Exercício físico bloqueia entrada de substâncias nocivas no cérebro

Pesquisas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP mostram que, em pessoas hipertensas ou com insuficiência cardíaca, o exercício físico aeróbico é capaz de prevenir danos na barreira hematoencefálica, melhorando o fluxo sanguíneo.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP receberam diversos prêmios ao encontrar, em um simples e antigo hábito, uma solução para melhorar o controle da hipertensão arterial. Em estudos com ratos, foi observado que o exercício físico aeróbico é capaz de corrigir a disfunção da barreira hematoencefálica, tanto na hipertensão crônica como na insuficiência cardíaca, restaurando o fluxo sanguíneo do cérebro mesmo na persistência da doença.

A barreira hematoencefálica é uma estrutura que tem a função de regular o transporte de substâncias entre o sangue e o sistema nervoso central, barrando a entrada de substâncias tóxicas e de hormônios plasmáticos em excesso. Esses hormônios, quando em excesso, são capazes de ativar neurônios que estão envolvidos na regulação do sistema cardiovascular, levando à disfunção autonômica e ao desequilíbrio da circulação sanguínea. Isso facilita o aparecimento de lesões em órgãos-alvo, podendo comprometer coração, cérebro, rim, entre outros órgãos.

“Além de corrigir o controle autonômico da circulação, o treinamento aeróbico também contribui para reduzir de 10% a 15% os níveis da pressão arterial nos hipertensos”, afirma Lisete Compagno Michelini, coordenadora do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular, responsável pelos estudos.

Filtro de substâncias

Encontrada nos capilares cerebrais por onde o sangue circula, a barreira hematoencefálica é composta de células endoteliais intimamente ligadas umas às outras por junções, que limitam a passagem de substâncias hidrossolúveis (solúveis em água). Não há limite para a passagem de substância lipossolúveis, como oxigênio e gás carbônico, através da célula endotelial. O problema são as macromoléculas.

“Em indivíduos saudáveis, a passagem de macromoléculas, como substâncias tóxicas e hormônios plasmáticos, feita através de vesículas sanguíneas, é bastante limitada. No entanto, observamos que em hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca há um aumento expressivo no número dessas vesículas em áreas autonômicas, o que eleva a permeabilidade da barreira hematoencefálica. Por outro lado, observamos que o treinamento aeróbico reduziu em muito a formação dessas vesículas, além de normalizar a permeabilidade da barreira hematoencefálica”, explica.

Segundo Michelini, já se sabia que em casos de acidente vascular cerebral (AVC), traumas e doenças neurodegenerativas a integridade da barreira era comprometida pela quebra das junções oclusivas, o que permitia livre acesso das substâncias. “Em nossos experimentos, observamos que na hipertensão e insuficiência cardíaca não há quebra em áreas de controle cardiovascular, mas sim, aumento da permeabilidade por facilitação do transporte das vesículas, o que pode ser prontamente corrigido pelo treinamento aeróbico”, destaca.

As descobertas feitas pela equipe reforçam a importância do treinamento físico para a melhora do controle autonômico da circulação, pois além de ser um importante aliado no tratamento farmacológico dessas patologias, possibilita a diminuição da quantidade necessária de medicamentos e, consequentemente, há menos efeitos colaterais. “O exercício físico, assim como diferentes fármacos, favorece a vasodilatação vascular, ajuda a balancear desvios do sistema renina-angiotensina, responsável por regular a pressão arterial, e melhora o controle autonômico da circulação”, afirma.

Os estudos foram realizados no âmbito do projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Barreira Hematoencefálica – Um novo paradigma no tratamento da Hipertensão e foram publicados em periódicos de circulação internacional (veja abaixo). Outros estudos estão em fase de revisão por pares ou em fase de conclusão.

Desde que teve início, em junho de 2019, o projeto já recebeu, por meio de estudos vinculados a ele, seis premiações nacionais e internacionais, como o título de melhor trabalho publicado recentemente em seleção da Sociedade Americana de Fisiologia; o prêmio de pesquisadora revelação da International Society of Hypertension, concedido à pós-doutoranda Hiviny de Ataídes Raquel; e o 3º lugar no prêmio Álvaro Ozório de Almeida da Sociedade Brasileira de Fisiologia 2022 concedido à mestranda Sany Martins Pérego.

O projeto temático tem vigência até maio de 2024. O grupo segue estudando o funcionamento da barreira hematoencefálica, agora com o objetivo de avaliar se o transporte vesicular aumentado na hipertensão e insuficiência cardíaca, mas reduzido em ambas as situações pelo treinamento aeróbio, são mediados pela disponibilidade do hormônio angiotensina II e/ou de citocinas pró-inflamatórias. O grupo irá ainda verificar se os resultados obtidos na hipertensão primária, de origem neurogênica, são também aplicáveis à hipertensão secundária, ou seja, derivada de uma outra condição.

