Desigualdade de gênero pode afetar estrutura cerebral de mulheres

Um novo estudo encontrou evidências de diferenças significativas na espessura do córtex cerebral entre homens e mulheres em populações com grande desigualdade de gênero. Nas regiões do cérebro onde foi identificada, a variação é interpretada pelos pesquisadores como maior vulnerabilidade em termos de saúde mental – e pode indicar que as mulheres estiveram mais expostas a situações adversas desde o início da vida.

Quando comparadas, imagens de ressonância de homens e mulheres mostraram diferenças nas seguintes regiões: giro cingulado anterior caudal direito, giro orbitofrontal direito e córtex occipital lateral esquerdo. Nesta população, os homens possuíam uma espessura cortical maior em relação às mulheres nessas áreas. Ainda não há como determinar as consequências destas diferenças na prática, mas sabe-se que estas regiões são responsáveis pelo gerenciamento das emoções, pela resiliência em situações adversas e na regulação dos sentimentos negativos. Também são associadas ao processamento de memória, à avaliação de riscos e à modulação do medo e ansiedade.

O índice de desigualdade de gênero foi estabelecido pelo Fórum Econômico Mundial em 2006. Desde então, é avaliado anualmente em 156 países do mundo e abrange quatro dimensões: participação e oportunidade econômica, acesso à educação, empoderamento político, saúde e sobrevivência. Os dados são colhidos localmente e se traduzem em uma comparação das informações para compor um indicativo da diferença entre homens e mulheres, considerados a partir de sexo biológico somente, sem levar em conta as identidade de gênero. No artigo, os pesquisadores reconhecem que esta é uma limitação dos dados com que trabalharam, já que não há sobreposição entre sexo biológico e identidade de gênero.

Com essas informações, foi possível correlacionar situações de vida menos favoráveis das mulheres com o desenvolvimento neuronal. Assim, menos escolaridade, menos cuidados na infância, e maior mortalidade materna parecem ter impacto não só psicológico, mas também na estrutura do cérebro.

O que torna o estudo especialmente relevante é a utilização de diferentes populações combinadas e uma amostra grande, trazendo uma nova perspectiva sobre essas diferenças cerebrais. Foram colhidas e analisadas por um grupo internacional de cientistas imagens de ressonância magnética de 7876 adultos, entre 18 e 40 anos de idade, de 79 países.

O médico Pedro Gomes Rosa, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que participou da pesquisa, destaca alguns pontos importantes para compreender os resultados obtidos:

Quando nascemos, existem diferenças entre os cérebros de bebês do sexo masculino e feminino. No entanto, as semelhanças entre eles são muito maiores, sem que sejam percebidas diferenças na região cortical. Os resultados da pesquisa não são explicados pela biologia somente, mas considerando uma variável social específica, a desigualdade de gênero, que pode ter impacto ao longo do crescimento. As variáveis sociais são difíceis de serem estudadas de forma isolada. Este estudo é pioneiro nesse sentido, pois conseguimos mostrar uma relação entre essa variável e modificações na espessura cortical.”

O pesquisador explica que as diferenças documentadas no estudo podem ser compreendidas como um reflexo do que aconteceu ao longo da vida, particularmente em alguns momentos da infância e adolescência. “Há dois momentos dramáticos em termos de neurodesenvolvimento – os chamados primeiros mil dias, que englobam a gestação e os dois primeiros anos de vida, além da puberdade. As meninas iniciam a puberdade antes dos meninos muitas vezes em um contexto de estresse, o que tem reflexos na saúde mental”, disse ao Jornal da USP.

No Brasil, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, as meninas de 13 a 17 anos se sentem mais tristes, sofrem mais violência doméstica e abuso sexual e possuem uma maior insatisfação com o próprio corpo em relação aos meninos. Esses dados justificam um quadro menos favorável em termos de bem-estar psicológico.

Para o neurocientista Raymundo Machado de Azevedo Neto, assistente de pesquisa no Instituto de Cérebro no Hospital Albert Einstein, o trabalho apresentou resultados coerentes com o que ele tem se deparado em diversos estudos. “Maiores diferenças de espessura cortical e volume de hipocampo entre homens e mulheres em populações com maior desigualdade social eram esperadas por conta dos estudos prévios. O que esse estudo tem de novidade é a possibilidade de verificar essas diferenças combinando diferentes populações e com uma amostra robusta.”

As imagens foram feitas em diferentes países (veja mapa). Uma das preocupações dos pesquisadores foi verificar se havia a possibilidade de distorções locais, isto é, alguns dos países apresentavam resultados destoantes do resultado mais amplo. Entretanto, de acordo com os autores, os testes estatísticos mostraram que o resultado permanece constante nos diferentes países, sem apresentar variações de uma localidade a outra, ou mesmo entre regiões diferentes, o que reforça a possibilidade de um fenômeno que vai além dos aspectos culturais locais.

 

Mapa mostra regiões que entraram na pesquisa. No estudo, quanto maior o nível de desigualdade de gênero em um país, maior foi a diferença média encontrada na espessura cortical entre mulheres e homens – Imagem do artigo/PNAS Psychological and Cognitive Sciences

Ressalvas

Bruna Velasques, psicóloga e neurocientista especializada em desenvolvimento infantil, vê os resultados com ressalvas: “o fato da pesquisa ter sido realizada em diversas culturas não significa que a cultura não possa ter promovido esse efeito. O neocórtex e as áreas subcorticais são estruturas dependentes do ambiente. Quando falamos em neurodesenvolvimento estamos falando de estruturas que estão em formação durante o contato da criança com o mundo que a cerca. E a maior parte das culturas têm essa oposição de homem versus mulher. Estudos que tentam identificar as diferenças de gênero e os efeitos da pobreza são sensíveis, já que é difícil isolar essas variáveis.” Ela acrescenta ainda que o fato de se verificar as diferenças estruturais cerebrais entre os gêneros não implica em saber o que essas diferenças significam efetivamente.

É nessa direção que Pedro Gomes Barbosa conclui: “o estudo traz novas perguntas em vez de responder a questões que gostaríamos. As variáveis precisarão ser melhor compreendidas. Por exemplo, como pensar a prevalência de depressão entre as mulheres? Ou o abuso de substâncias entre os homens?”

artigo foi liderado pelo pesquisador Nicolas Crossley, professor visitante da Universidade de Oxford, Reino Unido e por André Zugman, pesquisador do National Institute of Mental Health, nos Estados Unidos, que completou seu doutorado na Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp). Contou ainda com a colaboração dos professores do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e dos pesquisadores do Laboratório de Neuroimagem em Psiquiatria da FMUSP.

