Mais de 10 milhões de brasileiros apresentam algum grau de surdez

A lesão pode ser bem significativa na idade adulta, principalmente entre os idosos, uma vez que pode levar à demência, se não detectada, apontam especialistas

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que 5% da população brasileira é composta de pessoas que apresentam alguma deficiência auditiva. Essa porcentagem significa que mais de 10 milhões de cidadãos apresentam a deficiência e 2,7 milhões têm surdez profunda, ou seja, não escutam nada. Essa lesão pode ser bem significativa na idade adulta, principalmente entre os idosos, uma vez que pode levar à demência se não detectada. Segundo a Constituição Federal, são proibidos atos de discriminação à pessoa humana. O Estatuto do Deficiente, em seu artigo 4°,  informa que “toda pessoa com deficiência tem direito a igualdade de oportunidade com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. Apesar da garantia legal, os deficientes auditivos totais ou parciais enfrentam dificuldades no seu dia a dia e no mercado de trabalho.

“A situação da deficiência auditiva é ainda mais desafiadora por se tratar de uma deficiência invisível. Sempre que se fala em pessoa com deficiência nos vem à mente um deficiente físico, afinal, os símbolos de estacionamentos, por exemplo, são de um cadeirante. Porém, as vagas são liberadas para todos os deficientes”, cita Luciana Morillas, professora associada na Faculdade Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP) da USP de Ribeirão Preto. Ela lembra que, ao realizar uma pesquisa para o Conselho Nacional de Justiça sobre a aplicação da lei brasileira de inclusão no Judiciário, em uma entrevista, uma pessoa com deficiência contou que ficou indignada porque um grupo de pessoas aparentemente normal estava usando uma vaga de deficientes, depois ela percebeu que se tratava de um grupo de surdos. Ainda assim, a pessoa disse achar injusto que eles fizessem o uso das vagas. A professora destaca que “é importante tomarmos consciência de que as deficiências são um conjunto muito diverso de condições e cada uma delas deve ter os seus direitos respeitados.

Causas da deficiência

Vários fatores podem levar à perda auditiva, explica Ricardo Bento, do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Desde o problema congênito, crianças que nascem com perda total de audição, e, durante a vida, nós vamos adquirindo doenças: são viroses, outras doenças infecciosas do ouvido e também doenças autoimunes, hoje em dia muito comuns e, no final da vida, tem a surdez do idoso, a chamada presbiacusia, após os 60 anos de idade, aproximadamente.” Os ruídos ambientais também são um fator que causa bastante perda de audição no mundo. “Muita gente não percebe que está ficando surdo e demora para procurar um médico.” Muitos trabalhos publicados apontam demências precoces como Alzheimer. “Eles vão ficando isolados, com perda de memória. Por este motivo, a busca por um profissional de saúde é tão importante.” Quem apresenta perda parcial ou profunda fica isolado, não consegue produzir no trabalho.

Na maioria das vezes, é possível reverter o estado de surdez com tratamento e até cirurgias ou o uso de aparelhos de audição. Vale lembrar que todo brasileiro tem direito ao tratamento auditivo. O Brasil tem uma legislação avançada nessa área, permitindo que todo o brasileiro tenha direito ao aparelho de audição gratuitamente através do SUS e também a algumas cirurgias complexas, como implantes cocleares.

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que, até 2050, o mundo terá cerca de 1 bilhão de pessoas com deficiência auditiva. Tanto o deficiente quanto a economia nacional são prejudicados por apresentarem a falta de audição. Às vezes, a pessoa não consegue ter rendimento no trabalho e acaba se aposentando por invalidez, e os recursos públicos são utilizados para essa situação. Nos Estados Unidos, os problemas de comunicação causados pela surdez levam a um custo anual de aproximadamente US$ 4 bilhões.

FONTE: Jornal da USP

Enzimas antioxidantes combatem envelhecimento da pele

Envelhecer constitui uma etapa inevitável na jornada de cada indivíduo e, para muitos, as marcas que o tempo imprime na pele assumem um papel proeminente como indicadores desse processo. Hábitos alimentares inadequados, um estilo de vida frenético e o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas podem acelerar essa evolução. Originado por tais comportamentos, o estresse oxidativo, designado cientificamente, caracteriza-se pelo desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a operação dos sistemas antioxidantes de defesa do organismo. Esse fenômeno, além de contribuir para o envelhecimento prematuro, também se relaciona a processos inflamatórios e tumorais.

Considerando essa realidade, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma patente intitulada Sistema de entrega de enzimas recombinantes com ação antioxidante na pele e em outros tecidos. Segundo Viviane Abreu Nunes Cerqueira Dantas, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, uma das mentes por trás dessa inovação, trata-se de um sistema antioxidante composto pelas enzimas glutationa peroxidase, superóxido dismutase e catalase, as quais combatem os radicais livres gerados na pele, mitigando, assim, o envelhecimento celular. Esse sistema exerce a capacidade de neutralizar uma expressiva quantidade de radicais livres e incorpora tecnologia de drug delivery, que assegura a absorção do composto pelas células da pele.

As enzimas antioxidantes contidas na patente foram inspiradas nas enzimas presentes no fungo filamentoso Trichoderma reseei. A pesquisadora explica: “As enzimas fúngicas foram escolhidas devido às suas propriedades bioquímicas mais atrativas em comparação com as enzimas humanas, incluindo estabilidade térmica e maior atividade catalítica. Para empregar essas enzimas, os pesquisadores clonaram-nas e as fusionaram com peptídeos de penetração celular, ampliando, assim, sua habilidade de ingressar nas células da pele”.

