Dicas para cuidar da saúde mental no trabalho

Saúde mental e trabalho estão intrinsecamente ligados. Enquanto boas condições laborais podem afetar de forma positiva o bem-estar da mente, as jornadas exaustivas combinadas com metas abusivas, conflitos com colegas e falta de reconhecimento e autonomia têm impactos negativos sobre a saúde(1,2).

Entre os principais problemas associados ao trabalho, os mais comuns são síndrome de burnout, depressão e ansiedade.

Nessas situações, é comum sentir o coração acelerar ao ter que lidar com colegas ou situações rotineiras e experimentar ansiedade e pânico na hora de sair para trabalhar(2).


A síndrome de burnout é marcada por estresse, exaustão extrema e sensação de esgotamento físico desencadeada justamente pelo excesso de trabalho(3).

Os sintomas associados ao burnout surgem de forma leve, mas pioram com o tempo e podem vir acompanhados de fadiga, insônia, desesperança, mudanças repentinas de humor e alterações nos batimentos cardíacos(3).

O burnout é tratado com psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Principalmente para incluir a prática regular de atividade física e exercícios de relaxamento para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença(3).

O que fazer para melhorar sua saúde mental?

Cuidar da saúde mental envolve a implementação de estratégias que aliviem o estresse no trabalho e as pressões da vida cotidiana. Aqui estão algumas dessas estratégias(3):

  • Considere discutir com seus superiores sobre a possibilidade de flexibilizar as horas de trabalho para que você consiga administrar todas as suas atividades ou adaptar as suas tarefas para diminuir o nível de estresse(1);

  • Busque conselhos de alguém que você considera resiliente sobre as dificuldades que está enfrentando. Pode ser um colega de trabalho, um amigo ou mesmo um membro da família. Se não se sentir à vontade para pedir conselhos, tente perceber como essa pessoa responde às situações desafiadoras da vida(4);

  • Em vez de definir um objetivo ambicioso, estabeleça pequenas metas que conduzam sua vida profissional e pessoal a um objetivo maior(3);

  • Mantenha distância de pessoas negativas, especialmente daquelas que frequentemente se queixam do trabalho(3);

  • Reserve tempo para cuidar do seu bem-estar físico. Isso inclui ter uma quantidade de sono adequada e o envolvimento em atividades de controle do estresse (como ioga ou meditação) (4);

  • Pratique exercícios físicos regularmente. Durante a atividade o corpo libera hormônios que ajudam a reduzir os níveis de estresse e aumentam a sensação de bem-estar(4);

  • Invista em momentos de lazer e procure ter um espaço na agenda para estar junto de amigos e familiares(3);

  • Dedique-se a atividades que quebrem a sua rotina diária, como passeios, jantares em restaurantes ou idas ao cinema(3).

Cuidar da saúde mental no local de trabalho é fundamental para assegurar uma boa qualidade de vida, já que dedicamos uma parte significativa do nosso tempo à nossa atividade profissional.

Acompanhe o blog do FazBem para conhecer outras dicas de saúde e bem-estar!

Referências bibliográficas:

1. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Mental health at work. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/mental-health-at-work. Acesso em: 06 out 2023. 

2. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/22/transtornos-mentais-estao-entre-as-maiores-causas-de-afastamento-do-trabalho/. Acesso em: 06 out 2023. 

3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout. Acesso em: 06 out 2023. 

4. MAYO CLINIC. Strengthening your mental fitness. Disponível em: https://mentalhealthandwellbeing.mayo.edu/understanding-mental-health/strengthening-your-mental-fitness/. Acesso em: 06 out 2023. 

BR-26996. Material destinado ao público geral. Nov/2023

FONTE: Blog FazBem

Vivemos uma crise da saúde mental em escala global

A 1ª Semana de Saúde Mental da USP aconteceu do dia 15 ao 19 deste mês, sendo o dia 16 escolhido como o Dia da Saúde Mental da USP. A iniciativa coincide com o calendário nacional de celebração e luta em defesa da política de saúde mental brasileira. A programação completa pode ser encontrada no site da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).