Mais informações: e-mail pedrogomesrosa@gmail.com, com Pedro Gomes Rosa

*Pesquisadora colaboradora da FMUSP, com edição de Luiza Caires e Valéria Dias
**Sob supervisão de Moisés Dorado e Simone Gomes de Sá

FONTE: Jornal da USP

Por dentro do coração: pesquisa busca entender recusa familiar na doação de órgãos

Estigma, falta de preparo da equipe médica e o processo de luto dos familiares podem ser fatores que dificultam a doação de órgãos

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a fila de espera por um órgão no Brasil ultrapassa 50 mil pessoas. O dado é preocupante, principalmente quando alinhado ao aumento do percentual de recusas em doar, que atingiu 47% em 2022. Frente a isso, pesquisa da Escola de Enfermagem (EE) da USP analisa o contexto envolvido na recusa familiar, o que pode ajudar a traçar estratégias para reverter o quadro.

No artigo Family Refusal of Heart Valve Donation, publicado na revista Transplantation Proceedings, foi estudada especificamente a recusa do donativo das válvulas cardíacas – responsáveis por controlar o fluxo de sangue e participar do seu processo de bombeamento para o corpo. Para a pesquisa, foi consultado um banco de dados do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com termos de autorização familiares de doação de órgãos e tecidos.

Entre os anos de 2001 a 2020, 236 pessoas (9,65% do total apurado) recusaram doar as válvulas cardíacas de seus entes queridos. “Nós buscamos investigar se a idade, o tipo da instituição e a razão do óbito eram fatores influentes na decisão da família e se existe uma relação entre os períodos de tempo. Para isso, realizamos alguns testes estatísticos para avaliar o aumento ou a redução da recusa ao longo dos  anos”, explica Rafael Pimentel, doutorando em Gerenciamento de Enfermagem na EEUSP,  ao Jornal da USP.

Os pesquisadores apontaram um perfil entre o grupo de recusa: a maioria dos pacientes tinha entre 41 a 59 anos e estava em instituições privadas. Baseado em relatos que ouviu das famílias, o pesquisador acredita que o simbolismo social do coração e o apego da família ao corpo podem ser possíveis motivos por trás das negativas. “Pode ser que os familiares tenham algum desejo de preservação do corpo, além do próprio significado do órgão. Com a remoção da válvula o coração seria ‘violado’, sendo que o lugar é vinculado ao amor e ao afeto.”

Abordagem médica

A doação de órgãos pode ser feita em vida ou após o diagnóstico de morte encefálica – quando ocorre a ausência de funções neurológicas e o quadro se torna irreversível. No último caso, a escolha de quais órgãos serão doados fica a cargo da família ou cônjuge do paciente. Ou seja, é possível escolher o que será doado e o que não será. Nesse caso, Pimentel frisa a importância de uma equipe médica bem preparada para lidar com delicadeza e conversar com os familiares.

“Essa perspectiva de ‘violação’ é muito baseada nessa representação social por falta de conhecimento sobre o funcionamento do processo, até mesmo por um déficit de informações que o profissional deveria fornecer no momento da entrevista familiar. Essa deve ser uma conversa de esclarecimento e oferecimento da oportunidade de lidar com o luto”, propõe o pesquisador. Atualmente, não existem protocolos oficiais para a abordagem dos familiares do paciente.

Contudo, há uma legislação reguladora, que orienta o trabalho da equipe médica e do ambiente hospitalar: conhecida como a “Lei dos Transplantes”, de 18 de outubro de 2017. Além disso, existe o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), administrado pelo Ministério da Saúde, que é considerado o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo.

Considerando a atuação do programa concisa, Pimentel avalia que seria preciso expandir o programa para diferentes áreas e traçar estratégias para melhorar cada vez mais o atendimento médico. “Melhorar a entrevista implicaria em menos familiares dizendo ‘não’. Nós precisamos investir em um plano nacional de capacitação desses profissionais o quanto antes.”

O projeto de lei (PL) 2839/2019, intitulado Lei Tatiane, busca a inserção de matérias e programas de ensino sobre a doação e o Transplante de Órgãos na grade curricular escolar e universitária. O PL, que aguarda por votação no Senado, leva o nome de Tatiane Penhalosa, que faleceu aos 32 anos esperando por um transplante de coração. Ela permaneceu na fila por dois anos, mas não resistiu à espera.

A fila de espera por transplantes no Brasil cresceu 30,45% após o período pandêmico, segundo dados da ABTO. A doação de órgãos é uma ação fundamental para o sistema de saúde: um doador pode beneficiar múltiplas pessoas, que por sua vez, podem retomar suas vidas. Muitas doenças crônicas podem ser tratadas apenas por meio de um transplante, esgotadas todas as opções de tratamento. Podem ser transplantados rins, fígado, coração, pâncreas e pulmões, além de tecidos como as córneas, válvulas cardíacas, vasos sanguíneos, e até mesmo segmentos de osso.

“Agora é preciso retomar os esforços para reduzir essa fila de espera, otimizando os recursos de saúde. Se otimizarmos o processo de doação nós reduzimos os recursos familiares gastos com o paciente em morte encefálica e aumentamos a qualidade no cuidado com o paciente”, afirma o pesquisador.

Pimentel ainda destaca que o processo de doação pode ser uma alternativa para a família enfrentar o luto e ressignificar a vivência da perda de seu ente querido. “O mais importante não é só doar ou não doar, mas a família entender que aquilo é uma oportunidade de transformação. Hoje a gente ainda não tem uma cultura doadora fortalecida no País, já que ainda existe um estigma muito grande e uma dificuldade em lidar com a morte. Porém, essa conversa é muito importante e precisa adentrar os lares brasileiros.”

Mais informações: e-mail rafaelpimentel@usp.br, com Rafael Rodrigo da Silva Pimentel

*Sob supervisão de Fabiana Mariz e Luiza Caires

FONTE: Jornal da USP

Novo medicamento para tratamento de câncer de tireoide

Incorporado recentemente ao rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS), Lenvima (mesilato de lenvatinibeé o novo medicamento para câncer de tireoide destinado a pacientes que já passaram por iodoterapia e não obtiveram sucesso no combate à doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma patologia da tireoide e aproximadamente 60% desse número não sabe que tem problemas na glândula. No Estado de São Paulo, são cerca de 8 mil casos por ano.