Indústria da beleza 

Outro impulso para o desenvolvimento dessa patente decorre do crescimento global do mercado de cosméticos. Em 2019, o segmento global de cosméticos totalizava aproximadamente USD 402 bilhões, com projeções apontando para um potencial de mercado global de USD 88 bilhões em soluções antienvelhecimento até 2026. Ademais, estima-se que até 2027 o mercado de ativos cosméticos biotecnológicos atinja cerca de USD 1,6 bilhões, acelerando, assim, oportunidades para inovações nesse setor. De acordo com Viviane Dantas, as enzimas antioxidantes estão destinadas a fomentar o desenvolvimento de produtos eficazes nessa indústria.

A pesquisadora relata que o trabalho de pesquisa teve início em 2020 e que as enzimas produzidas já demonstraram resultados promissores in vitro, tendo sido também avaliadas em termos de eficácia, segurança, irritação e corrosão. Uma vez concluídos os testes complementares, como o teste de permeação cutânea, o objetivo é transferir essa tecnologia para a indústria de skin care, permitindo a produção em larga escala deste ativo.

FONTE: Jornal da USP

Regeneração óssea com colágeno e açúcar de algas

Estudo conduzido na USP revela que um novo biomaterial, produzido com colágeno e carragenana (substância extraída de algas), pode estimular localmente respostas mineralizantes de células ósseas in vitro, demonstrando potencial para substituir com sucesso ossos naturais em implantes realizados para tratar traumas ou patologias, como osteossarcoma. O novo biomaterial, descrito recentemente em artigo na revista Biomacromolecules, foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Físico-Química de Superfícies e Coloides da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Atualmente, o padrão-ouro para implantes ósseos é a utilização de materiais autógenos, ou seja, retirados do corpo do próprio paciente. Esse processo, no entanto, carrega dificuldades: requer uma cirurgia adicional, com o risco de infecções, e nem sempre pode ser utilizado em grandes áreas. A principal tendência para superar esses problemas é o desenvolvimento de materiais artificiais que repliquem com similaridade, segurança e eficiência a complexidade da estrutura óssea, como este composto de colágeno tipo 1 (proteína mais abundante na matriz óssea) proveniente de bovinos ou suínos e de carragenana. Essa última substância se assemelha ao sulfato de condroitina, que é um dos compostos presentes nos ossos naturais e tem a função de organizar e mineralizar a matriz óssea e promover a adesão celular.

Para testar sua viabilidade e potencial, cientistas cultivaram em laboratório osteoblastos (células responsáveis pela formação da matriz óssea mineralizada) de duas formas: apenas com colágeno e com colágeno e carragenana. Imagens de microscópio da cultura de osteoblastos com colágeno e carragenana revelaram a presença de uma rede densa e uniforme de fibrilas entrelaçadas em sua superfície e fibrilas de colágeno com alinhamento semelhante aos tecidos conjuntivos densos. Os pesquisadores observaram ainda aumento na expressão de genes codificadores de proteínas relacionadas à mineralização óssea, como fosfatase alcalina (Alp), sialoproteína óssea (Bsp), osteocalcina (Oc) e osteopontina (Opn).

Viabilidade

“Nossos resultados mostraram que a combinação de carragenana e colágeno estimulou melhor as respostas mineralizantes das células do que apenas o colágeno, validando in vitro a hipótese de que a presença de um componente semelhante quimicamente e estruturalmente a um dos compostos encontrados nos ossos junto com o colágeno é fundamental no processo”, afirma Ana Paula Ramos, professora do Departamento de Química da FFCLRP e coordenadora do estudo. “A ideia agora é realizar testes in vivo para avaliar a possibilidade e a segurança de preencher qualquer tipo de defeito ósseo com esse biomaterial.”

Entre as principais vantagens do polissacarídeo extraído de algas, que já é usado com frequência na indústria alimentícia e de cosméticos como estabilizante, Ramos destaca sua abundância, seu baixo custo (em contraste ao alto custo comercial do sulfato de condroitina) e o fato de ser um material de fonte renovável, garantindo sua compatibilidade com o conceito de química verde, ramo da química que busca reduzir o uso de substâncias poluentes ou que possam comprometer o meio ambiente.

“Além do desenvolvimento do biomaterial a ser usado em implantes ósseos, vale destacar que, ao criar uma matriz biomimética do zero e misturá-la ao tecido natural, abrimos espaço para a realização de estudos básicos”, afirma Lucas Fabrício Bahia Nogueira, pesquisador do Departamento de Química da FFCLRP e autor do estudo.

“Isso permite que pesquisadores de diferentes áreas possam entender e observar a interação dessas células com o microambiente e os mecanismos de formação do tecido mineralizado e apliquem o conhecimento também em estudos que abordam a mineralização em outras doenças, como as cardiovasculares e renais”, acrescenta Nogueira. O estudo interdisciplinar foi realizado em colaboração com o Laboratório de Nanobiotecnologia Aplicada da FFCLRP, coordenado pelo professor Pietro Ciancaglini. O artigo Collagen/κ-Carrageenan-Based Scaffolds as Biomimetic Constructs for In Vitro Bone Mineralization Studies pode ser lido aqui.

