A 1ª Semana de Saúde Mental da USP aconteceu do dia 15 ao 19 deste mês, sendo o dia 16 escolhido como o Dia da Saúde Mental da USP. A iniciativa coincide com o calendário nacional de celebração e luta em defesa da política de saúde mental brasileira. A programação completa pode ser encontrada no site da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).
Iniciativa
“ Nós vivemos de fato uma crise da saúde mental em escala global. O cenário da pandemia trouxe agravamentos, mas é importante dizer que essa problemática em escala ampliada já vinha apresentando um crescimento pelo menos desde o início do século, com diferenças regionais importantes. O continente americano, o nosso país em especial, apresenta quadros mais acentuados do que o restante do planeta”, explica o professor Ricardo Teixeira, coordenador da área de Saúde Mental e Bem-Estar Social da PRIP.
Independentemente da pandemia ter sido um agravante, a questão da saúde mental precisa ser abordada, sobretudo nas universidades públicas brasileiras, como diz Teixeira: “A gente precisa falar também do cenário da universidade pública brasileira. A questão do sofrimento mental adquire contornos específicos, o que faz isso ganhar importância e sair de uma situação de ações isoladas, assumindo o caráter de uma política mais estruturada. No contexto da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, ela está alinhada também com as questões de permanência estudantil”.
Construção
A criação da Semana de Saúde Mental da USP mostra o compromisso com o assunto e também a intenção de manter uma regularidade na discussão: “A Semana de Saúde Mental na USP assina a importância do compromisso com a questão da saúde mental, incluindo ela no calendário. A ideia é que, regularmente a cada ano, voltemos a essa discussão. Ela foi organizada com o intuito de chamar atenção ao problema, reafirmar o compromisso com essa questão, convidar a universidade a refletir sobre essas questões e a ampliar o conhecimento sobre as políticas de saúde mental no nosso país”, comenta o professor. Existem pontos específicos no ambiente universitário, mas o contexto é mais amplo, ele envolve todo o País, e o ideal é aproximar o local com o nacional.
O especialista coloca que a construção da iniciativa visava a ser uma espécie de mostra sobre as diferentes práticas de cuidado, para que elas não fossem efêmeras, e sim políticas regulares: “Estamos num processo de construção dessa política. Evidentemente, desde que a PRIP foi criada, exatamente há um ano, procuramos responder a situações emergenciais, a lacunas importantes existentes em relação ao cuidado, mas nós permanecemos, em primeiro lugar, num processo de escuta da comunidade, dos diferentes grupos coletivos, procurando aprofundar também o diagnóstico”. Ele acrescenta: “Nós não partimos da ideia de que o entendimento dessa crise esteja completamente elucidado. Nós temos que ampliar o diagnóstico da situação na universidade, entender esse fenômeno e construir coletivamente uma política para o enfrentamento dessas questões”.
Cronograma
Teixeira explica que “a semana é uma oportunidade concentrada no tempo de uma reflexão que deve se dar de forma contínua para uma política de saúde mental para a comunidade”. São diversas iniciativas durante esses dias: desde filmes, palestras a práticas de cuidado com a saúde mental: “A programação é bastante extensa, ela é ofertada pela PRIP, mas também pelas unidades”, coloca o especialista.
Aproximar as políticas de saúde mental da Universidade com as do País, trazer o tema da pandemia para enfrentá-lo de forma mais direta e constante e ampliar o conhecimento e as oportunidades de experimentar práticas de cuidado com a saúde mental são três pontos fundamentais da iniciativa, segundo o coordenador. “Nós teremos que acionar vários dispositivos para indicar não só a multidimensionalidade da questão da saúde mental, mas que o seu enfrentamento também passe por práticas sociais no sentido da promoção de uma cultura do cuidado na Universidade de São Paulo”, complementa.
FONTE: Jornal da USP