Problemas comuns da tireoide

De acordo com Marco Aurélio Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o problema mais comum da tireoide é o hipotireoidismo, uma inflamação na tireoide que pode acontecer após um processo viral ou períodos de longo estresse. O problema do hipotireoidismo é seguido dos nódulos no pescoço: “A maior parte deles são benignos e os que são malignos são a menor parte dos nódulos, são menos de 20%. Na ergonomia do ser humano, o câncer de tireoide representa 3%”.

Esses problemas, bem como o câncer de tireoide, podem ser identificados em exames de rotina. Kulcsar também ressalta que eles são curáveis e possuem diversas opções de tratamento à disposição do paciente.

Identificação do câncer 

Como parte fundamental da descoberta da doença, está o papel do médico ao saber examinar seus pacientes: “Quando faz o exame da tireoide, o importante é o médico da unidade básica de saúde saber examinar o pescoço, apalpar um pescoço, não fazer ultrassonografia aleatória”, diz Kulcsar. A partir dessa primeira análise do médico, se encontrado um nódulo, ele deve encaminhar o paciente para ultrassonografia e, se o nódulo for suspeito na ultrassonografia, deve-se fazer a punção. Na identificação do câncer é necessário fazer cirurgia.

“A cirurgia é fundamental. Há exceções que vão usar lenvatinibe. É o caso daquele doente que tem uma doença mais grave desde o começo. Provavelmente, esse doente tinha um nódulo pequeno que cresceu muito rápido, deu metástase para pulmão ou mesmo para osso e que não responde ao tratamento tradicional para essa metástase a distância. No pulmão e osso o radioiodo funciona muito bem ou às vezes até a radioterapia externa, principalmente para osso, mas quando não tem resposta e continua evoluindo, essas drogas imunobiológicas vão lá e bloqueiam por uma atividade imunitária”, explica.

A incidência de câncer de tireoide é maior em mulheres. No entanto, quando acomete homens, pode ser mais agressivo. Para Kulcsar, mais importante do que aprovar drogas como tratamento é aprovar testes moleculares para medir a gravidade das doenças, mudando a forma de tratamento ou até antecipando o uso de medicamentos como o Lenvima. Esse seria o próximo passo para o avanço dos tratamentos de câncer.

Lenvima e expectativa de vida 

O novo medicamento não proporciona a cura, mas diminui o avanço do câncer. “Tem pacientes que fizeram um tratamento cirúrgico, às vezes voltou a doença, às vezes faz um segundo tratamento cirúrgico, fez uma ou duas vezes iodo radioativo. Quando você já fez essa dose e essa doença pulmonar ou alguma doença do pescoço, apesar de operada, continua crescendo, você usa essa droga, o lenvatinibe ou Lenvima, e ela bloqueia o crescimento da doença”.  Kulcsar explica que ao fazer esse bloqueio tem-se um aumento da qualidade de vida do paciente e o medicamento não causa tantos efeitos colaterais quanto outros medicamentos utilizados anteriormente.

FONTE: Jornal da USP

Cuidados paliativos precisam avançar para oferecer qualidade de vida a um maior número de pessoas

O papel dos cuidados paliativos para pessoas que chegam ao final da vida sem o devido bem-estar e dignidade é fundamental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), das cerca de 56,8 milhões de pessoas que precisam de cuidados paliativos em todo o mundo, incluindo 25,7 milhões que estão no último ano de vida, apenas 14% são atendidas de forma a receberem tratamento que proporcionem melhoria na qualidade de vida do paciente, dos familiares e amigos próximos.

Considerar a morte um processo natural ainda é um tabu. No entanto, a medicina, alinhada a outros pilares como a psicologia e a espiritualidade, reconstroem essa cultura ao implementar os cuidados paliativos para proporcionar bem-estar de pacientes terminais ou com uma doença crônica potencialmente fatal.

A professora Marysia Prado De Carlo, do curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP explica que se trata de uma abordagem interprofissional para poder compreender os processos vividos pelos pacientes em todas as suas dimensões, sendo elas físicas, emocionais, sociais e espirituais.

Além disso, a especialista avalia que existe um equívoco sobre quando o cuidado paliativo deve ser aplicado e a quem. Segundo ela, a abordagem pode ser oferecida em qualquer etapa do desenvolvimento da doença. “Estudos internacionais têm mostrado que quanto mais precocemente for oferecido o cuidado paliativo melhor a resposta do paciente e melhores condições de vida ele vai ter enquanto houver vida”, explica.

A terapeuta defende que, desde o diagnóstico de uma doença potencialmente fatal, o portador tenha o acesso necessário a todo tipo de cuidado paliativo de modo a melhorar sua qualidade de vida, o seu bem-estar, o correto manejo da dor, dos sintomas e do sofrimento espiritual existencial. “Então é sempre importante destacar que o cuidado paliativo não é falar de morte o tempo todo, é falar de vida, de qualidade de vida”, pontua.

Segundo a OMS, os cuidados paliativos são necessários para uma ampla gama de doenças. As mais comuns entre os adultos são as doenças cardiovasculares (38,5%), o cancro (34%), as doenças respiratórias crônicas (10,3%), aids (5,7%) e diabete (4,6%).

Além disso, a organização aponta que muitas outras condições podem exigir cuidados paliativos, incluindo insuficiência renal, doença hepática crônica, esclerose múltipla, doença de Parkinson, artrite reumatoide, doença neurológica, demência, anomalias congênitas e tuberculose resistente a medicamentos.

Pilar essencial 

Durante o recebimento dos cuidados paliativos a família do paciente exerce um papel fundamental e, para isso, essa rede de apoio também precisa ser cuidada pelos profissionais. “A família também sofre muito quando há um diagnóstico de uma doença potencialmente fatal, ela tem que ser cuidada também”, declara Marysia.

De acordo com a professora, os familiares do paciente participam da definição de todos os processos relacionados ao tratamento, desde as opções em relação ao que a pessoa deseja para o seu final de vida até o local de morte. “A família tem que ter um papel ativo nesse processo, não só para ajudar a pessoa adoecida a viver de uma forma melhor, como para ela ser acolhida dentro das próprias necessidades.”

