Síndrome vasovagal: distúrbio pode apresentar diversos sintomas
Síndrome vasovagal é uma resposta reflexa alterada ou paradoxal do nosso sistema nervoso autônomo que pode ser desencadeada por situações ou estímulos específicos.
De repente você começa a sentir calor, fraqueza, tontura, palpitação, chegando ao desmaio. Sintomas que aparentemente podem indicar uma queda de pressão vão muito além disso. Você pode estar com uma síndrome, a síndrome vasovagal. De 3% a 5% dos atendimentos de emergência e de 1% a 6% das internações são diagnosticados com a síncope, segundo estudo de Framingham. Apesar da porcentagem não ser alta, o problema pode atrapalhar a vida de seus portadores.
Tan Chen Wu, médica do Núcleo de Arritmia do InCor (Instituto do Coração), explica porque isso acontece: “A síndrome vasovagal é uma resposta reflexa alterada ou paradoxal do nosso sistema nervoso autônomo, que regula as funções hemostasias de uma série de sistemas e órgãos como coração, trato gastrointestinal, secreção glandular, respiração, sistema imuno-hormonal, oscilando entre os polos simpáticos e parassimpáticos”. Essa resposta reflexa inadequada, desencadeada por situações ou estímulos específicos, como ficar muito tempo em pé parado, dor, função venosa, estresse emocional, calor intenso e vários outros gatilhos, que levam à redução do estímulo simpático e aumento de tônus vagal, resulta na queda acentuada da pressão arterial e frequência cardíaca, com redução consequente do fluxo sanguíneo para o cérebro, destaca a especialista.
A perda da consciência e do tônus postural ou síncope é a manifestação dessa interrupção ou redução transitória da perfusão cerebral por vasodilatação e bradicardia resultante do reflexo vasovagal. Muitas vezes, a redução do fluxo cerebral pode ocasionar efeitos mais leves. Por ser uma resposta reflexa, é autolimitada, de curta duração, com recuperação espontânea do nível da consciência normalmente em menos de um a dois minutos.
Apesar de a síndrome vasovagal ser benigna, seus efeitos podem levar à queda e quadros indesejáveis que são precedidos de vários sintomas. “A perda da consciência ou síncope ou sensação de desmaio ou pré-síncope geralmente vem acompanhada de sinais, sintomas como palpitações, calor, calafrio, tontura mal-estar, moleza, náuseas, palidez, sudorese, dor abdominal e diarreia, que são as outras manifestações do estímulo vagal no nosso organismo, além da própria queda de pressão e frequência cardíaca. Ao deitar ou cair no chão, a maioria dos pacientes apresenta melhora dos sintomas em questão de minutos, à medida em que se normalizam a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Predisposição
Segundo Tan Chen Wu, a síndrome vasovagal acontece por uma predisposição à resposta reflexa dos pacientes. Em alguns grupos há uma predisposição genética. Em pacientes mais suscetíveis, pode ocorrer sem grandes estímulos, com sintomas mais frequentes, em outros, a resposta vasovagal é desencadeada por desequilíbrios transitórios do nosso organismo, como desidratação, quadro infeccioso e descondicionamento físico.
Existem pacientes com fatores desencadeantes bem definidos como, por exemplo, aqueles relacionados à função venosa e procedimentos médicos, por estímulo central, em que quase invariavelmente esses pacientes vão ter essa reação quando vão tirar sangue para exame médico, principalmente se não se tomar providências para evitar ou atenuar a resposta.
Saber e conhecer os mecanismos e as manifestações da síndrome vasovagal são o primeiro passo para o tratamento e para minimizar os fatores que podem causar seus efeitos. Medidas simples podem evitar o mal-estar. O reconhecimento dos fatores desencadeantes permite ao paciente tomar ações para evitar o estímulo, como ficar muito tempo em pé, principalmente em ambientes quentes e abafados, tratar dores como cólica menstrual e tirar sangue deitado, medidas simples que podem ser muito eficazes para atenuar ou abolir a ocorrência do problema. Tentar manter o corpo em equilíbrio, com hidratação intensa e aumentar a ingestão de sal, desde que não haja contraindicação, podem ser também muito eficazes.
O exercício físico pode ser útil com fortalecimento muscular, para melhorar a circulação sanguínea, e naqueles pacientes que apresentam pródromos ou sintomas de alerta pela ocorrência do quadro, como calor, tonturas e náuseas, as manobras de contração muscular, puxando as mãos com contração dos bíceps ou movimentos contraindo as panturrilhas podem ser úteis para aumentar a pressão arterial e abortar a resposta vasovagal. Os pacientes que descobriram o problema recentemente e ainda estão se adaptando aos sintomas, quando se sentem mal, antes da perda da consciência, devem se proteger sentando no chão para evitar queda e trauma. Quando as ações não funcionam, podem ser indicados outros tipos de tratamento.
FONTE: Jornal da USP