Síndrome metabólica e os desequilíbrios hormonais
- By: Jornal da USP
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As doenças metabólicas decorrem de alterações nas reações químicas que nosso organismo realiza. O conjunto delas caracteriza a síndrome metabólica, que está associada a problemas como a obesidade, doenças cardiovasculares, derrames, diabete e à alta concentração de colesterol no sangue. O sobrepeso e o sedentarismo vêm aumentando no mundo todo e especialistas acendem alerta para os riscos da síndrome, que pode agravar quadros de doenças crônicas.
O cardiologista André Dabarian, do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da USP, explica que as síndromes metabólicas “modificam a parte hormonal e estrutural do organismo, ocasionando a inflamação de tecidos”. Isso pode gerar problemas na resposta do organismo diante de infecções, ao serem modificados os hormônios no sistema imunológico, com o aumento das chamadas “citocinas inflamatórias”.
Cascata de processos
O desequilíbrio hormonal leva o indivíduo a se tornar um “doente crônico”, como coloca Dabarian, já que os pacientes ficam mais vulneráveis para a incidência de outras doenças. Sua relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares está na tendência de que diferentes sistemas sejam inflamados, levando diretamente à questão cardiológica.
As doenças mais frequentemente verificadas, e que possuem relação com a síndrome metabólica, são a incidência de moléstias cardiovasculares, de diversos tipos de cânceres, insuficiências renal e hepática. “São tantas doenças atreladas ao metabolismo. Por isso que nós realmente falamos da era do metabolismo, porque essas doenças metabólicas inflamatórias estão muito presentes no dia a dia”, completa Dabarian.
A condição da preexistência de doenças pode piorar o quadro, a depender da situação do enfermo, como nos pacientes obesos. O Brasil tem acompanhado um aumento dos casos de obesidade, em que algumas pessoas apresentam predisposição de armazenarem gordura nos tecidos subcutâneos. Com isso, ocorre a deposição de gordura no sangue, que vai afetar órgãos como o coração, o pâncreas, fígado e rins, ocasionando a chamada “cascata de processos metabólicos inflamatórios”, como o médico coloca, o que leva às modificações hormonais, como a testosterona.
Em alerta
Não só o trabalho do profissional endócrino deve ser considerado. Para esses casos, é necessário a avaliação de cardiologistas, ginecologistas e gastro/ endócrinos, já que é preciso uma abordagem global da síndrome metabólica. O diagnóstico é possível a partir de exames de sangue e, com o avanço dos medicamentos para tratamentos hormonais, as drogas têm se mostrado maneiras efetivas e seguras para o tratamento. Porém, Dabarian diz ser importante o acompanhamento próximo ao paciente no período não somente do tratamento como nos processos posteriores.
Mudanças nos hábitos também são aliados, uma vez que há melhoras significativas que são observadas com a redução do peso: “Se esse paciente tem uma perda de 10% em seu peso, isso impacta na diminuição da mortalidade dele”. Também a prática de atividades físicas, para evitar o sedentarismo, e a alimentação equilibrada são iniciativas defendidas por Dabarian.
O Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor) realizará o II Simpósio CardiometalbolInCor 2022, no próximo sábado (3), que trará especialistas para o debate sobre a síndrome metabólica.
FONTE: Jornal da USP