Tratamentos clínicos

Por mais que a abordagem dos cuidados paliativos permita que os pacientes tenham maior qualidade de vida, bem-estar e alívio de sintomas, o médico generalista Vinicius Akio Suzuki destaca que isso não exclui os tratamentos clínicos. Para ele, é de extrema importância o entendimento de que se complementam. “Essa noção é fundamental para a quebra do principal paradigma que nos deparamos no dia a dia: a culpa e o abandono por parte da família”, reflete.

Diferentemente de outros países já desenvolvidos, os latino-americanos têm uma cultura própria de abordagem sobre valores de vida e sua terminalidade. “Quando o doente já está crítico e no leito de terapia intensiva, nos deparamos com a fragilidade dele e de muitas famílias também. Acolher as necessidades daqueles que estão de partida como também daqueles que ficam é fundamental para que tenhamos mais humanidade no mundo”, argumenta Suzuki.

“Dentro da perspectiva paliativa a estratégia terapêutica é importante, ter alicerces em seu pilar, mas as necessidades humanas acabam por ser muito mais complexas, tendo que lidar não somente com físico, mas também com mental, emocional, social e espiritual”, finaliza.

FONTE: Jornal da USP

Arritmia Cardíaca: sintomas, tipos, diagnóstico e tratamento

O coração é o motor que nos move e nos mantém vivos, porém, quando ele começa a bater de forma irregular, é preciso ficar atento. Se você já sentiu palpitações, tonturas ou falta de ar, pode ser que esteja sofrendo de Arritmia Cardíaca.

Mas não se preocupe, estamos aqui para ajudá-lo a entender os sintomas, tipos, diagnóstico e tratamento.

Continue lendo para ter informações valiosas sobre os diferentes tipos de arritmia, como é feito o diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis.

O que é arritmia cardíaca?

O coração é como uma orquestra, em que cada batida segue um ritmo bem definido. Porém, a arritmia cardíaca pode desafinar essa melodia, provocando alterações no ritmo do coração. Quando isso acontece, o coração pode não bombear o sangue de forma eficiente.

A arritmia pode ser assintomática, mas algumas pessoas podem sentir sintomas como palpitações, tontura, falta de ar ou desmaio. Existem vários tipos de arritmia cardíaca, cada um com suas próprias causas e fatores de risco. O tratamento depende do tipo de arritmia e da gravidade dos sintomas.

Tipos de arritmia cardíaca

Existem vários tipos de arritmia cardíaca, cada um com suas próprias características e sintomas. Entre os tipos mais comuns, podemos destacar:

  • Taquicardia: quando o coração bate mais rápido;
  • Fibrilação atrial: é a forma mais comum de arritmia e ocorre quando os átrios (câmaras superiores do coração) batem de forma descoordenada e rápida;
  • Flutter atrial: semelhante à fibrilação atrial, mas os batimentos cardíacos são mais organizados e mais rápidos;
  • Taquicardia ventricular: é quando os ventrículos (câmaras inferiores do coração) batem mais rápido do que o normal;
  • Braquicardia: quando o coração bate mais lentamente;
  • Bradicardia sinusal: é quando o coração bate mais devagar do que o normal;
  • Bloqueio cardíaco: é quando o sinal elétrico que faz o coração bater é bloqueado ou atrasado em seu caminho através do coração.

Para entender melhor: saiba como é o funcionamento ideal do coração.

O coração é uma bomba que tem 4 cavidades e impulsiona o sangue para os pulmões e para os órgãos do corpo. Ele tem um sistema elétrico que regula o ritmo e a sincronização dos batimentos cardíacos, composto pelo nó sinoatrial e por nervos que espalham o estímulo elétrico pelo músculo do coração.

O ritmo cardíaco adequado é regular e compassado, com frequência que varia de acordo com a atividade realizada e é medida em batimentos por minuto (BPM). Em repouso, a frequência normal é entre 60 e 100 BPM, mas pode ser maior durante exercícios físicos intensos. Em repouso, a frequência pode ser menor do que 60 BPM e isso é considerado normal.

Qual é a causa da arritmia? Conheça os fatores de risco

A arritmia cardíaca pode surgir em qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo ou histórico médico. No entanto, existem fatores que aumentam o risco de desenvolver a condição, como:

Idade avançada: A idade é um fator de risco para a arritmia, pois com o tempo, o coração pode sofrer desgastes naturais que podem afetar o ritmo cardíaco. É importante destacar que a arritmia também pode afetar pessoas mais jovens, por isso é fundamental ter um acompanhamento médico regular, especialmente após os 30 anos.

Pressão alta: A hipertensão arterial pode causar alterações no coração, aumentando o risco de arritmias. Por isso, é importante controlar a pressão arterial por meio de mudanças no estilo de vida, como uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos, e, se necessário, com medicamentos prescritos pelo médico.

Diabetes: A diabetes pode levar a complicações cardiovasculares, incluindo a arritmia. Manter um controle adequado dos níveis de açúcar no sangue é essencial para prevenir essas complicações.

Doenças cardíacas: As doenças cardíacas, como a doença arterial coronariana e a insuficiência cardíaca, aumentam significativamente o risco de arritmia. É importante tratar essas condições adequadamente e fazer um acompanhamento médico regular.

Histórico familiar: Se houver familiares de primeiro grau com histórico de arritmia, o risco de desenvolver a condição pode ser maior. É importante informar o médico sobre o histórico familiar e realizar exames preventivos.

Obesidade: O excesso de peso pode levar a alterações no coração que podem aumentar o risco de arritmia. A perda de peso por meio de uma dieta saudável e exercícios físicos pode ajudar a reduzir esse risco.

Falta de atividade física: A falta de atividade física pode levar ao sedentarismo, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares e, consequentemente, de arritmia. Praticar exercícios físicos regularmente é uma das formas de prevenir a arritmia.

Consumo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode levar a alterações no ritmo cardíaco, aumentando o risco de arritmia. É importante beber com moderação ou evitar o consumo de álcool, se necessário.

Estresse: O estresse crônico pode afetar o coração, causando alterações no ritmo cardíaco. É importante encontrar maneiras de gerenciar o estresse, como a prática de atividades relaxantes, como ioga ou meditação.