Iniciativa

“ Nós vivemos de fato uma crise da saúde mental em escala global. O cenário da pandemia trouxe agravamentos, mas é importante dizer que essa problemática em escala ampliada já vinha apresentando um crescimento pelo menos desde o início do século, com diferenças regionais importantes. O continente americano, o nosso país em especial, apresenta quadros mais acentuados do que o restante do planeta”, explica o professor Ricardo Teixeira, coordenador da área de Saúde Mental e Bem-Estar Social da PRIP.

Independentemente da pandemia ter sido um agravante, a questão da saúde mental precisa ser abordada, sobretudo nas universidades públicas brasileiras, como diz Teixeira: “A gente precisa falar também do cenário da universidade pública brasileira. A questão do sofrimento mental adquire contornos específicos, o que faz isso ganhar importância e sair de uma situação de ações isoladas, assumindo o caráter de uma política mais estruturada. No contexto da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, ela está alinhada também com as questões de permanência estudantil”.

Construção

A criação da Semana de Saúde Mental da USP mostra o compromisso com o assunto e também a intenção de manter uma regularidade na discussão: “A Semana de Saúde Mental na USP assina a importância do compromisso com a questão da saúde mental, incluindo ela no calendário. A ideia é que, regularmente a cada ano, voltemos a essa discussão. Ela foi organizada com o intuito de chamar atenção ao problema, reafirmar o compromisso com essa questão, convidar a universidade a refletir sobre essas questões e a ampliar o conhecimento sobre as políticas de saúde mental no nosso país”, comenta o professor. Existem pontos específicos no ambiente universitário, mas o contexto é mais amplo, ele envolve todo o País, e o ideal é aproximar o local com o nacional.

O especialista coloca que a construção da iniciativa visava a ser uma espécie de mostra sobre as diferentes práticas de cuidado, para que elas não fossem efêmeras, e sim políticas regulares: “Estamos num processo de construção dessa política. Evidentemente, desde que a PRIP foi criada, exatamente há um ano, procuramos responder a situações emergenciais, a lacunas importantes existentes em relação ao cuidado, mas nós permanecemos, em primeiro lugar, num processo de escuta da comunidade, dos diferentes grupos coletivos, procurando aprofundar também o diagnóstico”. Ele acrescenta: “Nós não partimos da ideia de que o entendimento dessa crise esteja completamente elucidado. Nós temos que ampliar o diagnóstico da situação na universidade, entender esse fenômeno e construir coletivamente uma política para o enfrentamento dessas questões”.

Cronograma

Teixeira explica que “a semana é uma oportunidade concentrada no tempo de uma reflexão que deve se dar de forma contínua para uma política de saúde mental para a comunidade”. São diversas iniciativas durante esses dias: desde filmes, palestras a práticas de cuidado com a saúde mental: “A programação é bastante extensa, ela é ofertada pela PRIP, mas também pelas unidades”, coloca o especialista.

Aproximar as políticas de saúde mental da Universidade com as do País, trazer o tema da pandemia para enfrentá-lo de forma mais direta e constante e ampliar o conhecimento e as oportunidades de experimentar práticas de cuidado com a saúde mental são três pontos fundamentais da iniciativa, segundo o coordenador. “Nós teremos que acionar vários dispositivos para indicar não só a multidimensionalidade da questão da saúde mental, mas que o seu enfrentamento também passe por práticas sociais no sentido da promoção de uma cultura do cuidado na Universidade de São Paulo”, complementa.

FONTE: Jornal da USP

Busca por medicamentos para a saúde mental cresce a cada ano no Brasil

A comercialização de antidepressivos e estabilizadores de humor para tratamento da Saúde Mental cresce a cada ano no Brasil. Conforme dados do Conselho Federal de Farmácia a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021. A população brasileira recorre de forma progressiva aos fármacos em situações relacionadas à saúde mental. De acordo com um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas com ansiedade. Esses dados podem explicar o “sucesso” de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos.

Wellington Barros da Silva, professor da área de Epidemiologia da Universidade Federal de Sergipe e consultor do Conselho Federal de Farmácia, aborda a atuação dos antidepressivos e estabilizadores de humor no organismo humano: “Esses medicamentos, de uma forma geral, alteram o que nós chamamos de mediadores químicos, substâncias que o nosso organismo produz, responsáveis pelos estágios de humor.” Como, por exemplo, a dopamina e a serotonina, importantes neurotransmissores.