Este texto foi originalmente publicado por Agência Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui

*Da Agência Fapesp, com edição de Júlio Bernardes

FONTE: Jornal da USP

O açúcar é vital para o organismo, mas o exagero pode provocar complicações na saúde

Uma revisão de estudos publicada recentemente aponta para a relação entre o consumo de açúcar e a incidência de câncer. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera seguro um consumo de açúcar equivalente a 5% ou 10% das calorias diárias. Isso representa uma quantidade em torno de 6 a 12 colheres de chá de açúcar por dia. A quantidade não é baixa, mas o alerta permanece, uma vez que boa parte do açúcar consumido no dia a dia está escondido nos alimentos em forma de sucrose e frutose, sobretudo em alimentos industrializados.

Vale ressaltar que o açúcar é vital para o funcionamento do organismo humano, mas o exagero em seu uso e complicações de saúde decorrentes disso podem facilitar o aparecimento de cânceres.

Relação açúcar e câncer

Segundo Maria Del Pilar Estevez Diz, médica oncologista e diretora do Corpo Clínico do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp), a relação entre consumo de açúcar e aparecimento de câncer é indireta. “O aumento do consumo de açúcar está associado com outras doenças que estão diretamente relacionadas ao câncer, como a obesidade e diabete. Existem alguns estudos experimentais mostrando que o consumo excessivo de açúcar em animais de laboratório pode levar a um estado inflamatório e isso facilitaria o advento de câncer, mas a gente não tem isso de uma maneira tão clara, o açúcar em si não é um carcinógeno.”

Nesse mesmo princípio, diversos cânceres podem surgir devido a esse processo inflamatório. “A gente tem uma série de câncer relacionada a essa condição clínica e que está muito associada também ao estilo de vida, como o câncer de mama, o câncer de próstata, colorretal, rim, fígado, pâncreas, câncer uterino e ovário”, diz Maria Del Pilar.

Aspartame

O uso de adoçantes, que são muito comuns em produtos industrializados, também deve ser ponto de atenção. Maria Del Pilar explica que não é proibido usar essas substâncias, mas que elas estão potencialmente ligadas ao câncer e devem ser evitadas, com destaque para o aspartame, incluído recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como substância “possivelmente cancerígena”. “Hoje o que está sendo considerado seguro é equivalente a no máximo 40 mg por quilo por dia, o que daria cerca de nove latinhas de refrigerantes por dia. Isso não é pouco. É que esses adoçantes não estão presentes só no refrigerante, eles estão presentes numa série de produtos alimentares. Então, às vezes a pessoa pode estar consumindo muito adoçante sem saber. A orientação geral é: sempre que possível não consuma. É uma mudança de hábito mesmo”, enfatiza.

Dieta durante tratamento

Para uma pessoa que está se tratando de um câncer, as recomendações dadas à população geral se mantêm. “O paciente com câncer precisa ter uma dieta variada, que ofereça carboidratos numa quantidade razoável, que ofereça um pouco de gordura, que ofereça proteínas e que ofereça muitas fibras”, orienta a oncologista. Nesses casos, os alimentos industrializados também devem ser evitados. “Eles [industrializados] costumam ter uma quantidade excessiva de sal e excessiva de açúcar, sem que a gente consiga perceber”, acrescenta.

A médica também aponta para ações preventivas, como uma dieta equilibrada e o exercício físico constante. “Eles diminuem o estado inflamatório do organismo, então isso acaba reduzindo o risco de câncer e acaba reduzindo o risco de muitas outras doenças crônicas.”

FONTE: Jornal da USP

A importância da reposição de colágeno para a pele e para as articulações

O colágeno é essencial para homens e mulheres que, a partir dos 45 anos, deveriam fazer sua reposição no organismo. Essa é uma proteína que forma a matriz da pele junto com outras proteínas e tem uma importância na função das juntas e da estética. Patrícia Campos Ferraz, nutricionista, mestre em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, cita que “o colágeno é muito importante e estrutural, apesar de ser nutricionalmente de baixa ou menor qualidade e de não ter todo o perfil de aminoácidos que nosso corpo não consegue produzir, conhecidos como aminoácidos essenciais”.

Por volta dos 50 anos, o colágeno deixa de ser produzido ou acontece uma grande redução de sua produção no corpo, o que torna a pele madura, com menos hidratação e mais rugas. A nutricionista destaca que a proteína, “de acordo com pesquisas que a gente vê, pode ter algum efeito, ainda que pequeno, na questão da hidratação, na diminuição de rugas e também na melhora da mobilidade das articulações. É importante salientar que suplementos de colágeno que possuem esse efeito, documentados em vários artigos científicos, sempre estão associados à vitamina C, que entra também na síntese do colágeno, um nutriente importante, e ao silício, que é um mineral bastante importante para síntese da proteína, além de outros antioxidantes associados”.

Suplementos orais a partir dos 45 anos

Evidências científicas demonstram que, a partir dos 45 anos, é indicado usar suplementos orais de colágeno, porque os alimentos não conseguem suprir sua deficiência. “Os efeitos positivos descritos com suplementação de colágeno são muito variáveis, mas, grosso modo, entre 2,5 g a 10 g de colágeno por dia. Na alimentação é um pouco difícil a gente conseguir colágeno peptídeo, de colágeno isolado nessa quantidade, mas existem suplementos no mercado comercializados com essa quantidade padrão de mais ou menos 10 gramas por envelope”, destaca Patrícia.

A princípio, a proteína do colágeno é segura. Não apresenta efeitos colaterais, além de fazer parte do nosso corpo. Ela está muito presente na nossa alimentação através de gelatina ou de várias fontes proteicas. “As pessoas comem proteína em grande quantidade e os aminoácidos de todas as proteínas teoricamente também podem servir para aumentar ou propiciar a síntese de colágeno. Acontece que a maior oferta de hidróxido e prolina, que são os aminoácidos contidos nos peptídeos de colágeno, além de outros nutrientes, parece ter um efeito um pouco diferente das proteínas da dieta em si.” A reposição de colágeno sempre deve ser feita com acompanhamento de um profissional de saúde. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto existe um grupo que estuda os efeitos de suplementos de colágeno e outros nutrientes na firmeza da pele.

