Qual a relação entre insuficiência renal e cansaço?

Depois de um dia cheio de esforço físico ou concentração mental, é normal se sentir cansado.¹ 

Esse é, inclusive, um jeito do organismo estabelecer limites e avisar quando é o momento de recuperar as energias. E aí uma boa noite de sono costuma resolver o problema.¹ 

Mas, para algumas pessoas, essa exaustão permanece no dia seguinte. E, mesmo antes de começar a se movimentar, o corpo parece dizer que precisa de descanso.

As causas para isso são variadas – e apenas um profissional de saúde pode diagnosticar. É possível, por exemplo, que esse cansaço seja sintoma de algum outro problema, como a insuficiência renal.² E é sobre ela que falaremos neste artigo.

O que é insuficiência renal?

Insuficiência renal é quando os rins não conseguem mais realizar funções básicas. A principal e mais famosa delas é excretar toxinas e o excesso de água do corpo, mas esse órgão possui ainda mais atribuições.³ Veja: 

  • Eliminar produtos finais de diversos metabolismos;4
  • Produzir hormônios;4
  • Regular a pressão sanguínea.4

As diferenças entre insuficiência renal aguda e crônica

A insuficiência renal pode ser divida em duas categorias: a aguda e a crônica. A principal diferença entre elas é como a enfermidade se manifesta no corpo e a possibilidade de reverter o quadro.³

No caso da condição aguda, os rins perdem suas funções de forma súbita. Ela é mais comum em pacientes que já estão hospitalizados, tratando alguma outra doença, e, quando ocorre, pode se desenvolver em questão de horas ou em alguns poucos dias.²

Em geral, é possível reverter essa insuficiência com alguns tratamentos intensivos.²

Já a insuficiência renal crônica se desenvolve de maneira lenta e progressiva, porém de forma irreversível.³ E entre os principais fatores de risco dessa categoria estão o diabetes e a hipertensão arterial.4

Caso seja feito o controle dessas condições, a necessidade de realizar diálise no futuro pode ser reduzida ou até anulada.5

Quais são os sintomas de insuficiência renal?

Tanto a insuficiência renal aguda quanto a crônica podem se desenvolver sem qualquer tipo de sintoma até que já esteja avançada

Mas, em alguns casos, sinais podem ser percebidos – e um deles é o cansaço. Confira a lista abaixo dos sintomas comuns aos dois quadros:2,3

  • Cansaço;
  • Fadiga;
  • Falta de apetite;
  • Alteração na produção de urina;
  • Inchaço nos pés e tornozelos.

No caso do cansaço, é possível ter mais de uma explicação para essa sensação. Uma delas é a consequência direta da função renal alterada.

Entretanto, é possível também que essa fadiga e sonolência ao longo do dia sejam relacionadas à dificuldade em dormir.7  

Isso porque aproximadamente 80% dos pacientes com doença renal crônica possuem queixas relacionadas à distúrbios do sono.

A importância de hábitos saudáveis

Prevenir a insuficiência renal inclui alguns hábitos importantes, como evitar alterar doses ou tomar medicamentos sem instruções médicas.2,3 

Outro ponto muito importante é, se for possível, prevenir os fatores de risco ou manter o tratamento de condições como diabetes e hipertensão arterial.2,3

Faça também consultas periódicas com especialistas de saúde e mantenha uma dieta equilibrada, com pouco álcool e sem cigarro.2,3

Esses cuidados vão não só fazer bem para os seus ruins, como para o seu corpo todo – e, quem sabe, ajudar a diminuir a sensação de cansaço, mesmo que a causa desse sintoma não seja renal.

Lembre-se também que apenas um especialista em saúde pode identificar os motivos que levam nosso corpo à fadiga e, a partir disso, indicar tratamentos se for necessário.

