Novo medicamento para tratamento de câncer de tireoide

Novo medicamento para tratamento de câncer de tireoide

Incorporado recentemente ao rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS), Lenvima (mesilato de lenvatinibeé o novo medicamento para câncer de tireoide destinado a pacientes que já passaram por iodoterapia e não obtiveram sucesso no combate à doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma patologia da tireoide e aproximadamente 60% desse número não sabe que tem problemas na glândula. No Estado de São Paulo, são cerca de 8 mil casos por ano.

Problemas comuns da tireoide

De acordo com Marco Aurélio Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o problema mais comum da tireoide é o hipotireoidismo, uma inflamação na tireoide que pode acontecer após um processo viral ou períodos de longo estresse. O problema do hipotireoidismo é seguido dos nódulos no pescoço: “A maior parte deles são benignos e os que são malignos são a menor parte dos nódulos, são menos de 20%. Na ergonomia do ser humano, o câncer de tireoide representa 3%”.

Esses problemas, bem como o câncer de tireoide, podem ser identificados em exames de rotina. Kulcsar também ressalta que eles são curáveis e possuem diversas opções de tratamento à disposição do paciente.

Identificação do câncer 

Como parte fundamental da descoberta da doença, está o papel do médico ao saber examinar seus pacientes: “Quando faz o exame da tireoide, o importante é o médico da unidade básica de saúde saber examinar o pescoço, apalpar um pescoço, não fazer ultrassonografia aleatória”, diz Kulcsar. A partir dessa primeira análise do médico, se encontrado um nódulo, ele deve encaminhar o paciente para ultrassonografia e, se o nódulo for suspeito na ultrassonografia, deve-se fazer a punção. Na identificação do câncer é necessário fazer cirurgia.

“A cirurgia é fundamental. Há exceções que vão usar lenvatinibe. É o caso daquele doente que tem uma doença mais grave desde o começo. Provavelmente, esse doente tinha um nódulo pequeno que cresceu muito rápido, deu metástase para pulmão ou mesmo para osso e que não responde ao tratamento tradicional para essa metástase a distância. No pulmão e osso o radioiodo funciona muito bem ou às vezes até a radioterapia externa, principalmente para osso, mas quando não tem resposta e continua evoluindo, essas drogas imunobiológicas vão lá e bloqueiam por uma atividade imunitária”, explica.

A incidência de câncer de tireoide é maior em mulheres. No entanto, quando acomete homens, pode ser mais agressivo. Para Kulcsar, mais importante do que aprovar drogas como tratamento é aprovar testes moleculares para medir a gravidade das doenças, mudando a forma de tratamento ou até antecipando o uso de medicamentos como o Lenvima. Esse seria o próximo passo para o avanço dos tratamentos de câncer.

Lenvima e expectativa de vida 

O novo medicamento não proporciona a cura, mas diminui o avanço do câncer. “Tem pacientes que fizeram um tratamento cirúrgico, às vezes voltou a doença, às vezes faz um segundo tratamento cirúrgico, fez uma ou duas vezes iodo radioativo. Quando você já fez essa dose e essa doença pulmonar ou alguma doença do pescoço, apesar de operada, continua crescendo, você usa essa droga, o lenvatinibe ou Lenvima, e ela bloqueia o crescimento da doença”.  Kulcsar explica que ao fazer esse bloqueio tem-se um aumento da qualidade de vida do paciente e o medicamento não causa tantos efeitos colaterais quanto outros medicamentos utilizados anteriormente.

FONTE: Jornal da USP