FONTE: Jornal da USP

Quimioterapia e queda de cabelo

A queda de cabelo durante a quimioterapia é um dos efeitos colaterais mais indesejados. O tratamento para o câncer envolve o uso de medicamentos que destroem as células cancerosas, mas acaba trazendo consequências na qualidade de vida, na aparência e também na autoestima do paciente.

Os medicamentos da quimioterapia se misturam com o sangue e são levados para todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que elas se espalhem. A queda do cabelo pode ser total ou parcial e pode acontecer entre 14 a 21 dias.¹

A quimioterapia é indicada após a consulta médica e a liberação dos exames laboratoriais. O paciente agenda a aplicação da medicação com a equipe responsável e precisa seguir as orientações conforme a prescrição médica.

Por que a quimioterapia causa queda de cabelo? 

A quimioterapia provoca a queda do cabelo, porque danifica os folículos pilosos, responsáveis pelo crescimento dos pelos. Esse efeito colateral dependerá do medicamento utilizado.

Geralmente a perda de cabelo não é imediata e ocorre, geralmente, após as primeiras semanas ou ciclos de quimioterapia e tende a aumentar com a continuidade do tratamento. Com o término da quimioterapia o cabelo volta a crescer renovado.

Existem casos em que a perda de cabelo não tem como ser evitada. Nessas situações, a recomendação é que o paciente se prepare para essa mudança na aparência. Recorrer à terapia, ou buscar apoio de amigos, familiares ou pessoas que já passaram por experiência semelhante, pode trazer algum conforto. A recomendação é que você fale sobre os seus sentimentos com alguém que te ajude a lidar com a situação. ²

Algumas pessoas preferem cortar o cabelo mais curto antes do início do tratamento, tornando a perda menos traumática.²

Cuidados com o cabelo e couro cabeludo 

Como aprender a lidar com o inevitável é uma das premissas para viver bem durante o tratamento da doença. Recomenda-se também que o paciente descubra nas atividades do cotidiano, uma motivação ou algum motivo para manter-se com uma boa saúde mental.

Ter uma rotina de autocuidado pode contribuir para uma melhora na autoestima. Confira, a seguir, algumas dicas: ²

  • Escolha um xampu suave para limpar o cabelo e o couro cabeludo.
  • Utilize uma escova de cabelo macia para arrumar o cabelo remanescente.
  • Use protetor solar no couro cabeludo quando estiver ao ar livre.
  • Cubra a cabeça durante os meses mais frios para evitar perda de calor do corpo.
  • Evite secar o cabelo com altas temperaturas.
  • Evite o uso de produtos químicos.
  • Evite fazer permanente.
  • Utilize fronhas com tecidos macios.

Como evitar a queda de cabelo durante a quimioterapia? 

A queda de cabelo é um efeito colateral comum em pacientes. Isso acontece devido à atuação da medicação, que foi desenvolvida para atacar células que se multiplicam rapidamente, reduzindo os tumores e aumentando a chance de cura após a cirurgia.

O problema disso é que existem células normais do corpo que também se multiplicam rapidamente, como as células do sistema imunológico, e também as células responsáveis pelo crescimento do cabelo.³

Existem, porém, um tratamento que pode reduzir o volume da queda de cabelo, conhecido como a Touca Inglesa.  É um equipamento que resfria o couro cabeludo do paciente para evitar a queda de cabelo típica da quimioterapia. Embora o seu uso seja mais difundido na rede privada, o tratamento também é oferecido no Instituto Nacional de Câncer (IncaNCA), no Rio de Janeiro. Com a utilização dessa espécie de capacete foi observado que é possível preservar entre 50 e 60% dos fios. 4

Como é a utilização da Touca Inglesa?  

A Touca Inglesa é utilizada meia hora antes do início da quimioterapia e até uma hora e meia depois da sessão. Ela resfria o couro cabeludo gradualmente. A diminuição da temperatura, que fica na casa dos 18 °C, reduz o fluxo sanguíneo local. Assim, o quimioterápico não alcança as células do couro cabeludo. Essa tática auxilia na preservação dos fios.

Outra sugestão é cortar o cabelo para diminuir seu peso e evitar esfregar o couro nas lavagens. Vale lembrar que, essa opção não impede a queda, mesmo que passageira.4

Cuidados durante a quimioterapia 

A queda de cabelo e de pelêlos do corpo são apenas alguns dos efeitos provocados pela medicação da quimioterapia. Caso você precise passar por esse tipo de tratamento, informe-se com o seu médico sobre outros possíveis sintomas que podem aparecer.

Além da alopecia, o paciente pode apresentar outras reações adversas, como enjoo, náuseas, prisão de ventre ou diarreia, feridas na boca, hiperpigmentação, anemia, leucopênia e trombocitopenia.

É importante lembrar que esse efeito é temporário e reversível. O cabelo voltará a crescer após o término da quimioterapia. Além disso, o INCA possui serviço de voluntariado que empresta perucas durante o tratamento. Ao sentir-se angustiado, converse com o médico e/ou enfermeiro sobre seus sentimentos e, se necessário, procure o serviço de psicologia.¹

Referência:

¹ Quimioterapia. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/quimioterapia. Acesso em 16 de abril de 2023.