Proteína C reativa e homocisteína: Essas substâncias estão relacionadas a um maior risco de doenças cardiovasculares, incluindo arritmia. Controlar os níveis dessas substâncias por meio de exames preventivos e mudanças no estilo de vida pode ajudar a prevenir a condição.

Sintomas da arritmia cardíaca

Os sintomas da arritmia cardíaca podem variar de pessoa para pessoa e dependem do tipo de arritmia que está ocorrendo. Alguns dos sintomas mais comuns:

  • Palpitação ou “batedeira” no peito: Sensação de que o coração está batendo rápido, forte ou irregular.
  • Suor frio: Sudorese excessiva, muitas vezes acompanhada de sensação de frio e tremores.
  • Tontura: Sensação de que o ambiente está girando ou de perda de equilíbrio.
  • Dor no peito: Desconforto ou pressão no peito, muitas vezes confundido com um ataque cardíaco.
  • Falta de ar: Dificuldade em respirar ou sensação de que o ar não está entrando nos pulmões.
  • Desmaios: Perda temporária da consciência, muitas vezes acompanhada de queda ou colapso.

É importante procurar atendimento médico se você estiver experimentando algum desses sintomas, especialmente se eles forem graves ou durarem por um longo período.

Diagnóstico da arritmia cardíaca

Para diagnosticar a arritmia cardíaca, o médico geralmente começa investigando o histórico do paciente e realizando um exame físico. Em seguida, ele pode solicitar alguns exames, como:

  • Ecocardiograma: exame de ultrassom do coração para avaliar a estrutura e o funcionamento do órgão.
  • Holter de 24h: um dispositivo que monitora a atividade cardíaca por 24 horas, permitindo a identificação de arritmias que ocorrem durante as atividades cotidianas do paciente.
  • Teste Ergométrico: avaliação do desempenho do coração durante o esforço físico em uma esteira.
  • Monitor de Eventos: um dispositivo que é usado pelo paciente em casa e registra a atividade cardíaca quando há sintomas de arritmia.
  • Ressonância Magnética do Coração: exame que utiliza ondas magnéticas para criar imagens do coração e detectar alterações.
  • Estudo Eletrofisiológico Intracardíaco: um procedimento em que um cateter é inserido nas veias e conduzido até o coração para avaliar o sistema elétrico do órgão e identificar a fonte da arritmia.

Tratamento da arritmia cardíaca

A forma de tratamento da arritmia cardíaca varia de acordo com o tipo e gravidade da condição, bem como as causas subjacentes. Em geral, o tratamento da arritmia tem como objetivo controlar ou restaurar o ritmo cardíaco normal, aliviar os sintomas e reduzir o risco de complicações. Os principais tipos de tratamento para a arritmia incluem:

  • Medicação: os medicamentos para arritmia ajudam a controlar o ritmo cardíaco e a prevenir a ocorrência de novos episódios de arritmia.
  • Cardioversão elétrica: um procedimento em que um choque elétrico é aplicado no coração para restaurar o ritmo cardíaco normal.
  • Ablação por cateter: um procedimento em que um cateter é inserido nas veias e conduzido até o coração, onde é utilizado para destruir as células responsáveis pela arritmia.
  • Dispositivos implantáveis: como marca-passos ou desfibriladores, que ajudam a controlar o ritmo cardíaco e prevenir arritmias.
  • O tratamento da arritmia cardíaca também pode incluir:
    • Mudanças no estilo de vida
    • Evitar substâncias que possam desencadear arritmias
    • Manter uma alimentação saudável e equilibrada
    • Praticar exercícios físicos com regularidade e controlar o estresse
    • Em casos mais graves, a cirurgia pode ser necessária para tratar a arritmia
    • O tratamento adequado da arritmia é importante para prevenir complicações graves, como insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e morte súbita.

É importante lembrar que o tratamento da arritmia deve ser individualizado e feito em conjunto com um médico cardiologista. Com informação e acompanhamento médico, sua saúde e qualidade de vida se tornam cada vez melhores.

FONTE: Blog FazBem

Câncer de ovário: uma doença silenciosa que pode ser curada

O câncer de ovário é uma das formas mais letais de câncer feminino, por ser uma doença silenciosa e muito grave¹. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são diagnosticados cerca de 6,5 mil novos casos de câncer de ovário por ano¹, o que representa cerca de 3% de câncer diagnosticados em mulheres. Por isso, vamos falar mais como se prevenir e entender melhor os sintomas desta doença silenciosa.

O que é o câncer de ovário? 

Para entender este tipo de câncer, precisamos explicar como é anatomia dos ovários. O órgão é responsável pela produção de óvulos e dos hormônios femininos estrogênio e progesterona². Ele é formado por três tipos básicos de células²:

  • Epiteliais: que revestem a superfície;
  • Germinativas: que dão origem aos óvulos;
  • Teca-granulosa ou estromais: que produzem os hormônios femininos.

O câncer de ovário começa nas células epiteliais, que fazem parte dos blocos de construção do tecido epitelial, em que as células cancerígenas se multiplicam rapidamente, transformando-se em tumores que podem se espalhar para outras partes do corpo¹. Existem algumas classificações histopatológicas de câncer de ovário, sendo a mais comum o tumor epitelial (90%), que são tumores malignos que se originam nos tecidos epiteliais. Outros tipos histológicos são³:

  • Mucinoso;
  • Endometrióide;
  • Células claras;
  • Transicional;
  • Misto;
  • Tumores indiferenciados.

Como é o diagnóstico? 

Esta doença tem uma grande representação na taxa de mortalidade por neoplasias ginecológicas no mundo, representando 5,95 casos para cada 100.000 mulheres3. A alta taxa se dá pelo fato de a doença ser assintomática nos estágios iniciais, apresentando sintomas conforme a evolução do quadro. Os sintomas não são específicos do câncer de ovário, mas geralmente, as pacientes apresentam dor ou desconforto abdominal, outros distúrbios gastrointestinais e até mesmo geniturinários, que podem passar desapercebidos3.

É preciso lembrar que não há um exame específico para o rastreamento e detecção precoce¹, por isso as consultas de rotina são necessárias, para acompanhar o surgimento ou crescimento de tumores no ovário¹.

Quais são os fatores de risco? 