Texto: Redação
Arte: Adrielly Kilryann

FONTE: Jornal da USP

Dezembro laranja alerta para o câncer de pele

O Hospital das Clínicas integra as ações da Sociedade Brasileira de Dermatologia no período do Dezembro Laranja, campanha nacional de conscientização sobre o câncer de pele.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, 30% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil correspondem ao câncer de pele. Esse tipo é o mais frequente, mas pode ser prevenido. “[A prevenção] É possível sim, porque o câncer de pele que mais ocorre no nosso meio é aquele em áreas expostas ao sol. A principal maneira de prevenir o câncer de pele que comumente afeta a nossa população é fazer uma boa proteção solar”, explica o especialista Vitor Manoel Silva dos Reis, dermatologista responsável pela campanha de prevenção do Câncer de Pele no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

É preciso estar atento para algumas ocasiões, como o mormaço, que é um período sem sol a pino, mas que possui uma alta carga de radiação ultravioleta sem deixar a pele vermelha. Algumas pessoas também são mais suscetíveis ao desenvolvimento de câncer de pele: “Existem pessoas que têm uma suscetibilidade maior ao câncer de pele. Não se protegendo, elas com certeza vão ter esses fatores, fazendo com que aumente a possibilidade de ter os principais cânceres de pele: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. Esses são aqueles que o sol faz surgir, principalmente em pessoas que já têm uma certa tendência, como pele clara e olhos azuis”, comenta Reis.

Outras formas de prevenção são o uso de roupas que cobrem áreas expostas do corpo, de chapéu ou boné e, sobretudo, o protetor solar.

Diagnóstico

“[O câncer de pele] É bem lento no seu surgimento. Vai começando com uma lesãozinha, alteração de pele que parece uma casquinha que sai e, não pouco tempo, alguns meses, pode começar a dar problema”, ressalta o médico. Alguns sinais para ficar atento são o aparecimento de casquinhas semelhantes a pintas, como lesões escurecidas com bordas irregulares.

Reis também alerta para a necessidade de ficar atento aos tumores: “O tumor significa que há um crescimento, mesmo que pequeno, na pele.  Quando há um surgimento de alguma lesão, que os leigos podem chamar de verruga, se ela sangrar com frequência, se ela for localizada numa área exposta ao sol como dorso do nariz, face, bochecha, orelha, ou mesmo na região do tórax, você tem que suspeitar que esteja se iniciando aí um câncer de pele. Ele pode ser um carcinoma basocelular ou espinocelular e, no caso de melanoma, que é um um tumor de pele muito grave, porque ele pode realmente afetar as camadas de pele um pouquinho mais profundas, ele deve ser é diagnosticado precocemente para que o tratamento dê um ótimo resultado”, acrescenta o especialista.

Campanha

O Hospital das Clínicas integra as ações da Sociedade Brasileira de Dermatologia no período do Dezembro Laranja, campanha nacional de conscientização sobre o câncer de pele. Os atendimentos são gratuitos e ocorrem no dia 3 de dezembro, das 9h às 15h.

As ações não se limitam a São Paulo. Para consultar o ponto de ação da campanha mais próximo, acesse o site https://www.sbd.org.br/dezembrolaranja/.

FONTE: Jornal da USP

Cuidados com a pele e a saúde devem ser redobrados no verão

Está chegando o verão e, com ele, aquela prática tão característica da estação de tomar banho de sol. É nessa hora que as atenções e os cuidados com a pele devem ser redobrados. O aumento da radiação solar é um fenômeno muito comum e, em decorrência disso, a emissão dos raios ultravioleta, UVA e UVB, crescem e aumentam também os riscos de doenças da estação. A professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Cacilda da Silva Souza, especialista em dermatologia, explica que a proteção deve ser feita através do filtro solar, priorizando a face, e com a utilização de barreiras físicas, tais como roupas leves e de manga comprida, chapéus, bonés e sombrinhas.

“Atualmente já existe uma diversidade de vestimentas próprias para as atividades esportivas, a piscina, mar e também para as atividades diárias. Uma ideia muito simples e boa é o uso de mangas removíveis que o ciclistas e motociclistas utilizam”, recomenda. De acordo com a professora, a proteção deve ser maior em crianças, indivíduos de pele clara e que ficam muito vermelhos com a exposição solar, além de idosos, por possuírem uma pele mais sensível e um risco maior para o desenvolvimento de tumores.

Fator de proteção

No filtro solar é sempre indicado o fator de proteção que, segundo Cacilda, deve ser maior que 30. “O recomendado aqui na nossa região, com a intensidade da radiação ultravioleta, seria entre 50 e 60.” A professora ainda lembra que o filtro solar não deve arder os olhos e que uma opção é usar o filtro solar infantil.

Apesar de a pele clara exigir mais cuidados, a escura também sofre com as doenças da estação. “Enquanto a pele clara produz pouca melanina, que protege da radiação ultravioleta do sol, na pele escura essa produção da melanina é abundante. Os indivíduos de pele escura têm uma proteção natural contra o sol.” Mesmo assim, a professora reforça que o uso de filtro solar é indispensável.