² Alopecia. Oncoguia. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/alopecia/194/109/. Acesso em 16 de abril de 2023.

³ Toda quimioterapia faz cair o cabelo?. Oncologia Em Destaque. Disponível em: https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/oncologia-em-destaque/edicao-102/toda-quimioterapia-faz-cair-cabelo. Acesso em 16 de abril de 2023.

4 Para o cabelo não cair na quimioterapia. Oncoguia. DIsponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/para-o-cabelo-nao-cair-na-quimioterapia/14383/7/. Acesso em 16 de abril de 2023.

FONTE: Blog FazBem

Um a cada três diagnosticados com anorexia nervosa é do sexo masculino

Embora ainda seja um tabu na sociedade, a ocorrência de transtornos alimentares entre pessoas do sexo masculino é uma realidade e um problema em ascensão. Apesar disso, algumas das histórias relacionadas a essa condição mais conhecidas ainda envolvem mulheres, como o caso Terri Schiavo. A norte-americana passou 15 anos em estado vegetativo após sofrer uma parada cardíaca, o que gerou uma batalha judicial entre seu marido e seus pais sobre a realização da eutanásia, até sua morte, em 2005. O motivo do fatídico desmaio de Terri, em 1990, foram os baixos níveis de potássio no sangue, em função de uma dieta restritiva, motivada pela bulimia.

Apesar de histórias como as de Terri e de supermodelos que colocavam a saúde em risco pelo tão sonhado corpo ideal, os transtornos alimentares ficam cada vez mais evidentes como uma condição unissex. “Recentemente, foi publicada uma revisão sistemática, com estudos do mundo inteiro, e os autores concluíram que a prevalência de transtornos alimentares foi de, aproximadamente, 19% no sexo feminino e 14% no masculino. Um outro dado interessante é que de 20% a 30% dos pacientes com anorexia nervosa são homens. Isso significa que, a cada três pacientes diagnosticados, um é do sexo masculino”, revela Maria Fernanda Laus, docente do curso de Nutrição na Unaerp, doutora e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Ela afirma que, além da evolução nos diagnósticos, esse número se deve a “um aumento na incidência dos transtornos mentais de forma geral, além das questões socioculturais, como a supervalorização da aparência e o uso muito frequente de redes sociais, o que acaba influenciando diretamente o corpo e a mente”. Maria Fernanda alerta que homens homossexuais e bissexuais, inclusive, são mais afetados pela condição, e que os transtornos não são apenas em busca de um corpo magro, mas também musculoso.

De acordo com a especialista, os primeiros indícios começam a surgir logo na adolescência, com o chamado comer transtornado, que envolve ações comuns no cotidiano de muitas pessoas. “Isso inclui uma série de comportamentos como a prática de contar calorias, de pesar os alimentos, utilizar suplemento alimentar para aumentar a massa muscular, entre outros comportamentos que desviam do que é considerado uma alimentação normal.”

Entretanto, a professora destaca que um leva ao outro, mas a recíproca não é, necessariamente, verdadeira. “Nem todo mundo que tem comer transtornado tem um transtorno alimentar, mas o transtorno alimentar sempre começa na forma de comer transtornado”, explica.

Um grande tabu

A primeira barreira a romper rumo à saúde é psicológica. Conseguir falar sobre o problema pode ser a diferença entre a recuperação e o agravamento da condição. “É importante lembrar que os transtornos alimentares podem afetar todos os sistemas orgânicos do corpo, e as pessoas que lutam contra um transtorno alimentar precisam procurar ajuda profissional”, afirma Maria Fernanda.

O crescimento na quantidade de pessoas do sexo masculino diagnosticadas gera, em um primeiro momento, preocupação, mas ainda pode significar evolução, e está relacionado, justamente, a uma abertura para debater o assunto. Com mais segurança e liberdade, maior tende a ser, consequentemente, o número de ocorrências registradas e menor será a quantidade de pessoas que sofrem em segredo ou que sequer sabem que precisam enfrentar um problema.

Apesar do progresso conquistado, a luta contra a descriminação promete ser longa, com vitórias, derrotas, altos e baixos. Como ressalta a professora, “apesar das estatísticas, os homens são, frequentemente, ridicularizados, menosprezados ou ignorados, numa cultura que vê o transtorno alimentar como uma doença que afeta só as mulheres”.

A luta contra dois adversários – o preconceito e o próprio transtorno – não é fácil, mas precisa ser feita para que os homens, e também as mulheres acometidas, conquistem o corpo perfeito: o que ostenta saúde. “Quanto mais cedo a pessoa com transtorno alimentar procurar tratamento, maior a probabilidade de recuperação física e emocional”, conclui a professora.

FONTE: Jornal da USP

Vacinação na terceira idade contribui para longevidade

A vacinação em larga escala tem sido um marco crucial no Brasil e no mundo, resultando em longevidade e até mesmo na erradicação de diversas doenças que antes representavam sérios problemas de saúde pública. Doenças como poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche, que já foram frequentes no passado, são agora apenas lembranças distantes para as novas gerações. O Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde desempenha um papel fundamental nessa conquista, pois representa um esforço contínuo para proteger a saúde pública e conter a propagação de doenças.

Uma ênfase especial tem sido dada à imunização dos idosos, uma vez que, devido à idade avançada e às condições de saúde que caracterizam essa faixa etária, se torna uma população mais vulnerável, sujeita a complicações. O assunto é importante porque a população brasileira está envelhecendo rapidamente, com pessoas com mais de 60 anos representando 14,7% da população, segundo dados do IBGE. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% entre 2012 e 2021.

