“Sexo com Parkinson: precisamos falar sobre isso”

Esse é o lema da campanha lançada pela Rede Amparo, projeto do CEDIP Neuromat, lançou uma nova campanha, Sexo com Parkinson a partir de conversas com portadores da doença, que se queixavam de que não tinham espaço para falar sobre sua vida sexual.

Rede Amparo, projeto do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP, lançou uma nova campanha, Sexo com Parkinson: Precisamos Falar Sobre Isso, tema de uma grande pesquisa nacional. A professora Maria Elisa Pimentel Piemonte, do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da FMUSP e do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (Cepid Neuromat), discorre sobre a importância da saúde sexual em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

De acordo com a professora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ciência de forma geral têm chamado atenção para isso: “Alguns artigos muito provocativos têm sido trazidos ao público no sentido do porquê os recursos para financiamento em pesquisa em saúde sexual são limitados, porque a quantidade de informação produzida não tem o crescimento esperado como outras áreas. Então, a Organização Mundial da Saúde, em 2019, antes da pandemia, chamou atenção para esse ponto, definindo saúde sexual como o estado de bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado à saúde, que é direito de todo ser humano no mundo”.

Dopamina

do domínio do desejo, dentro do domínio da recompensa. Então, primariamente, a doença afeta exatamente pela alteração na produção de dopaminas. Mas, secundariamente, a saúde sexual é afetada pelos próprios sintomas, por exemplo, a rigidez muscular, a dificuldade de mobilidade e o tremor interferem durante a atividade sexual, a depressão, a apatia e a redução da autoestima”, relata Maria.

A campanha foi pensada a partir de uma discussão que ocorreu em um projeto da instituição, a caravana Rede Amparo. A professora comenta que são realizadas rodas de conversa em viagens por todo o País: “Não é para nós falarmos, é muito mais para nós ouvirmos as pessoas com Parkinson por todo o Brasil, tentando identificar questões regionais. Dentro de uma roda de conversa em Macapá, no Amapá, esse assunto foi trazido inicialmente por homens e seguiu para uma grande discussão que também envolveu mulheres. Daí, a gente observou que, na verdade, era um tema latente, que eles não tinham espaço, não tinham uma escuta segura para falar sobre isso”.

O objetivo da campanha é expor que a saúde sexual também é fundamental para pessoas com Parkinson. “A gente precisa falar sobre isso, a gente precisa começar a treinar as equipes de saúde para terem espaço para isso. Eu sou fisioterapeuta, por exemplo, o quanto os fisioterapeutas, que estão prestando cuidado com as pessoas com Parkinson, incluem esse aspecto dentro das suas demandas? A rigidez de tronco, a rigidez pélvica, é uma das marcas da doença, os órgãos sexuais estão na região pélvica, então obviamente é importante você manter a mobilidade dessa região.”

FONTE: Jornal da USP