Além da proteção contra o sol, que pode causar doenças de pele, a desidratação é outro problema recorrente e que precisa de atenção. “É essencial que haja um aumento da ingestão de água no verão, especialmente em atividades com exposição ao sol. Isso porque a falta de consumo de água, junto com a exposição solar excessiva, pode levar à desidratação e à insolação.”

E a insolação é uma condição comum nesta época do ano. É resultado de uma exposição intensa ao calor. A insolação acontece quando a temperatura corporal fica superior a 40º, o que causa uma falha no mecanismo de transpiração corporal.

Julia Gatto, estudante de 21 anos, conta que teve insolação depois de uma uma sessão de bronzeamento artificial, quando não foram tomados os cuidados necessários com a pele. “No momento em que saí da clínica já estava com muita febre, porque o meu corpo estava muito quente, acabei ficando com bolhas, febre e ânsia por uns três dias e tive que faltar na faculdade e no estágio.”

A professora lembra que a insolação e a desidratação são problemas que podem impactar diretamente o aproveitamento da estação. “A adoção das medidas preventivas vai ajudar a se proteger e aproveitar melhor e com menor risco este período de férias e de lazer”, conclui.

Por Laura Oliveira

FONTE: Jornal da USP

O que é pé diabético?

Quando não tratado de forma adequada, o diabetes é responsável por diversas complicações, como retinopatia (lesões na retina do olho), nefropatia (perda do funcionamento dos rins), neuropatia (quando os nervos se tornam incapazes de emitir e receber mensagens do cérebro), infarto do miocárdio, derrame e até mesmo danos ao sistema imunológico, torna o paciente mais susceptível a infecções. 

Podem ocorrer na boca, gengiva, pulmões, pele, genitais e locais que houve incisão cirúrgica. Entre essas infecções, a desenvolvida nos pés dos pacientes costuma ser a mais frequente nos pacientes que tem o diagnóstico de pé diabético. Porém, também pode ser evitada. 

Entenda como o pé diabético se desenvolve, os sintomas, como prevenir e as formas de tratamento. 

Como o pé diabético se desenvolve  

Pessoas com diabetes não controlado, com níveis de glicose no sangue altos por muitos anos, pode causar lesões nos nervos e vasos sanguíneos dos pés. Além disso podem apresentar feridas nos pés que infeccionam e demoram mais para curar. Em casos graves, a amputação do membro pode ser necessária. 

Isso ocorre devido ao alto índice de açúcar no sangue, que provoca queda na atividade dos glóbulos brancos (células de defesa de nosso corpo), deixando o organismo mais suscetível a ataques de fungos, vírus e bactérias. Por isso, quando o diabetes não está controlado, existe uma grande brecha de infecções podem se estabelecer. 

Ou seja, uma ferida que se curaria rapidamente no pé de uma pessoa saudável, em um paciente com diabetes não controlada, essa ferida infecciona com mais facilidade. 

Sintomas 

O pé diabético tem 3 formas de se manifestar: forma neuropática (alteração nos nervos dos pés), forma vascular (alteração nos vasos sanguíneos dos pés) e mista.  

Na forma neuropática, o paciente perde progressivamente a sensibilidade do pé, tem sintomas como formigamentos e sensação de queimação. 

Geralmente, o paciente nota essa perda de sensibilidade quando sofre alguma pancada no pé e não sente, quando perde um calçado sem perceber ou quando nota calosidades evidenciadas. 

Quando é na forma vascular, o principal sintoma é dor ao elevar o pé, bem como, pé com temperatura fria e aparência pálida. Nesse caso, a presença de calosidade não é presente. 

Na forma mista, os sintomas e sinais se misturam. 

Fatores de risco para desenvolvimento de úlceras (feridas) e amputações  

Os fatores que facilitam o desenvolvimento de úlceras e amputações podem ser identificados em anamnese e com exame físico. Alguns fatores são: 

  • Visão alterada 
  • Deformidade pré-existentes dos pés 
  • Tabagismo ² 
  • Controle da glicemia insatisfatório 

Autocuidado para prevenir feridas  

Alguns dos cuidados para prevenir essa complicação do diabetes são comuns às boas práticas gerais que todo paciente com diabetes deve seguir, como manter uma boa alimentação, se exercitar, acompanhar de perto os índices de glicemia e manter o tratamento em dia. 

  1. Fique atento à cor de suas pernas e pés. Se enxergar inchaço, calor, vermelhidão ou dor, procure o médico; 
  2. Faça a higiene com sabonete neutro e água; 
  3. Corte suas unhas em linha reta, mas não corte demais;
  4. Lave e seque bem os pés, especialmente entre os dedos; 
  5. Hidrate todos os dias, em especial os calcanhares a planta dos pés;
  6. Troque de meias todos os dias; 
  7. Use sapatos confortáveis e do tamanho certo para você; 
  8. Evite saltos; 
  9. Não ande descalço; 
  10. Evite banhos quentes; 
  11. Evite ficar sentado por muito tempo; 

Procurando assistência médica  

Estimativas apontam que em 2025 haverá 463 milhões de pacientes com diabetes no mundo, um sinal vermelho que não pode ser ignorado, principalmente quando pensamos nas complicações que o diabetes não tratado traz. 