Apesar de não ter nenhuma causa evidente, existem alguns fatores de risco que são identificáveis³:

  • História Familiar: quando a mãe, irmã ou filha de uma paciente desenvolve o câncer de ovário ou de mama, o risco é maior. O risco aumenta quanto mais jovem a paciente for;
  • Obesidade: representa um risco até 50% maior de desenvolver câncer de ovário.
  • Reposição hormonal: durante a menopausa, o risco de desenvolver tumores malignos é maior por conta da exposição ao estrógeno por um longo período;
  • Infertilidade; 
  • Tabagismo;
  • Nuliparidade (não teve filho) ou primiparidade (teve apenas um filho) após os 35 anos; 
  • Síndromes genéticas: existe associação com mutações genéticas, sendo as mais comuns relacionadas às mutações que impedem os genes BRCA1 e BRCA2 exercerem suas funções adequadamente

Como é feito a prevenção?

Como ainda não existe nenhuma forma de rastreamento específico, é ideal que a paciente conheça os históricos familiar de doenças para auxiliar o tratamento em alguns casos². A paciente que apresentar algum dos fatores de risco precisa manter uma rotina com²:

     Atividades físicas; 

     Evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas; 

     Abolir o hábito tabagista; 

     Fazer a manutenção do peso corporal adequado².  

O diagnóstico precoce é difícil, porém pode acontecer durante os exames de rotina, como o exame pélvico e a ultrassonografia transvaginal, que podem ajudar a detectar a doença em estágios iniciais³. No entanto, o diagnóstico definitivo geralmente é feito por meio de uma biópsia, que envolve a remoção de uma amostra de tecido para análise em laboratório3.

Quais são os tratamentos? 

O tratamento pode ser feito com quimioterapia, cirurgia, e também inibidores da enzima Poli Adenosina difosfato Ribose| Polimerase (IPARP), que funciona como uma quimioterapia oral. Em alguns casos, o tratamento envolve a retirada do tumor cirurgicamente, além da quimioterapia ou radioterapia³. O médico prescreverá o melhor tratamento, de acordo com as características e quadro clínico do caso.

Com o câncer de ovário a paciente pode engravidar? 

Se o tratamento do câncer de ovário não necessitar a retirada do órgão reprodutivo, é possível manter a possibilidade de engravidar³. Como a maioria dos casos de câncer de ovário ocorrem após o começo da menopausa, é preciso conversar com o seu médico para entender as chances de uma gestação após o tratamento.

Onde conseguir informações seguras sobre o tratamento de câncer? 

O câncer de ovário é uma doença perigosa que pode ser difícil de detectar precocemente. Por isso, é importante estar atenta a quaisquer mudanças no corpo e realizar exames de rotina regularmente. Manter um estilo de vida saudável e conversar com seu médico sobre qualquer histórico familiar de câncer de ovário também pode ajudar na prevenção. Além disso, você pode se manter informada sobre assuntos de oncologia no blog do Programa FazBem.

Referências
1- FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS DE APOIO À SAÚDE DA MAMA (Porto Alegre, RS). O que você precisa saber sobre o câncer de ovário.?Notícias FEMAMA, [S. l.], p. 01, 28 maio 2022. Disponível em: https://femama.org.br/site/sem-categoria/o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-cancer-de-ovario/?gclid=CjwKCAjw3POhBhBQEiwAqTCuBqJRpvO6wh6KTgvTA-6xXtEXO7ae8oyIKJv5_kycaYRfM9cXpZTjPRoCIJwQAvD_BwE. Acesso em: 17 abr. 2023.
2- INSTITUTO DO CÂNCER DE RIO PRETO (Rio Preto, SP). INTRODUÇÃO AO CÂNCER DE OVÁRIO. Disponível em: https://incariopreto.com.br/cancer-de-ovario/. Acesso em: 17 abr. 2023.
3- MACHADO, Camila Correia; BRANDÃO, Caroline Anderson; DA ROSA, Katiana Murieli; LEMIESZEK, Marina Bianchi; ANSCHAU, Fernando. Câncer de Ovário.?Acta méd. (Porto Alegre), [S. l.], p. 01, 7 jul. 2017. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/05/883250/ca-de-ovario-finalb_rev.pdf. Acesso em: 17 abr. 2023.

FONTE: Blog FazBem

A importância da reposição de colágeno para a pele e para as articulações

O colágeno é essencial para homens e mulheres que, a partir dos 45 anos, deveriam fazer sua reposição no organismo. Essa é uma proteína que forma a matriz da pele junto com outras proteínas e tem uma importância na função das juntas e da estética. Patrícia Campos Ferraz, nutricionista, mestre em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, cita que “o colágeno é muito importante e estrutural, apesar de ser nutricionalmente de baixa ou menor qualidade e de não ter todo o perfil de aminoácidos que nosso corpo não consegue produzir, conhecidos como aminoácidos essenciais”.

Por volta dos 50 anos, o colágeno deixa de ser produzido ou acontece uma grande redução de sua produção no corpo, o que torna a pele madura, com menos hidratação e mais rugas. A nutricionista destaca que a proteína, “de acordo com pesquisas que a gente vê, pode ter algum efeito, ainda que pequeno, na questão da hidratação, na diminuição de rugas e também na melhora da mobilidade das articulações. É importante salientar que suplementos de colágeno que possuem esse efeito, documentados em vários artigos científicos, sempre estão associados à vitamina C, que entra também na síntese do colágeno, um nutriente importante, e ao silício, que é um mineral bastante importante para síntese da proteína, além de outros antioxidantes associados”.

Suplementos orais a partir dos 45 anos

Evidências científicas demonstram que, a partir dos 45 anos, é indicado usar suplementos orais de colágeno, porque os alimentos não conseguem suprir sua deficiência. “Os efeitos positivos descritos com suplementação de colágeno são muito variáveis, mas, grosso modo, entre 2,5 g a 10 g de colágeno por dia. Na alimentação é um pouco difícil a gente conseguir colágeno peptídeo, de colágeno isolado nessa quantidade, mas existem suplementos no mercado comercializados com essa quantidade padrão de mais ou menos 10 gramas por envelope”, destaca Patrícia.