A produção dessas substâncias pelo corpo humano influencia diretamente o estado de humor das pessoas. Problemas como depressão e ansiedade alteram o funcionamento dos mediadores químicos e os medicamentos agem regulando a produção desses mediadores, com o objetivo de estabilizar a condição emocional de quem passa por isso.

Sobre os efeitos dos ansiolíticos e sedativos, Alline Cristina de Campos, professora do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explica: “Eles vão atuar primeiramente no nosso cérebro, nele existem receptores específicos para esses fármacos. O que os remédios vão fazer é facilitar a inibição do nosso cérebro através de um neurotransmissor chamado Gaba e diminuir a ansiedade.” O Gaba é o ácido aminobutírico, principal neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. Ele atua como indutor de relaxamento e facilitador de concentração.

Por agirem diretamente no sistema nervoso, os antidepressivos e ansiolíticos devem ser utilizados com cuidado. Andréa, nome fictício que utilizamos para identificar uma pessoa que faz uso dos medicamentos, conta os efeitos colaterais do uso do Zolpidem, indicado para atenuar os efeitos de um antidepressivo: “Não deu muito certo, eu tinha muitas alucinações, cheguei a ser atendida pelo Samu por conta delas. Eu tinha amnésia muito forte e esquecia que eu tinha tomado o remédio, algumas vezes eu tomei novamente e as alucinações só aumentaram. Eu tive que ir ao médico porque acabei me tornando um perigo para minha própria vida por conta de tanta alucinação com esse remédio”.

O acompanhamento médico é fundamental para entender e controlar os efeitos desses fármacos. “Quando nós estamos há muito tempo sob o efeito desse medicamento, nosso corpo se acostuma e é como se o nosso cérebro começasse a produzir menores quantidades desses neurotransmissores. Se você retirar abruptamente esse medicamento, vai causar a ausência desse neurotransmissor, não completamente, mas no nível que o nosso cérebro precisa”, alerta a professora Alline. Desse modo, um processo de adaptação é necessário para readaptação do cérebro.

Perigo do uso indiscriminado

Assim como qualquer medicamento, os antidepressivos ou ansiolíticos podem causar a dependência dos pacientes se forem utilizados de forma indiscriminada. Wellington da Silva explica os aspectos fisiológicos desse uso: “Quando há alteração na produção dessas substâncias no organismo, ele tenta se reequilibrar reagindo ao medicamento, porque é uma substância estranha no nosso corpo”. A dependência passa pelas diversas alterações no mecanismo biológico do organismo humano.

Além disso, Silva também menciona os fatores sociais e culturais, em especial da sociedade brasileira. “É o uso abusivo e, muitas vezes, desnecessário de medicamentos que induz você a provocar um desequilíbrio entre o uso desse medicamento e a resposta do organismo. Isso vai provocar o fenômeno que nós chamamos de dependência”, aponta.

Andréa detalha a sua relação com os medicamentos e alerta para a importância de um suporte profissional: “Eu não tinha uma dependência química, mas eu tive uma dependência psicológica dele, às vezes, o fato de eu ter ou não ter é muito significativo na questão da ansiedade. Se eu não tenho remédio, às vezes eu fico ansiosa só pelo fato de não ter, eu gosto da segurança de ter, às vezes eu sinto necessidade de tomá-lo por conta dessa questão psicológica”.

Ela ainda comenta que são remédios muito perigosos, mas necessários em alguns casos. Para Andréa, o principal é saber até que ponto é necessário consumir o medicamento, ter o acompanhamento médico, saber a hora de parar e parar da forma certa. O processo de desmame, que consiste em uma redução gradual da dose para minimizar os efeitos do remédio, é fundamental.

A pandemia ocasionada pelo vírus da covid-19 também foi um fator considerável para o aumento da comercialização desses fármacos. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 17% e, de 2020 para 2021, foi de 12%. O período de isolamento social e a incerteza sobre o coronavírus deixaram marcas na sociedade. “É um indício de que a pandemia de fato afetou a saúde mental das pessoas, provavelmente em função de algumas questões, como o confinamento a que nós fomos obrigados a ficar e a própria situação de ansiedade que é provocada por uma doença da qual não se tinha conhecimento nem nada”, indica Wellington da Silva.