O cuidado com alguém diagnosticado com diabetes devem ir bem além do que o cuidado com os pés. Por exemplo, é indispensável a avaliação anual da função renal para rastreamento da nefropatia diabética, bem como a avaliação anual do fundo de olho, que rastreia a retinopatia e a avaliação trimestral que avalia o controle glicêmico. 

Na presença de um ou mais sintomas, procure ajuda profissional.  

Tratamento  

A partir dos sintomas identificados, o tratamento, acompanhamento e aconselhamento de cada caso será individualizado a partir do tipo de pé diabético, se neuropático ou vascular. O tratamento vai ter como objetivo a restauração do local ferido, evitar a proliferação da infecção e prevenir novas lesões

Melhorar sua alimentação é uma ótima forma de evitar complicações que podem surgir quando a diabetes não está controlada.  

FONTE: Blog Programa FazBem

Evitar o sedentarismo é fundamental na prevenção do câncer

Ajustes no estilo de vida podem ser um dos mecanismos para a prevenção do câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença ocasiona uma a cada seis mortes no mundo. Dessas, algumas poderiam ser evitadas a partir de pequenas mudanças de hábitos e outros mecanismos, como a vacinação contra o HPV, uma alimentação equilibrada e, principalmente, com a prática de atividades físicas.

Em um breve levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Ministério da Saúde estabelece uma cartilha com orientações com quatro tópicos principais. Evitar o sedentarismo é ponto fundamental na prevenção de diversos tipos de câncer. A professora Patrícia Chakur Brum, titular da Faculdade de Educação Física e Esporte da USP, explica que é justamente o condicionamento corporal ocasionado pela prática esportiva, associado a outros hábitos saudáveis, o principal aliado na prevenção e diminuição das chances de se contrair a doença.

Para isso, são indicados entre 150 a 300 minutos de atividades por semana, alternando exercícios que combinem atividades de deslocamento e atividades de resistência: “As atividades físicas têm se mostrado muito eficientes. Então, é importante que elas sejam incorporadas como um hábito na rotina das pessoas”, adiciona a professora. Ela também salienta que a combinação a demais fatores, como diminuição do tabagismo e do consumo de álcool, alimentação equilibrada, redução do estresse e da ansiedade são fortes aliados às práticas esportivas na prevenção do câncer.

Os exercícios sugeridos pela professora envolvem a movimentação do corpo, atividades aeróbicas e de resistência muscular. Independentemente da intensidade ou nível de dificuldade desses exercícios, “o ideal é que as atividades sejam prazerosas”, destaca a professora.

Na reabilitação e reincidência 

Há evidências de que a proteção por meio da atividade física seja mais efetiva entre os cânceres de bexiga, cólon, endométrio, esôfago, estômago, rins e mama. Este último tipo foi objeto de estudo da professora, que também acompanha o Projeto Remama (Remo para Reabilitação pós-Câncer de Mama) da USP. Nele, Patrícia acompanha de perto os efeitos da prática do remo em ex-pacientes que passam por uma reabilitação fisiátrica, sob observação de profissionais da educação física.

Este é um exemplo do uso de práticas esportivas na reabilitação do câncer, mas Patrícia também ressalta a importância destas para evitar a reincidência da doença. Para isso, é preciso que “os pacientes sejam liberados pelos oncologistas para a prática, porque, além de ajudar com os efeitos colaterais do tratamento, ela ajuda a prevenir a reincidência da doença”, complementa Patrícia, ao deixar claro que os exercícios são fundamentais não apenas para a prevenção como nas etapas posteriores à doença.

Por Fernanda Real

FONTE: Jornal da USP

Creatinina: o que é e por que medir?

Você sabe o que é creatinina e como ela funciona dentro do seu corpo? Sabe se ela é importante e por quê?   

Bom, essas são perguntas que nosso texto vai te responder.  

Já ouviu o ditado “quem avisa, amigo é”? Pois bem, vamos mudar essa frase para “o sintoma, um sinal é”. Apesar de não gerar realmente um sintoma, mas gerar um aviso, o aumento da creatinina é um alerta para mudanças na sua função renal. 

Creatina  

A creatina é um dos aminoácidos do nosso organismo. Está localizada, em maior parte, nos músculos do seu corpo e no cérebro. Nosso corpo pode produzir cerca de 1g de creatinina por dia a partir do fígado, pâncreas e os rins. 

Apesar de produzida por esses órgãos, ela fica armazenada como fosfocreatina nos músculos, usada para gerar energia, mas também é encontrada na carne vermelha, frutos do mar e suplementos. 

