essas conclusões, foram analisados estudos que avaliaram vários biomarcadores, que podem indicar a progressão de uma determinada doença. “Usamos os biomarcadores porque é muito difícil encontrarmos estudos clínicos que acompanhem os pacientes por longos períodos, o que é necessário principalmente em pesquisas na área de doenças cardiovasculares”, explica a professora da FCF.

Na pesquisa, foi observada uma incoerência em grande parte dos rótulos de trans-resveratrol. Isso porque é comum que venham indicados, ainda na parte frontal da embalagem, os efeitos antioxidantes do suplemento. No entanto, essa alegação ainda não é clinicamente evidenciada. “A maior parte dos estudos não avalia biomarcadores de estresse oxidativo, pois isso exige metodologias de pesquisa mais sofisticadas, que muitos grupos não têm acesso”, relata Inar Castro Erger. “A alegação que as empresas fazem tem como base estudos in vitro, realizados em laboratório, que não são suficientes para atestar essa característica, algo só possível com vários estudos em humanos.”

O trans-resveratrol também está presente naturalmente em diversos grupos de alimentos. Alguns possuem em maior concentração, como as cascas de uvas e o vinho tinto. No entanto, em função do teor alcoólico do vinho, a forma mais recomendada de ingeri-lo é pela suplementação. Seu consumo é mais recomendado como terapia complementar em pacientes com doenças cardiovasculares ou com risco de manifestá-las e, embora não haja relatos de toxicidade, estudos sugerem que doses acima de 2,5 gramas (g) por dia podem trazer sintomas gastrointestinais indesejáveis, além de ter um custo elevado.

“O trans-resveratrol não produz os mesmos efeitos dos medicamentos, por isso não deve nunca substituí-los. Entretanto, ao usá-lo junto com os fármacos e sob acompanhamento médico de forma individualizada, pode ser possível diminuir a dose de remédios do paciente, e assim reduzir os efeitos adversos do tratamento”, detalha Inar Castro Erger. “Desta forma é mais fácil garantir a adesão do paciente”, acrescenta Tamires Santana.

FONTE: Jornal da USP