A princípio, a proteína do colágeno é segura. Não apresenta efeitos colaterais, além de fazer parte do nosso corpo. Ela está muito presente na nossa alimentação através de gelatina ou de várias fontes proteicas. “As pessoas comem proteína em grande quantidade e os aminoácidos de todas as proteínas teoricamente também podem servir para aumentar ou propiciar a síntese de colágeno. Acontece que a maior oferta de hidróxido e prolina, que são os aminoácidos contidos nos peptídeos de colágeno, além de outros nutrientes, parece ter um efeito um pouco diferente das proteínas da dieta em si.” A reposição de colágeno sempre deve ser feita com acompanhamento de um profissional de saúde. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto existe um grupo que estuda os efeitos de suplementos de colágeno e outros nutrientes na firmeza da pele.

FONTE: Jornal da USP

Inteligência artificial auxilia desenvolvimento de antibiótico contra superbactéria

Inteligência artificial (IA) ajuda a criar antibiótico contra superbactéria mortal, a Acinetobacter baumannii, segundo os pesquisadores dos EUA e do Canadá. Esse avanço mostra como a tecnologia pode ser aliada na criação de novos medicamentos mais rapidamente.

O professor Max Igor Banks, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), ressalta o trabalho de estudiosos no desenvolvimento do modelo matemático responsável por testar os compostos para o antibiótico. “Esse trabalho foi superimportante ao tentar mostrar caminhos para a seleção e desenvolvimento de compostos que possam ser ativos contra bactérias de alta resistência”, comenta.

Desafios do tratamento

De acordo com Banks, o enfrentamento de doenças bacterianas é um desafio, uma vez que se torna difícil o desenvolvimento de antibióticos que sempre funcionem. Essa problemática tem relação com o mecanismo de escape desses seres, ou seja, um processo natural de criação de resistências das bactérias. “O que acontece é que, com o tempo, esses antibióticos passam a não funcionar porque as bactérias vão desenvolvendo o mecanismo de resistência e isso acaba, por vezes, limitando as opções de tratamento”, alerta o professor. Além da Acinetobacter baumannii, outras bactérias como Pseudomonas aeruginosa e a Staphylococcus aureus são denominadas superbactérias.

Todavia, Banks esclarece que não se trata de microrganismos necessariamente muito agressivos, o termo “super” está relacionado com o tratamento difícil devido à sua alta resistência a medicamentos. Assim, apesar de existir um meio de combate dessas, há uma certa dificuldade de curar a infecção.

Uso do medicamento

“Podemos colocar, por vezes, o antibiótico como um mal necessário”, declara o professor, uma vez que, mesmo combatendo a doença, a droga também pode selecionar uma bactéria resistente. Banks explica que essa seleção ocorre inevitavelmente por conta de remédios ativos que combatem um grande número de seres e não só o responsável pela infecção.

Dessa forma, o trabalho desenvolvido tenta buscar medicamentos que enfrentem microrganismos específicos, a fim de evitar uma disbiose, ou seja, um desequilíbrio nas bactérias boas. “Então, se você conseguir ter um antibiótico que mata só aquela bactéria que está causando problema e conseguir identificar, seria positivo”, discorre o professor.

Contribuição da IA

O auxílio da tecnologia foi importante para o desenvolvimento desse medicamento com ação específica no que tange o processo de descoberta e testagem. Segundo Banks, primeiramente, é necessário a população entender como se dá o processo de criação do antibiótico.

“Você vai procurando sinais de atividade nos vários compostos químicos que existem. Então você cultiva bactéria juntamente ao composto para ver se a bactéria cresce frente a ação dele. Vai testando até achar alguma coisa que possa ter utilidade”, explica. Assim, a partir de uma base de dados de inúmeros testes com diversos compostos, criou-se um modelo matemático para que a IA tentasse prever se algumas combinações funcionariam ou não diante de determinadas bactérias.

Com esse modelo, o processo de pesquisa e testes é acelerado, visto que, com a triagem de compostos com maior potencial de sucesso, o número de possibilidades é reduzido. Banks relata que existe uma importante relação entre os conhecimentos do ser humano e os meios disponibilizados pelas tecnologias.

FONTE: Jornal da USP

Nova perspectiva para pessoas com atrofia muscular espinhal

Estudo da USP constatou que pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME) conseguem se adaptar às limitações decorrentes da doença; atividades descritas podem auxiliar profissionais a enxergarem estratégias dos pacientes como ‘capacidade eficiente’

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença progressiva que tem como sintoma principal a fraqueza muscular. Ela pode ocasionar problemas de mobilidade, respiração, na fala e deglutição. A causa da doença é hereditária e está relacionada a um defeito no gene produtor da proteína SMN, responsável pela sobrevivência dos neurônios motores. Mesmo diante das limitações impostas pela condição, um estudo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP constatou que pessoas com a doença são capazes de realizar adaptações nos movimentos corporais para executar tarefas motoras.

A pesquisa foi realizada por Ana Angélica Ribeiro de Lima, sob orientação do professor Edison de Jesus Manoel. O estudo contou com a participação de nove pessoas diagnosticadas com AME, com diferentes níveis de competência motora. A cada quatro meses, durante um ano, os participantes enviavam vídeos realizando uma tarefa de mudança de postura: de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente.

Ao final, foram observadas adaptações para que a tarefa fosse concretizada mesmo com as limitações motoras presentes. Essas adaptações envolviam, principalmente, a utilização dos membros superiores para se puxar pela roupa, coxa ou borda da cama, ou empurrar o colchão para auxiliar na transferência de posição. No entanto, cada participante realizou uma estratégia diferente para transferir-se para a postura sentada.

Tarefa realizada pelos voluntários consistia em transferir-se da postura de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente – Fotos: Reprodução/EEFE

Ana Angélica explica que esses comportamentos já são amplamente relatados em outras doenças, como nas distrofias musculares, mas sempre são vistos e descritos como movimentos compensatórios. Sob essa nova perspectiva, foi possível considerar que essas adaptações são como uma capacidade eficiente e inteligente do organismo para superar as limitações impostas pela doença.

Segundo a pesquisadora, os resultados trazem uma nova perspectiva para o desenvolvimento motor de pessoas com AME: a importância de enxergar esses corpos como capazes e criativos, tanto quanto os de pessoas sem deficiência. O estudo também permite enxergar aqueles com doenças progressivas como corpos capazes de explorar o ambiente de maneiras diversas.