Referência bibliográfica:

1.VEJA SAÚDE. Epidemia de cansaço: o mundo está sem energia. Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/o-mundo-esta-cansado. Acesso em: 05 dez 2023.
2.SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. Insuficiência renal. Disponível em: https://sbn.org.br/publico/doencas-comuns/insuficiencia-renal/. Acesso em: 05 dez 2023.
3.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Insuficiência renal crônica. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/insuficiencia-renal-cronica/. Acesso em: 05 dez 2023.
4.MINISTÉRIO DA SAÚDE. Doenças Renais Crônicas. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/drc. Acesso em: 05 dez 2023.
5.hEERSPINK ET AL N Engl J, Med. 2020 Oct. 8;383(15):1436-1446. Acesso em: 17 jan 2024.
6.ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INSUFICIÊNCIAS RENAIS. Sintomas Comuns da Doença Renal e Opções de Tratamento. Disponível em: https://www.apir.org.pt/wp-content/uploads/2017/04/Sintomas-comuns-da-doen%C3%A7a-renal.pdf. Acesso em: 06 dez 2023.
7.FONSECA, Nina Teixeira, et al. Scielo. Brasil. Sonolência excessiva diurna em pacientes com doença renal crônica submetidos a hemodiálise. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fm/a/PsVVPtrvhnMgqPYYfmFPqzF/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 06 dez 2023.

FONTE: Blog FazBem

Insuficiência renal crônica pode ser identificada a partir de exames de rotina

https://blog.50maissaude.com.br/wp-content/uploads/2022/10/INSUFICIENCIA-RENAL_DRo_HUGOR-ABENSUR-EDITADA.mp3?_=1

O crescente número de casos de insuficiência renal crônica tem alertado para os cuidados e prevenções com a saúde nefrológica. A doença, que já é considerada uma epidemia do milênio, acomete um em cada dez indivíduos e encontra entre as principais causas as doenças crônicas, como diabete e hipertensão, além do sedentarismo, obesidade e a dieta mal orientada.

Pela ausência de sintomas bem delimitados, a doença requer um acompanhamento constante, com exames de níveis de creatinina no sangue e a observação da presença de proteína na urina. Hugo Abensur, membro do Serviço de Hemodiálise do Hospital das Clínicas da FMUSP, diz que o que é possível identificar é um certo inchaço na região do rosto, um pouco de enjoo e uma leve anemia. Mas comenta que “a doença pode caminhar lentamente”, sem sintomas muito expressivos, o que explica o fato de alguns pacientes já chegarem aos hospitais em estágios avançados da insuficiência renal.

O marcador da doença renal é baseado na produção de creatinina no sangue. A depender do nível dessa substância na corrente sanguínea do paciente, a hemodiálise passa a ser necessária. Só que, em alguns casos, o transplante de rim pode ser uma solução mais imediata, não sendo preciso a “diálise”. A principal questão que envolve o transplante é a compatibilidade do órgão do doador com o receptor. Por isso, Hugo Abensur destaca a importância do monitoramento dos grupos de risco, a fim de retardar a progressão da doença.

Possíveis alternativas

Só no País, “30 mil pessoas esperam por um transplante de rim” e “140 mil pacientes diários consomem 5% do orçamento em saúde”. Com esses dados, Abensur diz ser necessário diminuir a chegada de pacientes nos hospitais, com a possibilidade da sobrecarga das máquinas de hemodiálise e com o crescimento da fila para o transplante de rim.

Tratamento da insuficiência renal

O  tratamento é conservador e varia a partir da porcentagem da função renal: medicamentos, se for abaixo dos 10%, e o transplante direto, nos casos que excedem esse índice. Abensur finaliza chamando a atenção para a preocupação com os exames envolvendo a creatinina no sangue, assim como a glicose e o colesterol, a partir de exames anuais, a fim de prevenir essa doença que pode “trazer muitos transtornos no dia a dia”.

Texto: Redação
Arte: Rebeca Fonseca

FONTE: Jornal da USP