Creatinina  

A creatinina é derivada, quase totalmente, da creatina presente no tecido muscular. Como ela fica armazenada em forma de fosfocreatina para gerar energia no músculo, a sua degradação para a creatinina ocorre de maneira constante, cerca de 2% da creatina diária. 

A concentração dela no sangue é proporcional a massa muscular de cada pessoa, por isso, o atrofiamento muscular pode impactar nos seus índices. 

A creatinina é eliminada do corpo pelos rins e o organismo não reaproveita nada dela, assim, seus níveis refletem nas taxas de filtração renal e é por esse motivo que os exames precisam ser feitos frequentemente, já que o alto nível de creatinina pode indicar uma deficiência na funcionalidade renal. 

São várias as causas do aumento de creatinina no sangue por problemas renais, tais como: hipotensão, obstrução urinária, desidratação excessiva e doença renal crônica, diabetes ou pressão alta por exemplo. Assim como ela pode aumentar, também pode cair, os fatores que levam a essa queda da creatinina no sangue são: insuficiência hepática, hidratação excessiva e doenças musculares. 

Os índices de creatinina e sua relação com os rins 

Os rins são responsáveis por filtrar as toxinas do nosso organismo, por isso, se eles trabalham de forma inadequada, a filtragem do sangue fica afetada. Se eles não estão conseguindo filtrar a creatinina, provavelmente não estão conseguindo filtrar outras substâncias e toxinas também. 

Bom, é por isso que as taxas de creatinina elevadas podem significar uma doença renal aguda ou crônica, que são silenciosas. Quanto mais alto o nível da creatinina, mais grave a doença renal, por isso, dosar a creatinina nos exames de rotina são fundamentais para um diagnóstico precoce e evitar as complicações de uma possível patologia. 

ATENÇÃO: se você tem risco de desenvolver uma doença renal, o teste de creatinina é ainda mais importante. Pessoas com hipertensão, diabetes, algum outro problema renal, infecção urinária de repetição e sangramento pela urina devem fazer esse exame de rotina com mais frequência, sempre consultando um médico. 

O exame de creatinina  

Esse exame mede a quantidade de creatinina pelo sangue ou pela urina, mas para avaliação da função renal, o exame de sangue é o mais indicado. 

Ele é geralmente pedido para: 

  • Diagnosticar doenças renais; 
  • Monitorar o tratamento ou progressão de doença renal; 
  • Monitorar os efeitos colaterais de medicamentos que podem danificar os rins; 
  • Monitorar a função renal de um rim transplantado.  

Preparo  

Não tomar nenhum suplemento de creatina e, talvez, seu médico possa pedir para que você evite alguns alimentos antes do teste, mas converse sempre com ele sobre esse assunto e siga suas orientações.

Para o exame de sangue pode ser necessário, ou não, o jejum durante a noite anterior ao teste e o de urina é uma coleta de 24h na sua própria casa.

Resultados  

O resultado do exame vai mostrar vários índices: 

  • Nível de creatinina sérica; 
  • Taxa de filtração glomerular; 

Assim que receber os resultados, retorne ao médico. Não tente decifrá-los sozinho e com pesquisas na internet, apenas seu médico pode interpretá-lo de forma correta para o seu caso e histórico clínico.  

FONTE: Blog Programa FazBem

 

Saúde dos rins e envelhecimento

Com o avanço da idade da população em diversos países, a saúde dos rins precisa ganhar visibilidade para que as pessoas consigam saber sobre o que se trata, como são causadas, quais são sintomas e o tratamento.  

Um exemplo é a Doença Renal Crônica, a qual o risco de desenvolvimento varia entre 30% e 50% para pessoas com mais de 65 anos. No Brasil, atinge 10% da população. Existe muito trabalho de conscientização a ser feito, principalmente para que o diagnóstico aconteça nos primeiros estágios e que a doença seja controlada. 

O envelhecimento aumenta as chances de alguma doença renal se desenvolver e evoluir para Insuficiência Renal Crônica (IRC). Porém, existem atitudes simples que podem prevenir essas doenças e/ou mantê-las controladas. 

Esse texto vai abordar exatamente quais são essas atitudes e como implementá-las no seu dia a dia, vamos lá?  

O que é Doença Renal?  

A doença renal crônica (DRC) se caracteriza por alterações que afetam a função dos rins. As causas e fatores são diversos e o processo de progressão é lento, o que faz com que os pacientes sintam os sintomas apenas quando a doença e está em estágio avançado. 

A função dos rins  

Os rins têm a função de filtrar o sangue e eliminar substâncias que nosso corpo produz como resultado da atividade celular (como ácido úrico, creatinina e ureia), sendo assim, ele tem uma função reguladora que contribui para a manutenção de água e sais minerais no sangue. 

Os fatores que mais estão associados à manifestação da doença renal, são a hipertensão, a diabetes e a idade avançada.  Juntos, esses três fatores trazem grande risco de problemas nos rins. 

