Tecnologia na medicina não pode substituir relação entre médico e paciente

Tecnologia na medicina não pode substituir relação entre médico e paciente

Segundo Giovanni Guido Cerri, na era da saúde digital, a tecnologia, como a IA(Inteligência Artificial),  já são responsáveis por aumentar a rapidez e precisão de diversos diagnósticos, mas não podem substituir a avaliação de exames pelos médicos

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho de Inovação e do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, elucida os principais pontos envolvendo o equilíbrio entre inovação e humanismo na medicina digital.

Para ele, no decorrer das últimas duas décadas, a tecnologia apresentou um papel fundamental para que o homem pudesse viver mais e melhor. Mas, em alguns casos, ela se colocou acima da relação existente no contato humano, já que a  “formação do médico se transformou numa formação muito técnica e muitas vezes foi deixado de lado os aspectos humanísticos, a importante relação médico paciente”.

Por exemplo, os algoritmos de Inteligência Artificial ajudam médicos a fazer um diagnóstico mais preciso e também melhoram a produtividade do profissional em questão. Por um lado, isso configura um cenário de aliança entre o médico e a máquina, resultando em uma maior segurança do paciente. Por outro, Cerri destaca que isso pode estar sujeito a padrões de regulação, ampliando uma série de problemas, preconceitos e outros vieses.

Relação médico paciente

A inserção de ferramentas tecnológicas contribuiu em diversas formas para o avanço da medicina. “Com uma grande aceleração da tecnologia, não podemos esquecer da importante relação médico paciente que se constrói. Muitas vezes, uma relação de confiança é necessária para que o tratamento possa ser realizado com a eficácia esperada”, comenta o professor.

Esse cenário surge com a pandemia, período em que a telemedicina originou um novo tipo de relação que, para Cerri, necessita de uma ética adequada para as teleconsultas, a fim de se evitar um crescimento desordenado. Por fim, a utilização da tecnologia deve ir em benefício do paciente, sem prejudicar a relação entre ele e o médico, tomando cuidado para que essa incorporação tecnológica seja utilizada de forma adequada e segura: “Dessa segurança, nós temos que procurar dar ao paciente em questão esse equilíbrio entre o ser humano e a máquina”.

FONTE: Jornal da USP