Por João Dall’ara

FONTE: Jornal da USP

Boa saúde mental tem relação com qualidade de vida e não com ausência de doenças

O livro “Você Aguenta Ser Feliz?: Como Cuidar da Saúde Mental e Física para Ter Qualidade de Vida” traz luz a como é simples vencer as dificuldades e melhorar a saúde mental.

A pandemia, dentre outras coisas, lançou luz sobre a saúde mental. Hoje, a OMS (Organização Mundial da Saúde) entende que a saúde mental é o maior fator de preocupação de saúde do mundo e que, contrário à crença popular, não só aqueles com quadro de doenças mentais são os afetados. A saúde mental é, antes de qualquer coisa, ligada à qualidade de vida.

“A saúde mental era considerada a ausência de doença mental”, diz Arthur Guerra, médico do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Grea, programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

Manter a saúde mental em bom estado é ter um bom estilo de vida, conseguir viver bem com você e com as pessoas ao redor. O médico explica que um indicativo disso é conseguir superar as dificuldades da vida, impostas diariamente, de forma a não consumir o indivíduo mentalmente. “Todo mundo acaba tendo um problema ou outro de saúde mental. Muitas vezes, esse problema é negligenciado, escondido. E se nós não o abordarmos, ele só tende a ficar pior”, explica o psiquiatra.

De paciente a coautor 

Não importa a classe ou posição social, muito menos ter ou não ter algo, porque todos podem sofrer de uma saúde mental pobre. O livro Você Aguenta Ser Feliz?: Como Cuidar da Saúde Mental e Física para Ter Qualidade de Vida, trata exatamente desse ponto. A parceria entre os coautores, o psiquiatra Guerra, e seu paciente, o publicitário Nizan Guanaes, começou a partir de uma sessão.

Esse paciente tinha tudo: satisfação com a profissão, um bom casamento, filhos bem encaminhados. “Mas faltava como se fosse o orégano na pizza”, lembra Guerra. Ele, então, perguntou a esse paciente se ele aguentava ser feliz. Guanaes, que escreve quinzenalmente para a Folha de S. Paulo, pegou essa frase e fez uma coluna de grande sucesso.

A partir daí, surgiu a ideia do livro: dividir com os outros uma maneira de melhorar a saúde mental de uma forma simples e econômica, e que pode ser feita de qualquer lugar. Os autores mostram que é possível reconstruir a vida a partir de uma boa qualidade de vida, baseada em exercícios físicos, uma boa noite de sono, entre outros. Autoconhecimento é autodisciplina, chave para uma vida feliz.

Esse assunto é especialmente importante quando levada em conta a conjuntura atual: “Nós nunca vimos no mundo todo essa explosão de quadros compulsivos”, diz. Cada vez mais os vícios e compulsões ocupam uma parte importante e central na vida das pessoas e, visto a evolução do digital, isso evoluiu.

Sociedade moderna

Guerra explica que antes os vícios eram bem delimitados, como quadros de compulsão alimentar, alcoolismo e uso de drogas. Atualmente, as pessoas não conseguem ficar longe do celular e desenvolveram uma compulsão com as redes sociais: “Você é considerado mais importante se você tem mais seguidores”. Existe uma necessidade de viver no digital e contar apenas as coisas boas, o que não é verdade. Cria-se um ambiente de aparências e não de realidade.

Essa digitalização levou a uma busca por prazeres rápidos: abuso de álcool por aqueles que não são alcoólatras, uso de drogas sintéticas, descompasso na alimentação (comer por hábito ou por conta da ansiedade), compulsão sexual mesmo sem prazer (o prazer está na conquista). As pessoas cada vez querem mais, não importa o quanto elas já tenham. “Esse é o mundo em que nós vivemos, claramente compulsivo”, salienta o psiquiatra.

Para vencer isso, um bom remédio é o esporte. A atividade física pode servir de tratamento, porque ela promove não só a saúde física, como ajuda numa alimentação mais balanceada, na disciplina, gera sensação de bem-estar e os pensamentos negativos ficam menos proeminentes, além de aumentar a autoestima. Para o médico, “o esporte é uma ferramenta essencial”.