O tratamento dessas doenças bases é essencial para a prevenção de problemas nos rins e o desenvolvimento de doença renal crônica. Principalmente porque essas duas doenças têm uma incidência maior conforme a idade avança

A doença renal tem cinco estágios, são eles:   

Estágio 1: a filtração e a taxa de filtração glomerular (TFG), um importante indicador na avaliação e detecção de DRC, permanece com taxas normais, entre 90 ou mais. Existe risco de evolução caso os fatores de risco não sejam tratados.
Estágio 2: nesse estágio, os rins começam a ter um leve comprometimento na função (que pode estar associado ao envelhecimento), mas ainda não há sintomas e esse leve. Existe uma leve queda na TFG, ficando entre 60 e 89.
Estágio 3: os primeiros sintomas aparecem, como anemia e doença óssea leve. O tratamento geralmente se inicia nesse estágio e objetivo dele é controlar fatores de risco para que não se perca totalmente a função renal. A taxa de TFG fica em torno de 30 a 59.
Estágio 4: esse estágio é chamado de pré-dialítico, o tratamento deve ser mantido, ao passo que a substituição renal deve ser preparada. A taxa TFG fica entre 15 e 29 nesse estágio.
Estágio 5: no estágio final, a insuficiência renal está estabelecida. Os sintomas são náuseas, vômitos e perda de peso do paciente. A anemia se intensifica, assim como o acúmulo de líquido. É nesse estágio que a substituição renal ocorre, quando a taxa de TFG está entre 15 ou menos.

Sintomas da Doença Renal Crônica  

  • Perda de apetite
  • Perda de peso
  • Inchaço
  • Descontrole da pressão arterial
  • Mudanças na urina
  • Vômitos e náuseas

Prevenção  

A prevenção de doenças nos rins pode ser feita através de atitudes no estilo de vida, como redução do consumo de açúcar, sal, parar de fumar, realizar atividades físicas regularmente, realizar o controle de diabetes e hipertensão. Além disso, aumentar a ingestão de água ao longo do dia. 

Estar com os exames em dia é essencial. Exames como de urina, de sangue, de glicemia e de creatinina, que podem detectar a doença renal em seus estágios iniciais, que não apresentam sintomas! 

Tratamento  

É inegável que a população está envelhecendo na maioria dos países, graças ao avanço de tratamento para doenças que antes eram vistas como fatais. É inegável também que a doença renal crônica está associada ao envelhecimento, conforme vimos ao longo do texto. 

Por isso, a detecção precoce ajuda que o tratamento adequado seja iniciado o mais rápido possível para que as complicações e mortalidade sejam reduzidas. 

O chamado Tratamento Conservador é realizado quando a doença é encontrada na fase inicial. Em fases mais avançadas, em que a insuficiência renal é total ou parcial, o tratamento é feito por diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal), no qual ocorre um filtro feito por uma máquina (que faz o papel do rim). Ou então, feito com o transplante renal. 

Na hemodiálise, o paciente comparece cerca de três vezes na semana para a realização do procedimento. A diálise peritoneal é realizada em domicílio. Junto ao médico nefrologista, que cuida da saúde dos rins, o melhor tratamento será escolhido, de acordo com a fase que o paciente está. 

FONTE: Blog Programa FazBem

Diabetes pode ser hereditária?

Você tem diabetes e quer saber se ela pode ser hereditária? Ou você tem alguém na família com diabetes e está preocupado com a possibilidade de desenvolver essa doença? Nesse texto, podemos trazer algumas respostas para as suas dúvidas!

Antes de tudo, vamos só explicar brevemente o que é o diabetes para que, caso você ainda não saiba muito bem, entenda melhor e não se sinta confuso durante a leitura.

O diabetes

O diabetes é uma síndrome metabólica que acontece por conta da falta de insulina ou pela incapacidade de a insulina exercer seus efeitos no organismo. Isso causa altas taxas de açúcar no sangue de forma permanente. 1

A insulina é produzida no seu pâncreas e é responsável pela manutenção do metabolismo, permitindo que você tenha energia suficiente para manter o seu organismo todo funcionando. 1

Apenas 5 a 10% dos casos de diabetes correspondem ao tipo 1, que é aquele em que o sistema imunológico ataca as células que produzem insulina. Já o tipo 2 ocorre, principalmente, em pessoas com excesso de peso, sedentarismo, hábitos não saudáveis e histórico familiar. 1

Como o diabetes é uma doença silenciosa, é importante entender melhor sobre ele. Saiba mais nesse link.