Mas a vacinação nem sempre fez parte da cultura brasileira. Foi a partir do Brasil Império, com a imunização compulsória contra a varíola, que as vacinas entraram em destaque. Oswaldo Cruz, diretor-geral de saúde pública do Brasil em 1903, exerceu um papel essencial no combate às doenças, tendo estruturado a primeira campanha de vacinação nacional.

O infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, destaca a importância do calendário de vacinação em todas as faixas etárias. “O conceito de que a vacina é para criança é uma ideia do passado. Hoje, o Programa Nacional de Imunização tem vacinas recomendadas para todos os períodos da vida”.

Bellissimo ainda ressalta que as vacinas não só prolongam, mas melhoram a qualidade de vida das pessoas em qualquer faixa etária, pois previnem doenças graves, como difteria, tétano, hepatite B, sarampo, entre outras.

Intrínseco à importância da vacinação está a importância de uma campanha de vacinação. O Brasil tem uma história de sucesso em diversas campanhas de vacinação, como a Campanha de Erradicação da Varíola, realizada entre 1966 e 1973, a Campanha Nacional de Imunização contra a Poliomielite, que resultou na interrupção da transmissão do vírus no País e em um certificado emitido pela OMS que atesta o Brasil como livre da doença. A Campanha de Vacinação contra o Sarampo, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza (gripe) e a Campanha de Vacinação contra a covid-19 também são destaques.

Mas Bellissimo faz uma ressalva: “Não existem muitas campanhas voltadas para o público adulto e idoso em relação à necessidade de vacinação, o que pode ser considerado uma falha. A vacinação da covid-19 teve uma campanha de conscientização robusta para a terceira idade, mas não é uma precedência comum.”

Importância do calendário de vacinação

Apesar de não existir muitas campanhas com o enfoque na população idosa, há um calendário que informa as vacinas que devem ser tomadas. “O calendário para a população idosa compreende uma série de vacinas recomendadas, incluindo a dose anual contra a covid-19 e a gripe”, relata o professor.

Bellissimo acredita ser importante esclarecer que a vacinação contra a gripe é fundamental para o grupo da terceira idade, pois, embora possa parecer uma doença banal na maioria das vezes, para os idosos pode desencadear complicações graves, como pneumonia, diabetes, insuficiência cardíaca, derrame e até mesmo infarto.

A vacinação contra a covid-19 foi essencial para conter o avanço da doença no Brasil – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Além dessas, Bellissimo informa sobre a vacina dupla (DT), que protege contra difteria e tétano, a vacina contra hepatite B, a vacina contra a febre amarela, a SCR, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, e a pneumocócica 23-valente. “Essas quatro vacinas são recomendadas para todos os adultos e idosos, independentemente de possuírem ou não alguma doença”.

Para idosos com doenças crônicas, existem indicações de outras vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É o caso da vacina contra a varicela, meningite, pneumonia, febre tifóide, raiva e a meningocócica, que não estão amplamente disponíveis no SUS, mas são gratuitas para aqueles que as necessitam”, comenta Bellissimo.

A importância da vacinação para o público idoso é refletida em dados e percentuais emitidos durante a pandemia da covid-19. Um estudo realizado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) de São Paulo concluiu que, entre os idosos, a vacinação de reforço foi capaz de diminuir em 95% a incidência de óbito na terceira idade.

O infectologista ainda compara a eficiência da vacinação em relação à sua ampla abrangência e seu baixo custo. “Pouquíssimas intervenções têm o potencial de impacto da saúde pública que as vacinas têm, considerando o baixo custo investido. A vacinação com esquema completo, em especial quando acrescida do reforço, é fundamental e é a forma mais efetiva da população se proteger”.

Contactada pelo Jornal da USP no ArEdição Regional, a Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto não respondeu às solicitações feitas para esclarecimentos sobre as campanhas de vacinação destinadas à terceira idade no âmbito do município.

FONTE: Jornal da USP

Porque a luz azul do celular não faz mal para sua pele?

Atualmente passamos longos períodos de tempo em frente a telas de computadores, tablets e celulares, recebendo luz azul de diferentes intensidades. Também usamos sistemas de iluminação baseados em diodo emissor de luz (LED), que emitem luz no comprimento de onda visível, incluindo uma fração importante da luz azul. Embora seja complexo avaliar efeitos biológicos da exposição à luz, estudos mostram que a luz azul tem um papel importante na regulação do ritmo circadiano de sono-vigília, por sua influência nas células fotorreceptoras da retina. O excesso de radiação, no entanto, pode ser prejudicial aos olhos.

Mas será que a luz azul do celular faz mal para a pele?

Essa questão surgiu após uma notícia no jornal O Globo vincular, no título, a luz azul do Sol à luz azul do celular. A reportagem divulgava um estudo realizado pelo grupo do pesquisador Maurício Baptista sobre os efeitos da luz visível, especialmente a faixa do violeta e do azul, em células da pele humana.

“A relação no título da notícia foi infeliz e pode levar a entendimentos errôneos por parte dos leitores. Muito embora tanto o Sol quanto o celular emitam luz na região do azul, o artigo científico mencionado não estudou o efeito da luz emitida por aparelhos celulares e sim, o efeito de irradiação a partir de fontes que imitam os raios solares”, afirmou Baptista, que dirige o Laboratório de Processos Fotoinduzidos e Interfaces no Instituto de Química da USP e é membro do Cepid Redoxoma.