“Você dormir bem, viver bem, dar risada, ter respeito com seu parceiro ou com a sua parceira e poder ter um propósito para sua vida. Falar ‘eu quero chegar lá’ é um desafio que todos nós temos e a felicidade está logo ali, não está longe. Mas precisa de disciplina para poder alcançá-la”, finaliza o psiquiatra.

FONTE: Jornal da USP

A importância da vitamina B6 para a saúde mental

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Você sabe para que serve a vitamina B6? Cresce o número de estudos que sugerem que a ausência desse composto no organismo pode impactar a saúde mental.

O complexo B é uma das vitaminas mais importantes para o corpo,  entre elas, a B12, utilizada para combater a anemia e saúde dos ossos e a B9, indicada para grávidas por causa do ácido fólico, entre outras.

A nutricionista Paula Sozza Silva Gulá, doutora no Programa de Psicobiologia do Departamento de Psicologia e do Laboratório de Nutrição e Comportamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que o ser humano não consegue sintetizar as vitaminas do complexo B, por isso é importante a complementação alimentar com a ingestão adequada.

Reações químicas

A vitamina B6 está envolvida em uma série de reações químicas importantes para o sistema nervoso central, sendo essencial para o funcionamento do nosso organismo e atuando através da corrente sanguínea. Participa ativamente não só da parte cerebral, mas também tem sua importância no metabolismo e na função hormonal.

“A vitamina B6 está disponível amplamente em alimentos  como salmão, atum, cereais fortificados, grão de bico, aves, folhas verdes escuras, banana, laranja e melão. Mas também em alimentos como carnes, ovos, castanhas, nozes, entre outros grupos alimentares”, orienta Paula.

Por Sandra Capomaccio

FONTE: Jornal da USP

Saúde mental vulnerável? Conheça o portal InspirAção

Criado por pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, site InspirAção tem conteúdos baseados em estudos científicos

Entender as angústias e sofrimentos que sentimos, ajudar quem está passando por depressão ou mesmo profissionais interessados em informações científicas sobre saúde mental. O site InspirAção traz conteúdos sobre cuidado, apoio e bem-estar para a vida. As informações são baseadas em pesquisas e artigos publicados ou reunidos por especialistas da USP.

“A ideia foi criar um propósito diferente das postagens que tem na internet. Não só para quem precisa da ajuda, mas também para quem quer ajudar”, explica Kelly Graziani, professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

Ela coordenou a criação do site desenvolvido em parceria entre o Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS) e o Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio (LEPS), ambos da USP.

A plataforma conta com artigos de pesquisadores e professores envolvidos com a área de estudos da saúde mental. Há espaço para a publicação de histórias que inspiram e dão apoio à jornada de cuidados. O acesso a leituras dos textos e ensaios científicos é aberto. Mas, para publicar ou realizar enquetes (sempre de maneira anônima para dar segurança), é necessário fazer um cadastro.

“É uma produção de conteúdo e organização da participação social também. Damos segurança para quem vai postar alguma história. E tudo que criamos no site passa pela análise de especialistas, para evitar os ‘conteúdos pró-suicidas’”, comenta Aline Conceição, pesquisadora da USP e colaboradora do InspirAção.

O público tem acesso a cartilhas e e-books com orientações para profissionais e para pessoas da comunidade que queiram ajudar de alguma maneira. Há ainda vídeos, filmes e notícias sobre prevenção ao suicídio.

Camila Corrêa, pesquisadora da USP e colaboradora no projeto, destaca que é preciso ter respeito, cuidado e responsabilidade para lidar com a dor do outro. “Entender o suicídio no âmbito social e desestigmatizar como ele é visto hoje. O que fazemos no InspirAção é conhecimento teórico e científico alinhado ao conhecimento prático.”

Nos próximos meses, será lançado o Plano de Gestão de CriseUma ferramenta individual para a própria pessoa, amigos e familiares identificarem sensores que levam a crises.

A pessoa será atendida no momento em que tiver uma crise que pode desencadear uma situação suicida. Pelo site, serão respondidas questões que foram formuladas através de conhecimentos da literatura médica. No final, serão oferecidos nomes e telefones de profissionais do sistema de saúde e também atividades de psicoeducação. Quem buscar a ajuda não precisará se identificar.