Diabetes e hereditariedade

Existem alguns fatores de risco relacionados ao diabetes e a hereditariedade é um deles. O histórico familiar dessa doença coloca você em maior risco de desenvolvê-la em qualquer um dos tipos. O que não significa que você vai obrigatoriamente ter diabetes, ok? 2

O fator genético é mais determinante no diabetes tipo 2. Para o tipo 1, o fator com mais impacto são as infecções virais. 2

Nós nascemos com um conjunto de informações que dão instruções às nossas células de como elas devem funcionar. Essas informações são armazenadas em genes que formam o nosso DNA. Pesquisadores já identificaram vários tipos diferentes de genes que podem trazer mais risco de as pessoas desenvolverem a doença. 2

Esses genes são chamados de “suscetíveis ao diabetes”. Entretanto, essa ainda não é a resposta final, já que 45% das pessoas que possuem essas variantes não desenvolveram a doença. Comprovando o que dissemos no começo desse tópico: não é porque você tem o histórico familiar que desenvolverá o diabetes.  2

Além de ser mais impactante no diabetes tipo 2 do que no tipo 1, o fator genético tem seus números alterados nos dois. Se um portador de diabetes tipo 1 tiver um irmão gêmeo idêntico, há de 30 a 40% de chances de o irmão também desenvolver a doença. Já com o diabetes tipo 2, há de 60 a 75% do irmão desenvolver a doença. 2

Prevenção do diabetes

Mesmo sendo um fator hereditário, existem formas de prevenir o diabetes com hábitos saudáveis como alimentação, atividade física e outros. 3

Evitar ou cuidar de outras doenças crônicas também são formas de prevenir o diabetes, já que existem doenças que são fatores de risco para ele, como a obesidade. 3

Manter uma alimentação saudável de acordo com a dieta recomendada para o seu médico, além de manter o acompanhamento com um profissional, é um dos pontos importantes para cuidar da sua saúde e evitar o diabetes. Existe um Guia Alimentar disponibilizado pelo Ministério da Saúde que podem ajudar no seu dia a dia. 1, 3

Atividades físicas também são importantes para a sua saúde como um todo, não apenas no combate ao diabetes. Por isso, sua prática nunca deve ficar de lado. Faça atividades que goste, comece devagar, siga as orientações médicas e entenda seus limites. Para auxiliar você nessa jornada, também tem um Guia de Atividade Física disponibilizado pelo Ministério da saúde e vale a pena conferir. 1, 3

Nunca esqueça de manter o acompanhamento médico frequente e cuidar de outras doenças crônicas caso você já tenha alguma. Em nosso blog, tem diversos conteúdos sobre esse assunto. Se você já tem diabetes e está preocupado com a hereditariedade de alguém próximo, recomende essas dicas para essa pessoa e conheça mais algumas maneiras de controlar o seu diabetes.

Referências:  
  1. Secretaria da Saúde – Estado do Paraná. Diabetes (diabetes mellitus) [Internet]. [cited 2022 Oct 13]. Available from: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Diabetes-diabetes-mellitus#:~:text=A%20melhor%20forma%20de%20prevenir,f%C3%ADsicas%20devem%20ser%20uma%20prioridade 
  2. LIGIA – Liga Interdisciplinar de Diabetes. Meus filhos terão diabetes? [Internet]. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2017 Sep 10 [cited 2022 Oct 13]. Available from: https://www.ufrgs.br/lidia-diabetes/2017/09/10/meus-filhos-terao-diabetes/
  3. Secretaria da Saúde – Estado da Goiás. Diabetes [Internet]. 2019 Nov 21 [cited 2022 Oct 13]. Available from: https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7592-diabetes  
BR-20449. Material destinado a todos os públicos

FONTE: Programa Blog FazBem

Exames periódicos ainda são a melhor forma de prevenir o câncer de próstata

O câncer de próstata, tipo mais comum entre os homens, é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

O Novembro Azul é o mês mundial de combate ao câncer de próstata. O  urologista Daher Cezar Chade, professor da Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com ênfase em Uro-Oncologia,  explica que os cuidados devem ser mais frequentes a partir dos 50 anos.

Os tumores de próstata podem ser de baixa, média ou alta agressividade. Os exames regulares são muito importantes para detectar o câncer na próstata logo na fase inicial da doença. Fase essa em que o câncer não apresenta sintomas, segundo o urologista da USP.

Sintomas

Quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Entre os sintomas estão as dores nos ossos, dor para urinar, vontade constante de urinar e a presença de sangue na urina.

A prevenção do câncer na próstata é feita em duas etapas: a primária e a secundária. A primária está relacionada a hábitos saudáveis de vida. Já a secundária inclui os exames periódicos.

Esse tipo de câncer chega a atingir 16% dos homens e sua frequência aumenta com a idade. O especialista diz que a  escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um, de acordo com a fase da doença.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Efeitos da obesidade na capacidade respiratória de mulheres

A resistência das vias aéreas está relacionada com a dificuldade de o ar se movimentar nessas vias, e afeta a capacidade funcional das mulheres, mesmo que elas não apresentem queixas ou sinais clínicos.

A resistência das vias aéreas é o grau de dificuldade com que o fluxo de ar se movimenta para dentro e para fora dos pulmões, o que está associado ao diâmetro do sistema respiratório. Quanto mais resistência, maior a dificuldade durante a respiração. Alguns estudos já haviam demonstrado que as pessoas com obesidade, tanto homens quanto mulheres, apresentam esse distúrbio.