A principal diferença é a dose. As irradiâncias do celular são muito menores do que as vindas do Sol e o efeito da radiação luminosa na pele não é linear, sendo que doses pequenas são benéficas enquanto as maiores são danosas. Irradiância (W.m-2.) é uma medida da energia luminosa por unidade de tempo e de área.

Luz natural versus luz artificial

Considerando a irradiância total direta do Sol versus a do celular em toda faixa do visível, a irradiância solar é de aproximadamente 1000 W.m-2 e a dos aparelhos celulares, a 10 centímetros (cm) de distância da superfície, é de 0,05 W.m-2. Isso quer dizer que a irradiância do celular é cerca de 20 mil vezes menor do que a do Sol.

Mesmo considerando a irradiância difusa do Sol, isto é, quando a exposição não é direta, por exemplo, se estivermos embaixo do guarda-sol, a irradiância é em torno de 100 W.m-2, ainda assim duas mil vezes maior do que a do celular. Considerando somente a região do azul e a irradiância por faixa de comprimento de onda (W.m-2.nm-1), celulares emitem em torno de 0,03 W.m-2.nm-1 enquanto a irradiância difusa do Sol é de cerca de 30 Wm-2nm-1, ou seja, a do celular é mil vezes menor.

“A primeira comparação que devemos fazer é da irradiância dos aparelhos celulares com a dos raios solares que atingem a pele dos humanos. A diferença é gigantesca, mas as variáveis envolvidas são muitas. Por exemplo, a emissão do celular depende do modelo e da marca do aparelho, de ajustes feitos pelo próprio usuário na claridade da tela, bem como da distância entre o aparelho e a pele. As irradiâncias luminosas vindas do Sol dependem da localização — latitude, longitude, altitude —, da hora do dia, da estação do ano, do clima etc. Enfim, precisamos considerar sempre valores médios e há estudos científicos que fizeram isso,” afirma o pesquisador.

Na pele

Um aspecto importante, segundo Baptista, é o efeito que diferentes exposições causam na pele. À medida que evoluímos sob a influência da luz solar, desenvolvemos mecanismos para utilizá-la eficientemente em funções fisiológicas essenciais e para proteger o corpo contra sua quantidade excessiva. Desta forma, exposições curtas ao Sol geralmente trazem efeitos benéficos. Atualmente, equipamentos que imitam essas doses saudáveis de exposição estão sendo utilizados em tratamentos médicos.

No caso do estudo realizado em queratinócitos, os pesquisadores observaram efeitos deletérios ao irradiar as células durante várias horas com fontes que imitam a irradiância do Sol. Doses menores não causam efeitos ou causam efeitos favoráveis. “Considerando a pequena irradiância dos celulares, podemos afirmar que, se houver algum efeito, este será favorável à pele de humanos saudáveis”, disse o pesquisador.

Já em relação aos olhos, a estrutura do tecido favorece a penetração de luz visível e há muitas pesquisas demonstrando como a exposição desprotegida à luz azul do Sol e de equipamentos diversos que emitem luz nesta faixa pode afetar a retina. Entretanto, segundo Baptista, não há consenso, pois, com base em diversos trabalhos, muitos oftalmologistas defendem que a dose de luz dos celulares é muito pequena para causar problemas na visão. O que é certo é que a exposição noturna à luz azul de celulares, tablets, laptops etc. perturba o ciclo natural de sono/vigília do nosso corpo, conhecido como ritmo circadiano.

A luz azul é uma faixa do espectro da luz visível, que por sua vez é uma faixa do espectro eletromagnético da radiação solar. A luz visível, à qual nossos olhos são sensíveis, representa cerca de 47% da radiação solar total que atinge a pele humana, em comparação com cerca de 5% de radiação ultravioleta. E também é a faixa espectral que forma os maiores níveis de radicais livres gerados na pele sob exposição solar, respondendo por 50% do total. Os mecanismos de dano induzidos pela radiação solar se devem principalmente à fotossensibilização, um processo no qual fotossensibilizadores transformam a energia da luz em reatividade química.

Da Assessoria de Comunicação do Cepid Redoxoma

FONTE: Jornal da USP

Eficácia do Pilates no tratamento de dor lombar crônica

Pesquisa com pacientes recrutados no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) mostrou que o Pilates, mesmo sem associação de outros recursos terapêuticos como a diatermia (calor profundo), pode ser eficiente no tratamento da dor e dos sintomas depressivos e de ansiedade ligados à dor lombar crônica. Alguns estudos indicam que a dor lombar tem sido a principal causa de incapacitação de pessoas no mundo nas últimas três décadas, causando grande demanda aos serviços de saúde.

Segundo o estudo, comumente, a dor lombar está ligada à presença de músculos fracos, sem resistência e encurtados. Os exercícios de Pilates trabalham o fortalecimento e a estabilização de músculos profundos, como o transverso do abdômen, o multífido lombar e os músculos do assoalho pélvico, além de músculos globais que, no conjunto, são essenciais para a proteção da coluna, explica ao Jornal da USP a fisioterapeuta Sandra Amaral, autora da pesquisa. Como resultado, o paciente desenvolve uma musculatura mais forte e ganha amplitude dos movimentos livres de dor, melhorando assim a postura. “Além disso, os exercícios físicos contribuem para a liberação de opioides endógenos, substâncias internas do organismo que controlam a dor e causam bem-estar geral”, diz ela.