Bruna Marques, aluna de Enfermagem da USP, colabora com o projeto e explica como é feita a escolha da informação disponível no site. “Cada participante pesquisa uma temática. Depois, dividimos com o grupo e discutimos. É um conhecimento científico para ter contato com a plataforma.”

Sabe o que é posvenção?

Farol é o logo do site, com a metáfora de ser um direcionamento de um novo caminho

Cuidar de quem perdeu alguém. Esse é o papel da posvenção. No site, o público também tem acesso a informações sobre o acolhimento de quem perdeu alguém através do suicídio.

Segundo a professora Kelly, o termo ainda é pouco usado aqui no Brasil. Mas tem que ser mais difundido. “A proposta é auxiliar no luto pós-suicídio. É uma dor extremamente complicada. As pessoas sentem muito e pensam que não se pode fazer mais nada. Mas é o contrário.”

Existe um risco nessa situação de gerar problemas de saúde mental para o núcleo de pessoas da família e de amigos. “A posvenção vem para recomeçar. Para ajudar a redescobrir uma vivência mais saudável para elas. E tem que ser de uma maneira humanizada e acessível”, conta a professora da EERP.

O InspirAção envolve pesquisadoras de doutorado e mestrado, além da graduação. O site foi construído com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Divulgar, aprender e entender

A estudante de Enfermagem da USP Isabelle Wengler e a pesquisadora da USP Larissa Castelo participam da divulgação da plataforma. Elas contam que, no Instagram do InspirAção, há tutoriais para explicar o cadastro e o login do site. “É mais acessível. Tivemos algumas devolutivas de alguns grupos, no sentido de ver as diferentes faixas etárias demonstrando interesse e curiosidade para acessar o conteúdo.”

A escolha da internet como principal canal de comunicação foi feita a partir de monitoramentos feitos no Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio. Eles identificaram blogs e postagens nas redes sociais de pessoas com quadros de depressão e conteúdo sobre o assunto.

No entanto, as informações contêm uma série de elementos negativos, como o estigma em relação à doença e a falta de um apoio real no mundo virtual.

“Fizemos estudos no Twitter, por exemplo. Vimos postagens de riscos e o comportamento suicida, muitas vezes. Essas postagens ganham uma potencialização no ambiente virtual, gerando um novo conteúdo nocivo a quem lê”, conta a professora Kelly.

Segundo a colaboradora Danielle Maria Nogueira, entre junho e setembro, foram mais de 4 mil acessos ao InspirAção de locais como São Paulo, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Japão e  Portugal. “A intenção é essa: criar multiplicadores envolvidos com a prevenção. E o site, para nós da academia, é de ampliar o horizonte. Chegar até a comunidade.”

Você pode seguir o InspirAção no Instagram: @inspiracaoleps, no Twitter do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Prevenção e Posvenção do Suicídio (LEPS), no Facebook ou entrar em contato através do e-mail cepsusp@gmail.com do Centro de Educação em Prevenção e Posvenção do Suicídio (CEPS).

Por Pedro Ezequiel

FONTE: Jornal da USP

“Grazing”: o que o hábito de beliscar comida pode revelar sobre a nossa saúde mental?

O “grazing” é caracterizado por comer, ao longo do dia, quantidades pequenas, de modo repetitivo, não planejado, sem fome, com algum nível de sensação de perda de controle. Identificar esse comportamento pode ajudar a prevenir transtornos associados a problemas psicológicos e alimentares

A prática de beliscar comida de modo contínuo, ao longo do dia, mesmo sem fome, é conhecido como grazing. Identificar esse comportamento pode ajudar a prevenir transtornos associados a problemas psicológicos e alimentares. Essa é a conclusão do estudo de doutorado Comportamentos alimentares nos contextos comunitário e de sobrepeso e obesidade: compreensão e avaliação do Grazing, defendido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, no mês de março, pela psicóloga Marília Consolini Teodoro, sob orientação da professora Carmem Beatriz Neufeld. A pesquisa mostra a importância do trabalho preventivo de regulação emocional para prevenir a manifestação desse tipo de comportamento, que está associado a problemas psicológicos e alimentares.