“É crucial compreender que não existe um ‘modo correto’ de se movimentar, uma vez que essas pessoas apresentam variações consideráveis entre si e encontram diferentes estratégias para solucionar problemas motores. Além disso, os profissionais podem se beneficiar ao ter acesso a descrições detalhadas dessas diversas estratégias, a fim de aplicá-las no tratamento de seus pacientes”, conclui a pesquisadora.

A tese, intitulada Adaptação motora em pessoas com atrofia muscular espinal em relação à gravidade da doença, foi apresentada à EEFE, na área de concentração de Estudos Socioculturais e Comportamentais da Educação Física e Esporte. O trabalho completo encontra-se disponível no banco de teses da USP e pode ser acessado on-line.

*Com texto da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE

FONTE: Jornal da USP

Quimioterapia e queda de cabelo

A queda de cabelo durante a quimioterapia é um dos efeitos colaterais mais indesejados. O tratamento para o câncer envolve o uso de medicamentos que destroem as células cancerosas, mas acaba trazendo consequências na qualidade de vida, na aparência e também na autoestima do paciente.

Os medicamentos da quimioterapia se misturam com o sangue e são levados para todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que elas se espalhem. A queda do cabelo pode ser total ou parcial e pode acontecer entre 14 a 21 dias.¹

A quimioterapia é indicada após a consulta médica e a liberação dos exames laboratoriais. O paciente agenda a aplicação da medicação com a equipe responsável e precisa seguir as orientações conforme a prescrição médica.

Por que a quimioterapia causa queda de cabelo? 

A quimioterapia provoca a queda do cabelo, porque danifica os folículos pilosos, responsáveis pelo crescimento dos pelos. Esse efeito colateral dependerá do medicamento utilizado.

Geralmente a perda de cabelo não é imediata e ocorre, geralmente, após as primeiras semanas ou ciclos de quimioterapia e tende a aumentar com a continuidade do tratamento. Com o término da quimioterapia o cabelo volta a crescer renovado.

Existem casos em que a perda de cabelo não tem como ser evitada. Nessas situações, a recomendação é que o paciente se prepare para essa mudança na aparência. Recorrer à terapia, ou buscar apoio de amigos, familiares ou pessoas que já passaram por experiência semelhante, pode trazer algum conforto. A recomendação é que você fale sobre os seus sentimentos com alguém que te ajude a lidar com a situação. ²

Algumas pessoas preferem cortar o cabelo mais curto antes do início do tratamento, tornando a perda menos traumática.²

Cuidados com o cabelo e couro cabeludo 

Como aprender a lidar com o inevitável é uma das premissas para viver bem durante o tratamento da doença. Recomenda-se também que o paciente descubra nas atividades do cotidiano, uma motivação ou algum motivo para manter-se com uma boa saúde mental.

Ter uma rotina de autocuidado pode contribuir para uma melhora na autoestima. Confira, a seguir, algumas dicas: ²

  • Escolha um xampu suave para limpar o cabelo e o couro cabeludo.
  • Utilize uma escova de cabelo macia para arrumar o cabelo remanescente.
  • Use protetor solar no couro cabeludo quando estiver ao ar livre.
  • Cubra a cabeça durante os meses mais frios para evitar perda de calor do corpo.
  • Evite secar o cabelo com altas temperaturas.
  • Evite o uso de produtos químicos.
  • Evite fazer permanente.
  • Utilize fronhas com tecidos macios.

Como evitar a queda de cabelo durante a quimioterapia? 

A queda de cabelo é um efeito colateral comum em pacientes. Isso acontece devido à atuação da medicação, que foi desenvolvida para atacar células que se multiplicam rapidamente, reduzindo os tumores e aumentando a chance de cura após a cirurgia.

O problema disso é que existem células normais do corpo que também se multiplicam rapidamente, como as células do sistema imunológico, e também as células responsáveis pelo crescimento do cabelo.³

Existem, porém, um tratamento que pode reduzir o volume da queda de cabelo, conhecido como a Touca Inglesa.  É um equipamento que resfria o couro cabeludo do paciente para evitar a queda de cabelo típica da quimioterapia. Embora o seu uso seja mais difundido na rede privada, o tratamento também é oferecido no Instituto Nacional de Câncer (IncaNCA), no Rio de Janeiro. Com a utilização dessa espécie de capacete foi observado que é possível preservar entre 50 e 60% dos fios. 4

Como é a utilização da Touca Inglesa?  

A Touca Inglesa é utilizada meia hora antes do início da quimioterapia e até uma hora e meia depois da sessão. Ela resfria o couro cabeludo gradualmente. A diminuição da temperatura, que fica na casa dos 18 °C, reduz o fluxo sanguíneo local. Assim, o quimioterápico não alcança as células do couro cabeludo. Essa tática auxilia na preservação dos fios.

Outra sugestão é cortar o cabelo para diminuir seu peso e evitar esfregar o couro nas lavagens. Vale lembrar que, essa opção não impede a queda, mesmo que passageira.4

Cuidados durante a quimioterapia 

A queda de cabelo e de pelêlos do corpo são apenas alguns dos efeitos provocados pela medicação da quimioterapia. Caso você precise passar por esse tipo de tratamento, informe-se com o seu médico sobre outros possíveis sintomas que podem aparecer.

Além da alopecia, o paciente pode apresentar outras reações adversas, como enjoo, náuseas, prisão de ventre ou diarreia, feridas na boca, hiperpigmentação, anemia, leucopênia e trombocitopenia.

É importante lembrar que esse efeito é temporário e reversível. O cabelo voltará a crescer após o término da quimioterapia. Além disso, o INCA possui serviço de voluntariado que empresta perucas durante o tratamento. Ao sentir-se angustiado, converse com o médico e/ou enfermeiro sobre seus sentimentos e, se necessário, procure o serviço de psicologia.¹

Referência:

¹ Quimioterapia. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/quimioterapia. Acesso em 16 de abril de 2023.

² Alopecia. Oncoguia. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/alopecia/194/109/. Acesso em 16 de abril de 2023.

³ Toda quimioterapia faz cair o cabelo?. Oncologia Em Destaque. Disponível em: https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/oncologia-em-destaque/edicao-102/toda-quimioterapia-faz-cair-cabelo. Acesso em 16 de abril de 2023.

4 Para o cabelo não cair na quimioterapia. Oncoguia. DIsponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/para-o-cabelo-nao-cair-na-quimioterapia/14383/7/. Acesso em 16 de abril de 2023.

FONTE: Blog FazBem