Na literatura médica, o tratamento térmico profundo via diatermia por ondas curtas tem sido indicado para redução da dor. A ideia é que “o calor posicionado em uma determinada região com dor promove a redução da rigidez articular e do espasmo muscular, o que leva a um aumento da atividade metabólica e mais aporte de oxigênio e nutrientes, estimulando o reparo do tecido conjuntivo e melhorando a dor”, relata Sandra Amaral. No estudo, no entanto, a associação do Pilates à diatermia não foi mais efetiva do que a prática isolada do Pilates.

Os resultados, obtidos em ensaio clínico randomizado (com sorteio aleatório dos voluntários da pesquisa) com 36 participantes, foram publicados no Brazilian Journal of Medical and Biological Research e fizeram parte da dissertação de mestrado de Sandra, defendida na FMUSP, sob o título Efeito da associação da diatermia por ondas curtas e exercícios baseados no Pilates na dor, depressão e ansiedade na lombalgia crônica inespecífica: ensaio clínico randomizado.

O tratamento

Durante o ensaio clínico, o tratamento foi aplicado em dois grupos diferentes de pacientes: o primeiro grupo recebeu 12 sessões de exercícios de Pilates conjugados com a geração de calor na região lombar via diatermia. O segundo (grupo controle) também realizou as sessões de Pilates, mas recebeu o “tratamento” por diatermia com o aparelho desligado – para que a pesquisa fosse capaz de diferenciar o chamado efeito placebo. Para ambos os grupos, as sessões de Pilates foram realizadas por 40 minutos, totalizando 12 exercícios com 15 repetições lentas cada e um intervalo de recuperação de três a cinco respirações. Todos os participantes foram instruídos sobre posturas melhores durante o sono e na execução de atividades da vida diária e do trabalho.

As avaliações foram realizadas no início do estudo, após três e seis semanas de tratamento e após três meses. As variáveis dor, depressão e ansiedade foram analisadas por meio do questionário de dor McGill, inventário de depressão de Beck e da escala de ansiedade – ferramentas técnicas que permitiram aos pacientes a descrição da intensidade e das experiências de dor e dos sintomas.

Resultados promissores

Segundo a pesquisadora, embora houvesse expectativa de que as duas técnicas conjugadas pudessem proporcionar melhores resultados aos pacientes, o estudo indicou que a diatermia contínua por ondas curtas não gerou melhora adicional nas variáveis avaliadas em pacientes com dor lombar crônica inespecífica em comparação com o grupo que recebeu tratamento placebo. Portanto, apenas exercícios baseados em Pilates foram suficientes para ajudar os pacientes com dor lombar crônica.

“Ambos os grupos de pacientes tiveram melhora da dor e da depressão durante todo o processo de tratamento, avaliado desde a primeira sessão até o follow up (seguimento) de três meses. Ou seja, o tratamento acabava na 12ª sessão, e após três meses realizávamos mais uma avaliação para saber se ele continuava tendo efeito positivo. Para as variáveis dor e depressão, este efeito continuou sendo positivo após três meses. Já para a variável ansiedade, o efeito foi positivo somente durante as sessões de fisioterapia com Pilates. No seguimento, a ansiedade voltou a subir.”

Raquel Casarotto, orientadora da pesquisa e professora do curso de Fisioterapia da USP, sugere que sejam feitos novos ensaios clínicos com foco especial na avaliação diária dos pacientes, para verificar efetivamente se a diatermia associada ao Pilates não traria efeitos significativos para a dor lombar. No estudo feito por Sandra Amaral, a avaliação foi feita em espaços de tempo maiores, no início do tratamento, após três e seis semanas, e após três meses.

Apesar do número relativamente pequeno de pacientes acompanhados e outras limitações do estudo, como a não divisão dos pacientes por idade, a autora da pesquisa diz que até o momento não havia nenhum ensaio clínico randomizado investigando a associação do calor profundo aos exercícios baseados no Pilates para dor lombar crônica. Assim, os resultados encontrados em sua pesquisa trazem dados preliminares, mas relevantes para subsidiar profissionais da área de saúde quanto à escolha e direcionamento da terapia mais adequada para alívio de dores lombares. Em sua opinião, isso significa economia de tempo, recursos e estrutura médica, contribuindo na eficácia do tratamento.

Adoecimento psíquico

Não foi por acaso que a pesquisa considerou os sintomas psíquicos associados à dor lombar: é muito comum uma pessoa que sofre de dor crônica ter concomitantemente depressão e ansiedade. Isto acontece porque a dor crônica, que tem como principal característica a não resolução do quadro clínico num intervalo grande de tempo, pode elevar o estresse e diminuir a qualidade de vida, trazendo a ansiedade e a depressão como consequências.

Ocorre também que a dor crônica diminui o volume da substância cinzenta cerebral, causando perdas cognitivas e alterações sensoriais, podendo contribuir para o aparecimento destes problemas.

Um estudo citado na pesquisa sugere que pacientes submetidos ao treinamento de Pilates tiveram suas funções mental e física melhoradas consideravelmente, diminuindo a depressão em 67% e a ansiedade em 53%. Uma possível explicação é que o Pilates aumenta os níveis de β-endorfina, um neurotransmissor que tem efeitos antidepressivos, diz a fisioterapeuta.

As causas de dores lombares são variadas e algumas vezes inespecíficas, com gatilhos indo desde fatores físicos – como ficar em pé ou caminhar por muito tempo, sentar-se ou deitar-se na mesma postura por períodos prolongados, levantar peso sem ter a musculatura condicionada – até fatores psicossociais e afetivos, como insatisfação no trabalho e a própria depressão.

Mais informações: e-mail sandramaral@alumni.usp.br, com Sandra Amaral

FONTE: Jornal da USP