Marília explica que o grazing, tema pouco estudado no Brasil, é o nome dado a comer quantidades pequenas ou modestas de alimentos de maneira repetitiva e não planejada, sem ser em resposta à sensação de fome ou saciedade, com algum nível de sensação de perda de controle. Segundo a professora Carmem, “em um primeiro momento, não é necessariamente um comportamento problemático ou associado a uma psicopatologia”. Mas explica que pode gerar desdobramentos associados a “uma maior probabilidade de desenvolvimento de uma psicopatologia, de uma patologia do comportamento alimentar”.

Por isso, a identificação desse comportamento, aponta a pesquisadora, poderá proporcionar “novas investigações para intervenções mais direcionadas, principalmente na área dos problemas alimentares”. Assim como abordagens multifatoriais para tratar essas condições, que, “muitas vezes, não são consideradas um transtorno mental, mas estão extremamente relacionadas com condições psicológicas”, para que os pacientes sejam cuidados de forma integrativa e os resultados sejam mais efetivos.

O estudo colocou como hipótese o entendimento de que o grazing funciona como um mecanismo de regulação emocional para o alívio de ansiedade, por exemplo. Outros estudos já associaram o comportamento, principalmente, com a obesidade, a dificuldade de perder peso e outros tipos de transtornos alimentares e sintomas depressivos e ansiosos. “O peso está extremamente relacionado com condições psicológicas, assim como condições comportamentais, como é o caso desse comportamento em específico”, afirma Marília.

A pesquisadora investigou e avaliou a manifestação desse comportamento na população brasileira, com uma amostra comunitária de 542 pessoas, em que a maioria estava em nível de peso considerado normal, e uma amostra clínica de 281 pessoas, com participantes que apresentavam algum nível de obesidade. Marília conta que as amostras foram comparadas para “entender também se havia alguma diferença na manifestação desse comportamento”. Na amostra clínica, o grazing foi mais prejudicial, mas também se manifestou de forma significativa na amostra comunitária, o que indica “a relevância desse comportamento no Brasil”.

As pesquisadoras dividiram a manifestação desse comportamento em dois grupos: o grazing repetitivo, que ocorre de forma contínua, porém mais leve, menos prejudicial e menos associado à perda de controle; e o grazing compulsivo, mais associado à perda de controle e a sintomas psicológicos.

Outro resultado que chamou a atenção das pesquisadoras foi que o estresse apresentou uma variação do grazing compulsivo, mais associado à perda de controle. “Então a gente entende que o estresse parece ser uma variável que colabora, que está relacionada com a manifestação desse comportamento.”

Adaptação e validação de questionário

Para a pesquisa foi utilizado o Repeat Questionary (Rep(eat)-Q), ferramenta que investiga a relação do grazing com o Índice de Massa Corporal (IMC) e a psicopatologia. O IMC é um índice usado mundialmente para saber se uma pessoa está em seu peso ideal, dividindo o peso pela sua altura ao quadrado. O questionário foi adaptado e validado pelas pesquisadoras para a população brasileira, mediante etapas de avaliação e estudo piloto, até chegar à versão final adaptada como Questionário de Belisco Contínuo. Foi aplicado também um questionário sociodemográfico e um questionário de avaliação de sintomas ansiosos, depressivos e de estresse.

Ao todo, a pesquisa contou com quatro etapas. Na primeira, as pesquisadoras traçaram um panorama sobre a avaliação psicológica de transtornos alimentares e problemas alimentares associados, apresentando o conceito de grazing e os instrumentos disponíveis para a avaliação. A segunda foi uma revisão da literatura sobre o tema e as definições usadas, população estudada, prevalência e associações já encontradas sobre o comportamento, além das lacunas que ainda existem sobre a questão. Já a terceira foi a adaptação e validação do questionário para a população brasileira e, para finalizar,  a aplicação nas amostras comunitária e clínica, além de análises de comparação entre elas.

Ouça no player abaixo entrevista das pesquisadoras ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.

https://blog.50maissaude.com.br/wp-content/uploads/2022/05/COMPORTAMENTOS-ALIMENTARES-GRAZING-BRENDA-MARCHIORI-7_36.mp3?_=2

Por Brenda Marchiori

FONTE: Jornal da USP