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Uma revisão de estudos publicada recentemente aponta para a relação entre o consumo de açúcar e a incidência de câncer. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera seguro um consumo de açúcar equivalente a 5% ou 10% das calorias diárias. Isso representa uma quantidade em torno de 6 a 12 colheres de chá de açúcar por dia. A quantidade não é baixa, mas o alerta permanece, uma vez que boa parte do açúcar consumido no dia a dia está escondido nos alimentos em forma de sucrose e frutose, sobretudo em alimentos industrializados.
Vale ressaltar que o açúcar é vital para o funcionamento do organismo humano, mas o exagero em seu uso e complicações de saúde decorrentes disso podem facilitar o aparecimento de cânceres.
Relação açúcar e câncer
Segundo Maria Del Pilar Estevez Diz, médica oncologista e diretora do Corpo Clínico do Instituto do Câncer do Estado de SP (Icesp), a relação entre consumo de açúcar e aparecimento de câncer é indireta. “O aumento do consumo de açúcar está associado com outras doenças que estão diretamente relacionadas ao câncer, como a obesidade e diabete. Existem alguns estudos experimentais mostrando que o consumo excessivo de açúcar em animais de laboratório pode levar a um estado inflamatório e isso facilitaria o advento de câncer, mas a gente não tem isso de uma maneira tão clara, o açúcar em si não é um carcinógeno.”
Nesse mesmo princípio, diversos cânceres podem surgir devido a esse processo inflamatório. “A gente tem uma série de câncer relacionada a essa condição clínica e que está muito associada também ao estilo de vida, como o câncer de mama, o câncer de próstata, colorretal, rim, fígado, pâncreas, câncer uterino e ovário”, diz Maria Del Pilar.
Aspartame
O uso de adoçantes, que são muito comuns em produtos industrializados, também deve ser ponto de atenção. Maria Del Pilar explica que não é proibido usar essas substâncias, mas que elas estão potencialmente ligadas ao câncer e devem ser evitadas, com destaque para o aspartame, incluído recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como substância “possivelmente cancerígena”. “Hoje o que está sendo considerado seguro é equivalente a no máximo 40 mg por quilo por dia, o que daria cerca de nove latinhas de refrigerantes por dia. Isso não é pouco. É que esses adoçantes não estão presentes só no refrigerante, eles estão presentes numa série de produtos alimentares. Então, às vezes a pessoa pode estar consumindo muito adoçante sem saber. A orientação geral é: sempre que possível não consuma. É uma mudança de hábito mesmo”, enfatiza.
Dieta durante tratamento
Para uma pessoa que está se tratando de um câncer, as recomendações dadas à população geral se mantêm. “O paciente com câncer precisa ter uma dieta variada, que ofereça carboidratos numa quantidade razoável, que ofereça um pouco de gordura, que ofereça proteínas e que ofereça muitas fibras”, orienta a oncologista. Nesses casos, os alimentos industrializados também devem ser evitados. “Eles [industrializados] costumam ter uma quantidade excessiva de sal e excessiva de açúcar, sem que a gente consiga perceber”, acrescenta.
A médica também aponta para ações preventivas, como uma dieta equilibrada e o exercício físico constante. “Eles diminuem o estado inflamatório do organismo, então isso acaba reduzindo o risco de câncer e acaba reduzindo o risco de muitas outras doenças crônicas.”
FONTE: Jornal da USP