Agora, uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP realizada com mulheres com obesidade grau 3, considerada a mais elevada, além de confirmar os resultados anteriores, traz novos dados ao mostrar que, embora haja um aumento da resistência do sistema respiratório, a maioria das participantes não reclamaram de falta de ar e nem de limitações importantes durante os testes de caminhada. Uma possível explicação para isso é que as mulheres que participaram do estudo se declararam fisicamente ativas.

De acordo com a professora Ada Clarice Gastaldi, uma das autoras da pesquisa, mesmo nessas pacientes que não se queixaram durante os exercícios, foi possível identificar que o aumento da resistência das vias aéreas se relaciona com uma diminuição da capacidade funcional do exercício e da habilidade na realização de atividades físicas e diárias. “Isso pode aumentar as chances de complicações em situações de maior demanda, como no controle da ventilação e nos níveis de oxigênio no sangue dos pacientes durante cirurgias, nos períodos de restrição ao leito, ou mesmo com o envelhecimento, e também, em situações críticas, como a necessidade de intubação”, explica a professora ao Jornal da USP.

Em casos de obesidade, o menor diâmetro das vias áreas pode ser causado pela diminuição de volume pulmonar, inflamação no interior das vias aéreas ou alterações hormonais. “Sabemos que os índices de obesidade estão aumentando na população em geral. O acúmulo de gordura no corpo pode causar o comprometimento da respiração, colaborando para insuficiência ventilatória”, diz a professora. Uma das maneiras de lidar com o problema é por meio de fisioterapia, um conjunto de técnicas manuais preventivas ou curativas que podem, por exemplo, melhorar a oxigenação do sangue e reeducar a função respiratória.

Os dados foram publicados na revista PLOS ONE no artigo Increased airway resistance can be related to the decrease in the functional capacity in obese women.

Identificação da resistência das vias aéreas

Participaram do estudo 37 mulheres em pré-operatório para cirurgia bariátrica do Hospital das Clínicas da FMRP. “Dentre as pessoas com obesidade, há uma prevalência maior em mulheres e, além disso, trabalhamos com um grupo vinculado a um serviço de cirurgia bariátrica [para redução de estômago] que atrai principalmente mulheres”, explica a professora Ada sobre o porquê de apenas pessoas do sexo feminino terem participado do estudo.

Além disso, as voluntárias não eram fumantes e tinham idade entre 18 e 50 anos. “Temos um grupo bem homogêneo, o que não é observado em muitas pesquisas. Vários estudos reúnem homens e mulheres ou grupos com diferentes graus de obesidade”, aponta.

A fisioterapeuta também explica que quando a resistência do sistema respiratório de pessoas sem obesidade é analisada, há um valor mais elevado em mulheres, já considerado nos valores de referência utilizados. Nas com obesidade, isso é intensificado.

As participantes foram avaliadas por meio do teste de caminhada de seis minutos, do teste de espirometria e do sistema de oscilometria de impulso.

No primeiro, durante seis minutos, o paciente caminha o mais rápido que conseguir em um corredor de 30 metros. Os níveis de frequência cardíaca, saturação periférica de oxigênio, frequência respiratória e pressão sanguínea são monitorados antes, durante e depois do exercício. E os pacientes informam, com base em uma escala, o nível de desconforto ao respirar e o de cansaço das pernas. A distância percorrida no teste é um indicador da capacidade funcional de exercício, que pode afetar o desempenho em atividades mais intensas e também as diárias.

A espirometria é o teste funcional pulmonar mais comum na prática clínica. Nele, é necessário que a pessoa inspire profundamente e expire o mais forte e rápido possível. A espirometria não fornece diretamente o valor da resistência, mas mostra o resultado que ela provoca no fluxo de ar.

Já a oscilometria é mais restrita às pesquisas. A vantagem desse teste é que não demanda esforço do paciente, que apenas precisa respirar tranquilamente em um bocal e avalia de forma direta o valor da resistência do sistema respiratório. “Na oscilometria, podemos medir a resistência inspiratória ou respiratória, a resistência das vias aéreas centrais ou periféricas”, acrescenta a professora Ada.

Avaliação para prevenção

Mesmo nas participantes que não relataram queixas durante os exercícios foi possível identificar que o aumento da resistência das vias aéreas se relaciona com uma diminuição da capacidade funcional do exercício. Ada acredita que seria interessante ainda adicionar ao estudo um grupo de mulheres com obesidade grau 3 e com queixas de dispneia —  falta de ar —, a fim de identificar se há um comprometimento proporcional da capacidade funcional.

Saber que o distúrbio pode acontecer sem sinais clínicos é positivo para identificação e prevenção desse estado, aponta a professora. “É importante lembrar que estamos trabalhando com avaliação, mas pensando sempre de que forma essa investigação pode contribuir. Não é só avaliar e identificar, mas é pensar, a partir do problema identificado, de que forma podemos tratá-lo”, complementa.

Mais informações: e-mail ada@fmrp.usp.br, com Ada Clarice Gastaldi

Por Bianca Camatta

FONTE: Jornal da USP